Saturday 30 January 2010

FREEFALL: AMERICA, FREE MARKETS AND THE SINKING OF THE BY STIGLITZ

Questions For Joseph Stiglitz
The Outsider
By DEBORAH SOLOMON - NYT
Published: January 27, 2010
As you make the rounds of television talk shows to promote your new book, “Freefall: America, Free Markets and the Sinking of the World Economy,” many of us are wondering why you aren’t talking to the members of the Obama administration instead. Were you offered a job by the president?
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Freefall: Free Markets and the Sinking of the Global Economy by Joseph Stiglitz
Larry Elliott doubts that the lessons of the past year's global economic recession have been learned
Larry Elliott - The Guardian, Saturday 30 January 2010
No one can say they weren't warned. A decade ago, newly sacked from his job as chief economist at the World Bank, Joseph Stiglitz laid bare how the free-market ideologues at the US ­Treasury and the International Monetary Fund had botched the Asian financial crisis of the late 1990s. It was a full-on attack from a Washington insider and it hurt, especially when Stiglitz said many of those responsible for forcing countries such as Thailand and Indonesia into deeper, longer recessions were "third-rate graduates from first-rate universities".
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They asked for it
Review by John Kay
January 30 2010 00:34 Last updated: January 30 2010 00:34





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Sunday 24 January 2010

INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

Estratégia: Polos em São José dos Campos desenvolvem projetos nas áreas aeroespacial, de saúde e de energia
Incubadoras dão impulso à inovação no interior de SPVirgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos25/01/2010
Oswaldo Barbosa Loureda, diretor da Acrux: apoio da Finep para desenvolver um foguete de sondagem de pequeno porte
Um dispositivo eletrônico que mede a vazão do medicamento em gotas por minuto ou mililitro (ml) por hora, sem a necessidade de intervenção de um profissional da área de saúde, com a vantagem de ser mais preciso e mais rápido. Foguetes de sondagem de 1,5 metro e dez quilos, que atingem até dez quilômetros de altitude, a uma velocidade supersônica; uma máquina industrial inédita para fazer material composto aeronáutico de baixo custo e o primeiro quadrirotor brasileiro de voo pairado, para registro de imagens e captação de informações via aérea.
O que todos esses produtos têm em comum? A resposta é que são exemplos de projetos de alta tecnologia, desenvolvidos por algumas das 51 empresas instaladas em quatro incubadoras de São José dos Campos, voltadas para os setores de energia, aeroespacial, tecnologia da informação, saúde e biociência. Além da capital paulista, São José dos Campos é hoje a cidade do Estado com maior número de incubadoras de tecnologia: a Incubaero, Revap/Univap, instalada dentro da Refinaria da Petrobras, Incubadora de Negócios e Incubadora da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).
Há dois anos na Incubadora de Negócios do Parque Tecnológico, a Dumont já está montando uma rede nacional de representantes e distribuidores e planeja vender pelo menos mil unidades este ano do E3, uma mesa ergonômica especializada, para pessoas com necessidades especiais. "Temos uma previsão de faturar R$ 2 milhões com este equipamento em 2010", disse a diretora científica da empresa, Michele Jimenez Benjamin.
Especializada em equipamentos de reabilitação e ortopedia técnica, a Dumont acaba de ganhar uma grande oportunidade de divulgação dos seus produtos. No fim de dezembro a personagem Luciana, interpretada pela atriz Aline Moraes, na novela "Viver a Vida", da Rede Globo, utilizou um produto da Dumont, um dispositivo para se alimentar sozinha.
"Fizemos contato com a direção da novela e a personagem também vai aparecer com o nosso produto E3-Li, um conjunto composto de mesa, monitor multidirecional, computador, mouse especial, teclado reclinado com colmeia de acrílico, suporte para livros multidirecional e prancheta", disse a executiva.
A Dumont também está em fase final de negociação de um contrato com uma fabricante internacional para produzir o Robohand, uma órtese (dispositivo ortopédico de uso provisório) para as mãos, que substitui o gesso. "Ela é feita de aço carbono, revestido de plástico industrial hospitalar. Uma das vantagens do produto é que ele é móvel e o paciente pode tirar para tomar banho sem interferir na fratura", explica o diretor George Philot.
Prêmio de melhor incubadora da região Sudeste em 2008, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Incubaero foi criada pela Fundação Casimiro Montenegro Filho para desenvolver o setor aeroespacial.
Instalada no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Incubaero abriga dez companhias com atuação em diversas áreas: propulsores de foguetes, software para predição de manutenção de aeronaves, Veículos Aéreos Não-Tripulados (Vants), mini-vant com tecnologia de propulsão elétrica, sistema inercial, GPS e sistemas de pouso e decolagem vertical.
Com recursos do Programa Primeira Empresa (Prime), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o tecnólogo Oswaldo Barbosa Loureda está tentando emplacar sua invenção, um foguete de sondagem de pequeno porte, que terá 10 mil metros de alcance e voará duas vezes a velocidade do som. "Em abril faremos o primeiro voo do segundo protótipo, chamado AAT-2. O primeiro foi lançado, com sucesso, no ano passado, mas já estamos desenvolvendo uma versão mais potente, para atingir até 30 km", disse.
Segundo Loureda, os veículos da Acrux, companhia iniciante responsável pelo projeto, os dispositivos não competem com os foguetes de sondagem desenvolvidos pelo DCTA, que atingem até 230 km de altitude e voam seis vezes a velocidade do som.
"Existe um mercado intermediário para pesquisas educativas de baixo custo, feitas por universidades ou mesmo para atender a projetos na área aeroespacial na faixa de 10 quilômetros a 100 quilômetros", explicou Loureda. Outro projeto que a Acrux criou e está investindo seus esforços é o Programa Espacial Educativo (PEE), para divulgar a tecnologia aeroespacial em escolas de ensino fundamental e médio. Além de amplo conhecimento técnico nessa área, Loureda aposta na sua experiência como professor e palestrante para ampliar a empreitada.
Com apenas três funcionários, a Acrux é considerada uma empresa pioneira na Incubaero no setor espacial e com um futuro promissor no seu segmento. Além de foguetes de sondagem, a empresa também está envolvida em projetos de Vants, estruturas em material composto e propulsores de foguetes.



Complexo vai abrigar companhias novatas
Para o Valor, de São José dos Campos25/01/2010
A prefeitura de São José dos Campos repassou em 2009 um total de R$ 744,5 mil para as quatro incubadoras da cidade e a previsão para este ano é que os recursos nessa área totalizem R$ 1 milhão.
"A própria característica de São José dos Campos, de maior polo tecnológico do país, favorece a criação de novas empresas e a prefeitura trabalha no sentido de estimular a criação de projetos empreendedores, focados em alta tecnologia e que contribuam para o crescimento da cidade", explica o secretário de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, José de Mello Corrêa.
Em 2009, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) destinou R$ 100 milhões à pesquisa e ao desenvolvimento de empresas incubadas de São José dos Campos. Deste total, R$ 85 milhões foram liberados para empresas de base tecnológica do setor de defesa e R$ 15 milhões para os projetos do Programa Primeira Empresa (Prime).
Pelo menos quatro empresas oriundas das incubadoras de São José acabam de ser selecionadas para ocupar um espaço no novo centro empresarial que a prefeitura lançou no Parque Tecnológico do município. Na última sexta-feira, o Parque divulgou a relação das empresas aprovadas por critérios técnicos para se instalarem no Centro Empresarial 1.
Das 22 micro e pequenas empresas selecionadas, 17 são de São José dos Campos. Os novos empreendimentos vão ocupar uma área de 5 mil metros quadrados, divididos em espaços de até 300 metros quadrados. As empresas receberão subsídio para a locação dos espaços e pagarão R$ 10 por metro quadrado ocupado, a título de contribuição associativa mensal. O objetivo do Parque, de acordo com Mello, é que o Centro Empresarial possa abrigar cerca de 50 novas companhias.
Inaugurado em 2006, o complexo do Parque Tecnológico de São José dos Campos abriga, além de uma incubadora de negócios, com 13 companhias, dois centros de pesquisas - o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Aeronáutica (CDTA), fruto de uma parceria entre a Embraer, o ITA e IPT - e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia em Energia (CDTE), parceria da Vale Soluções em Energia (VSE), BNDES, ITA e a Escola de Engenharia de São Carlos, da USP. A partir deste ano o Parque também coloca em funcionamento um Centro de Inovação em Tecnologias para a Saúde (CTIS), para desenvolver projetos no setor da engenharia biomédica.





Financiamento: Total de dinheiro disponível ultrapassa R$ 1 bilhão só em programas não-reembolsáveis
Na área de inovação, sobram recursos e faltam projetosAndré Borges
26/06/2008
Dilson Moura de Sá, sócio da Fiveware Solutions: disputa por um quinhão do programa de subvenção da Finep
Depois de bater na porta de uma dúzia de empresas de capital de risco, sem sucesso, Dilson Moura de Sá percebeu que, na realidade, ainda não tinha uma idéia muito clara do que teria para propor caso um daqueles investidores resolvesse convidá-lo para entrar. A sua Fiveware Solutions, apesar do nome pomposo, ainda não passava de uma associação entre cinco colegas que resolveram deixar seus empregos de consultor de tecnologia no início de 2006 para oferecer serviços de segurança para sites de bancos. Mas o negócio vingou, e no mês passado, Dilson viu uma nova chance de dar o empurrão financeiro que falta para o negócio deslanchar de vez.
A Fiveware é uma das empresas que hoje disputam um quinhão do programa de subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Neste ano, a entidade conta com R$ 450 milhões em caixa para apoiar projetos considerados inovadores. O principal apelo desse programa é que ele oferece financiamentos não-reembolsáveis, isto é, as empresas contempladas não têm que devolver o dinheiro recebido.
O curioso, porém, é que até agora pouco mais de 200 empresas com projetos de inovação tecnológica candidataram-se ao investimento. "O problema é que as pessoas deixam a inscrição para a última hora", comenta Eduardo Costa, diretor de inovação da Finep. "Nos próximos dias, nossos computadores chegam quase a travar de tantos projetos que chegam."
O aumento de interesse, no entanto, não significa que os recursos, de fato, serão usados. Este é o terceiro edital de subvenção lançado pela Finep, desde que a modalidade entrou em vigor, com a Lei de Inovação. No ano passado, o pacote também atingiu a casa dos R$ 450 milhões, mas no fim do processo apenas R$ 300 milhões foram aplicados. "Não tivemos a quantidade de bons projetos que esperávamos", diz Costa. "Mas o cenário está mais maduro e deverá ser melhor neste ano."
O programa atual de financiamento não-reembolsável da Finep estabelece que o valor mínimo de investimento é de R$ 1 milhão, com prazo de execução de 36 meses. Uma nova iniciativa, porém, está pronta para atender negócios em fase realmente inicial de operação. Hoje, em Brasília, a entidade vai apresentar o Prime, programa que prevê o investimento de R$ 1,3 bilhão nos próximos quatro anos em empresas nascentes de base tecnológica.
O Prime prevê que o valor total do financiamento será de R$ 240 mil por empresa, liberados em duas parcelas, no prazo de 24 meses. A primeira parcela, de R$ 120 mil, é não-reembolsável. Na segunda parcela, o empresário tem 100 meses para devolver o empréstimo, a juro zero.
Os projetos serão selecionados por 18 incubadoras espalhadas pelo país, incluindo entidades como o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar-PE), o Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec-SP) e o Centro Incubador de Aracaju (Cise-SE). "As incubadoras funcionarão como um filtro de projetos", comenta Ary Plonski, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Com o Prime, a meta é que 5 mil empresas sejam beneficiadas até 2011.
A Finep, que é um braço de apoio à pesquisa ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), não é a única fonte de recursos não-reembolsáveis. O BNDES, que no ano passado ofertou R$ 100 milhões por meio do Fundo Tecnológico (Funtec), também renovou seu programa para este ano e agora tem R$ 400 milhões em caixa para investimento a fundo perdido. Isso significa que, somadas apenas as iniciativas da Finep e do BNDES - sem incluir programas de agências de fomento à pesquisa como Fapesp e CNPq - existe mais de R$ 1 bilhão em recursos disponíveis para apoiar projetos de inovação tecnológica, sem a necessidade de devolução do dinheiro.
"Vemos que os recursos estão à disposição", diz Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, ao Valor. "O que falta é mais qualidade nos projetos das empresas." Segundo Rezende, cerca 2,5 mil empresas candidataram-se ao pacote de subvenção no ano passado, gerando uma demanda que necessitaria de R$ 4 bilhões para ser atendida. "Quando apertou-se o crivo da seleção, só R$ 300 milhões foram liberados."
No BNDES, a expectativa é de que o programa de subvenção do banco alcance o mesmo resultado de 2007, quando os R$ 100 milhões do pacote foram aplicados. Em paralelo, diz Eduardo Rath Fingerl, diretor das áreas de mercado de capitais, o BNDES tem buscado formas de estreitar o relacionamento de projetos de pequeno porte com fundos de capital de risco. No fim do ano passado, o banco lançou o Criatec, um fundo com valor máximo de investimento por empresa de R$ 1,5 milhão. No alvo do BNDES estão companhias com faturamento de até R$ 6 milhões.
Segundo Fingerl, quatro empresas já receberam aporte do Criatec (Rizoflora, Seler, Kiman, Vitrovita), 20 companhias estão em processo acelerado de análise e outras centenas aguardam avaliação. A expectativa da instituição é de que até 60 empresas sejam atendidas em três anos. Hoje, o BNDES tem uma lista de 180 empresas das quais é sócio direto, por meio de sua divisão BNDESPar. Somados os negócios em que participa por meio de fundos - que envolvem investidores privados -, o volume atinge cerca de 300 operações.
O acesso a financiamento, segundo Eduardo Costa, da Finep, finalmente começa a chegar ao pequeno empreendedor. "Hoje, quando alguém sai da faculdade, tem a cultura de encontrar um bom emprego, e não investir em algo próprio", diz. "O que criamos é um 'kit empurrão', para mexer com essa atitude."




Inovação: Diálogo com instituições de fomento exige maior preparo
Dinheiro há de sobra, mas ainda faltam bons projetosJacílio Saraiva
30/05/2008
Sérgio Risola: as mais de 100 empresas incubadas no Cietec geraram R$ 30 milhões de faturamento em 2007
A inovação não é privilégio das empresas de grande porte. Segundo especialistas em pesquisa e desenvolvimento, é possível encontrar produtos inovadores em organizações com estruturas menores e poucos funcionários. Na maior parte dos casos, para ter sucesso nesse setor, os pequenos negócios percorrem dois caminhos: captam recursos de parceiros ou agências de fomento para tirar boas idéias do papel e se associam a outras companhias para sobreviver no mercado e trocar experiências de produção. Este mês, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançou uma linha de financiamento de R$ 450 milhões para pequenas, médias e grandes empresas que investem em inovação.
A boa notícia é que os novos financiamentos da Finep são não-reembolsáveis - as companhias selecionadas pela agência não precisam devolver o recurso recebido. É o terceiro edital de subvenção lançado pela financiadora. Já foram disponibilizados R$ 588 milhões, que beneficiaram mais de 300 projetos. Segundo o novo edital, 40% dos recursos são para as pequenas empresas e 30% do total da verba será destinado a empreendedores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Hoje, além da Finep, a maioria das organizações que se aventura em projetos inovadores conta com o apoio financeiro de entidades como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de fundações estaduais de amparo à pesquisa.
"Não falta dinheiro para a inovação, faltam projetos", diz Pedro Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infra-Estrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel), que reúne companhias como Furnas e Eletrobrás. Para Jatobá, o investimento em pesquisa no Brasil ainda é pequeno e mal distribuído. "No setor de energia há dinheiro sobrando, mas faltam idéias."
Segundo o presidente da Aptel, o segmento energético reserva 1% da receita operacional bruta para projetos de pesquisa - e nem sempre esse valor é totalmente aproveitado. Para ele, é necessário que o Brasil monte uma política pública que incentive a inovação. "Países como a Coréia investiram em programas de capacitação tecnológica a médio e longo prazos e já colhem frutos dessa iniciativa."
Em 1981, as empresas sul-coreanas contavam com apenas 53 centros de pesquisa e desenvolvimento. Em 2006, esse número saltou para 12 mil. Já o setor privado emprega mais de 60% dos pesquisadores do país. No Brasil, menos de 10% dos cientistas batem cartão na área corporativa.
O modelo coreano de inovação prevê financiamentos não-reembolsáveis do governo para a indústria e uma bateria de isenção de impostos: leis tributárias determinam que de 3% a 5% das vendas de produtos e serviços devem ser destinados ao desenvolvimento de recursos humanos qualificados.
Para Martín Izarra, presidente da Brapenta, fabricante de detectores de metais e controladores de peso para a indústria alimentícia, a maior dificuldade dos negócios inovadores no Brasil ainda é obter recursos financeiros para levar seus projetos adiante. "O empreendedor não está preparado para dialogar com instituições de fomento ou apresentar projetos bem estruturados, com um plano de negócios adequado."
Para driblar esses problemas, os empresários têm optado por formatar companhias dentro de centros de pesquisas ou incubadoras. O Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), que funciona dentro da Universidade de São Paulo (USP), ajuda as empresas a entender melhor os mecanismos de apoio, como a Lei de Inovação, os editais publicados pela Finep e os incentivos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para Sérgio Risola, gestor do Cietec desde a sua criação, há dez anos, o futuro das incubadoras está baseado nas redes de cooperação. "Essas redes fazem com que as empresas realizem ações conjuntas, o que fortalece o trabalho das companhias no mercado e dá visibilidade aos produtos."
No ano passado, as mais de 100 incubadas no Cietec geraram um faturamento de mais de R$ 30 milhões, além de 780 postos de trabalho. Foram registradas sete patentes e protocolados 13 pedidos de marcas. Graças à localização dentro da USP, as companhias têm acesso a laboratórios como o do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares(Ipen) e o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado São Paulo (IPT).
Foi nos corredores do Cietec que surgiram produtos como a cola Prego Líquido, a primeira sem substâncias tóxicas do mercado, criada pela Adespec; um telefone para surdos, feito pela Koller, e um aquecedor solar de baixo custo, fabricado pela Sociedade do Sol.
Outra tendência apontada por Risola entre as empresas inovadoras é a concentração em parques tecnológicos. Segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Brasil tem mais de 40 projetos de parques em desenvolvimento. Nos últimos 20 anos, foram aplicados cerca de R$ 150 milhões em incubadoras e complexos tecnológicos, com recursos do governo ou da iniciativa privada.
"Na Índia e na China, as incubadoras com mais de dez anos de idade já constituem parques de tecnologia. Hoje, existem cerca de 340 unidades no mundo que apóiam o empreendedorismo das novas empresas."



Expansão: Sistema já conta com 180 unidades em todo o país; edital do Sebrae seleciona mais 109 projetos
Fábricas de novos empreendimentosDe Brasília
31/10/2001
O conceito ainda provoca confusão. Muita gente associa o termo incubadora a empreendimentos ligados à criação de aves, diz o diretor-técnico do Sebrae, Vinícius Lummertz.
Apesar disso, o sistema cresce: em 1988, existiam duas incubadoras no país. Em dezembro do ano passado, já eram 135. Hoje, estima-se que existam 180 incubadoras de empresas no Brasil, sendo 159 delas apoiadas pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec).
Uma incubadora funciona como um instrumento de fomento ao surgimento de novas empresas, explica o gerente da Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae, Paulo Íris Ferreira.
A incubadora é um ambiente planejado para acolher micro e pequenas empresas que estão começando a surgir. Funcionam em um espaço físico limitado, dividido em boxes. Uma infra-estrutura comum - secretária, gerência, telefonia, fax e outros serviços - é compartilhada.
Em julho, o Sebrae lançou um edital para fomentar a criação de novas incubadoras. Foram selecionados 109 projetos que receberão R$ 5,4 milhões do órgão. São 42 projetos de desenvolvimento de planos de negócio, 26 de montagem física de novas incubadoras e 22 de manutenção de incubadoras com até cinco anos de funcionamento.
Além disso, outros 19 projetos visam incentivar incubadoras com mais de cinco anos de idade a "apadrinhar" novos grupos de empresas que surjam, com prestação de assessoria técnica.
É o terceiro edital lançado pelo Sebrae, desde 1997, quando o instituto começou a incentivar a adoção desse sistema. Do montante colocado à disposição pelo Sebrae, 63% são destinados às incubadoras localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Queremos reverter uma tendência de concentração desses empreendimentos no Sul e no Sudeste", explica Ferreira.
As candidatas aos financiamentos passaram por uma série de análises, como estudo de viabilidade técnica e financeira; inserção da incubadora em planos de desenvolvimento ou programas setoriais; volume e qualidade das contrapartidas de recursos; existência de instalações físicas; número de empresas a serem incubadas.
As empresas que funcionam em incubadoras são classificadas como incubadas ou residentes. Elas têm, em média, três anos para deixar o ambiente comum e partir para a competição no mercado. A partir de então são classificadas como "graduadas".
Um dos ambientes mais comuns para a criação de incubadoras é a universidade, especialmente no caso de empresas recém-formadas do setor de tecnologia. São as chamadas "incubadoras tecnológicas". Há também as "incubadoras tradicionais", formada por empresas da velha economia e as "mistas", sem perfil definido.
Dados do Sebrae dão conta que as incubadas e as graduadas empregam 9,1 mil pessoas, sendo que 40% do quadro são sócias das empresas. Cerca de 10% das empresas graduadas nas incubadoras apresentaram em 2000 um faturamento superior a R$ 1,2 milhão. (R.B.)




Entrevista: Para Ministro da Ciência e Tecnologia, a cultura da inovação aos poucos é absorvida pelas empresas
Pesquisa tem que gerar riqueza, diz RezendeGustavo Faleiros, para o Valor
29/11/2006
Ministro Sérgio Rezende: "A cultura da inovação não se implanta em pouco tempo, é um processo. A mudança virá com outras gerações."
Estamos melhor que o México, que por muitos anos foi citado como um exemplo de industrialização rápida
Há um espírito Santos Dumont no pesquisador brasileiro, de que tudo o que faz ter que gerar o bem da humanidade
Quando se fala de inovação tecnológica no Brasil, não é raro ouvir comparações com outros países. A Coréia do Sul, quase sempre, surge como modelo a ser seguido. Entretanto, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, prefere descartar fórmulas prontas. Para ele, o país está seguindo seus próprios passos ao adotar uma política industrial e tecnológica focada em setores chave e que privilegia as diferenças regionais. "Hoje, com a explosão dos biocombustíveis em todo o mundo, existem oportunidades para grande parte do território nacional.", exemplifica.
Durante estes últimos quatro anos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu atingir a meta de investir 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. O percentual ainda é de meros 1,3%. Mas Rezende garante que o governo está fazendo sua parte. Comparados aos do ano 2000, os recursos federais para o setor são agora duas vezes maiores, enquanto aportes da iniciativa privada e dos Estados em inovação caíram. Isto explica, segundo o ministro, a estagnação dos investimentos.
Mas o ministro garante que o quadro está mudando. A cultura da inovação aos poucos é absorvida pelas empresas e universidades. Prova disso é o primeiro edital de subvenção econômica promovido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia neste fim de ano. As propostas superaram em muito os R$ 300 milhões oferecidos pelo governo. "Se tivéssemos feito o edital de subvenção há dez anos, nós ficaríamos decepcionados com o baixo número de propostas. Agora, estamos surpreendidos com a quantidade de projetos.", disse nesta entrevista ao Valor, concedida na semana passada, em seu gabinete.
Valor: Quando o presidente Lula tomou posse falava-se que poderíamos elevar o investimento em pesquisa e desenvolvimento a uma taxa de 2% do PIB. Passado o primeiro mandato, ainda permanecemos com recursos em torno de 1,3% do PIB. A inovação é realmente uma prioridade para o governo?
Sérgio Rezende: O aporte de recursos federais em ciência e tecnologia tem aumentado continuamente. Em números absolutos, o aumento é razoável. Saímos de R$ 7 bilhões no ano 2000, para R$ 15 bilhões em 2006. É um aumento bem acima do PIB nestes seis anos. O que manteve a porcentagem de investimentos estável foi uma diminuição de aportes dos Estados e das empresas. Isso ocorre porque ainda não se percebeu o aumento da lucratividade com a pesquisa e a inovação. A cultura da inovação não se implanta em pouco tempo, é um processo. Temos agora um momento de difusão da idéia da inovação. A mudança virá com outras gerações.
Valor: O processo não é lento demais?
Rezende: O Brasil começou muito tarde neste campo. Somos, de longe, os mais bem posicionados na América Latina. Estamos melhor que o México, por exemplo, que por muitos anos foi citado como um exemplo de industrialização rápida. Era um processo de industrialização a reboque do que ocorria no Nafta [bloco de livre comércio formado por México, EUA e Canadá]. Com a Argentina, nem se compara. Ela que tinha, há quarenta anos, um sistema de pesquisa muito melhor que o nosso, ficou para trás. Nosso sistema é muito mais robusto. Mas só vamos avançar no percentual quando houver a percepção do setor privado de que seu investimento se transforma em lucro.
Valor: As verbas do governo para ciência e tecnologia continuam a ser contingenciadas. Houve especialmente críticas ao desvio dos recursos do fundos setoriais para o pagamento da dívida. Isso não é um sinal claro de falta da prioridade?
Rezende: De forma alguma. O avanço que ocorre é que o percentual da receita dos fundos que é aplicado no Orçamento está aumentando continuamente. Em 2002, essa proporção era de 33%, hoje é 60% dos recursos. Dentro da contingência econômica, nós estamos fazendo um progresso.
Valor: Os fundos setoriais têm a função de estabelecer o vínculo entre as universidades e as empresas. Eles estão cumprindo este papel?
Rezende: Ele está cumprindo, mas é um processo gradual também. Nos primeiros anos não havia editais de cooperação entre universidades e empresas. O recurso ia diretamente para a academia sem compromisso com o setor privado. Só o setor de petróleo é que tinha maior vínculo. De três anos para cá foram feitos os editais de cooperação e, agora, com a subvenção econômica nós vamos cravar um pé nas empresas.
Valor: Sabe-se que é difícil conciliar o modo de atuação da empresa e da universidade. Os canais de comunicação entre os duas partes hoje é melhor?
Rezende: Hoje há, em quase todas as universidades, uma preocupação em azeitar estes canais. Isso não acontece na academia como um todo, e nem é para acontecer. Tem pesquisador que foi feito para ficar abstraindo, pensando. Mas muitos têm a preocupação de verem suas idéias concretizadas. Isso está tomando uma dimensão muito grande no Brasil. Por exemplo, a reunião deste ano da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência], em Santa Catarina, teve pela primeira vez a inovação entre seus temas. Ela foi fundada em 1946 e só agora fizeram isso. Chamaram empresários para dar palestras. Na década de 70, eu vi gente ser vaiada em assembléias, ser acusada de estar se prostituindo por falar de parcerias com empresas. Há um certo espírito Santos Dumont no pesquisador brasileiro, de que tudo o que faz ter que gerar o bem da humanidade. Tudo bem querer o bem da humanidade, mas tem que gerar riquezas entre nós também.
Valor: O senhor crê que as empresas já apresentam maturidade com relação ao desafio da inovação?
Rezende: Eu ainda não diria que há maturidade. Há um grande interesse. Isso já é uma boa novidade. Se tivéssemos feito o edital de subvenção há dez anos, íamos ficar decepcionados com o baixo número de propostas. Agora, ficamos surpreendidos com a quantidade de projetos. Este edital vai nos permitir saber o quanto o sistema empresarial brasileiro está preparado para este mecanismo de apoio. Quando a análise detalhada dos projetos estiver concluída, poderemos dizer se há realmente propostas viáveis, projetos de inovação com potencial de mercado.
Valor: No Brasil, é o Estado quem mais investe em inovação, enquanto que em outros países, como o Japão, a iniciativa privada é quem mais aplica recursos desta natureza. Como mudar este quadro?
Rezende: O campo de ciência, tecnologia e inovação é muito novo no Brasil. Até quarenta anos atrás nós não tínhamos nas universidades programas de pesquisa, porque os professores não tinham salário de tempo integral. Eles davam aulas e depois iam embora. Foi com os cursos de mestrado e doutorado que o sistema universitário começou formar a base para o avanço das pesquisas. Por outro lado, no sistema empresarial, na indústria notadamente, a preocupação é muito recente, data do final da década de 90. Durante os anos 90, a indústria se preocupou mais com a gestão da qualidade. Mas no final da década percebeu-se que para ganhar mercado não bastava gerir bem, era preciso também inovar para se ter novos produtos e processos. Naturalmente, por ser muito novo este movimento de pesquisa no Brasil, cabe ao Estado ter um papel decisivo. Ele tem que ter incentivos, leis que estimulem a que todos agentes tenham uma participação maior. Resumindo, o Estado é importante tanto na articulação através de regulação, como enquanto financiador do sistema de pesquisa.
Valor: A resposta a estes estímulos do governo tem sido positiva?
Rezende: A subvenção era o mecanismo que faltava para completar um leque grande de apoio ao pesquisador e a instituições de pesquisa. Nos últimos três anos, nós fizemos, pela primeira vez, editais para financiar projetos de universidades com contrapartidas de empresas. Agora, com a aprovação da Lei do Bem, foi possível fazer subvenção direta às empresas.
Valor: O senhor considera então que o sistema de apoio à pesquisa hoje está consolidado?
Rezende: O sistema passou por muitas crises ao longo de 30 anos. O FNCT [Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia] quase desapareceu no fim dos anos 90. A chave encontrada pelo governo anterior foi a criação dos Fundos Setoriais. Durante as privatizações se determinou que era preciso dar continuidade ao esforço do Estado em ciência e tecnologia e se criaram os fundos. Isso deu robustez ao FNTC.
Valor: No exterior existe um grande número de fundos de capital de risco que financiam a inovação. Aqui, este papel quem cumpre é o Estado. Poderemos ver em um futuro não muito distante o setor privado mais envolvido no financiamento a pesquisas?
Rezende: Existem alguns movimentos neste sentido. Em 2000, a Finep criou um programa chamado Inovar, cujo o objetivo é exatamente melhorar o crédito. Ele tem dois subprojetos muito importantes: a Incubadora de Fundos Inovar e o Fórum Brasileiro de Capitais de Risco. Pelo menos duas vezes ao ano, a Finep promove encontros para mostrar a investidores o que é um fundo de capital de risco. Depois ela publica um edital para a formação de fundos, onde ela participa com até 20% do capital. O fundo de capital de risco é bem diferente dos outros que existem, pois ele é fechado. Seus sócios se comprometem em aportar recursos durante alguns anos e há um gerente que vai atrás das oportunidades de negócio com as empresas. Já o Fórum Brasileiro de Capital de Risco realiza eventos todo ano em alguma cidade do país para apresentar empresas de tecnologia para investidores. As empresas são selecionadas através de um edital da Finep. Isso tem contribuído para aumentar o número dos fundos de capitais de risco e também a lucratividade. Temos alguns exemplos de empresas, que hoje são grandes, e começaram com o aporte de capital de risco. A própria Gol começou deste jeito.
Valor: A atração de multinacionais é um aspecto muitas vezes apontado como impulsionador de investimentos em inovação. Nos últimos anos, o Brasil já não aparece entre os países emergentes que mais atraem interesse de empresas estrangeiras. O senhor acha que se deve buscar mais formas de atrair as multinacionais ou podemos prescindir delas?
Rezende: As multinacionais são importantes, mas pouquíssimas têm centros de pesquisa no Brasil. Quando alguma delas traz inovações e as introduz na linha de montagem, o Brasil não internaliza esta tecnologia. Tem mais empresas nacionais com núcleos de pesquisa do que as estrangeiras. Aos poucos, começamos a acordar. Recentemente, li um artigo em uma revista internacional que destacava que o Brasil tem recursos humanos e potencial para atrair centros de pesquisa em biotecnologia.
Valor: A política de ciência e tecnologia do atual governo está focada em alguns setores. Por que escolher apenas alguns setores? Como garantir que oportunidades em outras áreas não sejam perdidas?
Rezende: O Brasil ficou muito tempo sem ter uma política industrial e tecnológica. Eu diria que ele nunca teve uma política desta natureza com o mercado aberto. Novamente, entra em jogo a questão cultural: não se implanta no governo e nas empresas uma política industrial e tecnológica de uma hora para outra. Não dá para copiar a receita de outros países. Freqüentemente, a Coréia do Sul é usada como paradigma, mas ela tem uma área física que corresponde ao Estado de Pernambuco e uma população de menos de um quarto do que a do Brasil. Além disso, tem um regime de força até hoje. O Brasil tem esse território grande e as dificuldades de uma sociedade plural, democrática. Por isso acho que se a política industrial fosse totalmente desfocada, seria mais difícil de tirarmos algum resultado. A proposta é boa pois escolhe alguns setores com transversalidade, como é o caso dos bens de capital, softwares e a microeletrônica. A área de fármacos é mais vertical, mas tem uma importância estratégica para o Brasil. Essa experiência, como a primeira depois de décadas, vai ser boa para que eventualmente possamos ter uma política mais abrangente.
Valor: Nestes esforços de pesquisa e desenvolvimento, empresas de todos os portes terão chance?
Rezende: Todas devem ter oportunidade. As micro e pequenas empresas de hoje serão as empresas de tecnologia de amanhã. Vai ser mais fácil criar muitos empreendedores em tecnologia do que transformar donos de uma grande empresa em campeões da inovação. Há pequenas companhias que se transformaram rapidamente em grandes ao descobrirem nichos através da inovação.
Valor: Por outro lado, existem críticas a uma possível pulverização de recursos. Ou seja, ao invés de se investir mais dinheiro em uma instituição de pesquisa já consolidada, o governo optou por distribuir quantias menores para diversos projetos.
Rezende: Na minha opinião, esta crítica está completamente equivocada. Nós não estamos pulverizando, mas sim apoiando muitos grupos de pesquisa em todo o Brasil. São apoios pequenos, de sobrevivência. Isso, nos EUA, existe em um número muito maior. Aqui estamos falando em algumas dezenas de instituições. O fato de o apoio ser espalhado pelo Brasil é também muito importante, porque somos um país grande com competências em várias áreas. Temos 60 mil pesquisadores no Brasil, e ele só trabalharão se tiverem um apoio mínimo.
Valor: Como se está trabalhando as competências regionais?
Rezende: Temos uma política abrangente, procura-se dar oportunidades de acordo com o potencial das regiões. Por exemplo, a biomassa que é uma das áreas portadoras de futuro. Em 2003, falou-se do crescimento da biomassa, e já nos anos seguintes fizemos os estudos de potencialidade do etanol no Brasil. Hoje, com a explosão do biocombustíveis em todo o mundo, existem oportunidades para grande parte do território nacional. O semi-árido produz mamona sem nenhum esforço. Temos ainda as oleaginosas no Norte, a soja no Centro-Oeste, e o etanol em São Paulo e no Nordeste. Desta forma, quando se olha para uma área com o potencial da ciência e tecnologia se está gerando desenvolvimento quase que como um todo.
Valor: A legislação recente permite que o governo apóie empresas na contratação de pesquisadores, mas também abre portas para o suporte a cientistas que querem abrir suas próprias empresas. Quais são as perspectivas neste campo?
Rezende: Temos no país um programa de parques e incubadoras tecnológicas. Trata-se de uma sala ou um espaço nas universidades, onde os pesquisadores têm a oportunidade de começar a sua empresa. Isso já ocorre há dez anos, tanto que o número de empresas abertas por pesquisadores vem aumentando. A Lei da Inovação criou ainda a possibilidade de que o pesquisador tire uma licença para se dedicar a sua empresa sem perder seu cargo na universidade pública. Além disso, a subvenção que fizemos no último edital para a contratação de pesquisadores vai viabilizar que micro e pequenas saiam da fase de incubação, pois elas dependem de recursos humanos para isso. O resultado do edital mostra que 70% dos projetos vêm de empresas com faturamento abaixo de R$ 2,4 milhões. Muitas delas certamente são incubadas. A subvenção vai permitir a sobrevivência das empresas.
Valor: O que senhor espera para os próximos anos?
Rezende: O que eu espero é que estes projetos apoiados gerem novos produtos e processos que ajudem a abrir mercados para as empresas. Isso gera lucro. Quem vai convencer os empresários a colocar dinheiro em inovação não vai ser o governo ou um pesquisador, mas sim outro empresário lucrando.








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Friday 22 January 2010

POBREZA + CLASSE MÉDIA

Histórico ambíguo coloca em dúvida a eficácia das abordagens comuns
Repensando a redução da pobrezaJomo Kwame Sundaram
22/01/2010
A desigualdade parece ter aumentado nas décadas recentes, no nível internacional e na maioria dos países
No ano passado, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação anunciou que o número de pessoas famintas no mundo aumentou ao longo da década passada. Em 2008, o Banco Mundial havia anunciado uma queda substancial no número de pessoas pobres até o ano de 2005. Mas se a pobreza é definida principalmente em termos da renda em dinheiro necessária para evitar a fome, como podem anúncios dessa natureza ser conciliados?
De acordo com a muito citada linha de pobreza internacional de "um dólar por dia" do Banco Mundial, que foi corrigida em 2005 para US$ 1,25 por dia a preços de 2005, ainda há 1,4 bilhão de pessoas vivendo na pobreza, numa queda ante 1,9 bilhão em 1981. No entanto, considerando que a China respondeu pela maioria dessa queda, havia pelo menos 100 milhões de pessoas a mais vivendo na pobreza fora da China em 2005 do que em 1981.
Na África subsaariana e em partes da Ásia, a pobreza e a fome continuam obstinadamente elevadas. Agências internacionais estimam que mais de 100 milhões de pessoas se tornaram pobres como resultado dos preços mais altos dos alimentos durante a crise de 2007-2008, e que a crise econômica e financeira global de 2008-2009 foi responsável por um aumento de outros 200 milhões. A adiada recuperação dos postos de trabalho da recessão global continuará sendo um desafio de grandes proporções para a redução da pobreza nos próximos anos.
Enquanto isso, controvérsias de medição continuam lançando suspeitas sobre o progresso atual. Com a adoção, na Cúpula Social de 2005, de uma definição mais ampla de pobreza, que inclui pobreza absoluta, exclusão social e falta de participação, a situação hoje pode estar ainda pior do que é indicado por uma linha de pobreza baseada em receita em dinheiro.
A desigualdade parece ter aumentado nas décadas recentes, no nível internacional e na maioria dos países. Mais de 80% da população mundial vive em países onde os diferenciais de renda estão se ampliando. Os 40% mais pobres na população mundial respondem por apenas 5% da renda mundial, enquanto os 20% mais ricos representam 75%.
O histórico ambíguo da redução da pobreza coloca em dúvida a eficácia das abordagens convencionais. Países foram aconselhados a abandonar suas estratégias de desenvolvimento nacional em prol da globalização, liberalização de mercados e privatização. Em vez de gerar crescimento veloz sustentado e estabilidade econômica, essas políticas tornaram os países mais vulneráveis ao poder dos ricos e aos caprichos das finanças internacionais e da instabilidade global, que se tornaram mais frequentes e graves devido à desregulamentação.
A lição mais importante é a necessidade de crescimento veloz sustentado e de transformação econômica estrutural. Os governos precisam desempenhar um papel desenvolvimentista, com a implantação de políticas concebidas para apoiar a produção inclusiva e a expansão do emprego, bem como para reduzir a desigualdade e promover a justiça social.
Esse tipo de abordagem precisa ser complementado por investimento industrial e políticas tecnológicas apropriadas, e por linhas financeiras inclusivas projetadas para apoiá-las. Além disso, capacidades de produção novas e potencialmente viáveis precisam ser promovidas por meio de políticas desenvolvimentistas complementares.
Por outro lado, a insistência num governo mínimo e na dependência no mercado provocou quedas abruptas no investimento em infraestrutura pública, especialmente na agricultura. Isso não só prejudicou o crescimento de longo prazo como também aumentou a insegurança alimentar.
Defensores das políticas de liberalização econômica citaram o sucesso das economias do Leste Asiático que atravessam veloz processo de industrialização. Mas nenhuma dessas economias buscou a liberalização econômica indiscriminada. Em vez disso, os governos desempenharam um papel desenvolvimentista ao apoiarem a industrialização, agricultura e serviços de maior valor agregado e aperfeiçoamento das capacidades humanas e tecnológicas.
As transformações estruturais deverão promover emprego pleno e produtivo, bem como trabalho decente, ao passo que os governos deverão ter espaço fiscal e político suficiente para permitir que desempenhem um papel positivo e para oferecer proteção social universal adequada.
As três décadas passadas também testemunharam o divórcio das políticas sociais das estratégias de desenvolvimento global como consequência da campanha por governos com autoridade mais limitada. As estratégias de desenvolvimento econômico nacional foram substituídas por programas de redução de pobreza preferidos dos doadores, como concessão de títulos de posse de terra, microcrédito, e marketing "na base da pirâmide", dirigido aos pobres.
Esses modismos não conseguiram reduzir a pobreza substancialmente. Isso não significa negar algumas consequências positivas. Por exemplo, o microcrédito capacitou milhões de mulheres, ao passo que lições importantes foram aprendidas com a concepção e implantação desses programas.
Enquanto isso, os programas sociais universais melhoraram muito mais o bem-estar humano que os programas condicionais e dirigidos. No entanto, programas de transferência condicional de renda têm sido muito bem-sucedidos na melhoria de vários indicadores de desenvolvimento humano.
Lamentavelmente, a pobreza continua endêmica, com mais de um bilhão de pessoas passando fome a cada dia. É necessária uma iniciativa urgente, à medida que a recente crise econômica e financeira, que se seguiu duramente à crise nos preços dos alimentos, teria atrasado ainda mais o progresso para a redução da pobreza. Crescem também os temores de que a mudança climática possa ameaçar as vidas dos pobres de forma ainda mais adversa.
O relatório bianual sobre a Situação Social do Mundo (RWSS 2010) das Nações Unidas, intitulado "Repensando a Pobreza", apresenta um argumento convincente para repensar a medição da pobreza e as iniciativas de redução da pobreza. Para os pobres do mundo, o lema "negócios como sempre" jamais foi uma opção aceitável. As tendências populares das décadas recentes tampouco se revelaram muito melhores. Não acontecerá nenhuma erradicação da pobreza sem desenvolvimento econômico justo e sustentável, que os mercados desregulados comprovaram ser incapazes de produzir por conta própria.
Jomo Kwame Sundaram é secretário-geral adjunto das Nações Unidas para Desenvolvimento Econômico. Copyright: Project Syndicate, 2010. http://www.project-syndicate.org/




O retrovisor e o para-brisasMarcelo Côrtes Neri
26/01/2010
Motivado pela mudança de ano e de década, no dia 29 de dezembro escrevi nesta coluna artigo intitulado "Cenários de crescimento, desigualdade e pobreza" que traçava projeções para 2014 dessa trinca de indicadores sociais baseados em renda. A estrutura básica do nosso olhar prospectivo foi projetar no futuro o que aconteceu no período 2003 a 2008 em termos de evolução do crescimento e da redistribuição de renda. A união harmoniosa desses vetores teria como resultante prospectiva a queda da pobreza à metade nos próximos cinco anos.
Esse cenário tão simples quanto determinista denominamos "otimista condicionado", pois projeta para frente o desempenho excepcional do período pré-crise de 2003 a 2008, ainda visível no espelho retrovisor tupiniquim. No dia 12 de janeiro o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), instituição com longa tradição no cálculo de indicadores sociais, divulgou um "comunicado da presidência" assumindo exatamente a mesma estrutura de projeção por nós proposta, replicando a nossa réplica do que houve no período 2003 a 2008, para também traçar cenários futuros de pobreza. O estudo projeta até 2016 quedas espetaculares de pobreza em sete anos para menos de 1/7 do valor inicial. Já a pobreza extrema cairia a zero, ainda segundo eles. Obviamente, a diferença de opiniões é bem-vinda, como parte intrínseca do ato de imaginar, debater e planejar o futuro. A dúvida, nesse caso, é como ao replicar para frente a mesma trajetória passada chegamos a projeções tão díspares em relação ao futuro. Hipóteses equivalentes aplicadas às mesmas bases já coletadas deveriam, a princípio, levar a resultados similares. A análise de consistência dos cenários futuros de pobreza é o objeto do presente artigo.
Cabe lembrar que a primeira meta do milênio proposta pela ONU é reduzir a pobreza à metade em 25 anos, o que poucos países já a atingiram nos 20 anos transcorridos. No nosso cenário, o Brasil atingiria isso em cinco anos, fato internacionalmente memorável. Há que se notar a diferença de horizontes de projeção entre os dois exercícios de previsão: os cinco anos até 2014, ano da Copa, no nosso caso e sete anos para 2016, ano olímpico, no caso deles. Ao estendermos para sete anos o ritmo do nosso cenário, a pobreza cairia a 61,77% dos valores iniciais. Ou seja, assumimos mais dois anos de invencibilidade do crescimento sustentado forte com redução de desigualdade até 2016. Esse é o número a ser cotejado para compararmos laranjas com laranjas. De qualquer forma, a queda de pobreza de 61,77% reflexo de políticas sociais emergentes e de vento internacional a favor do período é bem menor que os 86,11% e 100% previstos pelo Ipea para as respectivas quedas de pobreza e de pobreza extrema.
Segundo as linhas de pobreza internacionais de um e dois dólares dia, a pobreza caiu respectivamente 43,05% e 47,38% no período 2003 a 2008. Ou seja, a pobreza caiu no cenário de referência mais com a linha mais alta, e não menos. Em todos os casos, a pobreza não cai mais da metade em nenhuma das medidas consideradas na prática no período 2003 a 2008 *.
Se o passado não foi a base para o futuro, qual seria a combinação de crescimento e de redução de desigualdade implícita no cenário futuro de redução de pobreza traçado? Eis a segunda questão. Há na literatura de pobreza um teorema: "se soubermos a média e a distribuição de renda captada pela curva de Lorenz, sabemos necessariamente a medida de pobreza para dados seus demais parâmetros como a linha de pobreza". O Ipea explicitou redução total de desigualdade medida pelo Gini de 3,1% superior a dos últimos anos. A diferença é mais do que a maior queda anual já observada do Gini. A queda do índice de Gini deles, na verdade, equivaleria a dez e não a sete anos do ritmo inédito de redistribuição de renda assumido entre 2003 a 2008.
A fim de aproximar essa redução turbinada do Gini do estudo deles por uma curva de Lorenz consistente escolhemos a transformação da desigualdade do Brasil na do seu estado mais igualitário: o de Santa Catarina (média de 2001 e 2003). A queda da proporção de pobres consistente com essa equalização de renda e com o crescimento observado entre 2003 e 2008 seria em torno de 65,3%, não diminuindo muito a discrepância dos cenários de redução de pobreza.
Mas qual seria o cenário de crescimento necessário para se chegar a queda de pobreza de 86,1%. Para se chegar lá o bolo de renda brasileiro teria de crescer acumulado 145% em sete anos, cerca de 15% ao ano em termos totais ou 13,6% ao ano em termos per capita. Essa cifra é 158% maior que o crescimento da PNAD entre 2003 e 2008 e 260% a mais que o crescimento do PIB per capita, observados no mesmo período de bonanza pregressa. Em suma, no cenário do comunicado da presidência do Ipea todos os componentes de redução de pobreza estão necessariamente bem acima daqueles observados no excepcional período de 2003 a 2008. Isso não significa que a pobreza não possa cair 86,1% em sete anos mas que para isso seja consistente, a redução de desigualdade teria de ser 39,7% maior que a maior queda observada na nossa história estatisticamente documentada, além disso o crescimento da renda brasileira teria de ser 15% ao ano por sete anos. Por outro lado, dado o cenário de redução de desigualdade proposto, a taxa de crescimento necessária para zerar a pobreza extrema seria literalmente infinita. Na prática, há sempre um núcleo duro de pobreza aonde nem o mercado, nem o Estado, com suas políticas sociais conseguem chegar.
*Para quem quiser botar a mão na graxa da mecânica das medições explicitando linhas, deflatores regionais etc, desenvolvemos anexo técnico a este artigo (wwww.fgv.br/cps/cenários), com dicas simples, tipo se os vidros dianteiros e traseiros estão embaçados, utilize o para-brisas!
Marcelo Côrtes Neri, economista-chefe do Centro de Políticas Sociais e professor da EPGE, Fundação Getulio Vargas. Autor dos livros "Ensaios Sociais", "Cobertura Previdenciária: Diagnóstico e Propostas" e "Microcrédito, o Mistério Nordestino e o Grammen brasileiro". mcneri@fgv.br.



TENDÊNCIAS/DEBATES
PobrezasMARCIO POCHMANN
O Brasil requer inovadores métodos de combate às diferentes formas de pobreza, sobretudo na desigual repartição da renda
"Miséria é miséria em qualquer canto/ Riquezas são diferentes" ("Miséria", Titãs)
ASSIM COMO as sociedades se transformam, as condições de produção e reprodução da pobreza alteram-se com o passar do tempo.
Ainda no século 19, por exemplo, David Ricardo e Thomas Malthus difundiram a percepção acerca do processo de naturalização da pobreza por identificar que a reprodução humana ocorria em ritmo superior à capacidade econômica de produzir alimentos e renda para todos. Os críticos da concepção da pobreza natural, como Alexis de Tocqueville e Karl Marx, explicitaram que os pobres não resultavam do maior aumento populacional em relação à produção, mas da incapacidade de o capitalismo redistribuir adequadamente o excedente econômico gerado. A riqueza crescia simultaneamente à elevação ou manutenção de enormes contingentes de pobres nas economias mais avançadas.
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A nova classe média::Merval Pereira
DEU EM O GLOBONo discurso que fez ler em Davos, ao receber o prêmio de Estadista Global, o presidente Lula elencou entre os muitos autoelogios aos seus sete anos de governo a inclusão de 31 milhões de cidadãos na classe média, e a retirada de outros 20 milhões da linha de miséria absoluta.Embora não seja uma situação restrita ao Brasil — pois a redução da pobreza nos países emergentes, e consequente aumento da classe média, faz até com que um estudo da Goldman Sachs preveja a explosão da classe média mundial até 2030, abrangendo nada menos que dois bilhões de pessoas, ou 30% da população mundial —, este é “um dos fenômenos sociais e econômicos mais importantes da história recente”, na definição dos cientistas políticos Amaury de Souza e Bolívar Lamounier. Eles são os autores do recém-lançado livro “A Classe Média Brasileira: Ambições, valores e projetos de sociedade”.Os autores consideram que “parecem estar se repetindo, em escala ampliada, os processos que levaram, mais de um século atrás, ao surgimento da classe média dos países mais industrializados”.Entre os fatores que deflagraram esse processo, os autores destacam “a extraordinária prosperidade da economia mundial nos 20 anos que antecederam a crise de 20082009”, que contribuiu para reduzir a desigualdade de renda em países como a China, Índia e Brasil e, dessa forma, abriu espaço para a mobilidade social de grandes contingentes, formando o que se tem denominado “nova classe média”, onde, coexistindo com a classe média tradicional A/B “e adquirindo hábitos semelhantes, observa-se cada vez mais a presença de indivíduos e famílias provenientes da chamada classe C”.O Brasil é parte expressiva desse megaprocesso de mobilidade social, mas os autores questionam “a sustentabilidade desse gigantesco movimento de ascensão social” nos termos em que ele está se processando no país.Eles admitem que o crescimento da classe média e de seu poder de compra ajuda a expansão do mercado consumidor, “além de firmar padrões e tendências de consumo com poder de irradiação para o restante da sociedade”.E esse crescimento da parcela que aufere a renda média da sociedade foi de 22,8% entre 2004 e 2008, “em larga medida pelo aumento da oferta de empregos formais e concomitante aumento da renda do trabalho”. Baseado em amplas pesquisas, quantitativas e qualitativas, em diversas regiões do Brasil, o livro “busca definir uma classe média num país onde as diferenças estão sendo diluídas pela difusão do consumo”.O quadro que resultou das pesquisas é definido pelos autores como o de um país “extraordinariamente dinâmico, sem barreiras para o consumo, e no qual todos os indivíduos querem adotar os padrões da classe acima”. Mas como vão gerar a renda necessária para sustentar tais padrões?, perguntam os autores.O economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa da Fundação Getulio Vargas, do Rio, que revelou o crescimento da classe média brasileira, que hoje já abrange 52% da população economicamente ativa, montou dois índices para avaliar o comportamento dessa nova classe média.O primeiro, de potencial de consumo baseado em acesso a bens duráveis, a serviços públicos e moradia, e o segundo sobre o lado do produtor, onde é identificado o potencial de geração de renda familiar de forma a captar a sustentabilidade das rendas percebidas através de inserção produtiva e nível educacional de diferentes membros do domicílio, investimentos em capital físico (previdência pública e privada; uso de tecnologia de informação e comunicação), capital social (sindicatos; estrutura familiar) e capital humano (frequência dos filhos em escolas públicas e privadas) etc.Ele admite que foi “com surpresa” que chegaram à conclusão de que o índice do consumidor aumentou 14,98% entre 2003 e 2008, contra 28,62% do índice do produtor.Neri avalia com bom humor: “O brasileiro pode ser na foto ainda mais cigarra que formiga, mas estamos sofrendo gradual metamorfose em direção às formigas”.Para reforçar seu otimismo, ele analisa que “se olharmos para o Nordeste o ganho de renda do trabalho per capita real médio do período 2003 a 2008 foi de 7,3% ao ano, o que contraria a ideia de que o aumento de renda do brasileiro em geral, e do nordestino em particular, deve-se apenas ao “assistencialismo oficial”.O livro, no entanto, contém pesquisas que revelam ser alta, “por qualquer critério”, a proporção da classe média que teme perder o padrão de vida atual, ou não ter dinheiro suficiente para se aposentar. Segundo os autores, ver-se privado de renda pela falta de trabalho, perda do emprego ou liquidação do negócio próprio “é a preocupação dominante dos entrevistados mais pobres”.O crescimento econômico dos últimos anos traduziu-se em forte expansão da demanda por bens e serviços. Esse perfil valoriza a feição “cultural” de certas atividades de lazer, como televisão por assinatura, eventos artísticos e viagens internacionais.Telefones (celulares ou fixos), computadores e acesso rápido à internet configuram o padrão de investimentos em produtividade típico da classe média, o qual é emulado pelas famílias de classe média baixa.Já os investimentos em capital humano — plano de saúde, filhos em escolas privadas, poupança ou investimentos financeiros e previdência privada — ainda são em boa medida restritos à classe média.Mas as oscilações da renda familiar geradas por empregos pouco estáveis ou atividades por conta própria “sinalizam dificuldades para as faixas de renda mais baixas manterem o perfil de consumo ambicionado”.Segundo Amaury de Souza e Bolivar Lamounier, endividando-se além do que lhes permitem os recursos de que dispõem, essas famílias se defrontam com um risco de inadimplência que passa ao largo das famílias da classe média estabelecida. (Continua amanhã)

Merval Pereira
A nova classe média
No discurso que fez ler em Davos, ao receber o prêmio de Estadista Global, o presidente Lula elencou entre os muitos autoelogios aos seus sete anos de governo a inclusão de 31 milhões de cidadãos na classe média, e a retirada de outros 20 milhões da linha de miséria absoluta. Embora não seja uma situação restrita ao Brasil - pois a redução da pobreza nos países emergentes, e consequente aumento da classe média, faz até com que um estudo da Goldman Sachs preveja a explosão da classe média mundial até 2030, abrangendo nada menos que dois bilhões de pessoas, ou 30% da população mundial -, este é "um dos fenômenos sociais e econômicos mais importantes da história recente", na definição dos cientistas políticos Amaury de Souza e Bolívar Lamounier. Eles são os autores do recém-lançado livro "A Classe Média Brasileira: Ambições, valores e projetos de sociedade". Os autores consideram que "parecem estar se repetindo, em escala ampliada, os processos que levaram, mais de um século atrás, ao surgimento da classe média dos países mais industrializados". Entre os fatores que deflagraram esse processo, os autores destacam "a extraordinária prosperidade da economia mundial nos 20 anos que antecederam a crise de 2008-2009", que contribuiu para reduzir a desigualdade de renda em países como a China, Índia e Brasil e, dessa forma, abriu espaço para a mobilidade social de grandes contingentes, formando o que se tem denominado "nova classe média", onde, coexistindo com a classe média tradicional A/B "e adquirindo hábitos semelhantes, observa-se cada vez mais a presença de indivíduos e famílias provenientes da chamada classe C". O Brasil é parte expressiva desse megaprocesso de mobilidade social, mas os autores questionam "a sustentabilidade desse gigantesco movimento de ascensão social" nos termos em que ele está se processando no país. Eles admitem que o crescimento da classe média e de seu poder de compra ajuda a expansão do mercado consumidor, "além de firmar padrões e tendências de consumo com poder de irradiação para o restante da sociedade". E esse crescimento da parcela que aufere a renda média da sociedade foi de 22,8% entre 2004 e 2008, "em larga medida pelo aumento da oferta de empregos formais e concomitante aumento da renda do trabalho". Baseado em amplas pesquisas, quantitativas e qualitativas, em diversas regiões do Brasil, o livro "busca definir uma classe média num país onde as diferenças estão sendo diluídas pela difusão do consumo". O quadro que resultou das pesquisas é definido pelos autores como o de um país "extraordinariamente dinâmico, sem barreiras para o consumo, e no qual todos os indivíduos querem adotar os padrões da classe acima". Mas como vão gerar a renda necessária para sustentar tais padrões?, perguntam os autores. O economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa da Fundação Getulio Vargas, do Rio, que revelou o crescimento da classe média brasileira, que hoje já abrange 52% da população economicamente ativa, montou dois índices para avaliar o comportamento dessa nova classe média. O primeiro, de potencial de consumo baseado em acesso a bens duráveis, a serviços públicos e moradia, e o segundo sobre o lado do produtor, onde é identificado o potencial de geração de renda familiar de forma a captar a sustentabilidade das rendas percebidas através de inserção produtiva e nível educacional de diferentes membros do domicílio, investimentos em capital físico (previdência pública e privada; uso de tecnologia de informação e comunicação), capital social (sindicatos; estrutura familiar) e capital humano (frequência dos filhos em escolas públicas e privadas) etc. Ele admite que foi "com surpresa" que chegaram à conclusão de que o índice do consumidor aumentou 14,98% entre 2003 e 2008, contra 28,62% do índice do produtor. Neri avalia com bom humor: "O brasileiro pode ser na foto ainda mais cigarra que formiga, mas estamos sofrendo gradual metamorfose em direção às formigas". Para reforçar seu otimismo, ele analisa que "se olharmos para o Nordeste o ganho de renda do trabalho per capita real médio do período 2003 a 2008 foi de 7,3% ao ano, o que contraria a ideia de que o aumento de renda do brasileiro em geral, e do nordestino em particular, deve-se apenas ao "assistencialismo oficial". O livro, no entanto, contém pesquisas que revelam ser alta, "por qualquer critério", a proporção da classe média que teme perder o padrão de vida atual, ou não ter dinheiro suficiente para se aposentar. Segundo os autores, ver-se privado de renda pela falta de trabalho, perda do emprego ou liquidação do negócio próprio "é a preocupação dominante dos entrevistados mais pobres". O crescimento econômico dos últimos anos traduziu-se em forte expansão da demanda por bens e serviços. Esse perfil valoriza a feição "cultural" de certas atividades de lazer, como televisão por assinatura, eventos artísticos e viagens internacionais. Telefones (celulares ou fixos), computadores e acesso rápido à internet configuram o padrão de investimentos em produtividade típico da classe média, o qual é emulado pelas famílias de classe média baixa. Já os investimentos em capital humano - plano de saúde, filhos em escolas privadas, poupança ou investimentos financeiros e previdência privada - ainda são em boa medida restritos à classe média. Mas as oscilações da renda familiar geradas por empregos pouco estáveis ou atividades por conta própria "sinalizam dificuldades para as faixas de renda mais baixas manterem o perfil de consumo ambicionado". Segundo Amaury de Souza e Bolivar Lamounier, endividando-se além do que lhes permitem os recursos de que dispõem, essas famílias se defrontam com um risco de inadimplência que passa ao largo das famílias da classe média estabelecida.(Continua amanhã)


A nova classe média I A nova classe média I
Merval Pereira


Entrevista: Bolívar Lamounier
A classe C quer muito maisO sociólogo diz que os milhões de brasileiros emergentes da pobreza pretendem continuar subindo na escala social e vãopunir os candidatos sem compromisso com a estabilidade

Towards Genuine Universalism within Contemporary Development Policy
by Andrew Fischer
February 3, 2010.
It is very difficult to know the impact of the MDGs on poverty reduction. On the one hand, poverty measurements are ambiguous and on the other hand, the mechanisms by which MDGs effect poverty reduction are not clear. This article argues that the MDGs should be replaced by a re-politicisation of the mainstream development agenda, together with a genuine revival of emphasis on universalistic modes of social policy as viable means of dealing simultaneously with poverty and inequality.


A pressão pelo aumento e melhora da infraestrutura também será marcante.
Crescimento a taxas chinesasPor Marcelo L. Moura19/04/2010
O crescimento econômico criará uma classe média mais educada, mais vigilante dos seus direitos e que cobre o uso dos seus impostos pela administração pública
Nos últimos anos, imprensa e economistas apresentam dados sobre a emergência das classes C e D no mercado de consumo brasileiro e a consequente redução da pobreza. O aumento das taxas de crescimento do PIB brasileiro, principalmente entre 2004 e 2008 e programas sociais como o bolsa família são geralmente apontados como os principais motivos desse fenômeno.
Entretanto, o que o presente artigo pretende mostrar é que esse avanço não é restrito às classes menos favorecidas da sociedade brasileira. Ao contrário, esse efeito é ainda mais pronunciado nas classes A e B. A ascensão econômica entre classes mais favorecidas no Brasil é um fenômeno pouco evidenciado, mas que é extremamente forte e apresenta taxas chinesas de crescimento, de cerca de 10% ao ano, apesar da nossa economia ter crescido a taxas médias de 5% ao ano entre 2004 e 2008.
A tabela abaixo apresenta o número de domicílios e respectiva faixa de renda das classes A, B, C e D no Brasil utilizando dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domícilios (PNAD/IBGE) para os anos de 2008 e 2004. Os dados demonstram que enquanto o número de famílias cresceu em média 2,6% ao ano, as taxas de crescimento das classes A e B superaram em muito esse valor, com taxas médias de crescimento anual de 10,8% e 10,2% ao ano, até mesmo acima do crescimento da classe C que foi de 9,1% ao ano. Enquanto isso, refletindo a redução da pobreza no país, o número de famílias nas classes D e E reduziu-se ao ritmo de quase 1% ao ano.
Qual a importância disso? Enorme, isso mostra a formação de um mercado consumidor para crédito e consumo de bens e serviços de alto valor como imóveis, automóveis, eletrônicos entre outros a taxas chinesas de 10% ao ano! Além disso, demonstra que o crescimento econômico do país não apenas reduz a pobreza, mas aumenta a riqueza formando uma classe média de alto poder aquisitivo. O mercado para as classes A e B cresceu 50% em quatro anos e deve pelo menos dobrar a cada 10 anos se o Brasil mantiver a expectativa de crescimento de 5% ao ano.
Existe um longo caminho a ser percorrido, as classes A e B no Brasil representavam em 2008 respectivamente 2% e 5,4% do total de famílias no país. No entanto, um exercício simples de crescimento aponta que se mantivermos a mesma taxa de crescimento para os próximos anos, em 2028 teremos mais famílias entre as classes A e B do que famílias nas classes D e E.
O consumo, no entanto, deve crescer de forma ainda mais acelerada que as taxas " chinesas " das classes A e B. Para ver isso, basta observar outra tendência da economia brasileira nos últimos anos: a queda da taxa básica de juros. Embora o mercado aguarde aumentos da taxa básica de juros ainda para 2010, isso deverá ser pontual. Um novo patamar de juros, abaixo de 10% ao ano, já se estabelece na economia brasileira e a tendência de queda ainda irá existir por alguns anos, principalmente se o cenário de crescimento a 5% ao ano se mantiver.
Explico melhor: os juros base da economia são determinantes para o financiamento de bens de alto valor agregado como imóveis, automóveis e bens de consumo duráveis de forma geral. Uma queda nos juros tem um elevado impacto na redução do custo desse financiamento. Ao combinarmos a queda desse custo de financiamento com o aumento de famílias nas classes A, B e C é evidente o efeito multiplicador para o crédito e consumo. Não é a toa que os bancos brasileiros esperam expandir o crédito a taxa de 20% ao ano para 2010, não se trata de uma bolha é pura matemática do crescimento do poder aquisitivo das famílias e a redução do custo de financiamento.
A pressão pelo aumento e a melhora da infraestrutura será também marcante. Obras de melhoria do trânsito e do transporte público nos grandes centros, rodovias, aeroportos, portos, saneamento e energia serão necessárias para acomodar uma nova estrutura de demanda e produção.
O impacto não se resume ao aumento do poder de consumo das famílias. Implicações sociais e políticas serão marcantes. O crescimento econômico sustentável por um período de 10 a 20 anos implica na formação de uma classe média mais educada, mais vigilante dos seus direitos e que cobre o uso dos seus impostos pela administração pública. Deixo, porém, uma análise mais aprofundada desses aspectos aos especialistas em política e sociologia.
A mensagem final é que mais do que reduzir a pobreza, o crescimento econômico gera riqueza e permitirá a milhões de famílias desfrutarem de conquistas importantes no âmbito econômico e social. A revolução das classes está no crescimento econômico com estabilidade, para isso, entenda-se: responsabilidade nas políticas fiscais e monetária, regras estáveis e democracia consolidada. Valores que observamos entre 2004 e 2008 e que devem ser mantidos pelo próximo presidente da república, seja ele ou ela quem for.
Marcelo L। Moura é Ph.D. em Economia pela Universidade de Chicago e professor associado do Insper - Instituto de Ensino em Pesquisa.


21/04/2010 - 17h01
Banco Mundial prevê redução da pobreza na América Latina neste ano
da France Presse, em Washington
A crise econômica fez com que entre 9 e 10 milhões de latino-americanos caíssem na pobreza no ano passado, mas boa parte desse número será reduzido em 2010, declarou nesta quarta-feira o economista-chefe para a América Latina do Banco Mundial (Bird), Augusto de la Torre.
"Imagino que até o final de 2010 uma boa parte dessas pessoas já tenham saído da pobreza", declarou o economista em uma coletiva de imprensa, ao comentar as perspectivas para a região antes da reunião semestral do Bird e do FMI (Fundo Monetário Internacional)। .... ... .... ...


Para sociólogo, Brasil ainda vive um abismo socialJessé Souza afirma que Bolsa Família não consegue incluir mais pobres e resolver questão da desigualdade
Especialista é autor de "A Ralé Brasileira", em que estuda parcela da população que vive como "subgente"
UIRÁ MACHADODE SÃO PAULO Na contramão dos estudos que apontam melhora da distribuição de renda no Brasil, o sociólogo Jessé Souza afirma que o país ainda vive uma "desigualdade abissal" em sua sociedade.Coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, Souza lançou recentemente o livro "A Ralé Brasileira", em que estuda as características dessa "parcela da população que vive como subgente".
A seguir, trechos da entrevista concedida por Souza.
Folha - A proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha da miséria caiu nos últimos anos. Em seu último livro, o sr. diz ser falsa a tese de que a desigualdade brasileira está desaparecendo. Por quê?
Jessé Souza - Esses índices.... .....

24/06/2010 LE MONDE


Uma década de Bolsa Família


Programa Bolsa Família uma década de inclusão e cidadania


Pobreza extrema tem grande queda no mundo
Brigitte Perucca
No ano passado, Amara perdeu um bebê com malária, devido à falta de acesso ao tratamento. A malária é a doença que mais mata em Serra Leoa, um dos países mais pobres do planeta
A cinco anos da data-limite fixada para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), o quadro visto no relatório de 2010 das Nações Unidas é pouco animador. Pior ainda: o futuro, que se torna ainda mais sombrio pelas crises financeira, econômica e alimentar, e pelas novas ameaças ligadas ao aquecimento climático, parece comprometido. O balanço está “mitigado”, reconheceu Fabrice Ferrier, coordenador para a França da Campanha do Milênio das Nações Unidas, durante a apresentação do relatório em Paris, na terça-feira (22).
A menos que haja algum grande acontecimento, sete dos oito objetivos – acompanhados de 21 “alvos” e de 60 indicadores estatísticos – estabelecidos pelos 147 chefes de Estado presentes em Nova York para a Cúpula do Milênio, em setembro de 2000, não têm nenhuma chance de serem atingidos até 2015.
Somente o objetivo 1 (“reduzir pela metade, de 1990 a 2015, a proporção da população cuja renda é inferior a US$ 1 por dia”) deverá ser atingido. De 1,8 bilhão, o número de pessoas que vivem em pobreza extrema (redefinida desde então para inferior a US$ 1,25 por dia) deverá passar para 920 milhões até 2015. Mas a África subsaariana, assim como certas regiões da Europa Oriental e da Ásia Ocidental não conseguirão atingir essa meta.
A África negra aparece como a grande perdedora dos ODM: educação básica para todos (objetivo 2), igualdade entre os sexos (objetivo 3), redução em dois terços da taxa de mortalidade das crianças com menos de 5 anos (objetivo 4), diminuição em três quartos da taxa de mortalidade materna (objetivo 5), contenção da propagação da Aids (objetivo 6) e integração dos princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas (objetivo 7). A Ásia, pelo contrário, puxada pelo crescimento, registrou progressos notáveis em quase todos os pontos.
O objetivo 8 (“estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento”) estará no centro dos debates entre os chefes de Estado esperados para 20 de setembro em Nova York, para a assembleia geral da ONU, e a quem caberá relançar os esforços para “cumprir suas promessas”, segundo o pedido de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.
Financiamentos “inovadores”
Pois a dois terços do caminho, deve-se constatar que os países desenvolvidos não mantiveram seus compromissos. Somente cinco países doadores (Dinamarca, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Suécia) atingiram o alvo de 0,7% da renda nacional bruta (RNB) estabelecido pela ONU para a Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD). O montante total da APD atingiu, em 2009, US$ 119,6 bilhões (R$ 214 bilhões), ou seja, 0,31% da renda nacional acumulada dos países desenvolvidos. A ajuda da União Europeia chega ao limite de 0,56% e a França dedicou a ela 8,5 bilhões de euros (R$ 18,7 bilhões), ou seja, 0,46% de sua RNB.
Os compromissos assumidos em 2005, durante a cúpula do G8 de Gleneagles (Escócia), deveriam ter feito o montante total da APD passar para US$ 130 bilhões. Em 2010, as previsões, reduzidas devido à desaceleração do crescimento, sugerem que a APD se estabelecerá em US$ 108 bilhões. Essa diferença afetará especialmente a África, que “só receberá 11 dos US$ 25 bilhões prometidos em 2005”.
Como as ajudas públicas mostraram seus limites, alguns países, incluindo a França, como ressaltou Philippe Thiébaud, diretor dos bens públicos mundiais no Ministério das Relações Exteriores, pretendem incentivar em Nova York o caminho dos financiamentos “inovadores”, como a taxa sobre as passagens de avião introduzida em 2006, e que desde então trouxe 2 bilhões de euros. Uma taxa sobre as transações financeiras ainda está em estudo, bem como uma dedução sobre as apostas esportivas.
Tradução: Lana Lim



24/06/2010
Classe média reverte tendência democrática em países em desenvolvimento
Joshua Kurlantzick
Manifestantes tailandeses em Manila, nas Filipinas, carregam companheiro enrolado em faixas para protestar contra a onda de violência política que assolou a Tailândia
Por décadas, teóricos políticos consideravam o crescimento da classe média como chave para uma democratização bem-sucedida: à medida que cresce a classe média, argumenta a teoria, os regimes se tornam mais dependentes de empreendedores para alimentar o crescimento econômico – e líderes autoritários são forçados a dar ouvidos às exigências deles. Essa influência abre o sistema político, com direitos políticos e de propriedade vindo em seguida.
Mas nos últimos 10 anos, classes médias por todo o mundo em desenvolvimento – da Tailândia até a Rússia – têm revertido essa tendência democrática. As causas para esse recuo são variadas – de líderes eleitos que desafiam à regra da lei à corrupção e excessiva redistribuição da riqueza. Mas se as classes médias e mais pobres se tornam divididas a respeito dos direitos democráticos, o próprio sistema pode ruir. Por que a teoria da democratização da classe média provou ser falha?

O exemplo tailandês

Em abril, dezenas de milhares de manifestantes vestidos de vermelho foram a Bancoc, a maioria deles vindo do norte e nordeste rurais da Tailândia. Ao verem as tentativas por parte da elite urbana e militar de controlar a política tailandesa como uma ameaça à democracia, eles exigiram novas eleições e a renúncia do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva. Os chamados “camisas vermelhas” fecharam o distrito central de negócios e entraram violentamente em choque com as forças de segurança, resultando em muitos mortos e inúmeros feridos.
Essas dificuldades atuais podem ser rastreadas até 2006, quando outra onda de protestos de rua tomou Bancoc, desta vez lideradas por milhares de cidadãos urbanos de classe média. Eles exigiam a remoção do então primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra – um populista carismático apoiado pelos pobres rurais. Após meses de manifestações, o movimento teve seu desejo atendido.

A regra da autocracia

Líderes democráticos de primeira geração, como Thaksin, com frequência se transformam em autocratas eleitos. Eles costumam ver a democracia como um processo no qual a vitória eleitoral fornece um mandato para esmagar a oposição – o que por sua vez alimenta a fúria da classe média e depois a frustração.
Talvez de forma mais famosa, Vladimir Putin, aproveitando seu alto índice de aprovação enquanto era presidente da Rússia no início dos anos 2000, despojou os governadores regionais de influência, eviscerou o Parlamento nacional e começou a neutralizar a mídia influente. Na Tailândia, a “guerra contra as drogas” de Thaksin pode ter sido uma fachada para remover a oposição: milhares de pessoas, desde oponentes políticos a traficantes de drogas de fato, foram mortos em seu nome. Ele também fez uso de processos e ameaças para intimidar os legisladores da oposição e silenciar a imprensa. De forma semelhante, na Nicarágua, um ressuscitado Daniel Ortega tem feito uso de leis questionáveis para bloquear a oposição.

Instituições fracas

Seria possível lidar com esses autocratas eleitos se não fosse por um segundo problema: instituições democráticas fracas. No Camboja – um país marcado por sua incapacidade de construir instituições duráveis para sustentar sua frágil democracia– o primeiro-ministro Hun Sen lançou uma campanha de intimidação, incluindo o assassinato de oponentes políticos. Essas democracias fracas também geram um problema menos violento mais igualmente danoso: a corrupção.
Durante uma era de governo autoritário, a corrupção geralmente é previsível: o regime desvia uma parte do dinheiro, mas o problema costuma ser contido. Mas nas jovens democracias, com frequência os velhos canais de corrupção desaparecem apenas para serem substituídos por um sistema mais complexo, no qual atuam muitos atores diferentes – chefes políticos locais, burocratas. Esse suborno rapidamente faz a democracia cair em descrédito aos olhos dos cidadãos antes esperançosos.

Direitos adquiridos

A crise financeira global levou muitas pessoas nos países em desenvolvimento a se perguntarem se o capitalismo tinha fracassado, assim como quanto desse fracasso deveria ser atribuído à democracia. Mas uma força antidemocrática mais forte surge com a percepção pelas classes médias de que têm muito a perder com uma verdadeira emancipação. Na Bolívia, manifestantes de classe média lançaram uma campanha antigoverno em 2008 contra o presidente Evo Morales, um ex-líder sindical populista. Eles vieram principalmente da metade leste mais rica do país, onde líderes empresariais temiam os planos de Morales para nacionalizar a riqueza mineral e de petróleo, expulsar as empresas estrangeiras e aumentar os impostos sobre as empresas para ampliar o bem-estar social.
Isso faz parte de um padrão onde, assim que se voltam contra líderes eleitos, manifestantes irados de classe média usam meios não democráticos para derrubar presidentes, instalando no lugar deles uma forma mais elitista de democracia na qual eles detêm grande parte do poder. Nas Filipinas, as elites urbanas de Manila parecem quase viciadas em manifestações. Em 2001, elas foram às ruas para derrubar Joseph Estrada, um ex-ator que ascendeu ao poder graças ao seu apelo de macho junto à classe baixa (antes de supostamente utilizar seu cargo para se apossar de vastas somas de dinheiro de apostas ilegais).

A grande divisão

Houve um tempo em que as classes médias e pobres trabalhavam juntas na luta pela democracia, mas recentes desdobramentos democráticos têm colocado os dois lados um contra o outro. Essas novas tendências antidemocráticas não apenas ameaçam a reforma política em todo o mundo. Elas também confundem os grupos que promovem a democracia no Ocidente. Muitos desses grupos agora duvidam se o desenvolvimento de uma classe média de fato encoraja a disseminação global da liberdade. “Você tem todos esses liberais tailandeses que condenam violações de direitos humanos em lugares como a Birmânia, mas apoiaram o golpe (de 2006)”, diz um ativista de direitos humanos americano. “Como podem fazer ambas as coisas?”
Se o Ocidente quiser ajudar a reverter a tendência recente, ele precisa de uma nova estratégia. Por exemplo, ele deve parar de dar apoio tácito a golpes, que apenas aprofundam as divisões sociais e criam precedentes para derrubada de governos eleitos. Washington parece estar entendendo essa mensagem; após o golpe de 2009 em Honduras, o presidente Barack Obama condenou fortemente a ação militar. A definição do Ocidente de democratização também deve ir além da realização de eleições livres e regulares, para incluir direitos e instituições liberais. E os países em desenvolvimento poderiam considerar a representação proporcional, que pode proteger os direitos das minorias e ao mesmo tempo encorajar coalizões unindo a classe média e baixa.
Os doadores de ajuda deveriam investir na promoção do constitucionalismo – o desenvolvimento de instituições que criam e solidificam a regra da lei– ao mesmo tempo promovendo e monitorando as eleições. Países estrangeiros também poderiam promover o constitucionalismo ao financiar o treinamento de profissionais de Direito, e utilizando o dinheiro de ajuda não apenas para educar políticos e autoridades, mas também para financiar ativistas da sociedade civil e outros que poderiam estar envolvidos na elaboração de Constituições mais progressistas e, posteriormente, na manutenção dos valores constitucionais.
Se as democracias estabelecidas e os países em desenvolvimento não fizerem esses novos investimentos na classe média, o resultado não será bonito. A Tailândia agora enfrenta uma divisão permanente entre a classe média e as elites de um lado, e os pobres no outro. Infelizmente, muitos países em desenvolvimento se encontram em uma situação semelhante.
(Joshua Kurlantzick é um acadêmico visitante do Programa para China do Fundo Carnegie.)
Tradução: George El Khouri Andolfato



EDUCAÇÃO, BOLSA FAMÍLIA e DESIGUALDADE
por Naercio Menezes Filho
Valor Econômico - 20/01/2012
Nos últimos 15 anos, a sociedade brasileira tem conseguido conciliar, pela primeira vez em sua história recente, crescimento econômico com progresso social. Isso tem chamado a atenção de analistas no Brasil e no resto do mundo. Afinal, na época do chamado "milagre econômico", o país também cresceu muito, a pobreza caiu, mas a distribuição de renda piorou. Hoje em dia, o crescimento também traz redução da pobreza, mas agora a renda dos mais pobres cresce muito mais rapidamente do que a dos mais ricos. Qual o segredo?
Duas grandes mudanças aconteceram. Nos anos 60 não havia programas de transferência de renda e, naquela época, os avanços educacionais aconteciam primordialmente entre os mais ricos.
Entre 1961 e 1970 a taxa de crescimento média do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (em termos reais) foi de 3,2%. Porém, o índice de Gini (indicador mais tradicional de desigualdade) aumentou de 0,49 para 0,57. Entre 2001 e 2010, o PIB per capita aumentou 2,4%, mas o Gini declinou de 0,58 para 0,53. Vale notar que o índice de 0,53 ainda nos deixa muito distante dos países civilizados. França, Holanda, Finlândia, Suécia e Dinamarca têm índices em torno de 0,32. Entre 1960 e 1970, a renda dos 10% mais ricos no Brasil cresceu 66% e a renda dos 10% mais pobres apenas 28%. Entre 2001 e 2009, o processo inverte-se. A renda dos mais pobres cresceu 100%, enquanto a dos mais ricos, apenas 18%. Milagre?

Entre 2001 e 2009, renda dos mais pobres cresceu 100%, enquanto a dos mais ricos, apenas 18%

A primeira explicação é que nos anos 60 a demanda por educação crescia a um ritmo superior à oferta, pois o aprofundamento da industrialização requeria trabalhadores qualificados que não existiam na época. Em 1970, 84% da população tinha no máximo o nível primário. Apenas 50 mil pessoas concluíram o ensino superior naquele ano, num país com 92 milhões de habitantes. Isso fez com que os salários da pequena parcela da população que tinha ensino médio ou superior aumentassem muito, o que provocou o aumento da desigualdade. Com as décadas perdidas de 80 e 90 veio o desemprego e a informalidade, e a desigualdade de renda gerou criminalidade.
Durante os anos 70, o PIB per capita cresceu em média 6%, aumentando o pique da década anterior, mas a desigualdade não se alterou muito. A década de 80 foi perdida em termos de PIB (crescimento médio de 0,85%) e de educação, enquanto a escalada inflacionária aumentava a desigualdade. Em termos educacionais, o número de concluintes no ensino superior estacionou em 220 mil pessoas durante toda a década. As matrículas no ensino médio (antigo segundo grau) aumentaram somente 25% em uma década. Período de trevas.
Mas, a partir de meados da década de 90, as coisas começaram a melhorar. Entre 1995 (com a estabilidade econômica) e 2009 a escolaridade média dos 20% mais pobres dobrou, passando de dois para quatro anos de estudo. Interessante notar que entre os 20% mais ricos, a escolaridade também aumentou dois anos em média (de oito para dez). Mas, a razão entre a escolaridade média dos dois grupos caiu de 4 para 2,5. A situação dos pobres era tão ruim, que mesmo um aumento que os levou para ensino primário completo em pleno século XXI pode ser considerado um grande progresso.
Quanto essa evolução educacional explica da queda da desigualdade? Os dados mostram que a educação foi responsável por 38% do crescimento da renda do trabalho entre os 20% mais pobres. O restante decorreu de aumentos do salário mínimo e geração de empregos formais. Além disso, a educação explica 42% da queda da desigualdade em termos de renda do trabalho e 26% em termos de renda familiar (incluindo as rendas de outras fontes) entre 2001 e 2009.
Com relação ao programa Bolsa Família, a história é parecida. Como os mais pobres tinham uma renda familiar per capita muito reduzida no início da década de 90 e não recebiam nenhuma transferência do governo, qualquer valor recebido teria um impacto muito grande sobre sua renda. Assim, a renda familiar per capita média dos 20% mais pobres era de apenas R$ 35 em 1992, passou para R$ 50 em 2001 e R$ 85 em 2009. A renda per capita não oriunda do trabalho (transferências governamentais) passou de apenas R$ 4 em 1992 para R$ 10 em 2001 e R$ 24 em 2009, ou seja, aumentou 500%!
Em suma, o avanço social registrado nos últimos anos ocorreu basicamente porque as pessoas das classes mais baixas eram totalmente desassistidas pelo Estado, tanto em termos educacionais como em termos de transferências de renda até o início dos anos 90. Assim, os avanços mínimos ocorridos nessas áreas tiveram impacto substancial na desigualdade. Porém, ainda teremos que percorrer um longo caminho para atingirmos um padrão em que as oportunidades sejam iguais para todos e independentes do berço.
Restam duas perguntas. Como a sociedade brasileira permitiu que 20% da sua população sobrevivesse com uma renda per capita média de apenas R$ 35 por mês até o início da década de 90? Por que nossa presidente parece obcecada com uma taxa de crescimento do PIB de 4%, quando, na verdade, a renda dos mais pobres, que elegem os políticos, está crescendo muito mais do que isso? Alguém arrisca uma resposta?

Naercio Menezes Filho, professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, é professor associado da FEA-USP e escreve mensalmente às sextas-feiras naercioamf@insper.edu.br


AGENDA SOCIAL
Por Naercio Menezes Filho

O sucesso pleno do programa Bolsa Família ocorrerá quando ele não for mais necessário. O caminho agora passa pelo aprimoramento dos serviços públicos

VALOR ECONÔMICO, 17-01-2014 e Fim de Semana

Uma das áreas em que a sociedade brasileira mais evoluiu nos últimos 20 anos foi no desenho das políticas sociais. Depois de décadas desprezados pelas elites do país, recentemente a sociedade começou a perceber a importância de cuidar dos segmentos mais pobres da nossa população. Essa mudança reflete em grande parte a democratização do nosso sistema político. Como os pobres também votam, eles têm que ter seus interesses atendidos pelos políticos.

No passado predominava a ideia de que não era essencial educar os mais pobres, por exemplo. O importante era formar elites esclarecidas, que formulariam políticas econômicas corretas que, por sua vez, ajudariam a reduzir a pobreza indiretamente, por meio do crescimento econômico. Hoje em dia, esse discurso é impensável. Mas, a situação dos mais pobres e da "nova classe média" ainda está longe de ser razoável. O que fazer a partir de agora?

Está claro que o programa Bolsa Família foi bem sucedido ao diminuir a pobreza extrema e colocar as crianças mais pobres na escola, sem afetar negativamente a oferta de trabalho dos pais. Além disso, a situação do mercado de trabalho, que tem favorecido os trabalhadores menos qualificados, ajudou a aumentar o salário nas famílias mais pobres. Mas, e agora? O que acontecerá se nossas firmas decidirem inovar e passarem a demandar trabalhadores mais qualificados? O que podemos fazer para impedir a volta da pobreza e da desigualdade?

O caminho para que os mais pobres tenham um melhor padrão de vida é melhorar a gestão dos serviços públicos

A nova política social deverá fazer com que as pessoas consigam sair da pobreza por seus próprios meios. O sucesso pleno do programa Bolsa Família ocorrerá quando ele não for mais necessário. Assim, não me parece que a estratégia correta seja apenas continuar aumentando o valor das transferências de renda indefinidamente, para diminuir a pobreza estatística, mensurada nas pesquisas domiciliares. O caminho agora passa necessariamente pelo aprimoramento dos serviços públicos, que a população pobre utiliza intensivamente.

Afinal, não é suficiente que uma família da nova classe média tenha uma renda de R$ 2 mil por mês, se os seus filhos estudam em uma escola pública de péssima qualidade, se os pais têm que acordar às 5 da manhã para tentar marcar uma consulta médica (em que é grande a probabilidade do médico não aparecer), se passam três horas num ônibus para ir trabalhar, têm seu celular roubado no caminho e não conseguem passear com tranquilidade num parque no final de semana. O caminho para que os mais pobres tenham um melhor padrão de vida é melhorar a gestão dos serviços públicos.

O mais interessante é que, assim como os programas de transferências de renda, isso não requer quantidades enormes de recursos adicionais e pode, no estágio atual, melhorar muito a qualidade de vida das famílias pobres. A variável chave para melhorar as perspectivas de vida das crianças é a qualidade da educação básica. Somente quando o aprendizado nas escolas públicas for similar ao das boas escolas privadas é que todas as crianças terão possibilidade de fazer as escolhas que quiserem na vida, independente de sua condição social, como preconizado por Amartya Sen. Como então melhorar o aprendizado nas escolas públicas?

O primeiro passo é focar no desenvolvimento infantil. Sabemos que os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Crianças que crescem em famílias desestruturadas, mesmo recebendo os recursos do programa Bolsa Família, terão problemas de desenvolvimento no futuro. Ao chegarem na escola, muitas dessas criança já têm problemas de aprendizado, vão ficando cada vez mais para trás dos demais alunos e eventualmente abandonando a escola. Para reverter essa situação é necessário formular programas que ensinem os pais a estimular as crianças desde os primeiros anos de vida. Pesquisas mostram que programas desse tipo têm impactos enormes sobre o desenvolvimento infantil.

Ao chegar na escola, a criança precisa permanecer lá por pelo menos 6 horas diárias, ter professores sempre presentes, estimulados, sabendo o que ensinar e que utilizem o tempo de aula de modo eficiente. Para atingir esse fim, é preciso adotar uma política nacional de transferência de recursos educacionais para os Estados e municípios com base em indicadores de efetividade.

Em vez de ligar a transferência desses recursos diretamente ao salário dos professores, como faz o Fundeb e a política de piso salarial atualmente, seria melhor transferir uma parte desses recursos com base em critérios de efetividade. Esses critérios devem ser: adoção do currículo nacional único; uso de avaliações externas anuais para acompanhar o aprendizado de cada aluno; eficiência na aplicação dos recursos (medida pela relação entre Ideb e gastos); porcentagem de escolas com pelo menos 6 horas efetivas de aula por dia; valorização do bom professor; uso do regime probatório para seleção apenas dos melhores professores; permissão para o funcionamento de escolas charter (administradas privadamente) nos municípios e intervenção direta nas piores escolas.

Segundo essa proposta, os municípios que alcançarem uma maior evolução nesses indicadores receberiam um volume muito maior de transferências do Fundeb. Além disso, os gestores seriam orientados pelo governo federal sobre o que fazer para atingir essas metas. Como os prefeitos precisam de recursos para administrar suas cidades, isso faria com que houvesse um esforço maior para melhorar a qualidade da educação.

Porém, para implementar essas medidas, será necessário convencer os movimentos corporativistas e ideológicos, que resistem bravamente à meritocracia. Sem fazer isso, dificilmente conseguiremos atingir o desenvolvimento pleno das famílias mais pobres. Aí resta somente o "rolezinho".

Naercio Menezes Filho, professor titular - Cátedra IFB e coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper, é professor associado da FEA-USP e escreve mensalmente às sextas-feiras. naercioamf@insper.edu.br.


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Levantamento em municípios com alta cobertura do programa de transferência de renda mostra que avanços educacionais são dispersos

BOLSA FAMÍLIA, BEM-ESTAR E BOCA DO JACARÉ
por Marcelo Côrtes Neri
52% da redução de pobreza experimentada na década foi provocada por mudanças na desigualdade de renda, sendo o restante explicado pelo crescimento
Valor Econômico - 23/10/2012 FACEBOOOK

INTOCÁVEL, BOLSA FAMÍLIA TERÁ VERBA 10% MAIOR
por Rodrigo Pedroso | De São Paulo
Programa completa nove anos com orçamento blindado, segundo ministra Tereza Campello
Valor Econômico - 24/10/2012 FACEBOOK



APÓS DEZ ANOS, BOLSA FAMÍLIA TEM DESAFIO DE MELHORAR ENSINO
Por Luciano Máximo | De São Paulo e Mairiporã (SP)
Levantamento em municípios com alta cobertura do programa de transferência de renda mostra que avanços educacionais são dispersos
VALOR ECONÔMICO, 10-01-2014


EXCELENTE: Bolsa Família

Panorama Ipea - Os dez anos do Bolsa Família


Nota Técnica nº 14 da - O Bolsa Família depois do Brasil Carinhoso


Cada real investido no Bolsa Família estimula crescimento de R$ 1,78 no PIB




Municípios com alta cobertura do Bolsa Família reduziram mortalidade infantil em até 20%




Bolsa Família - Políticas Públicas - by Prof. Dra. Roseli Coelho



Consumidor Racional: Direto de Brasília - Banco Mundial considera o programa Bolsa Família uma experiência importante que [??????]

Sala Debate 25/06/2013 - 10 anos do Bolsa Família (Parte 01)


Agenda Econômica - Ascensão social no Brasil - Bloco 1



Diário do Campus 09/05/13 - Professor analisa os 10 anos do Bolsa Família

https://www.youtube.com/watch?v=c46mvLDr65Y