Sunday 24 January 2010

INCUBADORAS TECNOLÓGICAS

Estratégia: Polos em São José dos Campos desenvolvem projetos nas áreas aeroespacial, de saúde e de energia
Incubadoras dão impulso à inovação no interior de SPVirgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos25/01/2010
Oswaldo Barbosa Loureda, diretor da Acrux: apoio da Finep para desenvolver um foguete de sondagem de pequeno porte
Um dispositivo eletrônico que mede a vazão do medicamento em gotas por minuto ou mililitro (ml) por hora, sem a necessidade de intervenção de um profissional da área de saúde, com a vantagem de ser mais preciso e mais rápido. Foguetes de sondagem de 1,5 metro e dez quilos, que atingem até dez quilômetros de altitude, a uma velocidade supersônica; uma máquina industrial inédita para fazer material composto aeronáutico de baixo custo e o primeiro quadrirotor brasileiro de voo pairado, para registro de imagens e captação de informações via aérea.
O que todos esses produtos têm em comum? A resposta é que são exemplos de projetos de alta tecnologia, desenvolvidos por algumas das 51 empresas instaladas em quatro incubadoras de São José dos Campos, voltadas para os setores de energia, aeroespacial, tecnologia da informação, saúde e biociência. Além da capital paulista, São José dos Campos é hoje a cidade do Estado com maior número de incubadoras de tecnologia: a Incubaero, Revap/Univap, instalada dentro da Refinaria da Petrobras, Incubadora de Negócios e Incubadora da Univap (Universidade do Vale do Paraíba).
Há dois anos na Incubadora de Negócios do Parque Tecnológico, a Dumont já está montando uma rede nacional de representantes e distribuidores e planeja vender pelo menos mil unidades este ano do E3, uma mesa ergonômica especializada, para pessoas com necessidades especiais. "Temos uma previsão de faturar R$ 2 milhões com este equipamento em 2010", disse a diretora científica da empresa, Michele Jimenez Benjamin.
Especializada em equipamentos de reabilitação e ortopedia técnica, a Dumont acaba de ganhar uma grande oportunidade de divulgação dos seus produtos. No fim de dezembro a personagem Luciana, interpretada pela atriz Aline Moraes, na novela "Viver a Vida", da Rede Globo, utilizou um produto da Dumont, um dispositivo para se alimentar sozinha.
"Fizemos contato com a direção da novela e a personagem também vai aparecer com o nosso produto E3-Li, um conjunto composto de mesa, monitor multidirecional, computador, mouse especial, teclado reclinado com colmeia de acrílico, suporte para livros multidirecional e prancheta", disse a executiva.
A Dumont também está em fase final de negociação de um contrato com uma fabricante internacional para produzir o Robohand, uma órtese (dispositivo ortopédico de uso provisório) para as mãos, que substitui o gesso. "Ela é feita de aço carbono, revestido de plástico industrial hospitalar. Uma das vantagens do produto é que ele é móvel e o paciente pode tirar para tomar banho sem interferir na fratura", explica o diretor George Philot.
Prêmio de melhor incubadora da região Sudeste em 2008, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Incubaero foi criada pela Fundação Casimiro Montenegro Filho para desenvolver o setor aeroespacial.
Instalada no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Incubaero abriga dez companhias com atuação em diversas áreas: propulsores de foguetes, software para predição de manutenção de aeronaves, Veículos Aéreos Não-Tripulados (Vants), mini-vant com tecnologia de propulsão elétrica, sistema inercial, GPS e sistemas de pouso e decolagem vertical.
Com recursos do Programa Primeira Empresa (Prime), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o tecnólogo Oswaldo Barbosa Loureda está tentando emplacar sua invenção, um foguete de sondagem de pequeno porte, que terá 10 mil metros de alcance e voará duas vezes a velocidade do som. "Em abril faremos o primeiro voo do segundo protótipo, chamado AAT-2. O primeiro foi lançado, com sucesso, no ano passado, mas já estamos desenvolvendo uma versão mais potente, para atingir até 30 km", disse.
Segundo Loureda, os veículos da Acrux, companhia iniciante responsável pelo projeto, os dispositivos não competem com os foguetes de sondagem desenvolvidos pelo DCTA, que atingem até 230 km de altitude e voam seis vezes a velocidade do som.
"Existe um mercado intermediário para pesquisas educativas de baixo custo, feitas por universidades ou mesmo para atender a projetos na área aeroespacial na faixa de 10 quilômetros a 100 quilômetros", explicou Loureda. Outro projeto que a Acrux criou e está investindo seus esforços é o Programa Espacial Educativo (PEE), para divulgar a tecnologia aeroespacial em escolas de ensino fundamental e médio. Além de amplo conhecimento técnico nessa área, Loureda aposta na sua experiência como professor e palestrante para ampliar a empreitada.
Com apenas três funcionários, a Acrux é considerada uma empresa pioneira na Incubaero no setor espacial e com um futuro promissor no seu segmento. Além de foguetes de sondagem, a empresa também está envolvida em projetos de Vants, estruturas em material composto e propulsores de foguetes.



Complexo vai abrigar companhias novatas
Para o Valor, de São José dos Campos25/01/2010
A prefeitura de São José dos Campos repassou em 2009 um total de R$ 744,5 mil para as quatro incubadoras da cidade e a previsão para este ano é que os recursos nessa área totalizem R$ 1 milhão.
"A própria característica de São José dos Campos, de maior polo tecnológico do país, favorece a criação de novas empresas e a prefeitura trabalha no sentido de estimular a criação de projetos empreendedores, focados em alta tecnologia e que contribuam para o crescimento da cidade", explica o secretário de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia, José de Mello Corrêa.
Em 2009, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) destinou R$ 100 milhões à pesquisa e ao desenvolvimento de empresas incubadas de São José dos Campos. Deste total, R$ 85 milhões foram liberados para empresas de base tecnológica do setor de defesa e R$ 15 milhões para os projetos do Programa Primeira Empresa (Prime).
Pelo menos quatro empresas oriundas das incubadoras de São José acabam de ser selecionadas para ocupar um espaço no novo centro empresarial que a prefeitura lançou no Parque Tecnológico do município. Na última sexta-feira, o Parque divulgou a relação das empresas aprovadas por critérios técnicos para se instalarem no Centro Empresarial 1.
Das 22 micro e pequenas empresas selecionadas, 17 são de São José dos Campos. Os novos empreendimentos vão ocupar uma área de 5 mil metros quadrados, divididos em espaços de até 300 metros quadrados. As empresas receberão subsídio para a locação dos espaços e pagarão R$ 10 por metro quadrado ocupado, a título de contribuição associativa mensal. O objetivo do Parque, de acordo com Mello, é que o Centro Empresarial possa abrigar cerca de 50 novas companhias.
Inaugurado em 2006, o complexo do Parque Tecnológico de São José dos Campos abriga, além de uma incubadora de negócios, com 13 companhias, dois centros de pesquisas - o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Aeronáutica (CDTA), fruto de uma parceria entre a Embraer, o ITA e IPT - e o Centro de Desenvolvimento de Tecnologia em Energia (CDTE), parceria da Vale Soluções em Energia (VSE), BNDES, ITA e a Escola de Engenharia de São Carlos, da USP. A partir deste ano o Parque também coloca em funcionamento um Centro de Inovação em Tecnologias para a Saúde (CTIS), para desenvolver projetos no setor da engenharia biomédica.





Financiamento: Total de dinheiro disponível ultrapassa R$ 1 bilhão só em programas não-reembolsáveis
Na área de inovação, sobram recursos e faltam projetosAndré Borges
26/06/2008
Dilson Moura de Sá, sócio da Fiveware Solutions: disputa por um quinhão do programa de subvenção da Finep
Depois de bater na porta de uma dúzia de empresas de capital de risco, sem sucesso, Dilson Moura de Sá percebeu que, na realidade, ainda não tinha uma idéia muito clara do que teria para propor caso um daqueles investidores resolvesse convidá-lo para entrar. A sua Fiveware Solutions, apesar do nome pomposo, ainda não passava de uma associação entre cinco colegas que resolveram deixar seus empregos de consultor de tecnologia no início de 2006 para oferecer serviços de segurança para sites de bancos. Mas o negócio vingou, e no mês passado, Dilson viu uma nova chance de dar o empurrão financeiro que falta para o negócio deslanchar de vez.
A Fiveware é uma das empresas que hoje disputam um quinhão do programa de subvenção econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Neste ano, a entidade conta com R$ 450 milhões em caixa para apoiar projetos considerados inovadores. O principal apelo desse programa é que ele oferece financiamentos não-reembolsáveis, isto é, as empresas contempladas não têm que devolver o dinheiro recebido.
O curioso, porém, é que até agora pouco mais de 200 empresas com projetos de inovação tecnológica candidataram-se ao investimento. "O problema é que as pessoas deixam a inscrição para a última hora", comenta Eduardo Costa, diretor de inovação da Finep. "Nos próximos dias, nossos computadores chegam quase a travar de tantos projetos que chegam."
O aumento de interesse, no entanto, não significa que os recursos, de fato, serão usados. Este é o terceiro edital de subvenção lançado pela Finep, desde que a modalidade entrou em vigor, com a Lei de Inovação. No ano passado, o pacote também atingiu a casa dos R$ 450 milhões, mas no fim do processo apenas R$ 300 milhões foram aplicados. "Não tivemos a quantidade de bons projetos que esperávamos", diz Costa. "Mas o cenário está mais maduro e deverá ser melhor neste ano."
O programa atual de financiamento não-reembolsável da Finep estabelece que o valor mínimo de investimento é de R$ 1 milhão, com prazo de execução de 36 meses. Uma nova iniciativa, porém, está pronta para atender negócios em fase realmente inicial de operação. Hoje, em Brasília, a entidade vai apresentar o Prime, programa que prevê o investimento de R$ 1,3 bilhão nos próximos quatro anos em empresas nascentes de base tecnológica.
O Prime prevê que o valor total do financiamento será de R$ 240 mil por empresa, liberados em duas parcelas, no prazo de 24 meses. A primeira parcela, de R$ 120 mil, é não-reembolsável. Na segunda parcela, o empresário tem 100 meses para devolver o empréstimo, a juro zero.
Os projetos serão selecionados por 18 incubadoras espalhadas pelo país, incluindo entidades como o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar-PE), o Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec-SP) e o Centro Incubador de Aracaju (Cise-SE). "As incubadoras funcionarão como um filtro de projetos", comenta Ary Plonski, presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Com o Prime, a meta é que 5 mil empresas sejam beneficiadas até 2011.
A Finep, que é um braço de apoio à pesquisa ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), não é a única fonte de recursos não-reembolsáveis. O BNDES, que no ano passado ofertou R$ 100 milhões por meio do Fundo Tecnológico (Funtec), também renovou seu programa para este ano e agora tem R$ 400 milhões em caixa para investimento a fundo perdido. Isso significa que, somadas apenas as iniciativas da Finep e do BNDES - sem incluir programas de agências de fomento à pesquisa como Fapesp e CNPq - existe mais de R$ 1 bilhão em recursos disponíveis para apoiar projetos de inovação tecnológica, sem a necessidade de devolução do dinheiro.
"Vemos que os recursos estão à disposição", diz Sergio Rezende, ministro da Ciência e Tecnologia, ao Valor. "O que falta é mais qualidade nos projetos das empresas." Segundo Rezende, cerca 2,5 mil empresas candidataram-se ao pacote de subvenção no ano passado, gerando uma demanda que necessitaria de R$ 4 bilhões para ser atendida. "Quando apertou-se o crivo da seleção, só R$ 300 milhões foram liberados."
No BNDES, a expectativa é de que o programa de subvenção do banco alcance o mesmo resultado de 2007, quando os R$ 100 milhões do pacote foram aplicados. Em paralelo, diz Eduardo Rath Fingerl, diretor das áreas de mercado de capitais, o BNDES tem buscado formas de estreitar o relacionamento de projetos de pequeno porte com fundos de capital de risco. No fim do ano passado, o banco lançou o Criatec, um fundo com valor máximo de investimento por empresa de R$ 1,5 milhão. No alvo do BNDES estão companhias com faturamento de até R$ 6 milhões.
Segundo Fingerl, quatro empresas já receberam aporte do Criatec (Rizoflora, Seler, Kiman, Vitrovita), 20 companhias estão em processo acelerado de análise e outras centenas aguardam avaliação. A expectativa da instituição é de que até 60 empresas sejam atendidas em três anos. Hoje, o BNDES tem uma lista de 180 empresas das quais é sócio direto, por meio de sua divisão BNDESPar. Somados os negócios em que participa por meio de fundos - que envolvem investidores privados -, o volume atinge cerca de 300 operações.
O acesso a financiamento, segundo Eduardo Costa, da Finep, finalmente começa a chegar ao pequeno empreendedor. "Hoje, quando alguém sai da faculdade, tem a cultura de encontrar um bom emprego, e não investir em algo próprio", diz. "O que criamos é um 'kit empurrão', para mexer com essa atitude."




Inovação: Diálogo com instituições de fomento exige maior preparo
Dinheiro há de sobra, mas ainda faltam bons projetosJacílio Saraiva
30/05/2008
Sérgio Risola: as mais de 100 empresas incubadas no Cietec geraram R$ 30 milhões de faturamento em 2007
A inovação não é privilégio das empresas de grande porte. Segundo especialistas em pesquisa e desenvolvimento, é possível encontrar produtos inovadores em organizações com estruturas menores e poucos funcionários. Na maior parte dos casos, para ter sucesso nesse setor, os pequenos negócios percorrem dois caminhos: captam recursos de parceiros ou agências de fomento para tirar boas idéias do papel e se associam a outras companhias para sobreviver no mercado e trocar experiências de produção. Este mês, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançou uma linha de financiamento de R$ 450 milhões para pequenas, médias e grandes empresas que investem em inovação.
A boa notícia é que os novos financiamentos da Finep são não-reembolsáveis - as companhias selecionadas pela agência não precisam devolver o recurso recebido. É o terceiro edital de subvenção lançado pela financiadora. Já foram disponibilizados R$ 588 milhões, que beneficiaram mais de 300 projetos. Segundo o novo edital, 40% dos recursos são para as pequenas empresas e 30% do total da verba será destinado a empreendedores das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Hoje, além da Finep, a maioria das organizações que se aventura em projetos inovadores conta com o apoio financeiro de entidades como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e de fundações estaduais de amparo à pesquisa.
"Não falta dinheiro para a inovação, faltam projetos", diz Pedro Jatobá, presidente da Associação de Empresas Proprietárias de Infra-Estrutura e de Sistemas Privados de Telecomunicações (Aptel), que reúne companhias como Furnas e Eletrobrás. Para Jatobá, o investimento em pesquisa no Brasil ainda é pequeno e mal distribuído. "No setor de energia há dinheiro sobrando, mas faltam idéias."
Segundo o presidente da Aptel, o segmento energético reserva 1% da receita operacional bruta para projetos de pesquisa - e nem sempre esse valor é totalmente aproveitado. Para ele, é necessário que o Brasil monte uma política pública que incentive a inovação. "Países como a Coréia investiram em programas de capacitação tecnológica a médio e longo prazos e já colhem frutos dessa iniciativa."
Em 1981, as empresas sul-coreanas contavam com apenas 53 centros de pesquisa e desenvolvimento. Em 2006, esse número saltou para 12 mil. Já o setor privado emprega mais de 60% dos pesquisadores do país. No Brasil, menos de 10% dos cientistas batem cartão na área corporativa.
O modelo coreano de inovação prevê financiamentos não-reembolsáveis do governo para a indústria e uma bateria de isenção de impostos: leis tributárias determinam que de 3% a 5% das vendas de produtos e serviços devem ser destinados ao desenvolvimento de recursos humanos qualificados.
Para Martín Izarra, presidente da Brapenta, fabricante de detectores de metais e controladores de peso para a indústria alimentícia, a maior dificuldade dos negócios inovadores no Brasil ainda é obter recursos financeiros para levar seus projetos adiante. "O empreendedor não está preparado para dialogar com instituições de fomento ou apresentar projetos bem estruturados, com um plano de negócios adequado."
Para driblar esses problemas, os empresários têm optado por formatar companhias dentro de centros de pesquisas ou incubadoras. O Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec), que funciona dentro da Universidade de São Paulo (USP), ajuda as empresas a entender melhor os mecanismos de apoio, como a Lei de Inovação, os editais publicados pela Finep e os incentivos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Para Sérgio Risola, gestor do Cietec desde a sua criação, há dez anos, o futuro das incubadoras está baseado nas redes de cooperação. "Essas redes fazem com que as empresas realizem ações conjuntas, o que fortalece o trabalho das companhias no mercado e dá visibilidade aos produtos."
No ano passado, as mais de 100 incubadas no Cietec geraram um faturamento de mais de R$ 30 milhões, além de 780 postos de trabalho. Foram registradas sete patentes e protocolados 13 pedidos de marcas. Graças à localização dentro da USP, as companhias têm acesso a laboratórios como o do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares(Ipen) e o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado São Paulo (IPT).
Foi nos corredores do Cietec que surgiram produtos como a cola Prego Líquido, a primeira sem substâncias tóxicas do mercado, criada pela Adespec; um telefone para surdos, feito pela Koller, e um aquecedor solar de baixo custo, fabricado pela Sociedade do Sol.
Outra tendência apontada por Risola entre as empresas inovadoras é a concentração em parques tecnológicos. Segundo a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Brasil tem mais de 40 projetos de parques em desenvolvimento. Nos últimos 20 anos, foram aplicados cerca de R$ 150 milhões em incubadoras e complexos tecnológicos, com recursos do governo ou da iniciativa privada.
"Na Índia e na China, as incubadoras com mais de dez anos de idade já constituem parques de tecnologia. Hoje, existem cerca de 340 unidades no mundo que apóiam o empreendedorismo das novas empresas."



Expansão: Sistema já conta com 180 unidades em todo o país; edital do Sebrae seleciona mais 109 projetos
Fábricas de novos empreendimentosDe Brasília
31/10/2001
O conceito ainda provoca confusão. Muita gente associa o termo incubadora a empreendimentos ligados à criação de aves, diz o diretor-técnico do Sebrae, Vinícius Lummertz.
Apesar disso, o sistema cresce: em 1988, existiam duas incubadoras no país. Em dezembro do ano passado, já eram 135. Hoje, estima-se que existam 180 incubadoras de empresas no Brasil, sendo 159 delas apoiadas pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (Anprotec).
Uma incubadora funciona como um instrumento de fomento ao surgimento de novas empresas, explica o gerente da Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia do Sebrae, Paulo Íris Ferreira.
A incubadora é um ambiente planejado para acolher micro e pequenas empresas que estão começando a surgir. Funcionam em um espaço físico limitado, dividido em boxes. Uma infra-estrutura comum - secretária, gerência, telefonia, fax e outros serviços - é compartilhada.
Em julho, o Sebrae lançou um edital para fomentar a criação de novas incubadoras. Foram selecionados 109 projetos que receberão R$ 5,4 milhões do órgão. São 42 projetos de desenvolvimento de planos de negócio, 26 de montagem física de novas incubadoras e 22 de manutenção de incubadoras com até cinco anos de funcionamento.
Além disso, outros 19 projetos visam incentivar incubadoras com mais de cinco anos de idade a "apadrinhar" novos grupos de empresas que surjam, com prestação de assessoria técnica.
É o terceiro edital lançado pelo Sebrae, desde 1997, quando o instituto começou a incentivar a adoção desse sistema. Do montante colocado à disposição pelo Sebrae, 63% são destinados às incubadoras localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Queremos reverter uma tendência de concentração desses empreendimentos no Sul e no Sudeste", explica Ferreira.
As candidatas aos financiamentos passaram por uma série de análises, como estudo de viabilidade técnica e financeira; inserção da incubadora em planos de desenvolvimento ou programas setoriais; volume e qualidade das contrapartidas de recursos; existência de instalações físicas; número de empresas a serem incubadas.
As empresas que funcionam em incubadoras são classificadas como incubadas ou residentes. Elas têm, em média, três anos para deixar o ambiente comum e partir para a competição no mercado. A partir de então são classificadas como "graduadas".
Um dos ambientes mais comuns para a criação de incubadoras é a universidade, especialmente no caso de empresas recém-formadas do setor de tecnologia. São as chamadas "incubadoras tecnológicas". Há também as "incubadoras tradicionais", formada por empresas da velha economia e as "mistas", sem perfil definido.
Dados do Sebrae dão conta que as incubadas e as graduadas empregam 9,1 mil pessoas, sendo que 40% do quadro são sócias das empresas. Cerca de 10% das empresas graduadas nas incubadoras apresentaram em 2000 um faturamento superior a R$ 1,2 milhão. (R.B.)




Entrevista: Para Ministro da Ciência e Tecnologia, a cultura da inovação aos poucos é absorvida pelas empresas
Pesquisa tem que gerar riqueza, diz RezendeGustavo Faleiros, para o Valor
29/11/2006
Ministro Sérgio Rezende: "A cultura da inovação não se implanta em pouco tempo, é um processo. A mudança virá com outras gerações."
Estamos melhor que o México, que por muitos anos foi citado como um exemplo de industrialização rápida
Há um espírito Santos Dumont no pesquisador brasileiro, de que tudo o que faz ter que gerar o bem da humanidade
Quando se fala de inovação tecnológica no Brasil, não é raro ouvir comparações com outros países. A Coréia do Sul, quase sempre, surge como modelo a ser seguido. Entretanto, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, prefere descartar fórmulas prontas. Para ele, o país está seguindo seus próprios passos ao adotar uma política industrial e tecnológica focada em setores chave e que privilegia as diferenças regionais. "Hoje, com a explosão dos biocombustíveis em todo o mundo, existem oportunidades para grande parte do território nacional.", exemplifica.
Durante estes últimos quatro anos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu atingir a meta de investir 2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento. O percentual ainda é de meros 1,3%. Mas Rezende garante que o governo está fazendo sua parte. Comparados aos do ano 2000, os recursos federais para o setor são agora duas vezes maiores, enquanto aportes da iniciativa privada e dos Estados em inovação caíram. Isto explica, segundo o ministro, a estagnação dos investimentos.
Mas o ministro garante que o quadro está mudando. A cultura da inovação aos poucos é absorvida pelas empresas e universidades. Prova disso é o primeiro edital de subvenção econômica promovido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia neste fim de ano. As propostas superaram em muito os R$ 300 milhões oferecidos pelo governo. "Se tivéssemos feito o edital de subvenção há dez anos, nós ficaríamos decepcionados com o baixo número de propostas. Agora, estamos surpreendidos com a quantidade de projetos.", disse nesta entrevista ao Valor, concedida na semana passada, em seu gabinete.
Valor: Quando o presidente Lula tomou posse falava-se que poderíamos elevar o investimento em pesquisa e desenvolvimento a uma taxa de 2% do PIB. Passado o primeiro mandato, ainda permanecemos com recursos em torno de 1,3% do PIB. A inovação é realmente uma prioridade para o governo?
Sérgio Rezende: O aporte de recursos federais em ciência e tecnologia tem aumentado continuamente. Em números absolutos, o aumento é razoável. Saímos de R$ 7 bilhões no ano 2000, para R$ 15 bilhões em 2006. É um aumento bem acima do PIB nestes seis anos. O que manteve a porcentagem de investimentos estável foi uma diminuição de aportes dos Estados e das empresas. Isso ocorre porque ainda não se percebeu o aumento da lucratividade com a pesquisa e a inovação. A cultura da inovação não se implanta em pouco tempo, é um processo. Temos agora um momento de difusão da idéia da inovação. A mudança virá com outras gerações.
Valor: O processo não é lento demais?
Rezende: O Brasil começou muito tarde neste campo. Somos, de longe, os mais bem posicionados na América Latina. Estamos melhor que o México, por exemplo, que por muitos anos foi citado como um exemplo de industrialização rápida. Era um processo de industrialização a reboque do que ocorria no Nafta [bloco de livre comércio formado por México, EUA e Canadá]. Com a Argentina, nem se compara. Ela que tinha, há quarenta anos, um sistema de pesquisa muito melhor que o nosso, ficou para trás. Nosso sistema é muito mais robusto. Mas só vamos avançar no percentual quando houver a percepção do setor privado de que seu investimento se transforma em lucro.
Valor: As verbas do governo para ciência e tecnologia continuam a ser contingenciadas. Houve especialmente críticas ao desvio dos recursos do fundos setoriais para o pagamento da dívida. Isso não é um sinal claro de falta da prioridade?
Rezende: De forma alguma. O avanço que ocorre é que o percentual da receita dos fundos que é aplicado no Orçamento está aumentando continuamente. Em 2002, essa proporção era de 33%, hoje é 60% dos recursos. Dentro da contingência econômica, nós estamos fazendo um progresso.
Valor: Os fundos setoriais têm a função de estabelecer o vínculo entre as universidades e as empresas. Eles estão cumprindo este papel?
Rezende: Ele está cumprindo, mas é um processo gradual também. Nos primeiros anos não havia editais de cooperação entre universidades e empresas. O recurso ia diretamente para a academia sem compromisso com o setor privado. Só o setor de petróleo é que tinha maior vínculo. De três anos para cá foram feitos os editais de cooperação e, agora, com a subvenção econômica nós vamos cravar um pé nas empresas.
Valor: Sabe-se que é difícil conciliar o modo de atuação da empresa e da universidade. Os canais de comunicação entre os duas partes hoje é melhor?
Rezende: Hoje há, em quase todas as universidades, uma preocupação em azeitar estes canais. Isso não acontece na academia como um todo, e nem é para acontecer. Tem pesquisador que foi feito para ficar abstraindo, pensando. Mas muitos têm a preocupação de verem suas idéias concretizadas. Isso está tomando uma dimensão muito grande no Brasil. Por exemplo, a reunião deste ano da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência], em Santa Catarina, teve pela primeira vez a inovação entre seus temas. Ela foi fundada em 1946 e só agora fizeram isso. Chamaram empresários para dar palestras. Na década de 70, eu vi gente ser vaiada em assembléias, ser acusada de estar se prostituindo por falar de parcerias com empresas. Há um certo espírito Santos Dumont no pesquisador brasileiro, de que tudo o que faz ter que gerar o bem da humanidade. Tudo bem querer o bem da humanidade, mas tem que gerar riquezas entre nós também.
Valor: O senhor crê que as empresas já apresentam maturidade com relação ao desafio da inovação?
Rezende: Eu ainda não diria que há maturidade. Há um grande interesse. Isso já é uma boa novidade. Se tivéssemos feito o edital de subvenção há dez anos, íamos ficar decepcionados com o baixo número de propostas. Agora, ficamos surpreendidos com a quantidade de projetos. Este edital vai nos permitir saber o quanto o sistema empresarial brasileiro está preparado para este mecanismo de apoio. Quando a análise detalhada dos projetos estiver concluída, poderemos dizer se há realmente propostas viáveis, projetos de inovação com potencial de mercado.
Valor: No Brasil, é o Estado quem mais investe em inovação, enquanto que em outros países, como o Japão, a iniciativa privada é quem mais aplica recursos desta natureza. Como mudar este quadro?
Rezende: O campo de ciência, tecnologia e inovação é muito novo no Brasil. Até quarenta anos atrás nós não tínhamos nas universidades programas de pesquisa, porque os professores não tinham salário de tempo integral. Eles davam aulas e depois iam embora. Foi com os cursos de mestrado e doutorado que o sistema universitário começou formar a base para o avanço das pesquisas. Por outro lado, no sistema empresarial, na indústria notadamente, a preocupação é muito recente, data do final da década de 90. Durante os anos 90, a indústria se preocupou mais com a gestão da qualidade. Mas no final da década percebeu-se que para ganhar mercado não bastava gerir bem, era preciso também inovar para se ter novos produtos e processos. Naturalmente, por ser muito novo este movimento de pesquisa no Brasil, cabe ao Estado ter um papel decisivo. Ele tem que ter incentivos, leis que estimulem a que todos agentes tenham uma participação maior. Resumindo, o Estado é importante tanto na articulação através de regulação, como enquanto financiador do sistema de pesquisa.
Valor: A resposta a estes estímulos do governo tem sido positiva?
Rezende: A subvenção era o mecanismo que faltava para completar um leque grande de apoio ao pesquisador e a instituições de pesquisa. Nos últimos três anos, nós fizemos, pela primeira vez, editais para financiar projetos de universidades com contrapartidas de empresas. Agora, com a aprovação da Lei do Bem, foi possível fazer subvenção direta às empresas.
Valor: O senhor considera então que o sistema de apoio à pesquisa hoje está consolidado?
Rezende: O sistema passou por muitas crises ao longo de 30 anos. O FNCT [Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia] quase desapareceu no fim dos anos 90. A chave encontrada pelo governo anterior foi a criação dos Fundos Setoriais. Durante as privatizações se determinou que era preciso dar continuidade ao esforço do Estado em ciência e tecnologia e se criaram os fundos. Isso deu robustez ao FNTC.
Valor: No exterior existe um grande número de fundos de capital de risco que financiam a inovação. Aqui, este papel quem cumpre é o Estado. Poderemos ver em um futuro não muito distante o setor privado mais envolvido no financiamento a pesquisas?
Rezende: Existem alguns movimentos neste sentido. Em 2000, a Finep criou um programa chamado Inovar, cujo o objetivo é exatamente melhorar o crédito. Ele tem dois subprojetos muito importantes: a Incubadora de Fundos Inovar e o Fórum Brasileiro de Capitais de Risco. Pelo menos duas vezes ao ano, a Finep promove encontros para mostrar a investidores o que é um fundo de capital de risco. Depois ela publica um edital para a formação de fundos, onde ela participa com até 20% do capital. O fundo de capital de risco é bem diferente dos outros que existem, pois ele é fechado. Seus sócios se comprometem em aportar recursos durante alguns anos e há um gerente que vai atrás das oportunidades de negócio com as empresas. Já o Fórum Brasileiro de Capital de Risco realiza eventos todo ano em alguma cidade do país para apresentar empresas de tecnologia para investidores. As empresas são selecionadas através de um edital da Finep. Isso tem contribuído para aumentar o número dos fundos de capitais de risco e também a lucratividade. Temos alguns exemplos de empresas, que hoje são grandes, e começaram com o aporte de capital de risco. A própria Gol começou deste jeito.
Valor: A atração de multinacionais é um aspecto muitas vezes apontado como impulsionador de investimentos em inovação. Nos últimos anos, o Brasil já não aparece entre os países emergentes que mais atraem interesse de empresas estrangeiras. O senhor acha que se deve buscar mais formas de atrair as multinacionais ou podemos prescindir delas?
Rezende: As multinacionais são importantes, mas pouquíssimas têm centros de pesquisa no Brasil. Quando alguma delas traz inovações e as introduz na linha de montagem, o Brasil não internaliza esta tecnologia. Tem mais empresas nacionais com núcleos de pesquisa do que as estrangeiras. Aos poucos, começamos a acordar. Recentemente, li um artigo em uma revista internacional que destacava que o Brasil tem recursos humanos e potencial para atrair centros de pesquisa em biotecnologia.
Valor: A política de ciência e tecnologia do atual governo está focada em alguns setores. Por que escolher apenas alguns setores? Como garantir que oportunidades em outras áreas não sejam perdidas?
Rezende: O Brasil ficou muito tempo sem ter uma política industrial e tecnológica. Eu diria que ele nunca teve uma política desta natureza com o mercado aberto. Novamente, entra em jogo a questão cultural: não se implanta no governo e nas empresas uma política industrial e tecnológica de uma hora para outra. Não dá para copiar a receita de outros países. Freqüentemente, a Coréia do Sul é usada como paradigma, mas ela tem uma área física que corresponde ao Estado de Pernambuco e uma população de menos de um quarto do que a do Brasil. Além disso, tem um regime de força até hoje. O Brasil tem esse território grande e as dificuldades de uma sociedade plural, democrática. Por isso acho que se a política industrial fosse totalmente desfocada, seria mais difícil de tirarmos algum resultado. A proposta é boa pois escolhe alguns setores com transversalidade, como é o caso dos bens de capital, softwares e a microeletrônica. A área de fármacos é mais vertical, mas tem uma importância estratégica para o Brasil. Essa experiência, como a primeira depois de décadas, vai ser boa para que eventualmente possamos ter uma política mais abrangente.
Valor: Nestes esforços de pesquisa e desenvolvimento, empresas de todos os portes terão chance?
Rezende: Todas devem ter oportunidade. As micro e pequenas empresas de hoje serão as empresas de tecnologia de amanhã. Vai ser mais fácil criar muitos empreendedores em tecnologia do que transformar donos de uma grande empresa em campeões da inovação. Há pequenas companhias que se transformaram rapidamente em grandes ao descobrirem nichos através da inovação.
Valor: Por outro lado, existem críticas a uma possível pulverização de recursos. Ou seja, ao invés de se investir mais dinheiro em uma instituição de pesquisa já consolidada, o governo optou por distribuir quantias menores para diversos projetos.
Rezende: Na minha opinião, esta crítica está completamente equivocada. Nós não estamos pulverizando, mas sim apoiando muitos grupos de pesquisa em todo o Brasil. São apoios pequenos, de sobrevivência. Isso, nos EUA, existe em um número muito maior. Aqui estamos falando em algumas dezenas de instituições. O fato de o apoio ser espalhado pelo Brasil é também muito importante, porque somos um país grande com competências em várias áreas. Temos 60 mil pesquisadores no Brasil, e ele só trabalharão se tiverem um apoio mínimo.
Valor: Como se está trabalhando as competências regionais?
Rezende: Temos uma política abrangente, procura-se dar oportunidades de acordo com o potencial das regiões. Por exemplo, a biomassa que é uma das áreas portadoras de futuro. Em 2003, falou-se do crescimento da biomassa, e já nos anos seguintes fizemos os estudos de potencialidade do etanol no Brasil. Hoje, com a explosão do biocombustíveis em todo o mundo, existem oportunidades para grande parte do território nacional. O semi-árido produz mamona sem nenhum esforço. Temos ainda as oleaginosas no Norte, a soja no Centro-Oeste, e o etanol em São Paulo e no Nordeste. Desta forma, quando se olha para uma área com o potencial da ciência e tecnologia se está gerando desenvolvimento quase que como um todo.
Valor: A legislação recente permite que o governo apóie empresas na contratação de pesquisadores, mas também abre portas para o suporte a cientistas que querem abrir suas próprias empresas. Quais são as perspectivas neste campo?
Rezende: Temos no país um programa de parques e incubadoras tecnológicas. Trata-se de uma sala ou um espaço nas universidades, onde os pesquisadores têm a oportunidade de começar a sua empresa. Isso já ocorre há dez anos, tanto que o número de empresas abertas por pesquisadores vem aumentando. A Lei da Inovação criou ainda a possibilidade de que o pesquisador tire uma licença para se dedicar a sua empresa sem perder seu cargo na universidade pública. Além disso, a subvenção que fizemos no último edital para a contratação de pesquisadores vai viabilizar que micro e pequenas saiam da fase de incubação, pois elas dependem de recursos humanos para isso. O resultado do edital mostra que 70% dos projetos vêm de empresas com faturamento abaixo de R$ 2,4 milhões. Muitas delas certamente são incubadas. A subvenção vai permitir a sobrevivência das empresas.
Valor: O que senhor espera para os próximos anos?
Rezende: O que eu espero é que estes projetos apoiados gerem novos produtos e processos que ajudem a abrir mercados para as empresas. Isso gera lucro. Quem vai convencer os empresários a colocar dinheiro em inovação não vai ser o governo ou um pesquisador, mas sim outro empresário lucrando.








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