Monday 3 August 2009

UNIÃO EUROPEIA

O que a União Europeia precisa fazer se ainda quiser ser a potência do futuro
Charles Grant
20/07/2009
No mundo multipolar que está surgindo, que potências importarão? Os Estados Unidos e a China, certamente. A Índia, talvez. Japão, Brasil e África do Sul? Ainda não. E quanto à União Europeia?
Há dez ou mesmo cinco anos, a UE era a potência em ascensão. Mas agora, apesar da UE ser respeitada por sua prosperidade e estabilidade política, ela não mais parece uma potência em formação. Quanto muito, ela está regredindo.
Em muitos dos grandes problemas de segurança do mundo, a UE está próxima da irrelevância. Converse com autores de políticas russos, chineses ou indianos a respeito da UE e eles frequentemente ficam sem graça. Eles a veem como um bloco comercial que tinha pretensões de poder, mas fracassou em concretizá-las por ser dividida e mal organizada.
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The unravelling of the EU
Charles Grant 4th July 2009 — Issue 160
Divided on foreign and defence policy, the EU seems to be slipping backwards. It must learn to speak in one voice, or others will shape the new world order
In the multipolar world that is emerging, which powers will matter? The US and China, certainly. India, perhaps. Japan, Brazil and South Africa? Not yet. And what about the EU? Ten or even five years ago, the EU was a power on the rise. It was integrating economically, launching its own currency, expanding geographically and passing new treaties that would create stronger institutions. But now, although the EU is respected for its prosperity and political stability, it no longer looks like a power in the making. If anything it is slipping backwards.
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A ampliação da Otan significa que a própria Europa ainda não saiu do conflito ideológico
A inacabada Guerra FriaSergei Karaganov
06/08/2009
A Grande Europa, na qual incluo não somente a Rússia, mas também os EUA, necessita um novo tratado de paz
Novembro assinalará o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim. Mas o fim do confronto na Europa pode estar se revelando apenas temporário. Um ano após a guerra na Geórgia, no segundo semestre do ano passado, velhas divisões parecem estar ressurgindo em forma distinta. Embora a Guerra Fria na Europa tenha sido declarada terminada, a verdade é que ela nunca realmente acabou.
Quando a União Soviética (URSS) abandonou a Europa Central e Oriental, nós, russos, acreditávamos que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não seria estendida a países e territórios dos quais tínhamos nos retirado. Nossa esperança era de unificação com a Europa, um "lar europeu comum", e a criação de uma Europa "unida e livre". Nossas esperanças não eram autoengano sonhador. Afinal de contas, os líderes dos EUA e da Alemanha tinham prometido a Mikhail Gorbachev que a Otan não seria expandida para o leste.
De início, após terem derrotado o comunismo, os russos consideraram-se vitoriosos. Mas, após alguns anos eufóricos, o Ocidente começou a agir cada vez mais como os vencedores da Guerra Fria. Depois que a "ameaça militar" potencial criada pela URSS evaporou, sucessivas ondas de expansão da Otan atenderam propósitos de ordem não militar ou ideológica.
A lógica ocidental para a ampliação é geopolítica: trazer as ex-repúblicas e Estados socialistas soviéticas da Europa Central e Oriental na esfera ocidental de influência política e econômica. Inicialmente, declarou-se que os novos membros da Otan cumpriram critérios tanto democráticos como militares. Posteriormente esses critérios foram abandonados, quando a Otan começou a convidar até mesmo os Estados mais atrasados e corruptos a aderir.
Além disso, a Otan não apenas ampliou seu número de participantes, mas também transformou-se de aliança defensiva anticomunista em um agrupamento ofensivo (com operações na Iugoslávia, Iraque e Afeganistão). A expansão da Otan rumo às fronteiras russas, e a participação de países cujas elites têm ressentimentos históricos em relação à Rússia, intensificou o sentimento antirrusso no seio da aliança. Apesar de todos os seus esforços para melhorar sua imagem, muitos russos agora veem a Otan como uma organização muito mais hostil do que na década de 90, ou mesmo antes.
Além disso, a ampliação da Otan significa que a própria Europa ainda não saiu da Guerra Fria. Nenhum tratado de paz pôs fim à Guerra Fria, e por isso ela continua inacabada. Embora o confronto ideológico e militar daquela época esteja distante em nosso passado, está sendo substituído por novo enfrentamento - entre a Rússia, de um lado, e os EUA e alguns dos "Novos Europeus" de outro.
Minha esperança é que, quando os historiadores voltarem os olhos para o passado e considerarem o ataque da Geórgia contra a Ossétia do Sul, no segundo semestre do ano passado, os ossetianos, russos e georgianos mortos naquela guerra sejam vistos como não tendo morrido em vão. As tropas russas esmagaram o exército georgiano no teatro de operações, mas também desfecharam um vigoroso golpe contra a lógica de uma expansão adicional da Otan, que se não fosse detida, teria inevitavelmente incitado uma grave guerra no coração da Europa.
Por ora, a situação permanece em aberto. Os EUA não desencadearam nenhuma nova forma de Guerra Fria após o episódio na Ossétia do Sul, em boa parte devido à crise financeira e econômica mundiais.
Confio em que a crise econômica mundial e a presidência de Barack Obama colocarão a ideia farsesca de uma nova Guerra Fria sob perspectiva adequada. A Grande Europa, na qual incluo não somente a Rússia, mas também os EUA, necessita um novo tratado de paz, ou melhor, um sistema de acordos, que trace uma linha divisória para deixar no passado o terrível Século XX europeu, e assim prevenir uma repetição histórica.
É necessário um novo tratado pan-europeu sobre segurança coletiva, firmado por países individuais ou pela Otan e pela União Europeia (UE), assim como pela Rússia e pela Comunidade de Países Independentes. Os países não incluídos em quaisquer dos atuais sistemas de segurança poderiam aderir ao tratado e receber garantias multilaterais. A ampliação da Otan seria assim congelada, "de facto".
Com a desagregação da URSS e da Iugoslávia em mente, devemos nos empenhar em prevenir a fragmentação adicional de Estados e também sua reunificação à força. Kosovo, Ossétia do Sul e Abkhazia devem ser os últimos dos Estados desmembrados mediante emprego de força. A "caixa de Pandora" da autodeterminação precisa ser fechada.
Depois que a herança de confronto herdada do Século XX tiver sido suplantada, talvez profundos cortes nos arsenais nucleares russo e americano possam tornar-se possíveis, juntamente com uma coordenação de políticas militares-estratégicas. Nesse cenário, cooperação russo-americana em situações de crise, como a envolvendo o Afeganistão, ou no enfrentamento da proliferação de armas de destruição em massa, iria se tornar bem mais profunda.
Na própria Europa, deveria ser fundada uma união entre a Rússia e a União Europeia, baseada em um espaço econômico compartilhado, num espaço energético compartilhado - mediante propriedade cruzada de companhias que produzem, transportam e distribuem energia - e em um espaço humano compartilhado que dispensaria a necessidade de concessão de vistos e incluiria políticas internacionais coordenadas envolvendo a Rússia e a UE.
Ênfase também deveria ser dada ao estabelecimento de um novo sistema para governar a economia e finanças mundiais, cuja criação será ainda mais difícil se os confrontos da Guerra Fria não forem solucionados.
A Europa, a Rússia e os EUA precisam por fim à "guerra inacabada". Então, talvez, em 2019, ano que marcará o 100º aniversário do Tratado de Versalhes, poderemos finalmente dar adeus ao Século XX.
Sergei Karaganov é chairman do Conselho de Política Externa e Defesa e reitor da Escola de Economia Internacional e Relações Exteriores da State University/Escola Superior de Economia. © Project Syndicate/Europe´s World, 2009. http://www.project-syndicate.org/



Luiz Gonzaga Belluzzo
Angústia na periferia europeia
As agruras dos deserdados da Europa revelam consequências do estatismo de ocasião depois de uma orgia de liberalidades
ABALROADOS pela crise financeira, os "periféricos" da zona do euro -Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha- vivem a angústia do default. Elos frágeis da União Europeia, os chamados Pigs usufruíram as delícias da euforia financeira dos anos 90 do século passado e do início do milênio. Todos capricharam no consumismo e alguns se esmeraram na formação de bolhas imobiliárias, tudo financiado a crédito barato por bancos domésticos e estrangeiros.
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NOURIEL ROUBINI
A cura dos males do sul da Europa
Uma nova Grande Depressão pode ter sido evitada, mas a crise está longe de encerrada. O crédito está apertado e todos os pontos de alto endividamento da economia mundial estão sendo contagiados: os domicílios com pesadas dívidas hipotecárias (Islândia, Estados Unidos, Espanha, Irlanda, Europa central e oriental); os bancos (Islândia, Estados Unidos, União Europeia, Rússia e países da antiga União Soviética); a dívida quase pública (Naftogaz, da Ucrânia; Dubai World); e agora a Grécia e os outros elos vulneráveis na zona do euro.
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Teorias políticas e econômicas da UE contrastam com a dura realidade na Grécia
04-03-2010
Quentin Peel e Gerrit Wiesmann
Desde que a crise financeira da Grécia entrou em ebulição no ano passado, a União Europeia vem lutando com sua própria crise na zona do euro, inteiramente previsível e prevista, e sem uma série de instrumentos financeiros e econômicos para lidar com ela.
A Europa também tentou reconciliar profundas diferenças, acima de tudo entre a Alemanha e a França, na necessidade de maior intervenção nas políticas fiscais nacionais, maior fiscalização na administração e nos relatórios econômicos nacionais e alguma espécie de garantia de assistência financeira para membros da zona do euro que estiverem em dificuldade.
“Por 10 anos vivemos sob a premissa obviamente errada que a dívida soberana dominada pelo euro era intercambiável, e assumimos que não havia risco de default por um membro soberano da zona do euro. Foi provado que estávamos completamente errados”, disse uma alta autoridade financeira europeia nesta semana.
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Como guardiã do euro, Merkel enfrenta um ato de equilibrismo doméstico difícil
Judy Dempsey - Em Berlim (Alemanha)
04/03/2010
Quando a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se encontrar com o primeiro-ministro da Grécia, George A. Papandreou, na sexta-feira, ela falará para vários públicos diferentes.
Como líder do país com a maior economia da Europa e como defensora ferrenha da retidão fiscal dentro da zona do euro, Merkel está sob pressão de seus pares europeus para concordar com algum tipo de plano de resgate financeiro que possa proteger a moeda comum, que é a base da unidade política e econômica do continente.
Mas ela também é uma política nacional, e se a imprensa popular alemã for crível, os alemães não estão dispostos a ajudar a Grécia, um dos 16 países da zona do euro.
O “Bild Zeitung”, um jornal de circulação de massa, publicou artigos radicais sobre como os gregos, além de serem preguiçosos e poderem se aposentar aos 50 e poucos anos, desperdiçaram bilhões de euros que receberam da União Europeia.
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Paulo Nogueira Batista Jr.: Grécia, Europa e Brasil
O Brasil está bem, vai até emprestar dinheiro à Grécia, via FMI; mas não podemos depender de crédito externo
São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010
EM GERAL , o leitor brasileiro tem interesse relativamente baixo por assuntos internacionais. Não somos cosmopolitas -e ainda bem! Como dizia o grande Euclides da Cunha, "o cosmopolitismo é o regime colonial do espírito".
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A crise na Grécia afetará a economia brasileira?
SIM - Gilson Schwartz: A especulação tem limites
NÃO - Paulo Tenani: Contágio é menos intenso que no passado

Análise, Paul Krugman: Mais provável é que a Grécia abandone o euro


Análise, Paul Krugman: Os EUA não são a Grécia


Cesar Benjamin: A crise europeia





Greek Debt Woes Ripple Outward, From Asia to U.S.By NELSON D. SCHWARTZ and ERIC DASH
Published: May 8, 2010
The fear that began in Athens, raced through Europe and finally shook the stock market in the United States is now affecting the broader global economy, from the ability of Asian corporations to raise money to the outlook for money-market funds where American savers park their cash.
What was once a local worry about the debt burden of one of Europe’s smallest economies has quickly gone global. Already, jittery investors have forced Brazil to scale back bond sales as interest rates soared and caused currencies in Asia like the Korean won to weaken. Ten companies around the world that had planned to issue stock delayed their offerings, the most in a single week since October 2008. ... ... ... ... ... ... ... ...



Pacote para Grécia é chance desperdiçada
Plano poderia ser voltado a facilitar reestruturação ordenada da dívida; podemos terminar com programa perverso e malsucedido
ARVIND SUBRAMANIANESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
O programa de ajuste econômico criado por um acordo entre Europa, FMI e Grécia deve ser considerado e aprovado em breve pelo conselho-executivo do Fundo. ... .... ... ...


Euro fraco ajuda indústria no curto prazo
RICHARD MILNEDO "FINANCIAL TIMES"
Não é fácil encontrar um possível lado positivo na sombra muito escura da crise da dívida grega. Nos conselhos de direção de empresas europeias, cresce o receio de que a crise possa contagiar a Espanha e a Itália. ... ... ... ... ..



"Nós teremos ainda mais crises no futuro", diz o economista Nouriel Roubini, profeta da crise financeira
Thomas Schulz e Alexander Jung, Der Spiegel, 11-05-2010
Primeiro veio a crise imobiliária. Depois a derrocada do sistema financeiro. E agora, uma dívida pública de crescimento vertiginoso está ameaçando países inteiros. O famoso economista Nouriel Roubini fala a “Der Spiegel” que mais crises virão e acabarão antes que os líderes mundiais cheguem a um acordo quanto a uma reforma de verdade. Ele afirma que uma fragmentação dos grandes bancos seria uma boa medida inicial.
Spiegel: Professor Roubini, você protagoniza um papel secundário na continuação do filme “Wall Street”. Que personagem você estará representando?
Roubini: Eu estarei representando a mim mesmo. Mas é apenas um pequeno papel. Há uma cena logo depois do colapso do Lehman na qual eu sou entrevistado como o “Doutor Fatalidade”, preocupado com o sistema financeiro global.
Spiegel: Você também atuou como consultor de Oliver Stone, o diretor cinematográfico?
Roubini: Eu não fui um... ... .... .... .... ... .... ...


Vinicius Torres Freire: Depois da beira do abismo: e dai?
Europa dá vexame, leva bronca dos EUA e vai assumir o risco de bancos ineptos a fim de não ir para o vinagre
A FINANÇA mundial esteve à beira do abismo na tarde de quinta-feira e na sexta-feira, pois o Banco Central Europeu disse na manhã de quinta que não iria financiar governos sem crédito na praça, como era o caso da Grécia e seria, em poucos dias, o de Portugal.
O BCE, na pessoa de seu presidente, Jean-Claude Trichet, dizia também que não taparia rombo de banco caloteado. Disse, enfim, que o mercado poderia vir quente que ele estava frio feito um pepino. .. ... .. ... ... .... .


Clovi Rossi: Mercados ganham, a política perde
O BIS (Banco de Compensações Internacionais, uma espécie de banco central dos bancos centrais) divulgou ontem o seu relatório sobre essa opaca atividade financeira batizada de derivativos OTC ("over-the-counter", não necessariamente registrados em algum mecanismo de regulação/supervisão do sistema financeiro).
Derivativos são, para simplificar, apostas em determinados ativos, como valor de uma moeda, juros, commodities etc.Ao terminar 2009, o total desse tipo de apostas subira 2% sobre 2008, para chegar a US$ 650 trilhões. Sim, trilhões. A riqueza tangível do mundo (bens e serviços) era então de cerca de US$ 70 trilhões, pouco mais de um décimo do valor (suposto) de papéis intangíveis.
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Como sair da crise do euro? - Le Monde


Inédito pacote de socorro ao euro pode desencadear inflação - Der Spiegel



Gregos culpam os estrangeiros pela crise econômica do país
Manfred Ertel, Em Atenas (Grécia) Der Spiegel, 13/05/2010
Se quiser evitar uma queda no abismo, a Grécia precisará implementar medidas de austeridade brutais e aumentar a sua arrecadação tributária. Mas muitos gregos, incluindo políticos de oposição, estão negando a realidade econômica da atual crise. Muitos cidadãos gregos comuns acreditam que a culpa pelos problemas enfrentados pelo país é das influências estrangeiras.
Georgios Trangas é um dos mais conhecidos jornalistas da Grécia. O seu programa de rádio matinal de duas horas, “Em Atenas”, que é transmitido para todo o país por uma estação de rádio privada, tem uma audiência tremenda. Todos os dias, o jornalista de 60 anos de idade expressa os seus pontos de vista e discute praticamente todas as questões que são importantes para os gregos, muitas vezes provocando controvérsias durante esse processo. Isso é algo que ele vem fazendo há muitos anos.
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Está claro que o tombo grego rendeu um olho preto à União Europeia.
Lições gregas para o mundo
Por Dani Rodrik13/05/2010
Os governos alemão e francês tampouco poderão impedir que a Grécia deixe a zona do euro
O pacote de ajuda de US$ 140 bilhões que o governo grego finalmente recebeu dos seus parceiros da União Europeia (UE)e do Fundo Monetário Internacional (FMI) dá ao país a pausa para fôlego necessária para assumir a dura tarefa de colocar suas finanças em ordem. O pacote poderá ou não evitar que Espanha e Portugal se arruínem de forma semelhante, ou até mesmo impedir um calote grego eventual. Seja qual for o resultado, está claro que o tombo grego rendeu um olho preto à UE.
No fundo, no fundo, a crise é mais uma manifestação daquilo que eu chamo de "trilema político da economia mundial": globalização econômica, democracia política e a nação-Estado são mutuamente irreconciliáveis. No máximo podemos ter dois ao mesmo tempo. A democracia só será compatível com soberania nacional se restringirmos a globalização. Se pressionarmos por globalização ao mesmo tempo em que mantivermos a nação-Estado, precisaremos nos desfazer da democracia. E se quisermos democracia junto com globalização, deveremos colocar a nação-Estado de lado e lutar para obter mais governança internacional.
Os arquitetos do regime de Bretton Woods entenderam que os países democráticos precisariam de espaço para conduzir políticas fiscais e monetárias independentes. Dessa forma, eles só contemplaram uma globalização "aguada", com fluxos de capital limitados sobremaneira a tomadas e concessões de crédito de longo prazo. John Maynard Keynes, que escreveu as regras junto com Harry Dexter White, enxergava os controles de capital não como um expediente temporário, mas como uma característica permanente da economia global.
O regime de Bretton Woods desabou na década de 1970, como resultado da incompetência ou da indisposição - não está claro qual deles - dos principais governos gerenciarem o volume crescente de fluxos de capital.
Na Europa, seus líderes sempre entenderam que a união econômica precisa ter uma firme fundação política para se apoiar. Ainda que alguns, como os britânicos, desejassem conferir o mínimo poder possível à União, a força do argumento estava com os que pressionaram pela integração política aliada à integração econômica. Mesmo assim, o projeto político europeu ficou muito aquém do econômico.
A Grécia se beneficiou de uma moeda comum, mercados de capital unificados, e de livre comércio com os demais países membros da UE. Mas ela não tem acesso automático a um emprestador de última instância. Seus cidadãos não recebem cheques do seguro-desemprego de Bruxelas da forma como o californianos recebem da capital Washington, quando a Califórnia atravessa uma recessão.
Os gregos desempregados tampouco podem, considerando-se as barreiras linguísticas e culturais, se movimentar com a mesma facilidade através da fronteira, transferindo-se a um país europeu mais próspero. E os bancos e firmas gregos perdem a sua capacidade creditícia junto com a do seu governo se os mercados perceberem que este último está insolvente.
Os governos alemão e francês, por sua vez, pouco tiveram a dizer sobre as políticas orçamentárias da Grécia. Eles não puderam impedir que o governo grego continuasse tomando emprestado (indiretamente) do BCE enquanto as agências de classificação de crédito considerassem a dívida grega digna de crédito. Se a Grécia optar pelo calote, eles não poderão impor o cumprimento das demandas dos seus bancos sobre os tomadores de crédito gregos nem confiscar ativos gregos. Eles tampouco poderão impedir que a Grécia deixe a zona do euro.
O significado de tudo isso é que a crise financeira acabou ficando muito mais profunda, e sua resolução, consideravelmente mais confusa do que o necessário. Os governos francês e alemão propuseram relutantemente um pacote de empréstimo imponente, mas somente depois de demora considerável e com o FMI se postando ao seu lado. O BCE reduziu o limite mínimo de solvência que os títulos do governo grego precisam atingir para permitir a continuidade da captações de crédito da Grécia.
O sucesso do plano de socorro está longe de estar garantido, em vista da magnitude das medidas de aperto que está pleiteando e da hostilidade que despertou da parte dos trabalhadores gregos. Quando chegar a hora da verdade, as políticas domésticas triunfarão sobre os credores estrangeiros.
A crise revelou como são exigentes os pré-requisitos políticos da globalização. Ela mostra quanto as instituições europeias ainda precisam evoluir para respaldar um mercado único vigoroso. A escolha que a UE enfrenta é a mesma nas demais partes do mundo: ou se integra politicamente, ou reduz a intensidade da unificação econômica.
Antes da crise, a Europa parecia ser a candidata mais provável a fazer uma transição bem-sucedida para o primeiro ponto de equilíbrio - maior unificação política. Agora seu projeto econômico está em frangalhos, enquanto a liderança necessária para reavivar a integração política saiu de cena.
O melhor que pode ser dito é que a Europa não poderá adiar por mais tempo a escolha que o episódio grego desnudou. Se você for um otimista, até poderá concluir que, consequentemente, a Europa acabará emergindo ainda mais forte.
Dani Rodrik é professor de economia política na Escola de Governo John F. Kennedy da Universidade Harvard. Copyright: Project Syndicate, 2010. http://www.project-syndicate.org/. Podcast no link http://media.blubrry.com/ps/media. libsyn.com/media/ps/rodrik43.mp3




Cox News Service
É preciso impor limites urgentes na ganância dos bancos
Tom Blackburn*
Em West Palm Beach (Flórida)
É ilegal um banco reter mais do que 10% dos depósitos no país. Não importa. O Bank of America, o JP Morgan Chase e o Wells Fargo estão bem além do limite. Eles obtiveram dispensas no ano passado que os isenta da lei.
Todos os três cresceram durante a Grande Recessão. Reguladores praticamente lhes imploraram para engordar. Eles absorveram, respectivamente, o Merril Lynch, o Bear Stearns e o Wachovia, para evitar falências que teriam deixado credores no vazio por meses ou anos, fazendo com que muitos desses credores também afundassem.
Depois disso, teria sido desonesto se os reguladores os denunciassem. Mas seu crescimento aumenta o perigo pré-existente de ser grande demais para falir. Se algum deles, ou quatro ou cinco outros, vacilassem, o governo – ou seja, todos nós – os apoiaria novamente para evitar o pesadelo que agitou a imaginação do presidente Bush em 2008. .... ..... .... .... .... ... ... ... .... ... ..




The New York Times, 16-05-10
Crise do euro de 2010 lembra o rublo de 1998
Andrew E. Kramer, Moscou (Rússia)
Enquanto os mercados financeiros tentam absorver as notícias do pacote de resgate para a Grécia e outras economias instáveis da eurozona, alguns banqueiros e economistas veem semelhanças com a crise que levou à inadimplência da Rússia em 1998.
Há uma década, a Rússia estava na mesma situação que a Grécia está hoje, lutando para restaurar a confiança nos títulos através de um empréstimo imenso do Fundo Monetário Internacional e outros credores. Na época, assim como agora, a crise da dívida perturbou os mercados financeiros globais. E foi depositada uma grande esperança na ajuda financeira – que no caso da Rússia não deu certo.
“A Grécia gerou uma sensação impressionante de déjà vu”, escreveu Roland Nash, chefe de pesquisa para o banco de investimentos Renaissance Capital em Moscou, numa nota recente aos investidores. A ajuda financeira de 1998 para a Rússia, feita na forma de uma pacote de resgate oferecido pelo Fundo Monetário Internacional, teve como efeito postergar, mas não evitar, a inadimplência da Rússia em relação à sua dívida externa.
No período de um mês entre o anúncio do pacote e a inadimplência, bancos russos e ocidentais correram para se aproveitar da dívida de curto prazo enquanto ela amadurecia, trocaram rublos por dólares e mandaram o dinheiro para fora da Rússia.
A ajuda financeira sustentou a taxa de câmbio durante esse processo, enriquecendo os donos de títulos que saíram rapidamente e deixando o amargurado povo da Rússia com a responsabilidade pela dívida e tendo que pagar os credores, incluindo o FMI. Em 17 de agosto de 1998, quando o governo anunciou de fato a inadimplência da dívida externa e disse que permitiria que o rublo flutuasse mais livremente em relação ao dólar, o Banco Mundial e o fundo monetário já haviam desembolsado cerca de US$ 5,1 bilhões (R$ 9 bilhões) em ajuda financeira.
Alguns analistas dizem que se um padrão semelhante acontecer no resgate da eurozona, pode ser que os contribuintes europeus tenham de pagar pela ajuda financeira enquanto os investidores da dívida grega conseguirão em grande parte se sair bem.
No caso da Rússia, o fundo monetário, incentivado a agir por causa das preocupações do governo Clinton quanto às consequências políticas de um colapso financeiro na Rússia, elaborou um pacote de ajuda imenso para os parâmetros da época.
O fundo monetário e outros credores primeiro propuseram um valor de US$ 5,6 bilhões (R$ 9,9 bilhões), mas então aumentaram para US$ 22,5 bilhões (R$ 39,8 bilhões), incluindo os compromissos anteriores – o equivalente a US$ 29,5 bilhões (R$ 52,3 bilhões ) de hoje.
Na Grécia, o fundo e a União Europeia inicialmente propuseram uma ajuda de 110 bilhões de euros, ou US$ 139 bilhões (R$ 246,4 bilhões). Depois ...... .... .... .... ... .... ... .... ... .... ... ... ....



Relações externas: Para o economista Edward Prescott, país "tem se saído bem ao longo da década"
Crise na Europa não deve atingir o Brasil, diz prêmio NobelJúlia Pitthan, de Joinville20/05/2010
Edward Prescott, Nobel de Economia: "Espero que a UE insista para que a Grécia faça as reformas fiscais necessárias"
O Brasil e os demais países integrantes do Bric (China, Índia e Rússia), dificilmente serão afetados pela crise que atinge a Grécia e outros países europeus. A avaliação é do economista Edward Prescott, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2004. "O Brasil tem se saído bem ao longo da década. A razão é a mudança para um melhor sistema político. O 'smart money ' está apostando no Brasil. Não há uma expectativa de uma mudança para um cenário político pior. Geralmente, mas não sempre, os investimentos de 'smart' money estão certos", disse Prescott, em entrevista ao Valor, por e-mail. Atualmente, ele é professor da Universidade do Estado do Arizona, nos EUA.
O economista dá crédito para o presidente Luiz Inácio Lula e Silva, mas pondera: "Em resumo, é o povo brasileiro que merece o crédito quando o país vai bem e é culpado, quando vai mal".
Sobre a crise europeia, Prescott, que amanhã fará palestra sobre "O novo ciclo econômico mundial pós-crise", durante o evento Expogestão, em Joinville, considera que a União Europeia fez o que precisava fazer. "Eu espero, e tenho esperança, que a União Europeia insista para que a Grécia faça as reformas fiscais necessárias."
Para ele, a crise grega é um alerta para que um número maior de países faça reforma fiscal. "Estados responsáveis dos Estados Unidos, como Texas, Indiana e Dakota do Sul e do Norte s reduziram as taxas e os gastos da máquina pública e estão crescendo. Por outro lado, Estados irresponsáveis, como Califórnia e Nova York, estão com os mesmos problemas de Grécia, Portugal e Espanha. Li recentemente que a Espanha planeja restabelecer a sua saúde financeira cortando gastos. Se a Espanha fizer isso, vai crescer de novo", prevê.
Prescott não tem medo de dizer que a crise econômica desencadeada em 2008 foi superestimada como um problema. Em maio de 2009, sustentava que os transtornos enfrentados pelo mercado financeiro não iriam atingir a economia real. Passados 20 meses da quebra do Lehman Brothers, o economista mantém a posição. "Os principais problemas econômicos dos EUA e da União Europeia foram gerados por maus regimes políticos e falta de reformas necessárias.".
Com essa avaliação da crise, Prescott resume, em parte, a teoria que lhe garantiu o prêmio Nobel em 2004. Em parceria com economista norueguês Finn Kydland, o professor sustentou, em um dos trabalhos publicados na década de 70, que políticas monetárias duradouras tendem a fortalecer e estabilizar os sistemas econômicos. Sob esta visão, Prescott assegura que os governos tendem a agravar os problemas quando se dispõem a socorrer economias em crise. Ele foi um dos maiores críticos do pacote de salvamento da economia americana, elaborado pelo governo do presidente Barack Obama.
Como receita para a recuperação econômica, Prescott defende a reforma fiscal, com redução de taxas, e a concentração do sistema financeiro de forma integral na mão de bancos privados. "Com essa reforma não há risco sistêmico", diz.


Europeans Fear Crisis Threatens Liberal Benefits
By STEVEN ERLANGER, Published: May 22, 2010



TRIBUNA: JÜRGEN HABERMAS - 23/05/2010
En el euro se decide el destino de la UE
El filósofo alemán Jürgen Habermas exige a los Estados una mayor implicación política para defender a la UE de los ataques financieros y muestra que la Alemania actual no está en el mejor momento para asumir el liderazgo + coments
Días decisivos: Occidente celebra el 8 de mayo y Rusia el 9 de mayo la victoria sobre la Alemania nacionalsocialista; también aquí, en Alemania, se habla de día de la liberación. Este año, las fuerzas de la alianza que lucharon contra Alemania (con la participación de una unidad polaca) celebraron conjuntamente un desfile de la victoria. En la Plaza Roja de Moscú Angela Merkel estaba justo al lado de Vladímir Putin. Su presencia confirmaba el espíritu de aquella nueva Alemania surgida en la posguerra, cuyas distintas generaciones no han olvidado que también fueron liberadas, a costa de los mayores sacrificios, por el Ejército ruso. ... ... ... ... ... ... ... ...



ENTREVISTA DA 2ª
HEINER FLASSBECK
Alemanha é a fonte de desequilíbrio na EuropaPARA DIRETOR DA UNCTAD, APERTO SALARIAL REDUZIU IMPORTAÇÃO DO PAÍS E CONTRIBUIU PARA AUMENTAR O DEFICIT DE PARCEIROS CLAUDIA ANTUNESDO RIO DE JANEIRO A Alemanha -e não Grécia, Espanha ou Portugal- é a principal fonte de desequilíbrio estrutural na região do euro, diz o economista alemão Heiner Flassbeck. Flassbeck foi vice-ministro das Finanças de seu país em 1998 e 1999, quando foi implantado o euro. Hoje, dirige a Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad (conferência da ONU para comércio e desenvolvimento), na Suíça. Ele explica: ao praticar arrocho salarial nos últimos dez anos, com aumento real de apenas 4% no período, muito abaixo do crescimento da produtividade, a Alemanha passou a comprar menos e aumentou ainda mais a competitividade de seus produtos em relação aos dos demais países da zona do euro. Como a moeda única impede que os vizinhos mexam no câmbio para estimular suas exportações, eles passaram a ter deficit comerciais e em conta-corrente (saldo de todo o dinheiro que entra e sai do país), enquanto a Alemanha acumula superavit. Para Flassbeck, sem um movimento coordenado para sair desse impasse, "não haverá solução a longo prazo" para a união monetária. Ele estará em São Paulo nesta semana. Falará na Unicamp e participará de debate sobre "novo desenvolvimentismo", organizado pelo economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, colunista da Folha. Leia, abaixo, trechos da entrevista, concedida por telefone, de Genebra.
FOLHA - Por que o pacote de resgate e os cortes de gastos anunciados na Europa não acalmaram os mercados?
Heiner Flassbeck - O que fizeram ... .... ... ... .... .



"Nos deem tempo para realizar as mudanças que temos de fazer", diz Yorgos Papandreu, primeiro-ministro da GréciaEl Pais, Javier Moreno, Em Madri
Ele enfrentou cinco greves gerais contra o ajuste social que foi obrigado a impor em um país à beira da falência. Agora só pede tempo para devolver a credibilidade internacional aos gregos.
A política
Muito no início da conversa, no hotel em que se hospeda em Madri, sem que responda a uma pergunta expressa e quase sem que venha ao fio da reflexão, como uma confissão não exigida ou um pedido de compreensão não isento de simpatia, Yorgos Papandreu pronuncia uma frase rara nos lábios de um político: "Na Grécia, antes de mais nada, estão todas as nossas responsabilidades". Frase certamente inevitável depois de dois anos em que os cidadãos europeus acentuaram sua desconfiança na classe política que os governa - e na própria política -, dada a insolvência geral demonstrada na gestão da crise econômica e a incapacidade de lhes oferecer proteção diante da gigantesca destruição de riqueza que esta ocasionou. ........... .......... ..... .......


Crise na Europa pode atrapalhar a recuperação da economia americana




GASTOS MILITARES x DEFESA - GUERRA

OTAN x CRISE ECONÔMICA + AMÉRICA LATINA
Editoriaiseditoriais@uol.com.br - 09-08-2009
Defesa nacional
Cada vez mais relevante no cenário internacional, o Brasil precisa melhorar de forma realista a sua capacidade de defesa


Entrevista: Julian Assange - 10/08/2014
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