Lele, Sharachchandra M.
Sustainable development: A critical review
Sustainable development in a post-Brundtland world
Chris Sneddon, Richard B. Howarth and Richard B. Norgaard
Understanding Sustainable Development
Neil Carter
Community-Based and -Driven Development: A Critical Review
Ghazala Mansuri
Vijayendra Rao
Economia e meio ambiente: aspectos teóricos e metodológicos nas visões neoclássica e da economia ecológica
Daniel Caixeta Andrade
Leituras de Economia Política, Campinas, (14): 1-31, ago.-dez. 2008
February 26, 2009
Paul Collier: I Don't Buy Economists' Case for Fighting Climate Change
Paul Collier rejects the utilitarian basis for reducing carbon emissions and replaces it with "a rights-based notion of ethics": ... ... ... ... ... ... ... ....
Saturday, January 17, 2009
Confused thinking on the environment at Catallaxy
A post over at Catallaxy suggests that policies of preventing the exploitation of oil and gas reserves near national parks in the US harm the poor (mainly blacks) and are therefore unacceptable - there is even the suggestion in the original news story* that such policies are racist . It is at best a partial story and in conceptual terms highly misleading. The general intent by Catallaxy is to poke fun at the middle class affluent in a way reminiscent of populist left-wing attacks on reason.The decision to limit exploitation of oil and gas reserves (or any other marketed good) because of conservation concerns (or concerns over any non-marketed good) is one that revolves around a social cost benefit analysis of the respective options. Oil and gas products are marketed whereas conservation values are not so it is more difficult to get a feel for the present value of the latter types of outputs.More effort is involved in valuing conservation assets but various indirect procedures can be used (advice from experts and scientists, travel cost method, contingent valuation and so on). A premium should, of course, be added to the conservation values - a quasi-option value - since the decision not to proceed with development of the oil and gas deposits is reversible while the decision to proceed with these developments is much less readily reversed to reinstate conservation values. In addition, technical progress in the future will yield new sources of energy but not new conservation assets and, if you believe the environmental luxury good hypothesis, people's values switch toward conservation as they become more affluent. Environmental red necks tend to be working class. Both of these factors intensify the case for taking care with the destruction of already over-exploited natural environments.All this is basic resource economics and provides a rational basis for being conservative about certain natural resource destructions.The cost benefit comparison proposed involves ignoring distributional impacts and is largely efficiency-based. This is essentially the 'second theorem of welfare economics' - maximise the value of society's outputs first and then (if necessary**) make transfers to accommodate the specific interests of particular disadvantaged groups such as the poor. One can raise qualifications about the general applicability of this result but it works well in the current setting.If it is mainly middle class affluent people who seek conservation outcomes then, on this account alone, they should pay for those outcomes and transfers should be made to those suffering the costs. But this has nothing to do with the case for making the conservation versus development issue using efficiency-oriented cost-benefit analysis.The point is to value things at their social worth something a libertarian blog like Catallaxy should understand. Economics is, in my view, a discipline which sensibly protects the environment.
It is foolish to sling-off at environmental activists because they are middle class or rich and because some of those bearing the costs of development restrictions have lower incomes. To a very large extent environmental equity and efficiency issues are separable and those committed to free markets should always target efficiency leaving the tax and transfer mechanism to address distributional issues.
* It is a generally ignorant account which suggests that poor inner city blacks will suffer most the effects of higher energy prices if the deposits are not developed. This fails to recognise that energy prices are globally determined with the local developments being discussed having only a limited, short-duration impact on prices. Both rich and poor are impacted on by any higher prices.** The poor do not need to be compensated for every policy that runs against their interests if they already receive huge transfers from those more wealthy in order to effect general redistributive concerns. In the present setting specific benefits to the wealthy of conservation might be consider a payback for redistributive taxes. This is an important since it is generally not necessary to provide specific compensations for every project.
Update: In a comment Tim Lambert points out that the source of the claim that protecting conservation areas is racism is CORE (Congress on Racial Equality) which receives funding from ExxonMobil. CORE has been an active supporter of climate change denialism and opposed (for example) the listing of polar bears as endangered species on the grounds that such protection damaged poor black Americans.
Posted by hc at 8:59 AM 13 comments
DEBATE ABERTO - Carta Maior, 31/01/2009
Política ambiental brasileira: o que mudou
O Fórum Social Mundial contou com a participação ativa dos ministros do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva e Carlos Minc. É inevitável a gente se perguntar sobre o que afinal mudou, de um ministro para outro, na política ambiental brasileira.
Celso S. Bredariol
O Fórum Social Mundial contou com a participação ativa dos ministros do Meio Ambiente do governo Lula. Marina Silva participou de mesas do Fórum Mundial de Educação, de Justiça Ambiental e sobre o abuso de adolescentes, sempre voltada para a construção da militância. Carlos Minc visitou o navio do Greenpeace para discutir desmatamento e participou de mesas sobre Mudanças Climáticas e Amazônia Sustentável, trazendo posições de governo. É inevitável a gente se perguntar sobre o que afinal mudou, de um ministro para outro, na política ambiental brasileira.Ambos têm histórias de vida admiráveis. A primeira, de aluna do Mobral a militante com Chico Mendes das causas dos seringueiros até se tornar senadora da República e ministra. O segundo, de militante secundarista contra a ditadura, exilado, ecologista, deputado estadual por mais de vinte anos se dedicando a causas ecológicas e libertárias, até chegar a ministro de Estado. O que fazem ou fizeram de diferente na política ambiental?Primeiro é preciso situar que no período da ditadura, a política ambiental se destacou pela criação de áreas protegidas e pela estruturação do Sistema Nacional do Meio Ambiente, o SISNAMA. No período FHC a política avançou na legislação (foram criadas diversas leis como as de Recursos Hídricos, Unidades de Conservação, Crimes Ambientais e outras) e se esvaziou pelo sucateamento do SISNAMA. A entrada de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente é marcada por propostas de resgate de Sistema Ambiental (Fortalecendo o SISNAMA foi o tema da primeira Conferência Nacional do Meio Ambiente), de combate à corrupção na administração ambiental através da Operação Corrupira com a Polícia Federal, do monitoramento do desmatamento através de Convênio com o INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de concurso para o IBAMA e do licenciamento criterioso até dos investimentos do próprio governo. Mas o trabalho de Marina se destacou, principalmente, pelo enfrentamento de conflitos, como na questão dos transgênicos. Numa segunda etapa da sua gestão, o foco da política se volta para a questão do combate ao desmatamento e para a proposta da exploração sustentável das florestas. A lei de florestas propõe a licitação de áreas públicas para a exploração sustentável de madeira, evitando a vinculação do desmatamento à apropriação de terras públicas. Marina se desgastou no governo pela acusação de demora no licenciamento de investimentos do governo (a ministra dos bagres) e pela disputa da gestão do Plano Amazônia Sustentável com o ministro Mangabeira Ungler. É impossível, resumir em um parágrafo, cinco anos de uma gestão, mas apontei os pontos principais que marcaram a presença de Marina Silva no governo.Carlos Minc foi surpreendido pelo convite para ocupar o ministério. Falou demais ou até não soube o que dizer, num primeiro momento, mas identificou claramente as aspirações de mudança do governo. Para o licenciamento de atividades poluidoras, principalmente as de governo, ele mudou a estratégia, dando licenças em menor tempo, mas sobrecarregadas de exigências de monitoramento, mitigação e compensação de impactos ambientais. Se vão ser cumpridas ou não, é uma coisa para mais adiante, mas são compromissos que poderão ser cobrados pelo Ministério Público, pela Justiça e pela Sociedade.No combate ao desmatamento, identificou os seus principais agentes e organizou operações de derrubada de fornos de carvão, apreensão de madeira, gado e soja. Num primeiro momento, ficou o impasse, o que fazer com esses bois, grãos e toras? Para sair dessa, o governo editou um decreto de regulamentação da Lei de Crimes Ambientais, dando ao IBAMA, poderes de destinar produtos apreendidos em operações de combate a crimes ambientais, sem necessidade de autorização judicial e, ao mesmo tempo, reduzindo as instâncias e prazos para recursos de multas. Ainda na fiscalização, abriu 85 ações civis públicas contra empresas e fazendeiros acusados de desmatar a Amazônia. O sentido dessas operações foi de atingir a atividade econômica no que ela tem de valor. A prática anterior, de aplicação de multas que eram contestadas e não pagas, tinha resultados pouco expressivos, tanto econômicos quanto políticos. A partir das apreensões, abriram-se foros de discussão com setores empresariais para o estabelecimento de pactos setoriais de sustentabilidade e exigências para a certificação de produtos.Ainda na linha da sustentabilidade, foi estabelecida uma política de preços mínimos para produtos extrativistas, contemplando populações tradicionais, diretamente interessadas na preservação das florestas. As taxas de desmatamento têm caído, mas ainda é cedo para afirmar que seja em decorrência de ações de governo. A crise econômica tem reduzido encomendas de madeira por parte da indústria de construção nos Estados Unidos, uma grande compradora de madeira. A terceira grande mudança se refere ao lançamento do Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas com objetivos, dentre outros, de mitigar emissões, manter elevada a participação de renováveis na matriz energética, aumentar a participação de biocombustíveis, reduzir o desmatamento, eliminar a perda líquida de florestas até 2015, reduzir a vulnerabilidade de populações, identificar impactos da mudança climática e a pesquisa científica. O lançamento desse plano permitiu a mudança de posição do Brasil em foros internacionais como o de Poznan, na Polônia, onde o país não foi mais com posições defensivas ou descomprometidas com ações de mitigação e redução de emissões. A meta de reduzir os índices de desmatamento em 70% até 2018 equivale a deixar de emitir 4,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.Outras iniciativas estão em desenvolvimento como a criação do Fundo Amazônia para captação de recursos nacionais e internacionais, o zoneamento econômico ecológico, o ecoturismo, recursos hídricos, o programa de combate à desertificação com foco na caatinga, tendo o Nordeste com a principal região sujeita a efeitos de Mudanças Climáticas. No Plano da Amazônia Sustentável, o Ministério do Meio Ambiente passou a ter uma participação mais efetiva, já que o ministério titular da gestão do plano se concentrou na questão fundiária.A passagem de um ministro a outro demonstra uma situação de continuidade e mudança. Na verdade, as operações de apreensão não teriam sido possíveis se não tivesse havido o concurso do IBAMA e o combate à corrupção. Mudanças Climáticas foi tema da última Conferência Nacional do Meio Ambiente, preparando o lançamento de um plano. Mudou o sentido da fiscalização, se tornando um bater forte para negociar ajustes. Mudou o Licenciamento, ganhando agilidade. O Fórum Social Mundial vem discutindo essa política através de câmaras setoriais, especialmente os investimentos em hidrelétricas na Amazônia com ameaça de destruição de etnias e o impacto dos biocombustíveis sobre a segurança alimentar. Também os trabalhadores estão discutindo as mudanças climáticas. Esperemos pelas recomendações do FSM. Vamos ter que fazer um fórum só com os ministros.
Celso S. Bredariol é Engenheiro Agrônomo pela UFRRJ, Ms em Educação pela FGV com tese sobre Ecodesenvolvimento e Educação Ambiental, DsC em Planejamento Ambiental pelo PPE-COPPE-UFRJ com tese sobre Negociação de Conflitos Ambientais.
Jornal Página 20 - Acre
Ciência e Democracia na Amazônia
Alain RUELLAN
04-Mar-2009
De uma maneira simplificada, é possível resumir a situação na Amazônia florestal e rural, dizendo que ela está atualmente submetida a “três dinâmicas antagonistas”, sendo cada uma apoiada por pesquisas científicas independentes entre si (eu não falarei aqui das questões ligadas ao desenvolvimento espetacular do urbano).
1- Uma dinâmica que eu qualifico de violenta, porque é uma dinâmica de destruição dos ecossistemas naturais, que são arrancados, queimados, para colocar no lugar deles:
- Agricultura de sobrevivência sobre pequenas superfícies;- Criação de gado e agricultura produtivista, em geral sobre superfícies imensas adquiridas de uma maneira frequentemente ilegal.Há uma pesquisa agronômica, pública e privada, nacional e internacional que está em relação com essa dinâmica violenta. Alguns pesquisadores apóiam os mais ricos desses agricultores – criadores que são atores dessas destruições, mas outros preferem apoiar os pequenos produtores, para ajudá-los a aproveitar da melhor maneira possível as terras desmatadas, e assim frear a dinâmica do desmatamento.
Uma questão: como é que se faz a escolha de colocar as suas competências científicas para uns ou outros? Onde é que acontece o debate e quem decide? Devemos acrescentar que essa dinâmica violenta é freqüentemente justificada pela exploração dos recursos hidráulicos e minerais: ora, são os cientistas que descobrem esses recursos e propõem as condições de exploração; nesse momento, também o debate democrático pode faltar.
2- Uma segunda dinâmica é aquela da reserva total, sobre grandes superfícies: qualquer nova ocupação humana é proibida, salvo os ecoturistas!!! Neste caso, o objetivo é:- Conservar, proteger recursos, principalmente ecosistemas;- Contribuir a proteger as funções desempenhadas pelos ecosistemas, principalmente as funções biológicas e climáticas.Portanto, trata-se de se dar tempo para conhecer e para entender. Para a pesquisa científica, as reservas são “pão bento”: efetivamente, nas reservas é possível realizar tranquilo todas as observações e medidas que permitem entender os funcionamentos naturais; e também as relações que existem entre os meios e as sociedades humanas, poucas numerosas, que vivem lá.
A pesquisa científica, em geral, desempenha também um papel importante para ajudar a delimitar os “parques” e para associar as populações a essa delimitação.3- Enfim, uma terceira dinâmica que pode ser chamada de desenvolvimento sustentável, enraiza-se:- É a dinâmica daqueles que fazem a escolha de ocupar a floresta para viver dela e assim a proteger;- É a dinâmica das reservas chamadas de “extrativistas”, nas quais as populações vivem dos recursos biológicos renováveis;- É a dinâmica pela qual o Chico Mendes brigou e foi assassinado por aqueles que pertenciam à dinâmica violenta;- É a dinâmica do PDSA no Amapá, o programa de desenvolvimento sustentável que foi realizado pelo governador João Alberto Capiberibe, de 1995 a 2002;- E é também, desde uns dez anos, a escolha do Estado do Acre sobre a autoridade dos governadores Jorge Viana e Binho Marques.
A pesquisa científica não está ausente dessa terceira dinâmica, mas é bom refletir sobre as razões de uma presença mais fraca do que nas duas outras dinâmicas.Será que o caráter considerado como um pouco utópico dessa terceira dinâmica conduz os pesquisadores a ser prudentes...? ou será que é a necessidade, para ter sucesso, de desenvolver uma relação mais estreita entre pesquisadores e gente do povo, que da medo?Acontece, atualmente, uma verdadeira corrida de velocidade entre as três dinâmicas; e é possível dizer que, durante esses últimos vinte anos, é a destruição violenta, a substituição da floresta pelo gado e pela agricultura produtivista (soja, cana) que ganhou e continua a ganhar a corrida. Mesmo se nos dois últimos anos a taxa de destruição baixou, a gente não pode ficar satisfeito de continuar a ver desaparecer, a cada ano, 11 mil quilômetros quadrados de floresta natural. Destruir a floresta é a solução de facilidade, é a solução que economicamente, em muito curto prazo, parece mais interessante, e isso porque não se contabiliza nos custos de produção as enormes perdas devidas à destruição definitiva das riquezas biológicas, das riquezas em solos que um dia vai ser necessário pagar, e pagaremos muito caro!
Afinal, temos três dinâmicas em relação às quais os meios científicos não são ausentes, mas também não estão juntos: eles estão muito divididos, do ponto de vista científico e do ponto de vista político; e isso quer dizer, é claro, que a pesquisa científica, na Amazônia como em outros lugares não é neutra: ela é influenciável e ela é fortemente influenciada.
Então, algumas questões: - Falando da Amazônia brasileira, é possível dizer que, oficialmente, escolhas políticas foram feitas e anunciadas pelo Presidente Lula. A escolha feita, desde 2003, é oficialmente de apoiar a dinâmica de constituição de reservas e a dinâmica do extrativismo; portanto a mensagem oficial é de parar completamente com o desmatamento.Essa é uma boa escolha, mas a questão que vem é: como é que foi construída e tomada essa decisão e qual é hoje a concretização dessa decisão? Qual foi o papel da pesquisa, qual foi o papel das relações ciência – sociedade na sua elaboração? De fato, esse papel da pesquisa foi limitada, e como resultado, a concretização da escolha se faz devagarzinho, com dificuldades. A ausência de preparo e de acompanhamento democrático constitui uma desvantagem pesada.- A partir disso, de uma maneira mais geral, uma questão importante é: como e aonde se fazem as escolhas de prioridade científica e as escolhas de procedimento científico? Por exemplo: como e aonde se fazem as escolhas de prioridades agronômicas: agricultura sobre terras desmatadas ou agrofloresta nas reservas extrativistas?- Onde é que acontecem os debates democráticos que deveriam associar, no momento da realização das pesquisas, os meios científicos com os meios políticos, mas também os meios científicos diretamente com as populações?A iniciativa recente de Janete Capiberibe, deputada federal e presidente da Comissão Amazônia da Câmara Federal, de organizar um Fórum permanente “ciência e tecnologia na Amazônia”, fórum que reúne os principais responsáveis políticos e científicos da região, é uma iniciativa importante, mas insuficiente se as populações não podem entrar na conversa.A pesquisa sobre a Amazônia é, de fato, muito dispersa e muito individualista. E além disso, ela é, em grande parte, realizada por pessoas que não moram na Amazônia, não vivem no dia dia da Amazônia, nem vivem no Brasil: isso não facilita as relações entre pesquisa e sociedade e isso não facilita os debates de programação nacional e internacional.Então, será que a programação científica não é deixada demais nas únicas mãos dos pesquisadores e dos políticos que decidem sobre o dinheiro?Por exemplo, Brasil e França assinaram há pouco, de uma maneira meio escondida, um acordo importante de cooperação científica, tendo como objetivo o conhecimento e a exploração dos recursos biológicos da Amazônia.Como é que esse acordo foi preparado, ao nível dos pesquisadores e também ao nível das populações que não querem continuar a ser roubadas? Esse acordo pode ajudar a construir o desenvolvimento sustentável, mas com a condição que as populações sejam claramente envolvidas, responsabilizadas.
“O cupuaçu é nosso” - gritam, cada vez mais, as multidões da Amazônia: elas têm razão.Quero concluir dizendo que não se deve subestimar a importância das forças democráticas e experimentais que existem na Amazônia. A Amazônia já constitui um grande laboratório de experimentação de procedimentos democráticos ao serviço do bem-estar das sociedades humanas: é necessário ter tempo para conhecer e valorizar essas experimentações.Já se sabe muito sobre os meios e sobre as sociedades da Amazônia. Muitas experiências de estratégias de “desenvolvimento sustentável” já foram realizadas e muitas estão acontecendo agora. O que devemos fazer para que esses conhecimentos sejam utilizados sem mais atraso?
Op-Ed Contributor
Mr. Soddy’s Ecological Economy
By ERIC ZENCEYPublished: April 11, 2009Montpelier, Vt.INNOVATIVE and opaque instruments of debt; greedy bankers; lenders’ eagerness to take on risky loans; a lack of regulation; a shortage of bank liquidity: all have been nominated as the underlying cause of the largest economic downturn since the Great Depression. But a more perceptive, and more troubling, diagnosis is suggested by the work of a little-regarded British chemist-turned-economist who wrote before and during the Great Depression.Frederick Soddy, born in 1877, was an individualist who bowed to few conventions, and who is described by one biographer as a difficult, obstinate man. A 1921 Nobel laureate in chemistry for his work on radioactive decay, he foresaw the energy potential of atomic fission as early as 1909. But his disquiet about that power’s potential wartime use, combined with his revulsion at his discipline’s complicity in the mass deaths of World War I, led him to set aside chemistry for the study of political economy — the world into which scientific progress introduces its gifts. In four books written from 1921 to 1934, Soddy carried on a quixotic campaign for a radical restructuring of global monetary relationships. He was roundly dismissed as a crank.He offered a perspective on economics rooted in physics — the laws of thermodynamics, in particular. An economy is often likened to a machine, though few economists follow the parallel to its logical conclusion: like any machine the economy must draw energy from outside itself. The first and second laws of thermodynamics forbid perpetual motion, schemes in which machines create energy out of nothing or recycle it forever. Soddy criticized the prevailing belief of the economy as a perpetual motion machine, capable of generating infinite wealth — a criticism echoed by his intellectual heirs in the now emergent field of ecological economics.A more apt analogy, said Nicholas Georgescu-Roegen (a Romanian-born economist whose work in the 1970s began to define this new approach), is to model the economy as a living system. Like all life, it draws from its environment valuable (or “low entropy”) matter and energy — for animate life, food; for an economy, energy, ores, the raw materials provided by plants and animals. And like all life, an economy emits a high-entropy wake — it spews degraded matter and energy: waste heat, waste gases, toxic byproducts, apple cores, the molecules of iron lost to rust and abrasion. Low entropy emissions include trash and pollution in all their forms, including yesterday’s newspaper, last year’s sneakers, last decade’s rusted automobile.Matter taken up into the economy can be recycled, using energy; but energy, used once, is forever unavailable to us at that level again. The law of entropy commands a one-way flow downward from more to less useful forms. An animal can’t live perpetually on its own excreta. Neither can you fill the tank of your car by pushing it backwards. Thus, Georgescu-Roegen, paraphrasing the economist Alfred Marshall, said: “Biology, not mechanics, is our Mecca.”Following Soddy, Georgescu-Roegen and other ecological economists argue that wealth is real and physical. It’s the stock of cars and computers and clothing, of furniture and French fries, that we buy with our dollars. The dollars aren’t real wealth, but only symbols that represent the bearer’s claim on an economy’s ability to generate wealth. Debt, for its part, is a claim on the economy’s ability to generate wealth in the future. “The ruling passion of the age,” Soddy said, “is to convert wealth into debt” — to exchange a thing with present-day real value (a thing that could be stolen, or broken, or rust or rot before you can manage to use it) for something immutable and unchanging, a claim on wealth that has yet to be made. Money facilitates the exchange; it is, he said, “the nothing you get for something before you can get anything.”Problems arise when wealth and debt are not kept in proper relation. The amount of wealth that an economy can create is limited by the amount of low-entropy energy that it can sustainably suck from its environment — and by the amount of high-entropy effluent from an economy that the environment can sustainably absorb. Debt, being imaginary, has no such natural limit. It can grow infinitely, compounding at any rate we decide.Whenever an economy allows debt to grow faster than wealth can be created, that economy has a need for debt repudiation. Inflation can do the job, decreasing debt gradually by eroding the purchasing power, the claim on future wealth, that each of your saved dollars represents. But when there is no inflation, an economy with overgrown claims on future wealth will experience regular crises of debt repudiation — stock market crashes, bankruptcies and foreclosures, defaults on bonds or loans or pension promises, the disappearance of paper assets.It’s like musical chairs — in the wake of some shock (say, the run-up of the price of gas to $4 a gallon), holders of abstract debt suddenly want to hold money or real wealth instead. But not all of them can. One person’s loss causes another’s, and the whole system cascades into crisis. Each and every one of the crises that has beset the American economy in recent years has been, at heart, a crisis of debt repudiation. And we are unlikely to avoid more of them until we stop allowing claims on income to grow faster than income.Soddy would not have been surprised at our current state of affairs. The problem isn’t simply greed, isn’t simply ignorance, isn’t a failure of regulatory diligence, but a systemic flaw in how our economy finances itself. As long as growth in claims on wealth outstrips the economy’s capacity to increase its wealth, market capitalism creates a niche for entrepreneurs who are all too willing to invent instruments of debt that will someday be repudiated. There will always be a Bernard Madoff or a subprime mortgage repackager willing to set us up for catastrophe. To stop them, we must balance claims on future wealth with the economy’s power to produce that wealth. How can that be done?Soddy distilled his eccentric vision into five policy prescriptions, each of which was taken at the time as evidence that his theories were unworkable: The first four were to abandon the gold standard, let international exchange rates float, use federal surpluses and deficits as macroeconomic policy tools that could counter cyclical trends, and establish bureaus of economic statistics (including a consumer price index) in order to facilitate this effort. All of these are now conventional practice.Soddy’s fifth proposal, the only one that remains outside the bounds of conventional wisdom, was to stop banks from creating money (and debt) out of nothing. Banks do this by lending out most of their depositors’ money at interest — making loans that the borrower soon puts in a demand deposit (checking) account, where it will soon be lent out again to create more debt and demand deposits, and so on, almost ad infinitum.One way to stop this cycle, suggests Herman Daly, an ecological economist, would be to gradually institute a 100-percent reserve requirement on demand deposits. This would begin to shrink what Professor Daly calls “the enormous pyramid of debt that is precariously balanced atop the real economy, threatening to crash.”Banks would support themselves by charging fees for safekeeping, check clearing and all the other legitimate financial services they provide. They would still make loans and still be able to lend at interest “the real money of real depositors,” in Professor Daly’s phrase, people who forgo consumption today by taking money out of their checking accounts and putting it in time deposits — CDs, passbook savings, 401(k)’s. In return, these savers receive a slightly larger claim on the real wealth of the community in the future.In such a system, every increase in spending by borrowers would have to be matched by an act of saving or abstinence on the part of a depositor. This would re-establish a one-to-one correspondence between the real wealth of the community and the claims on that real wealth. (Of course, it would not solve the problem completely, not unless financial institutions were also forbidden to create subprime mortgage derivatives and other instruments of leveraged debt.)If such a major structural renovation of our economy sounds hopelessly unrealistic, consider that so too did the abolition of the gold standard and the introduction of floating exchange rates back in the 1920s. If the laws of thermodynamics are sturdy, and if Soddy’s analysis of their relevance to economic life is correct, we’d better expand the realm of what we think is realistic.« Previous Page 1 2Eric Zencey, a professor of historical and political studies at Empire State College, is the author of “Virgin Forest: Meditations on History, Ecology and Culture” and a novel, “Panama.”
The Green Issue
Why Isn’t the Brain Green?
By JON GERTNER
Published: April 16, 2009
Two days after Barack Obama was sworn in as president of the United States, the Pew Research Center released a poll ranking the issues that Americans said were the most important priorities for this year. At the top of the list were several concerns — jobs and the economy — related to the current recession. Farther down, well after terrorism, deficit reduction and energy (and even something the pollsters characterized as “moral decline”) was climate change. It was priority No. 20. That was last place.
... ... ... ... ... .... .... .... .... ... 6 pages.....
The Way We Live Now
Natural Happiness
By PAUL BLOOM
Published: April 15, 2009
Why should we care about nature? Should we care about it for its own sake — or for our sake, because it happens to make us happy or healthy? These might not seem like the brightest questions. Few people need convincing that the destruction of rain forests, the mass extinction of species and the melting of the ice sheets in Greenland would all be very bad things. Do we really need to list the reasons?
... ... ... ... ... .. good .. ... ... ... ..
: Governos perdem legitimidade quando não asseguram a seus povos as necessidades mais básicas
Guerras hídricas
Jeffrey D. Sachs
28/04/2009
O suprimento de água é cada vez mais insuficiente em grandes partes do mundo, especialmente em suas regiões áridas
Muitos conflitos são provocados ou inflamados por escassez de água. Conflitos - do Chade a Darfur, ao Sudão, ao deserto Ogaden, na Etiópia, à Somália e seus piratas, bem como no Iêmen, Iraque, Paquistão e Afeganistão -, acontecem em um grande arco de terras áridas onde a escassez de água está provocando colapso de colheitas, morte de rebanhos, extrema pobreza e desespero.
Grupos extremistas como o Taleban encontram amplas possibilidades de recrutamento nessas comunidades empobrecidas. Os governos perdem a sua legitimidade quando não podem assegurar a suas populações as necessidades mais básicas: água potável, culturas para produção de alimentos de primeira necessidade e rações, e água para os rebanhos dos quais as comunidades dependem para sua magra subsistência.
Políticos, diplomatas e generais em países assolados por conflitos normalmente tratam essas crises como enfrentariam qualquer outro problema político ou militar. Mobilizam exércitos, organizam facções políticas, combatem líderes guerreiros locais ou tentam enfrentar extremismos religiosos.
Mas essas reações ignoram o problema estrutural da ajuda às comunidades para satisfazer suas necessidades urgentes de água, alimentos e meios de subsistência. Em consequência, os EUA e a Europa frequentemente gastam dezenas, ou mesmo centenas, de bilhões de dólares para enviar tropas ou bombardeiros para subjugar levantes ou focar "países institucionalmente falidos", mas não enviam um décimo - ou mesmo um centésimo - dessas cifras para enfrentar crises estruturais de escassez de água e subdesenvolvimento.
Os problemas da água não evaporarão por si mesmos. Pelo contrário, irão se agravar, a menos que nós, como comunidade mundial, implementemos uma reação. Uma série de estudos recentes mostra quão frágil é o equilíbrio hídrico para muitas regiões pobres e instáveis do mundo. A Unesco, uma agência das Nações Unidas, publicou recentemente o "The UN World Water Development Report 2009" (Relatório de Desenvolvimento da Água de 2009); o Banco Mundial divulgou aprofundado estudo sobre a India - "India's Water Economy: Bracing for a Turbulent Future" (Economia hídrica indiana: preparando-se para um futuro turbulento) e sobre o Paquistão - "Pakistan´s Water Economy: Running Dry" (Economia hídrica indiana: o agravamento da seca); e a Asia Society divulgou uma visão geral das crises hídricas asiáticas - Asia's Next Challenge: Securing the Region's Water Future" (O próximo desafio asiático: assegurando o futuro hídrico na região).
Esses relatórios contam uma história similar. O suprimento de água é cada vez mais insuficiente em grandes partes do mundo, especialmente em suas regiões áridas. O rápido agravamento da escassez de água reflete o crescimento populacional, o esgotamento da água subterrânea, desperdício e poluição, e os enormes e cada vez mais desastrosos efeitos das mudanças climáticas resultantes da atividade humana.
As consequências são dolorosas: seca e fome, perda de condições de subsistência, disseminação de enfermidades transmitidas pela água, migração forçada e até mesmo conflitos armados. Soluções práticas incluem muitos componentes, entre eles melhor gestão de recursos hídricos, tecnologias mais aperfeiçoadas para aumentar a eficiência do uso da água e novos investimentos assumidos em conjunto por governos, pelo setor empresarial e por organismos cívicos.
Tenho visto essas soluções em Vilas do Milênio na África rural - um projeto em que meus colegas e eu estamos trabalhando com as comunidades pobres, governos e empresas para encontrar soluções práticas para os desafios de extrema pobreza rural. No Senegal, por exemplo, uma importante fabricante mundial de tubos, a JM Eagle, doou mais de 100 quilômetros de tubulações para permitir que uma empobrecida comunidade possa unir forças com a PEPAM, uma agência hídrica estatal, para levar água potável a dezenas de milhares de pessoas. O projeto como um todo é tão economicamente viável, reproduzível e sustentável que a JM Eagle e outras parceiras empresariais agora assumirão esforços similares em outras regiões da África.
Mas futuras "tensões hídricas" serão disseminadas em países tanto ricos como pobres. Os EUA, por exemplo, incentivaram um crescimento populacional acelerado em Estados de seu árido sudoeste nas últimas décadas, apesar da escassez de água que as mudanças climáticas provavelmente intensificarão. A Austrália também está enfrentando graves secas no celeiro agrícola na bacia do rio Murray-Darling. A bacia mediterrânea, compreendendo o sul da Europa e o norte da África provavelmente também registrarão graves secas como resultado das mudanças climáticas.
No entanto, a natureza precisa da crise hídrica será diversificada, com pressões variadas em diferentes regiões. Por exemplo, o Paquistão, um país já árido, sofrerá as pressões de um rápido aumento da população, que cresceu de 42 milhões em 1950 para 184 milhões em 2010, e poderá crescer ainda mais, para 335 milhões em 2050 - um cenário "médio", segundo a ONU. Ainda pior, os agricultores já estão extraindo água subterrânea, que está sendo exaurida devido a bombeamento excessivo. Além disso, em torno de 2050, as geleiras do Himalaia que alimentam os rios paquistaneses poderão ter derretido, devido ao aquecimento mundial.
Soluções terão de ser encontradas em todas as "escalas", ou seja, necessitaremos soluções hídricas no âmbito de comunidades individuais (como no projeto de água encanada no Senegal), ao longo de um rio (ainda que cruze fronteiras nacionais), e em nível mundial, por exemplo, para eliminar os piores efeitos das mudanças climáticas em todo o mundo. Soluções duradouras exigirão parcerias entre governos, empresas e sociedade civil, cuja gestão e negociação poderá ser difícil, uma vez que esses diferentes setores da sociedade frequentemente têm pouca ou nenhuma experiência em lidar uns com os outros, e podem manifestar considerável desconfiança mútua.
A maioria dos governos está mal equipada para lidar com graves problemas hídricos. Os quadros de pessoal em ministérios encarregados de problemas hídricos são usualmente formados por funcionários públicos engenheiros e generalistas. Mas soluções duradouras para problemas hídricos exigem uma ampla gama de conhecimentos especializados sobre clima, ecologia, agricultura, população, engenharia, economia, política comunitária e culturas locais. Autoridades governamentais também necessitam habilidade e flexibilidade para trabalhar com comunidades locais, empresas privadas, organizações internacionais e possíveis doadores
Um próximo passo crucial é reunir líderes científicos, políticos e empresariais de sociedades que compartilhem os problemas da escassez de água - por exemplo, o Sudão, Paquistão, EUA, Austrália, Espanha e México - para gerar ideias inovadoras sobre abordagens criativas para superá-los. Esse tipo de aglutinação de forças permitiria um compartilhamento de informações capaz de salvar vidas e economias. Isso também enfatizaria uma verdade básica: o desafio comum do desenvolvimento sustentável deve unificar um mundo dividido por rendas, religiões e geografia.
Jeffrey D. Sachs é professor de Economia e diretor do Instituto Terra, da Universidade da Columbia. Ele é também conselheiro especial do Secretário Geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. © Project Syndicate/Europe´s World, 2009. http://www.project-syndicate.org/
Responsabilizar só os países avançados pelas emissões de carbono não funcionará
Fugindo do combustível fóssil
Michael Spence
26/11/2009
É crucial a transferência de tecnologia para que os países em desenvolvimento cresçam e restrinjam suas emissões
Há muitos problemas com os combustíveis fósseis. Eles são caros e fonte de volatilidade política e de oferta. À medida que o consumo cresce globalmente, os custos associados a eles aumentarão acentuadamente. Pior, envolvem custos expressivos e insustentáveis em termos de emissões de carbono. Na verdade, a contribuição deles para os crescentes níveis de CO2 na atmosfera está começando a ofuscar os demais problemas.
Mas o uso dos combustíveis fósseis e, consequentemente, as emissões mais elevadas de CO2, parece andar de mãos dadas com crescimento. Esse é o problema central que o mundo enfrenta, enquanto procura criar uma estrutura para combater a mudança climática. Comparado aos países avançados, o mundo em desenvolvimento tem agora baixos níveis de renda per capita e baixos níveis per capita de emissões de carbono. Impor duras restrições ao crescimento das suas emissões poderá obstruir o crescimento dos seus PIBs e restringirá sua capacidade de sair da pobreza.
O mundo em desenvolvimento também tem uma grave objeção de equidade a pagar pela redução da mudança climática. Os países avançados são coletivamente responsáveis por grande parte do estoque atual de carbono na atmosfera, bem como por uma expressiva (embora declinante) parcela das emissões anuais do mundo. Consequentemente, argumentam os representantes do mundo em desenvolvimento, os países avançados deveriam assumir a responsabilidade pelo problema.
Mas uma simples transferência da responsabilidade aos países avançados, por meio da isenção dos países em desenvolvimento do processo de mitigação não funcionará. Para ter êxito, uma estratégia de combate à mudança climática não precisa apenas ser justa, precisa ser também eficaz. Se permitirem que os países em desenvolvimento cresçam sem uma mitigação correspondente nas suas emissões de carbono, as emissões médias de CO2 per capita ao redor do mundo praticamente dobrarão nos próximos 50 anos, para praticamente quatro vezes o nível seguro, independente do que fizerem os países desenvolvidos.
Os países avançados não podem por si mesmos garantir que os níveis globais seguros de CO2 sejam alcançados. E apenas esperar que os países em desenvolvimento, em crescimento acelerado, alcancem os países avançados é uma solução ainda pior.
Dessa forma, o maior desafio do mundo é planejar uma estratégia que estimule o crescimento no mundo que está hoje em desenvolvimento, mas dentro de uma rota que se aproxime dos níveis globais seguros de emissão de carbono em 50 anos.
A forma de alcançar esse objetivo é dissociar a questão de quem paga pela maioria dos esforços para mitigar a mudança climática da questão de onde, geograficamente, esses esforços ocorrem. Em outras palavras, se os países avançados absorverem os custos de mitigação no curto prazo, enquanto os esforços de mitigação reduzem o crescimento das emissões nos países em desenvolvimento, o conflito entre o crescimento dos países em desenvolvimento e o êxito em limitar as emissões globais pode ser conciliado ou, pelo menos, substancialmente reduzido.
Essas considerações sugerem que não deve ser imposto nenhum tipo de meta de redução de emissões aos países em desenvolvimento até que eles se aproximem de níveis de PIB per capita comparáveis aos dos países desenvolvidos. Embora essas metas devam ser impostas pelos próprios países avançados, é preciso deixar que eles cumpram as suas obrigações, pelo menos em parte, pagando para reduzir as emissões nos países em desenvolvimento (onde esses esforços possam render maiores benefícios).
Um corolário crucial dessa estratégia é a transferência de tecnologia em larga escala aos países em desenvolvimento, para que cresçam e, ao mesmo tempo, restrinjam suas emissões. Quanto mais perto esses países estiverem de ser incluídos no sistema de restrições, maior será o incentivo para que eles mesmos façam investimentos adicionais para mitigar as emissões.
O mundo já aceitou o princípio básico de que os países ricos é que devem arcar mais com o custo da mitigação da mudança climática. O Protocolo de Kyoto estipulou um conjunto de "responsabilidades comuns, mas diferenciadas" que implicam papéis assimétricos a países avançados e em desenvolvimento, mas que estipula uma evolução gradual das obrigações dos países em desenvolvimento à medida que crescem.
Os ingredientes para uma barganha dessa magnitude são razoavelmente claros. Os países avançados serão requisitados a reduzir suas emissões de CO2 a uma taxa substancial, ao passo que as emissões nos países em desenvolvimento poderão aumentar para dar lugar a crescimento econômico veloz e se equiparar aos avançados. A meta não é evitar as emissões relacionadas com crescimento dos países em desenvolvimento, mas diminuir sua escalada.
A melhor forma de implantar essa estratégia é usar o "mercado de crédito de carbono" nos países avançados, onde cada país recebe certa quantidade de créditos de carbono para determinar os seus níveis permissíveis de emissão. Se um país exceder seu nível de emissões, ele deverá comprar créditos adicionais de outros países, com níveis de emissão inferiores aos permitidos. Mas um país avançado pode também empreender esforços de mitigação no mundo em desenvolvimento e, assim, ganhar créditos adicionais equivalentes ao valor pleno dos seus esforços de mitigação (permitindo, assim, mais emissões no seu país).
Esse sistema desencadearia buscas empresariais por oportunidades de mitigação de baixo custo nos países em desenvolvimento, pois os países ricos iam querer pagar menos, reduzindo as emissões no exterior. Consequentemente, a mitigação seria mais eficiente e os gastos dos países avançados gerariam maiores reduções globais de emissões.
Quanto aos países em desenvolvimento, apesar de eles não terem créditos ou metas explícitos até serem promovidos à condição de países avançados, eles devem saber que em algum ponto (digamos, quando suas emissões de carbono atingirem o nível mediano dos países avançados) eles serão incluídos no sistema global de restrições. Isso lhes proporcionaria um incentivo, mesmo antes daquele ponto, para tomarem decisões relativas a políticas de preços e de eficiência em energia, que reduziriam o crescimento das suas emissões sem retardar o crescimento econômico e, assim, prolongariam o período em que seus níveis de emissão permanecessem irrestritos.
Não se deve permitir que conflitos entre países avançados e em desenvolvimento em torno da responsabilidade pela mitigação das emissões de carbono prejudiquem as perspectivas para um acordo global. Uma solução justa é tão complexa quanto o próprio desafio da mudança climática, mas ela certamente é possível.
Michael Spence foi premiado com o Nobel de Economia em 2001 e é professor emérito da universidade Stanford. Ele preside a Comissão sobre Crescimento e Desenvolvimento. Project Syndicate, 2009. www.project-syndicate.org. Podcast no link http://media.blubrry.com/ps/media.libsyn.com/media/ ps/20091120Spence3.mp3
Duas teses sobre a sustentabilidade global
José Eli da Veiga24/11/2009
A urgente necessidade de mecanismos que reduzam a imensa disparidade de capacidades tecnológicas entre o primeiro mundo e a semiperiferia foi muito bem enfatizada em vários relatórios de organizações internacionais dedicados à questão climática publicados em 2009. Mas nada permite supor que mudança de tão profundas implicações histórico-estruturais possa ocorrer no prazo requerido pela contenção do aquecimento global.
Então, no horizonte de tempo que autoriza cenários, a transição ao baixo carbono continuará essencialmente determinada pela execução dos planos que estão sendo estabelecidos por países que dispõem de alta capacitação tecnológica. Por enquanto é difícil imaginar quando os emergentes poderão sair da tremenda inferioridade em que se encontram. O que certamente fará com que entre eles a transição seja muito mais difícil e lenta.
Também é inevitável que essa disparidade leve os mais avançados a criar vários tipos de barreiras a importações de mercadorias produzidas em países que mantenham altas intensidades de emissões. No relatório elaborado em parceria com o Pnuma, a OMC já deixou claro que existem dispositivos que autorizam a criação de novas barreiras por países que tenham criado mecanismos econômicos de mitigação (como imposto ou "cap and trade"). Só será necessário que eles demonstrem que não se trata de "discriminação arbitrária ou injustificável", ou de uma "disfarçada restrição ao comércio internacional".
Nesse contexto, os fatos que mais permitem raciocinar sobre o rumo que poderá tomar a descarbonização são as iniciativas nacionais que já estão em curso em alguns países-chave do primeiro mundo. Particularmente na Inglaterra e na França.
O Reino Unido havia sido a primeira nação a legislar sobre a meta de cortar 80% das emissões até 2050 e a lançar a ideia de elaborar "orçamentos quinquenais de carbono" até 2022. Agora um plano estabelece o primeiro desses orçamentos com o objetivo de chegar em 2020 com emissões 18% inferiores às de 2008. O que significará um corte superior a um terço se a referência for 1990, pois já houve uma queda de 21%, praticamente o dobro da meta assumida no Protocolo de Kyoto.
Para que essa ambição fique mais clara, deve-se notar a mudança de velocidade pretendida. Nos 18 anos iniciais (1990-2008) a taxa média de redução dessa queda recorde foi de 1% ao ano. Agora se pretende que nos 11 anos seguintes (2009-2020) essa taxa média de redução passe a 1,4%. E o texto reafirma que o Reino Unido poderá até fazer mais do que isso se um acordo global vier a ser mais consistente que o Protocolo de Kyoto.
A França também tem um objetivo bem ambicioso para 2050: cortar 3/4 de suas emissões. Mas lá os debates públicos levaram a uma decisão bem diferente: a criação de uma Taxa Carbono, que em 2010 será de 17 euros por tonelada de CO2, incidindo sobre o consumo de combustíveis fósseis (não sobre a eletricidade). E com uma novidade muito importante: a arrecadação será inteiramente devolvida à população por deduções do imposto de renda, ou pelo envio de um "cheque verde" aos isentos.
O problema mais sério é que esse tipo de iniciativa, mesmo que se multipliquem, não garantirá efetiva redução da insustentabilidade global. Essa é a segunda principal tese do livro "Mundo em transe: do aquecimento global ao ecodesenvolvimento", que será lançado em 14 de dezembro com debate promovido pelo Instituto Ethos no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
A primeira versa sobre questão muito mais atual: para o prosseguimento da transição ao baixo carbono, pouco importará o desfecho da cúpula de Copenhague.
A predisposição a se engajar nessa transição tem sido essencialmente determinada pela preocupação de cada nação com a sua própria segurança energética e pela confiança que pode ter em sua capacitação para aproveitar as oportunidades ligadas à próxima onda longa do desenvolvimento capitalista. Em processo cada vez menos influenciado pelos setores econômicos e segmentos sociais que serão prejudicados pelo encarecimento do uso de energias fósseis.
Algo que parece valer para todos, inclusive para os grandes emissores da semiperiferia, como é o caso do Brasil. No entanto, ao contrário do que ocorre nos países mais desenvolvidos, os emergentes não têm como confiar na geração própria das inovações necessárias à descarbonização de suas economias. Por isso, ainda tendem a encarar a transição mais como sacrifício ao seu crescimento econômico do que do que trunfo em novos mercados e novos negócios.
A ressalva é muito importante, pois dos 20 países que mais contribuíram em termos absolutos para o aumento de 60% das emissões globais de 1980 a 2006, entre 12 e 15 são emergentes, a depender de como se classifique os tigres Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura. Somente cinco são indiscutivelmente do pequeno clube dos desenvolvidos: Estados Unidos, Japão, Austrália, Espanha e Canadá.
Por isso, o que mais influenciará o rumo da transição ao baixo carbono serão as vias que forem abertas aos países desse "segundo mundo" para que não fiquem na dependência de perversas transferências de tecnologia. Ao contrário, que possam se beneficiar de esquemas de cooperação na montagem de seus próprios sistemas de ciência, tecnologia e inovação.
A China tem mostrado muita clareza sobre essa prioridade em todas as negociações bilaterais, principalmente com os EUA. Certamente devido à sua imensa dependência do carvão e por precisar muito da energia nuclear, busca saídas mais pragmáticas para uma equação energética muito difícil de ser resolvida numa sociedade com economia que não pode crescer menos de 8% ao ano.
Ao contrário do Brasil, cuja evolução da atitude governamental só evidencia a ausência de uma estratégia nacional. Em grande parte resultante do comodismo induzido pela ideia de que possui uma das mais limpas matrizes energéticas do mundo. E também, é claro, pelas divergências entre os ministérios envolvidos que refletem clivagens existentes entre os segmentos mais organizados da sociedade civil.
José Eli da Veiga, professor titular da USP (FEA e IRI), escreve mensalmente às terças. web: http://www.zeeli.pro.br/
Reportagem de Capa: Todos sabem que a Conferência do Clima de Copenhague foi um fracasso. O que pouca gente sabe é o que aconteceu nas três caóticas reuniões em que ela foi definida.
Triste madrugada foi aquela
Por Daniela Chiaretti, de Copenhague e de São Paulo22/01/2010
Da esq. para a dir., José Manuel Durão Barroso, Angela Merkel, Frederik Reinfeldt, Nicolas Sarkozy, Barack Obama e Gordon Brown, entre outros: festival de improvisos
O diálogo abaixo poderia ser o roteiro de um filme hollywoodiano. Não é. É vida real, muito real. Alguns dos homens mais poderosos do mundo são citados nele. Tente descobrir do que se trata:
- Tenho que perguntar por que vocês não investigaram melhor, e não estou falando investigar no sentido da CIA, para descobrir onde aquelas pessoas estavam.
- Nós fizemos isso. Pensamos que eles estavam no aeroporto, foi o que nos disseram.
- Mas aquela era uma área fechada. Por que, então, ninguém da administração sabia onde aquelas pessoas realmente estavam?
- Bem, não é nosso trabalho saber onde está o primeiro-ministro Singh se nos dizem que ele foi para o aeroporto!
- É que geralmente nestas cúpulas há um monte de "sherpas" rastreando o que está havendo e...
- Olha: nos disseram que eles estavam no aeroporto. Falaram para a gente que as delegações haviam se dividido, que não iriam nos encontrar, que Zuma não viria, a menos que os outros dois se juntassem a ele.
Alguma pista? O primeiro-ministro Singh citado é mesmo o líder indiano Manmohan Singh e Zuma é, sim, Jacob Gedleyihlekisa Zuma, o presidente da África do Sul. O lugar fechado é o Bella Center, o centro de convenções na capital da Dinamarca que ficou mundialmente conhecido no fim de 2009 por abrigar a CoP-15, a conferência do clima de Copenhague. Foi lá que, durante 13 dias, estiveram reunidos milhares de pessoas de quase 200 países entre gente de governo, ambientalistas, cientistas, artistas, estudantes e curiosos, para tentar chegar a um acordo climático que salvasse o mundo dos efeitos do aquecimento global. Não deu muito certo, já se sabe. Mas, nos últimos três dias do evento, Copenhague recebeu um número nunca antes visto de chefes de Estado. E foi aí que a bagunça dos primeiros dias virou um caos institucional.
O economista indiano Singh e o sul-africano Zuma são dois dos quatro líderes do Basic, o grupo das economias emergentes formado por Brasil, África do Sul, Índia e China. Eles também foram protagonistas de uma das três reuniões cruciais da CoP-15, a que ficou conhecida como o encontro entre o grupo dos Basic e Obama. A imagem dessa turma estampou jornais, revistas, sites e blogs do mundo todo no fim da cúpula. A foto exibe de um lado da mesa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, à sua direita, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A careca de Zuma é visível em um dos cantos. Singh, de turbante azul, está do outro lado. Em frente de Obama, o premiê chinês Wen Jiabao. O mais incrível de tudo isso é que essa reunião multilateral ocorreu meio por acaso, no vácuo protocolar deixado pela situação insólita de ter tantos chefes de Estado no mesmo prédio ao mesmo tempo e pela falta de força da presidência da CoP exercida pelo primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Rasmussen.
AP
Lula, Obama, Zuma, Wen Jiabao, entre outros, em reunião multilateral que ocorreu meio por acaso, no vácuo protocolar deixado pela situação insólita de ter tantos chefes de Estado no mesmo prédio
O trecho da conversa acima ocorreu a bordo do Air Force One, o avião que carrega o presidente dos Estados Unidos em suas viagens. O diálogo se deu no ar, na noite daquela sexta-feira, 18 de dezembro, em algum lugar do trajeto entre Copenhague e Washington, depois que Obama, a secretária de Estado Hillary Clinton e outras pessoas da comitiva deixaram a Dinamarca. Quem fala é um graduado funcionário da Casa Branca. Ele tenta explicar aos seus interlocutores um dos enigmas da CoP-15: como aconteceu a reunião entre Obama e o povo do Basic. Ali o destino da Conferência de Copenhague foi selado. Mas o jeito como a reunião multilateral foi realizada parece ter sido obra do acaso, de relógios mal sincronizados ou de uma inacreditável jogada chinesa. A explicação americana alimenta o incrível caos daqueles dias nórdicos. Leia mais um trecho:
- (...) O que eu quero deixar claro é que não entramos e interrompemos um tipo de encontro secreto, ok? O motivo pelo qual aparecemos naquela sala foi os chineses terem adiado a reunião bilateral das 18h15 para as 19 horas. Eram 19 horas e nós, então, fomos para o nosso compromisso. A nossa presença naquela sala era esperada... (...)
- Por Wen.
- Isso. Se os outros... Bem, nós não sabíamos que os outros três estavam ali até a hora em que entramos.
- E vocês contaram isso ao presidente? Alguém ficou bravo?
Site oficial da Casa Branca
O presidente dos EUA, Barack Obama, e o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, caminham pelos corredores do Bella Center
Muita gente ficou brava, soube-se depois, no que viria a ser aquela triste madrugada. Mas naquele momento, quando Obama estava a caminho do que pensava ser um encontro bilateral entre ele e o premiê Wen, e soube que ali encontraria também os outros três chefes, teria dito apenas "bom".
Obama estava tendo um dia intenso. De manhã, quando o homem mais esperado do mundo desceu do Air Force One no aeroporto de Copenhague, nevava uma barbaridade. Seguiu para o Bella Center e seu discurso em plenário, logo após a fala espontânea e muito aplaudida do presidente Lula, foi frio como a temperatura lá fora. Obama saiu do salão sem ouvir mais ninguém, o que pareceu arrogante e descortês. Foi se encontrar, numa saleta ali atrás, com Wen Jiabao. Segundo o relato da agência de notícias chinesa Xinhua, a conversa entre os dois seguiu na mesma toada do encontro entre Obama e o presidente Hu Jintao em novembro: "Os dois líderes concordaram que os países participantes da conferência deveriam conseguir uma decisão política o mais rápido possível e continuar a cooperação em mudança climática", reportou a Xinhua.
Nas reuniões que teve durante o dia, não encontrou mais o líder chinês, sempre algum subalterno. Uma bela hora, chamou seu staff e disse que não queria desordenar ainda mais a situação e pretendia falar só com o primeiro-ministro Wen. Os americanos foram atrás dos chineses para arranjar o encontro. Em outro momento, Obama também disse que gostaria de se reunir com os outros três chefes do Basic, Lula, Singh e Zuma. Sua equipe foi atrás de marcar uma segunda reunião. E aí começou uma grande trapalhada.
O pessoal de Obama soube que Singh já estava no aeroporto, voltando para a Índia. O Brasil, segundo o relato no Air Force One, disse que iria se os indianos fossem. Zuma, da África do Sul, pensou que todo mundo iria e topou - mas recuou quando soube que não era assim. Nesse meio tempo, os chineses ligaram para seus colegas americanos e pediram um adiamento em seu encontro bilateral, das 18h15 para as 19 horas. Obama soube momentos antes de entrar na sala que a reunião era com todo mundo. Talvez por isso tenha dito ao assessor: "Bom".
A tal reunião estava acontecendo no segundo andar do Bella Center, um lugar meio confuso, atrás de uma galeria com lojas de roupas e móveis, sempre fechadas, e não se entendia bem o que faziam por lá. Havia uns corredores labirínticos com saletas montadas com paredes de divisórias. Não existia nenhuma placa nas portas. Os seguranças dinamarqueses e das Nações Unidas barravam intrusos, jornalistas e delegados. "Também fui barrado e só me liberaram quando olharam meu crachá e eu disse que tinha que ir a uma reunião promovida pelos chineses" conta ao Valor um diplomata do Basic. "Fui atrás de alguns chineses que mal falavam inglês e imaginei que seriam seguranças. Encontrei a sala e entrei."
Reuters
"Não há planeta B", adverte placa em Copenhague, antes do fracasso da conferência: dia 31 é a data sugerida por acordo para que os países ricos definam metas de redução de gases-estufa e os outros descrevam suas ações
Era pequena e precária, com uma mesa no centro e cadeiras encostadas nas paredes. Apertada, não tinha espaço livre e várias pessoas estavam em pé. Algumas cadeiras estavam ocupadas por casacões. O presidente Lula tinha de um lado o tradutor e o chanceler Celso Amorim e, do outro, a ministra Dilma Rousseff. Também estava lá o assessor da Presidência para assuntos internacionais Marco Aurélio Garcia. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, chegou depois. O tema principal era o MRV e a preocupação da China com o assunto.
A sigla ganhou fama internacional nos últimos dias de Copenhague e foi um dos maiores embates da cúpula. Significa como medir, reportar e verificar as ações que os países em desenvolvimento farão para reduzir suas emissões de gases-estufa. Nos dias que antecederam a chegada dos líderes, o tópico virou cabo de guerra entre americanos e chineses e travava as negociações. Os primeiros exigiram transparência; os outros diziam que essa espécie de auditoria é válida quando as tais ações forem financiadas com dinheiro de fora. Mas, se quem banca é o próprio país, não, obrigada, de jeito nenhum ou isso se chama interferência, argumentavam os chineses.
Os sul-africanos pouco falavam. Os indianos não são tão radicais nesse tema quanto os chineses e escutavam. O presidente Lula e o chanceler Celso Amorim tentavam convencer os chineses a encontrar uma saída para o impasse. Lula dizia que entendia perfeitamente a preocupação chinesa porque tínhamos um trauma na América Latina e no Brasil, especialmente, com a ingerência do Fundo Monetário Internacional nos anos 80. Amorim pediu licença para falar diretamente em inglês e lembrou que alguns técnicos do FMI, nessa época, eram tão famosos quanto os jogadores de futebol, porque davam entrevistas toda hora. Mas que havia de se achar um jeito para que esse item fosse negociado e que, veja bem...
Começaram a escutar um vozerio. Havia uma porta de correr, de vidro, com uma cortina. De repente, a porta se abriu e Obama colocou meio corpo para dentro. "Vocês estão prontos para mim?" perguntou. Havia 20 a 30 pessoas na sala. A maioria não escondeu a surpresa. No relato da Xinhua eram 18h50. Obama sorriu e perguntou se deveria entrar ou esperar fora. Wen se levantou e o convidou a se juntar ao grupo.
Não havia cadeiras vazias. "Não se preocupem, vou me sentar perto do meu amigo Lula", disse Obama. Hillary Clinton sentou-se perto dele. "Várias pessoas me perguntaram depois se ele foi convidado ou se ele se intrometeu lá. Eu não sabia que ele viria", conta um negociador brasileiro. "Não posso jurar, mas custo a acreditar que numa reunião convocada pelos chineses, que prezam tanto essas formalidades, de cultura milenar, alguém possa chegar de repente..."
Até a véspera ninguém sabia com certeza se Obama viria mesmo a Copenhague. Na quarta-feira, o presidente americano havia telefonado a Lula para saber o andar da carruagem. Estava reticente. Alegou que vivia um momento delicado nos EUA porque o Congresso votava o projeto da saúde, a principal bandeira de seu governo até aquele momento. Obama temia se ausentar do país e sofrer uma derrota. Argumentou que estaria bem representado no evento pela secretária de Estado, Hillary Clinton, e por autoridades da área ambiental.
Sem nenhum constrangimento (fato testemunhado por ministros, assessores e por um boquiaberto chanceler Celso Amorim), Lula refutou o colega americano. Disse que, se já estava difícil chegar a um entendimento na CoP-15, mais difícil seria alcançá-lo sem a presença dos líderes. O presidente brasileiro foi incisivo e insistiu que Obama viesse a Copenhague e antecipasse a viagem. O americano disse que não podia chegar antes. Ali começaram a se explicitar as diferenças e a questão MRV veio à tona. Obama teria usado a imagem do FMI para sugerir uma saída. "Olha", sugeriu Lula, "essa não é uma boa comparação."
Lula chegou à capital dinamarquesa na terça à noite. Logo ao chegar se deu conta de que o impasse era grande, a confusão estava instaurada e a coordenação da conferência, complicada. No dia seguinte, recebeu uma romaria de chefes de Estado no seu hotel. Wen Jiabao foi o primeiro e explicou que a ideia de existir um G-2 entre China e Estados Unidos não era bem assim e os chineses buscavam um bom entendimento entre Índia, África do Sul e Brasil. Causou boa impressão. Depois foi o primeiro-ministro britânico Gordon Brown quem veio pedir ajuda. "Brown disse que o quadro estava ruim, que a CoP estava se deteriorando", conta uma fonte do governo brasileiro. O primeiro-ministro dinamarquês Rasmussen também apareceu e citou as grandes dificuldades que enfrentava. "Ficamos mais preocupados porque sentimos uma espécie de desgoverno naquilo tudo, de anomia", afirma um observador da conversa.
Os chefes de Estado foram ocupando espaço num cenário complexo e numa conferência com a liderança contestada. Os dinamarqueses, autores de um texto de acordo que muita gente conhecia, mas vazou de forma atrapalhada, foram pouco habilidosos e provocaram mais desconfiança no processo. Com mais de cem líderes reunidos era difícil manter o protocolo, marcar reuniões, avisar os outros. Cada um tem sua versão do caos e dos encontros misteriosos. Para os chineses, as coisas mal explicadas aconteceram na quinta-feira à noite, no banquete oferecido aos chefes de Estado pela rainha dinamarquesa Margrethe II. Ali, diz a Xinhua, o premiê Wen soube que os EUA promoveriam uma reunião rápida entre vários líderes depois do jantar e a China não tinha sido incluída. A partir daí, o caldo entornou mais. Na manhã seguinte, o último dia da cúpula, Wen propôs o encontro entre os países do Basic.
Depois do jantar da rainha ocorreu a primeira das três reuniões fundamentais que selaram o destino de Copenhague. Ela foi convocada pelo presidente francês Nicolas Sarkozy e pelo presidente Lula. O francês havia dito a Lula que aquilo não era possível e era preciso aproveitar a presença dos principais interlocutores da questão climática e tentar chegar a um acordo. A chanceler alemã Angela Merkel também passara pelo hotel do brasileiro e falou na mesma linha - que o impasse persistia pela falta de condução. Os Estados Unidos, limitados pelo Congresso, não saíam do lugar; a Europa, por causa disso, mantinha suas posições e se retraía; e a China começava a jogar muito na retranca. O universo parecia conspirar contra qualquer êxito em Copenhague.
Foi o banquete da rainha terminar para que cerca de 30 líderes tomassem o rumo do Bella Center. Lula levou Dilma, o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, chefe dos negociadores brasileiros, e Minc. Sarkozy avisou que Angela Merkel e Gordon Brown estavam de acordo com o pedido de reunião. "Tudo isso foi muito mal organizado, o chinês não estava avisado, foi uma muvuca", diz a fonte do governo brasileiro.
A reunião começou às 23 horas e terminou às 2h30. Antes das 2 horas, Lula deixou o encontro sem falar muito. Apenas disse: "Estou rindo para não chorar". De novo a coisa foi confusa. A sala era pequena e sem tradução. "Foi se exacerbando a percepção de um processo dominado pelos anglo-saxões ocidentais", diz Elise Buckle, gerente de energia e clima da WWF França. Ali estavam Brown, Angela e Sarkozy. Havia líderes da Suécia, Espanha, Dinamarca e Noruega. Hillary representava os EUA. Estavam também representantes do Japão, da Austrália e da Rússia. Os Basic, todos. México, Colômbia, Indonésia, Coreia do Sul, Etiópia, Argélia, Sudão, Lesoto, Bangladesh, Arábia Saudita, Granada e Maldivas. "Foi uma espécie de G-27 envolvendo os grandes emissores, com representação geográfica e também dos blocos de negociação", conta Elise. Também se tratava de uma tentativa de acelerar os trabalhos antes da chegada de Obama, que, pensava-se, ficaria apenas quatro horas em solo dinamarquês.
No intervalo da reunião de emergência, Carlos Minc falou sobre os tópicos que estavam sendo listados no encontro. Um deles discutia a elevação do corte de emissão de gases-estufa pelos países ricos do nível de 50% para 80% em 2050. O corte global seria de 50%, uma ideia que Brasil e França já haviam apoiado em novembro. Havia algo também sobre finanças: US$ 10 bilhões nos três primeiros anos, US$% 50 bilhões a partir de 2015 e US$ 100 bilhões a partir de 2020. Desses recursos 40% iriam para os países africanos e 20% para as florestas. Mas a China e a Índia bloqueavam a ideia de ter no texto o corte global de emissões de 50% em 2050. A Índia, o mais pobre país dos Basic, usa o conceito de espaço de carbono na atmosfera para dizer que o país ainda tem muita pobreza e justificar seu direito de se desenvolver e emitir.
Na última manhã começou a segunda reunião fundamental da CoP-15. Era basicamente uma continuidade do encontro da noite anterior, mas com um texto sobre a mesa. Inicialmente, a versão era dinamarquesa e muito calcada no que os EUA queriam. Surgiu, também, uma versão franco-brasileira. As sugestões da União Europeia eram muito mais ambiciosas. Fechados o dia todo em uma pequena sala, 26 ou 27 chefes de Estado ficaram escrevendo, de próprio punho, suas anotações do acordo, anotando vírgulas e mudando termos. Obama juntou-se a esse grupo e passou ali várias horas, sentado entre Gordon Brown e o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi. "Ficamos perplexos", diz um diplomata brasileiro. "Nunca se havia visto algo assim, de líderes desse calibre de lápis na mão, botando vírgula, um engajamento muito grande."
Mas mesmo assim, todo mundo sabe, não rolou. Há muitas versões para o fracasso da conferência de Copenhague e para a desordem inacreditável das últimas horas. Nos dias entre o Natal e o Ano Novo, a imprensa britânica publicou artigos que culparam a China pelo naufrágio da cúpula. Ed Miliband, o secretário do clima britânico, disse que não poderiam permitir que as negociações de pontos concretos fossem "sequestradas dessa forma", afirmou ser ultrajante que os procedimentos das Nações Unidas permitam que alguns poucos países bloqueiem um acordo internacional e apontou seu dedo para a China. Também culpou Sudão, além da Bolívia e de outros países da América Latina que rejeitaram o acordo nas últimas horas da plenária. "A Bolívia tem sido muito ativa nas discussões internacionais do clima", registra um diplomata brasileiro. "Esse foi um erro político do acordo. Custava ter chamado a Bolívia a participar também?"
A imprensa dinamarquesa também saltou na jugular dos que votaram contra o acordo no final - o pequeno arquipélago de Tuvalu, Venezuela, Bolívia, El Salvador, Nicarágua e Cuba. Como as decisões das Nações Unidas só podem ser tomadas por consenso, o acordo de Copenhague não se tornou uma decisão da ONU nem da CoP. Acabou às margens da Convenção do Clima, tem a visibilidade de uma nota de rodapé. Sem outro precedente na legislação internacional, deixa as negociações num momento delicado e perigoso. E houve quem criticasse os Estados Unidos, eternos reféns de seu Congresso, que não cederam, ou cederam muito pouco, em suas promessas e propostas. Angela Merkel, a chanceler alemã, foi uma das pessoas que cobraram mais de Barack Obama, na sexta-feira. "Ela falou duro, pressionou os Estados Unidos dizendo que suas propostas de corte de emissão não eram suficientes, falou também com os chineses", conta um negociador europeu. "Merkel repetia 'não podemos sair desta sala sem algo ambicioso'."
Um relato da reunião que circulou pouco antes do Natal, publicado pelo jornal britânico "The Guardian" e escrito por Mark Lynas, que participou do encontro como um dos membros da delegação das Maldivas, põe a culpa da derrocada na conta da China. Foi a China, diz ele, que mandou tirar os 80% de corte pelos países desenvolvidos em 2050. "Por que motivo não podemos sequer mencionar as nossas metas?", teria dito uma furiosa Angela Merkel, os braços erguidos. Os brasileiros também ficaram perplexos. "Agora sabemos o porquê", escreveu Lynas. "Porque a China apostou corretamente que Obama levaria a culpa pela falta de ambição do acordo de Copenhague." A China foi tirando os números que importavam. Definir que o mundo tem que atingir o pico das suas emissões em 2020 e depois cair é essencial para segurar o aumento da temperatura em 2º C. Isso foi retirado e a linguagem ficou vaga.
O presidente das Maldivas, Mohamed Nasheed, apoiado por Gordon Brown, reagiu: "Como você pode pedir que meu país deixe de existir?" O delegado chinês mostrou-se muito contrariado e deixou o número ficar, mas com uma linguagem vaga que torna tudo meio sem sentido, diz Lynas.
"Tem alguns detalhes que ele menciona que são viscerais, aconteceu aquilo mesmo", diz um diplomata brasileiro. Ele atesta que Wen Jiabao realmente não participou da maioria das reuniões, enviando os diplomatas do clima. Sarkozy teria se indignado. "Ele disse ao chinês que não falava com um sujeito que não tivesse a mesma posição hierárquica que a dele. O chinês respondeu que quem está atrás da placa com o nome de seu país é um legítimo representante."
A visão de Lynas, porém, não é unanimidade entre os negociadores. Sobre o pico em 2020, a Índia também não estava de acordo. Outros membros do Basic apoiam. "Isso afeta os países em desenvolvimento. É muito cedo para eles", diz uma fonte do governo brasileiro. "Mas discordo que a culpa seja inteiramente da China", prossegue. "Obama também não defendia com fervor o pico em 2020 nem queria os 80% para os desenvolvidos. Os EUA se comportaram como um país em desenvolvimento e, se o acordo de Copenhague ficou aguado, se deve, em parte, também a eles."
Na sexta-feira, enquanto a reunião do texto seguia, a dos Basic e Obama ocorreu em paralelo. O texto final continuava sendo discutido na reunião grande, enquanto China, Brasil, Índia, África do Sul e EUA discutiam alguns nós da negociação. Ali também ocorreram momentos acalorados. Obama sugeriu um texto para os MRV - "assessment" e "examination". Os chineses e os indianos rejeitaram os termos. A palavra "assessment" sugere algum tipo de fiscalização ou auditoria, o que os chineses não queriam de jeito nenhum. Eles então vieram com sua sugestão: "consultation" e "dialogue". Obama disse que não, nem pensar, que "diálogo" era vago demais. "Diálogo não leva a lugar nenhum. Eu digo uma coisa, você diz outra e fica por isso mesmo", rebateu. Foi aí que os indianos pediram a palavra e disseram que Singh tinha muita experiência em termos aceitos pelo Banco Mundial. E propuseram "international consultations" e "analysis". Obama ficou um pouco reticente, mas topou.
Finalmente, o americano disse que queria tratar de outro assunto, que era um pedido dos europeus. E mencionou o corte de 50% das emissões globais em 2050. Foram os indianos a reagir. Disseram que aquilo era impossível e a conversa não conseguiu prosperar. Na visão dos países em desenvolvimento, a meta global causa algum arrepio. Eles a aceitariam com mais facilidade se o mundo rico estabelecesse uma meta mais ambiciosa, de corte de 40%, em 2020. Quando as economias emergentes tiverem que dividir o bolo também, em 2050, os industrializados já terão feito sua parte e as emissões globais terão caído bastante, na lógica do mundo em desenvolvimento.
A reunião terminou ali. Começou o momento dos apertos de mão quando um diplomata chinês passou a vociferar, em chinês, dirigindo-se a Obama. A tradutora negou-se a traduzir o que ele dizia. Quem viu a cena imaginou que poderiam ser insultos. Obama simplesmente sorriu.
Depois da reunião, o presidente americano, imagina-se, talvez tenha ido encontrar seus pares europeus para contar o que aconteceu. Um diplomata brasileiro tentou chegar à outra reunião, a do texto, para ver como ela continuava. Pegou o evento no fim e não entendeu quando uma negociadora francesa o viu e disse: "Vocês nos traíram!"
Se foi por acaso ou não, o encontro de Obama com os outros quatro emergentes, sem os europeus, indicou uma nova correlação de forças no mundo. O resto da história todo mundo viu: o acordo foi rejeitado em plenário por alguns países e criou um expediente jurídico sem precedentes que deixa os diplomatas sem saber como continuar o processo.
Há quem diga que é preciso esquecer o consenso e questiona a atuação e o método das Nações Unidas. Outros veem nisso um grande risco e apontam: se o processo da ONU é complexo e turbulento, é preciso melhorá-lo e não acabar com o único fórum democrático mundial. As próximas semanas trarão alguma resposta. O dia 31 é a data sugerida pelo acordo para que os países ricos coloquem suas metas de redução de gases-estufa e os outros descrevam suas ações. É a primeira prova de fogo para ver quanto foi para o vinagre em Copenhague.
Is There an Ecological Unconscious?
By DANIEL B. SMITH
Published: January 27, 2010
About eight years ago, Glenn Albrecht began receiving frantic calls from residents of the Upper Hunter Valley, a 6,000-square-mile region in southeastern Australia. For generations the Upper Hunter was known as the “Tuscany of the South” — an oasis of alfalfa fields, dairy farms and lush English-style shires on a notoriously hot, parched continent. “The calls were like desperate pleas,” Albrecht, a philosopher and professor of sustainability at Murdoch University in Perth, recalled in June. “They said: ‘Can you help us? We’ve tried everyone else. Is there anything you can do about this?’ ”
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28/01/2010
Erros colocam em xeque previsões catastróficas sobre o clima
Gerald Traufetter
Primeiro, foi uma série de e-mails que levou muitos a começarem a duvidar da veracidade dos cientistas climáticos. Depois, a própria entidade da ONU teve que mudar as previsões sombrias sobre o derretimento das geleiras do Himalaia. Outras alegações também levantaram dúvidas.
A geleira Siachen é lar de uma das maiores crises do mundo. Aqui, a 6 mil metros acima do nível do mar, soldados indianos e paquistaneses se enfrentam, protegidos em posições altamente armadas.
A disputa de fronteira em andamento entre as duas potências nucleares já custou as vidas de 4 mil homens –a maioria deles por exposição ao frio.
Agora a geleira do Himalaia também está no centro de uma disputa científica. Em seu atual relatório, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) prevê que a geleira, que tem 71 quilômetros de comprimento, poderia desaparecer até 2035. Ele também prevê que outras 45 mil geleiras na mais alta cadeia de montanhas do mundo virtualmente desaparecerão até lá, com consequências drásticas para bilhões de pessoas na Ásia, cuja vida dependa da água que se origina no Himalaia. O relatório do IPCC levou ativistas ambientais a soarem o alarme a respeito de um drama que pode estar se desdobrando no “terceiro pólo do mundo”.
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Economists Launch Blog on ''Triple Crisis'' in Finance, Development, and Environment
Triple Crisis Blog to Bring Global Perspectives to Policy Debate
On February 1, new voices joined the policy debate on the global crises in finance, development, and the environment. The ''TripleCrisisBlog,'' with an initial roster of economic analysts from nine countries, was launched by the Global Development and Environment Institute (GDAE) at Tufts University (USA), India's Economic Research Foundation (ERF), and the Heinrich Boell Foundation-U.S. The initiative is chaired by GDAE's Kevin P. Gallagher and ERF's Jayati Ghosh.
''Crises are not new to the world economy, nor to developing countries,'' Gallagher and Ghosh write in their introductory post. ''Indeed, our current predicament is a convergence of at least three crises: in global finance, development, and environment. These areas are seemingly disparate but actually interact with each other in forceful ways to reflect major structural imbalances between finance and the real economy; between the higher income and developing economies; between the human economic system and the earth's ecosystems. This blog seeks to contribute to a more open and global dialogue around these three crises: about how they interact, and how they can collectively be solved.''
The TripleCrisisBlog starts with an unprecedented diversity of analysts from the global North and South. In addition to Gallagher and Ghosh, the roster includes: Jeff Madrick, Sanjay Reddy, Mehdi Shefaeddin, Charles Abugre, Martin Khor, Alejandro Nadal, Matias Vernengo, Adil Najam, CP Chandrasekhar, Jim Boyce, Ilene Graebel, Gerhard Schick, Timothy A. Wise, Lyuba Zarsky, and Frank Ackerman. Ghosh and Gallagher will co-chair the project, with Wise serving as "managing editor."
''While there are a number of commendable blogs on various aspects of these three crises,'' note Gallagher and Ghosh, ''this blog will examine all three crises and from a global perspective not often found in mainstream media outlets.''
Visit the TripleCrisisBlog.
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February 10, 2010.
Building a Green Economy
By PAUL KRUGMAN, Published: April 5, 2010
If you listen to climate scientists — and despite the relentless campaign to discredit their work, you should — it is long past time to do something about emissions of carbon dioxide and other greenhouse gases। If we continue with business as usual, they say, we are facing a rise in global temperatures that will be little short of apocalyptic. And to avoid that apocalypse, we have to wean our economy from the use of fossil fuels, coal above all.
But is it possible to make drastic cuts in greenhouse-gas emissions without destroying our economy?
Like the debate over climate change itself, the debate over climate economics looks very different from the inside than it often does in popular media। The casual reader might have the impression that there are real doubts about whether emissions can be reduced without inflicting severe damage on the economy. In fact, once you filter out the noise generated by special-interest groups, you discover that there is widespread agreement among environmental economists that a market-based program to deal with the threat of climate change — one that limits carbon emissions by putting a price on them — can achieve large results at modest, though not trivial, cost. There is, however, much less agreement on how fast we should move, whether major conservation efforts should start almost immediately or be gradually increased over the course of many decades.
In what follows, I will offer a brief survey of the economics of climate change or, more precisely, the economics of lessening climate change। I’ll try to lay out the areas of broad agreement as well as those that remain in major dispute. First, though, a primer in the basic economics of environmental protection.
Environmental Econ 101
If there’s a single central insight in economics, it’s this:
....... ...... ...... ..... segue......
Environment and Development Challenges: The Imperative to Act
Ricardo Abramovay @abramovay Reply Retweet Favorite · Open 25-02-2012
Enfim alguém põe o dedo na ferida: melhor texto para a Rio+20 é o dos cientistas Blue Planet Prize, Goldemberg um deles
Habilidade humana de fazer foi além da capacidade humana de compreender, dizem cientistas do Blue Planet Prize
O mito do crescimento econômico perpétuo é adotado por políticos e economistas para evitar as decisões difíceis
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