Thursday 29 October 2009

COMISSÃO DO PIB + IDH

Para além do PIB e do IDHJosé Eli da Veiga27/10/2009
Quase toda a capacidade cerebral dos seres humanos é usada para continuar crendo no que já acostumaram a aceitar como verdade. Ínfima é a disponibilidade para se colocar em dúvida alguma convicção. Pior: a chance é nula se a novidade esbarrar em ideias repisadas como se fossem insuspeitas conclusões científicas. Detesta-se qualquer pensamento que abale algum fundamento aprendido na escola, principalmente nos grandes manuais usados no ensino superior. Por isso, reflexões que rompem visões convencionais estão fadadas à rejeição do silêncio.
Só o fenômeno descrito no parágrafo acima pode explicar o desdém com que está sendo tratada a decisiva contribuição da CMEPSP: comissão que ficou mais conhecida pela trinca de nomes de seus três principais coordenadores - Joseph Stiglitz, Amartya Sen e Jean-Paul Fitoussi - do que por sua missão de rever a "mensuração do desempenho econômico e do progresso social". Há mais de um mês está disponível o relatório final em www.stiglitz-sen-fitoussi.fr. Seus produtos anteriores foram comentados nesta coluna em quatro textos que podem ser baixados de www.zeeli.pro.br: 15/abr/08, 10/jun/08, 30/set/08 e 07/jul/09.
Das quinze recomendações do relatório final, as cinco que se referem especificamente à superação do tosco PIB não poderiam ser mais incisivas: 1) passar a olhar para renda e consumo em vez de olhar para a produção; 2) considerar renda e consumo em conjunção com a riqueza; 3) enfatizar a perspectiva domiciliar; 4) dar mais proeminência à distribuição de renda, de consumo e de riqueza; 5) ampliar as medidas de renda para atividades não-mercantis.
Trata-se de um claro reconhecimento de que está inteiramente obsoleto o viés produtivista que orientou a montagem do atual sistema de contabilidades nacionais. No contexto de meados do século passado, a maior preocupação dos técnicos que o conceberam só poderia ter sido mesmo o aumento da produção, como está muito bem documentado no melhor livro sobre o tema: "A History of National Accounting", de André Vanoli (IOS Press: 2005; originalmente em francês, editora La Découverte: Paris, 2002). Porém, passados uns 60 anos, chega a ser assustador que o desempenho econômico das nações continue a ser medido quase que exclusivamente por aumentos da produção mercantil interna e bruta.
A produção pode aumentar enquanto a renda diminui e vice-versa, desde que se leve em consideração a depreciação, os fluxos de renda para dentro e para fora do país, e as diferenças entre os preços de produção e de consumo. Além disso, mesmo a renda e o consumo não serão bons indicadores de desempenho se não estiverem cotejados à riqueza. Para que se tenha um verdadeiro balanço da economia nacional, é preciso que ela imite a contabilidade das empresas, pois são cruciais as contas de patrimônio e as de endividamento.
Segundo a CMEPSP, a melhor maneira de superar as limitações da vetusta contabilidade que leva ao PIB é adotar o que chama de "perspectiva domiciliar". Em países da OCDE que já fazem esses cálculos, ficou bem claro que a renda domiciliar real aumenta menos que o PIB. É preciso levar em conta os pagamentos de tributos que vão para o governo, os benefícios sociais alocados pelo governo, e os pagamentos de juros que os domicílios fazem às corporações financeiras. Também é crucial que não sejam ignorados os serviços não-monetários prestados pelo governo às famílias, principalmente pelos sistemas de saúde e de educação.
Ainda sobre o PIB, a Comissão também preconiza mais audácia no sentido de que a mensuração do desempenho econômico venha a incluir atividades não-mercantis, principalmente as de serviços pessoais decorrentes de relações de parentesco. Sugere que o melhor ponto de partida poderá ser a realização de estimativas sobre o uso do tempo pelas pessoas.
Além de medir direito o desempenho econômico, também será necessário avaliar a qualidade de vida sem cair na ambiguidade do IDH: Índice de Desenvolvimento Humano. Neste caso, a proposta que acabou vingando é tão complexa que estará fora do alcance de países que não tiverem sofisticados sistemas públicos de estatística. Para começar, a Comissão gostaria que todo o acúmulo já existente sobre avaliações subjetivas de bem-estar fosse incorporado em avaliações de qualidade de vida. E isso, mesmo depois de apontar quais são as questões ainda não resolvidas pelas pesquisas voltadas à aferição de satisfação com a vida e de experiências hedônicas. A ideia é que as agências oficiais de estatística ao menos comecem a levá-las a sério, incluindo em seus levantamentos as questões que já se mostraram válidas em "surveys" não-oficiais e menos abrangentes.
Outra grande ênfase do relatório está na terceira dimensão: a da absoluta necessidade de que os aspectos propriamente ambientais da sustentabilidade sejam acompanhados pelo uso de indicadores físicos bem escolhidos. A rigor, isso poderia ser interpretado como uma adesão à abordagem da Pegada Ecológica. Porém, o relatório sintetiza muito bem as várias críticas já feitas à metodologia da pegada, destacando cinco problemas: os que se referem a terras utilizadas pela agropecuária, a terrenos destinados à construção, a recursos pesqueiros e florestais e à maneira de calcular a pegada carbono, que já constitui mais de 50% da pegada ecológica. E são ainda mais incisivas e meticulosas as críticas aos demais indicadores de sustentabilidade já propostos.
Resumindo, o recado é claro: buscar bons indicadores não-monetários da aproximação de níveis perigosos de danos ambientais, como, por exemplo, os que estão associados à mudança climática. É possível deduzir, então, que se as intensidades-carbono das economias viessem a ser bem calculadas, poderiam ser os indicadores das contribuições nacionais à insustentabilidade global. E, melhor ainda, se surgissem medidas parecidas para o comprometimento dos recursos hídricos e para a erosão de biodiversidade. Esse trio seria suficiente para mostrar a que distância se está da sustentabilidade.
José Eli da Veiga é professor titular da Faculdade de Economia (FEA) e orientador do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo, escreve mensalmente às terças. Página web: http://www.zeeli.pro.br/



Desenvolvimento
Uma régua não muito precisa
Idealizado para comparar o estágio de bem-estar dos países, o IDH da ONU tem valor, mas não pode ser tomado como definitivo. Sua metodologia produz muitas e curiosas aberrações
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Rethinking GDP: Why We Must Broaden Our Measures of Economic Success


EU, in BlogUOL

O PIB como indicador de qualidade das economias
Por Luciano Ferreira da Silva
Valor Econômico, 03-11-2011
O Produto Interno Bruto (PIB) é por definição um agregado macroeconômico que mede o fluxo da renda gerada em uma localidade durante um período determinado, sendo, portanto, uma medida quantitativa da dinâmica do processo produtivo. Avalia a geração, distribuição e uso da renda, bem como as relações de troca entre essa localidade e as demais. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o agente responsável pela elaboração do cálculo do PIB nacional, e para isso utiliza a metodologia do Sistema Nacional de Contas (SNC), estabelecido pela Divisão de Estatística das Nações Unidas e, por isso, pode ser comparado com outras nações.    ...segue....



Brasil avança uma posição e fica em 84º em novo IDH da ONU

Índice de Desenvolvimento Humano brasileiro tem ligeira alta em novo ranking, com número recorde de países, e permanece na categoria 'elevada'. Expectativa de vida e renda avançam. Escolaridade, não. Entre BRICS, Brasil ainda perde para Rússia. Desempenho é inferior à média da América Latina, que coloca à frente Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, Venezuela, Equador, Costa Rica, Peru, Trinidad e Tobago...



Desigualdades pioram desenvolvimento humano no Brasil, diz ONU

Diferença de renda é o principal motivo, segundo relatório sobre de Desenvolvimento Humano divulgados pelas Nações Unidas. Noruega registra menor desigualdade e o Congo, a maior. Nota brasileira está abaixo da média latino-americana e da mundial. Entre os BRICS, só Índia se sai pior.




Brasil está em 80º em ranking de igualdade de gênero com 145 países

Mulheres brasileiras têm subrepresentação política e no mercado de trabalho e estudam menos. Mas desigualdade de gênero é fenômeno global. “As oportunidades econômicas e a capacitação das mulheres permanecem profundamente limitadas”, diz estudo da ONU sobre desenvolvimento humano. Suécia lidera ranking. Iêmen é o último.




Eduardo Fagnani
Muito se falou sobre o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Poucos leram o documento, mas criticaram o fato de o Brasil subir só uma posição no ranking global (84ª posição) de 187 países.
Alguns ignoraram a advertência do próprio Pnud de que "é enganoso comparar valores e classificações do IDH 2011 com os de relatórios publicados anteriormente. Isto porque, além da inclusão de 18 novos países e territórios, os dados e métodos sofreram ajustes e algumas mudanças".
Em artigo publicado nesta Folha, um ex-economista do Pnud (Flavio Comim, "IDH, como uma onda no mar", 6/11) desconsiderou o seguinte alerta da instituição em que trabalhou: o IDH 2011 "mostra que o Brasil faz parte do seleto grupo de apenas 36 dos 187 países que subiram no ranking entre 2010 e 2011, seguindo os dados recalculados para a nova base deste ano. Os outro




Censo mostra avanço menor no acesso das famílias aos serviços públicos Por Diogo Martins

Do Rio A (cont) http://tl.gd/e7nj8j




A VOLTA DO ESPECTRO DE MALTHUS

por Jeffrey Sachs - Scientific American [<= link] - edição 77 - Outubro 2008


SEGUNDO MATEMÁTICO AMERICANO, SÓ 46% DOS CEREAIS PLANTADOS ALIMENTAM PESSOAS; MUNDO PODERIA DAR DE COMER A 9 BILHÕES
ENTREVISTA DA 2ª JOEL E. COHEN - LUCIANA COELHO, DE WASHINGTON - caderno mundo, folha de são paulo, 07-11-2011
Quando a Terra atingiu o sexto bilhão de seres humanos habitando-a simultaneamente, em 1999, o matemático biológico Joel E. Cohen,67, guardava um certo otimismo.


RICOS E DESIGUAIS

por Alex Ribeiro | De Reading, Pensilvânia
PIB de US$ 15 trilhões é um número distante da realidade de milhões de americanos pobres, oprimidos numa escala perversa de distribuição de renda.
VALOR ECONÔMICO, 11-11-2011


PIB nominal? Por Antonio Delfim Netto Alguns economistas estão retomando uma velha ideia: dar às políticas (cont)

Lá, blog UOL - pib


O deflator do PIB [+ PIB Potencial + governo Dilma divergência entre PIB e inflação]
por Fabio Giambiagi
Dificuldades de sustentar crescimento médio de 4,5% e o momento que o deflator do PIB se aproxime da trajetória do INPC passarão a afetar mais fortemente as contas públicas
valor econômico, 16-11-2011
Peço licença hoje ao leitor para tratar de um assunto bastante insosso: o deflator implícito do Produto Interno Bruto (PIB). Explico imediatamente a razão da escolha de tema tão singular para meu artigo mensal nas páginas do Valor.
O motivo do meu "mergulho" no assunto está, por incrível que pareça, relacionado com a minha dedicação à temática previdenciária, já conhecida por muitos leitores. Com alguma frequência, recebo e-mails me perguntando por que os problemas que eu vaticinava para as contas do INSS não estavam se revelando tão sérios como eu supunha.        segue.....


10/12/2012 - 14h45
A felicidade interna bruta do Butão
ANNIE KELLY - DO "OBSERVER"

COMÉRCIO JUSTO x CONSUMO ÉTICO


EnsaioManifestações políticas na caixa registradora ANAND GIRIDHARADAS - 26-10-2009
Existe realmente o que chamamos de consumo ético?
Ele tem vários nomes: boicote, consumo ético, economia moral। ####com BEM ESTAR-SOCIAL


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