x x
Inovação Tecnológica - Apresentação dos incentivos fiscais de inovação da Lei do Bem (11.196/05).
x x
INPA decifra mistérios da Floresta Amazônica - O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia é uma referência mundial em biologia tropical e tem como desafio conseguir que o conhecimento ajude a mudar a realidade dos povos da floresta - Edição 30/04/2010 - Publicado em 30/04/2010 - 23h43
x x
Pesquisas desenvolvem a agropecuária e ajudam a preservar o meio ambiente Brasil é referência mundial neste setor. Com 200 milhões de cabeças de gado no país, o Brasil é hoje o maior produtor e exportador de carne bovina do mundo. A Embrapa desenvolve 200 projetos ligados à agropecuária, em Mato Grosso do Sul. Um dos projetos pioneiros ajuda a melhorar a alimentação do rebanho.
Em laboratório, os pesquisadores usam o nitrogênio líquido para fazer análises moleculares de uma pastagem. O que pode parecer apenas uma grande plantação de capim é um importante banco de dados. Veja em vídeo. 4ª. Edição 30/04/2010 - Publicado em 30/04/2010 - 00h10
X X
NBR Entrevista - Balanço Lei do Bem - Entrevista com Ronaldo Mota, Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCT
# #
A inovação no Brasil - Parte 1 de ????? - Observatório
Nesta entrevista o professor da USP, Glauco Arbix, explica como é aferida a inovação de um país e afirma que a exportação é um elemento chave para se classificar uma economia como inovadora. Glauco Arbix destaca também a necessidade de se investir na formação de pessoas e afirma que as empresas brasileiras precisam diminuir sua hierarquização. Segundo ele, o Brasil precisa se abrir para se tornar um ambiente mais amigável à inovação. Fonte: TV Senado
# #
Inovação 1 de 3
# #
Multinacionais americanas investiram US$ 570 milhões em 2007.
Brasil na rota global de P&DPor Ricardo Camargo Mendes30/04/2010
Para o National Science Board (NSB), o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D
Nas últimas duas décadas, o mundo assiste ao redesenho do mapa de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I). Nesse processo, está diminuindo a concentração dos recursos aplicados nos e pelos países desenvolvidos, e aumentado os registrados nas economias em desenvolvimento. No entanto, há diferenças relevantes nesse último grupo, chamando a atenção para a necessidade de aplicação, pelo Brasil, de uma estratégia para fazer o melhor proveito possível do movimento em curso.
Tal movimento deve-se a diversos fatores, sendo um dos principais a inclusão de P&D&I nas políticas de desenvolvimento de vários países. Para incentivar a produção do conhecimento que é capaz de se transformar em bem ou serviço de maior tecnologia e valor agregado, esses países adotaram medidas em diferentes áreas. E empresas inovadoras que procuram reduzir custos e acessar novos processos de pesquisa não tardaram a reconhecer, nessas economias, oportunidades de investimento.
O Science and Engineering Indicators 2010 do National Science Board (NSB), dos Estados Unidos, mostra a descentralização em P&D. Em 2007, América do Norte e União Europeia respondiam por 63% do US$ 1,1 trilhão em investimentos mundiais nessa área, ante 71% em 1996. O principal ganho foi da Ásia/Pacífico, que subiu de 24% para 31%, em boa parte devido à China e tigres asiáticos. A fatia do resto do mundo subiu de 5% para 6% (2,6% são da América Latina e Caribe).
As multinacionais dos EUA são outro indicador importante. Em 1995, cerca de 90% dos investimentos em P&D de suas afiliadas (mais de 50% de capital dos EUA) foram em países europeus desenvolvidos, Canadá e Japão. Em 2006 foram 80%. Enquanto isso, as filiais na China, Coreia do Sul e Cingapura puxaram a participação da Ásia, excluído o Japão, de 5,4% para 13,5%. China e Índia, que em 1994 respondiam por menos de US$ 10 milhões cada, passaram a contar com US$ 800 milhões e US$ 310 milhões, respectivamente. No Brasil foram US$ 570 milhões, a maioria no setor automobilístico.
Para o NSB, o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D. De fato houve um salto no país, que também identificou nessa área chances de acelerar seu desenvolvimento. Segundo o governo, os dispêndios em P&D passaram de US$ 6,64 bilhões (1,3% do PIB) em 2000, para US$ 20 bilhões (1,43% do PIB) em 2008. Isso reflete ações como as leis de patentes (1996), que foi um divisor de águas em P&D, a da Inovação (2004), a Política de Desenvolvimento Produtivo (2008), a criação de órgãos como a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a reestruturação de outros como o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Reflete também a liberação de recursos do governo e investimentos do setor privado. Com isso tudo, áreas de destaque global estão surgindo, incluindo a de saúde e biotecnologia, além da consolidação de outras, como a de tecnologia verde e de exploração petrolífera. Isso se comprova ainda pelos temas predominantes nos artigos brasileiros em publicações indexadas.
O que esses e muitos outros dados demonstram, portanto, é que o Brasil responde aos estímulos para gerar e exportar conhecimento produtivo. Mas o país deve agora avaliar os resultados obtidos desde a implantação da lei de patentes e estabelecer diretrizes para o futuro. Ainda há tempo para correções de percurso, evitando que fiquemos para trás na corrida global do conhecimento.
As travas à maior competitividade que já podem ser identificadas têm solução. Um exemplo: falta uma estratégia que coordene as ações dos atores envolvidos em P&D&I dentro e fora do governo, o que é possível de ser feito. Isso resolveria outras questões, como o temor de algumas empresas de usar a lei da Inovação para desoneração de impostos. Como a definição de inovação na lei é ampla, teme-se que o fisco não aceite a aplicação feita. Outro exemplo são incertezas referentes à proteção da propriedade intelectual, causadas em grande parte devido ao posicionamento adotado pelo Brasil em fóruns internacionais.
Há espaço para incrementar a parceria empresas/universidades, reconhecida internacionalmente como produtiva. A parceria cresceu, mas continua em nível que impede que boa parte da produção dos cientistas atinja o mercado. A co-operação entre países - como entre governo/governo, governo/empresa, empresa/empresa, universidade/universidade e empresa/universidade - também deve ser estimulada.
Os financiamentos para P&D aumentaram, porém é necessário mais, porque os inovadores lidam com investimentos elevados e de alto risco. Os investimentos em inovação pelas filiais dos EUA no Brasil mostram áreas ainda pouco exploradas e que podem ser atrativas, como a de serviços científicos e a indústria farmacêutica.
Outro ponto crucial é educação. Nossas universidades são um foco importante de produção científica. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que em 2006, os Bric (Brasil, Índia, Rússia e China) formavam 50% mais doutorandos que a OCDE. Mas outros dados nessa área mostram diferenças. Segundo o NSB, de 1980 a 2000, a fatia de China de pessoas com terceiro grau passou de 5% para 11% do total mundial. O da Índia subiu de 4% para 8%. O Brasil ficou estagnado em 2%.
O Brasil está amadurecendo rapidamente em P&D&I e por isso deve ter uma estratégia para utilizar melhor suas capacidades competitivas. O mais preocupante é que estamos perdendo terreno em diversos aspectos para vários asiáticos. Poucas são as economias em desenvolvimento com atrativos como a nossa - como estabilidade econômica e política, segurança nas regras de propriedade intelectual e presença de empresas multinacionais no mercado há mais de cem anos. Por isso, aqui dentro é preciso equacionar os gargalos para a inovação e, no exterior, é fundamental promover esses ativos.
Ricardo Camargo Mendes é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Cambridge e sócio-diretor da Prospectiva Consultoria em Negócios Internacionais.
Brasil na rota global de P&DPor Ricardo Camargo Mendes30/04/2010
Para o National Science Board (NSB), o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D
Nas últimas duas décadas, o mundo assiste ao redesenho do mapa de investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I). Nesse processo, está diminuindo a concentração dos recursos aplicados nos e pelos países desenvolvidos, e aumentado os registrados nas economias em desenvolvimento. No entanto, há diferenças relevantes nesse último grupo, chamando a atenção para a necessidade de aplicação, pelo Brasil, de uma estratégia para fazer o melhor proveito possível do movimento em curso.
Tal movimento deve-se a diversos fatores, sendo um dos principais a inclusão de P&D&I nas políticas de desenvolvimento de vários países. Para incentivar a produção do conhecimento que é capaz de se transformar em bem ou serviço de maior tecnologia e valor agregado, esses países adotaram medidas em diferentes áreas. E empresas inovadoras que procuram reduzir custos e acessar novos processos de pesquisa não tardaram a reconhecer, nessas economias, oportunidades de investimento.
O Science and Engineering Indicators 2010 do National Science Board (NSB), dos Estados Unidos, mostra a descentralização em P&D. Em 2007, América do Norte e União Europeia respondiam por 63% do US$ 1,1 trilhão em investimentos mundiais nessa área, ante 71% em 1996. O principal ganho foi da Ásia/Pacífico, que subiu de 24% para 31%, em boa parte devido à China e tigres asiáticos. A fatia do resto do mundo subiu de 5% para 6% (2,6% são da América Latina e Caribe).
As multinacionais dos EUA são outro indicador importante. Em 1995, cerca de 90% dos investimentos em P&D de suas afiliadas (mais de 50% de capital dos EUA) foram em países europeus desenvolvidos, Canadá e Japão. Em 2006 foram 80%. Enquanto isso, as filiais na China, Coreia do Sul e Cingapura puxaram a participação da Ásia, excluído o Japão, de 5,4% para 13,5%. China e Índia, que em 1994 respondiam por menos de US$ 10 milhões cada, passaram a contar com US$ 800 milhões e US$ 310 milhões, respectivamente. No Brasil foram US$ 570 milhões, a maioria no setor automobilístico.
Para o NSB, o Brasil é um dos 15 maiores investidores em P&D. De fato houve um salto no país, que também identificou nessa área chances de acelerar seu desenvolvimento. Segundo o governo, os dispêndios em P&D passaram de US$ 6,64 bilhões (1,3% do PIB) em 2000, para US$ 20 bilhões (1,43% do PIB) em 2008. Isso reflete ações como as leis de patentes (1996), que foi um divisor de águas em P&D, a da Inovação (2004), a Política de Desenvolvimento Produtivo (2008), a criação de órgãos como a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a reestruturação de outros como o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Reflete também a liberação de recursos do governo e investimentos do setor privado. Com isso tudo, áreas de destaque global estão surgindo, incluindo a de saúde e biotecnologia, além da consolidação de outras, como a de tecnologia verde e de exploração petrolífera. Isso se comprova ainda pelos temas predominantes nos artigos brasileiros em publicações indexadas.
O que esses e muitos outros dados demonstram, portanto, é que o Brasil responde aos estímulos para gerar e exportar conhecimento produtivo. Mas o país deve agora avaliar os resultados obtidos desde a implantação da lei de patentes e estabelecer diretrizes para o futuro. Ainda há tempo para correções de percurso, evitando que fiquemos para trás na corrida global do conhecimento.
As travas à maior competitividade que já podem ser identificadas têm solução. Um exemplo: falta uma estratégia que coordene as ações dos atores envolvidos em P&D&I dentro e fora do governo, o que é possível de ser feito. Isso resolveria outras questões, como o temor de algumas empresas de usar a lei da Inovação para desoneração de impostos. Como a definição de inovação na lei é ampla, teme-se que o fisco não aceite a aplicação feita. Outro exemplo são incertezas referentes à proteção da propriedade intelectual, causadas em grande parte devido ao posicionamento adotado pelo Brasil em fóruns internacionais.
Há espaço para incrementar a parceria empresas/universidades, reconhecida internacionalmente como produtiva. A parceria cresceu, mas continua em nível que impede que boa parte da produção dos cientistas atinja o mercado. A co-operação entre países - como entre governo/governo, governo/empresa, empresa/empresa, universidade/universidade e empresa/universidade - também deve ser estimulada.
Os financiamentos para P&D aumentaram, porém é necessário mais, porque os inovadores lidam com investimentos elevados e de alto risco. Os investimentos em inovação pelas filiais dos EUA no Brasil mostram áreas ainda pouco exploradas e que podem ser atrativas, como a de serviços científicos e a indústria farmacêutica.
Outro ponto crucial é educação. Nossas universidades são um foco importante de produção científica. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diz que em 2006, os Bric (Brasil, Índia, Rússia e China) formavam 50% mais doutorandos que a OCDE. Mas outros dados nessa área mostram diferenças. Segundo o NSB, de 1980 a 2000, a fatia de China de pessoas com terceiro grau passou de 5% para 11% do total mundial. O da Índia subiu de 4% para 8%. O Brasil ficou estagnado em 2%.
O Brasil está amadurecendo rapidamente em P&D&I e por isso deve ter uma estratégia para utilizar melhor suas capacidades competitivas. O mais preocupante é que estamos perdendo terreno em diversos aspectos para vários asiáticos. Poucas são as economias em desenvolvimento com atrativos como a nossa - como estabilidade econômica e política, segurança nas regras de propriedade intelectual e presença de empresas multinacionais no mercado há mais de cem anos. Por isso, aqui dentro é preciso equacionar os gargalos para a inovação e, no exterior, é fundamental promover esses ativos.
Ricardo Camargo Mendes é mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Cambridge e sócio-diretor da Prospectiva Consultoria em Negócios Internacionais.
The 2010 Technology and Innovation Report - Enhancing Food Security in Africa Through Science, Technology and Innovation - focuses on the challenges of improving agricultural performance in Africa and the role of technology and innovation in raising agricultural production and incomes of all farmers, including smallholder farms. The report argues that the main challenge is to strengthen the innovation capabilities of African agricultural systems as a means of addressing poverty, improving food security and achieving broader economic growth and development.
Technological innovation is not all composed of radical discoveries, and much of what is relevant to African agriculture relates to the ways incremental improvements in processes, products, inputs, or equipments are needed to adapt existing technologies to the local environment in ways that enhance productivity and lower costs. Such knowledge may come through learning, research or experience, but requires certain technological capabilities in order to be applied in the production of products across sectors, including agriculture. From this perspective, the Report covers the following matters: .. .... .... ..... ....
Technological innovation is not all composed of radical discoveries, and much of what is relevant to African agriculture relates to the ways incremental improvements in processes, products, inputs, or equipments are needed to adapt existing technologies to the local environment in ways that enhance productivity and lower costs. Such knowledge may come through learning, research or experience, but requires certain technological capabilities in order to be applied in the production of products across sectors, including agriculture. From this perspective, the Report covers the following matters: .. .... .... ..... ....
DU Qunyang - Zhejiang University of Technology, P.R.China, 310000
.......
COM NOTAS TÉCNICAS:
Acesse as cinco notas técnicas elaboradas para o Workshop Nova Geração de Política Científica e Tecnológica: Modos de produção de conhecimento e inovação. Estado da arte e implicações para a política científica, tecnológica e de inovação - Léa Velho Science and Innovation Policy Studies in the United States:Past and Present - Susan Cozzens Ciência da política científica e de inovação do Reino Unido: o caso do ‘Economic and Social Research Council’ (ESRC) - André de Campos Ciência, Tecnologia e Inovação na Califórnia:A Perspectiva Empresarial - Clélia Piragibe Processos Decisórios em Política Científica, Tecnológica e de Inovação no Brasil: Análise Crítica - Elizabeth Balbachevsky
POLÍTICA CIENTÍFICA
XXXXXXX
Para a "Science", ciência do Brasil vai bem, mas é desigual
Folha de São Paulo, 02dez2010
DE SÃO PAULO - Para a revista científica americana "Science", uma das mais importantes do mundo, o Brasil já vê a ciência como estratégica para o desenvolvimento, mas ainda precisa vencer a desigualdade entre regiões.
Em artigo analítico, a publicação afirma que o país já faz "big science" (ciência cara e de grande porte), como no caso dos transgênicos.
Mas os maiores gastos e os resultados da ciência brasileira ficam concentrados na região Sudeste do país.
Outras pedras no caminho da ciência nacional apontadas pela publicação são o pouco empreendedorismo dos cientistas brasileiros e o distanciamento do setor privado.
Leia reportagem sobre o tema na íntegra no endereço
folha.com/ciencia
Ciência Brasileira
No curto intervalo de duas décadas, entre 1981 e 2000, o Brasil passou da 28ª para 17ª posição no ranking mundial de produção de ciência. Os dados, relativos à elaboração de artigos científicos, são do Institute for Scientific Information (ISI), entidade de reconhecido prestígio em bibliometria.
Nesta posição, o Brasil está à frente da Bélgica, Escócia e Israel, entre outros, e bem próximo da Coréia do Sul, Suíça, Suécia, Índia e Holanda.
O avanço da pesquisa científica brasileira, apesar de dificuldades históricas que ainda permanecem, resulta de iniciativas tomadas há meio século, especialmente com a constituição do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal agência nacional de fomento.
Nos anos 60, além da criação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), também foram implantados vários cursos de pós-graduação destinados à formação de novos pesquisadores. Desde então, novas agências estaduais de apoio à pesquisa foram instaladas e fortalecidas. E, em meados dos anos 80, a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia enfatizou a política científica e definiu áreas estratégicas para investimento e apoio.
Entre as dificuldades que ainda emperram o desenvolvimento da ciência no Brasil estão a concentração das investigações em universidades e institutos públicos, com uma contrapartida pouco significativa da iniciativa privada, além do fluxo irregular de recursos financeiros.
Os cenários mais recentes, no entanto, acenam com perspectivas promissoras em relação a estas limitações. Empresas privadas estão se dando conta de novas perspectivas de negócios envolvendo pesquisa, desenvolvimento e aplicação. Do lado dos financiamentos públicos, os fundos setoriais – percentual de recursos obtidos com atividades como exploração de petróleo e energia elétrica, entre outros – devem ampliar sensivelmente os financiamentos destinados à pesquisa científica.
Por incrível que pareça, um novo desafio do Brasil é incorporar sua grande quantidade de doutores no mercado de trabalho. Um expediente usado até agora vem sendo a concessão de bolsas de pesquisa. Mas essa é uma situação improvisada que não pode continuar. As universidade públicas dispõem de cerca de 6 mil vagas, das quais apenas 2 mil deverão ser preenchidas no curto prazo. O país precisa dessa mão-de-obra altamente qualificada. Para que ela tenha um horizonte profissional é necessária maior audácia da iniciativa privada.
O Fundo Verde Amarelo vai financiar a formação de recursos humanos, área em que o Brasil vem tendo progresso significativo. Os dados relativos a 2002 estimam em 110 mil o contingente de estudantes em cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado). Ao longo do ano 2000, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), foram formados 5.344 novos doutores. Em 2001, este número subiu para 6.300. Os mestres, que foram 18.374 em 2000, superaram os 20 mil no ano passado.
Astronomia, biotecnologia, física, medicina e pesquisa agrícola são alguns dos segmentos com desenvolvimento acelerado, projetando o país no cenário internacional. No entanto, outras áreas, como a matemática, de que parte destas pesquisas dependem, ainda não dispõem da quantidade desejável de pesquisadores.
Enquanto comemora conquistas recentes em genômica e ingressa no novíssimo campo da proteômica, o Brasil faz planos para desenvolver, rapidamente, também o segmento da nanotecnologia.
Existe uma demanda não atendida de ensino superior no Brasil, mas esta situação vem mudando. Em 1981, perto de 1,4 milhão de estudantes estavam matriculados nas redes pública e privada de ensino superior. Em 1994, este número subiu para 1,7 milhão e, em 1999, passou para 2,4 milhões. Apenas entre 1994 e 1999, houve um crescimento de 58,1% nos números do ensino privado. O cenário atual prevê um ligeiro e crescente aumento de pesquisas na rede privada, com a incorporação de doutores aposentados precocemente do setor público.
01 de dezembro de 2010
Ministro lança livro sobre história da ciência e tecnologia no Brasil
O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, publica pela Vieira & Lent o livro “Momentos da Ciência e Tecnologia no Brasil - Uma caminhada de 40 anos pela C&T”. Uma reunião de 70 artigos mostra os principais caminhos, erros e acertos da história da política científica brasileira. Sergio Rezende analisa os desdobramentos da implementação do PAC da Ciência na pesquisa científica e tecnológica do Brasil.
Simplificar os processos de importação de insumos e aumentar as bolsas de pesquisadores foram algumas medidas do MCT durante sua gestão. Segundo o presidente Lula, na apresentação do livro, Sergio é um cientista comprometido e de posições firmes quando os interesses da ciência e da soberania estão ameaçados.
SCIENTIFIC AMERICAN Brasil
edição 103 - Dezembro 2010
Manifesto da Ciência Tropical
Um novo paradigma para o uso democrático da ciência como agente efetivo de transformação social e econômica no Brasil
por Miguel Nicolelis.É hora de a ciência brasileira assumir definitivamente um compromisso mais central perante toda a sociedade e oferecer o seu poder criativo e capacidade de inovação para erradicar a miséria, revolucionar a educação e construir uma sociedade justa e verdadeiramente inclusiva.
No intuito de contribuir para o início desse processo de libertação da energia potencial de criação e inovação acumulada há séculos no capital humano do genoma brasileiro, estamos propondo 15 metas centrais para a capacitação do Programa Brasileiro de Ciência Tropical. Essas 15 metas visam a desencadear a massificação e a democratização dos meios e mecanismos de geração, disseminação, consumo e comercialização de conhecimento de ponta por todo o Brasil.
Metas:
1) Massificação da educação científica infanto-juvenil por todo o território nacional.
O objetivo é proporcionar que, nos próximos 4 anos, 1 milhão de crianças tenham acesso a um programa de educação científica pública, protagonista e cidadã de alto nível. Esse programa utilizará o método científico como ferramenta pedagógica essencial, combinando a filosofia de vida de dois grandes brasileiros: Paulo Freire e Alberto Santos Dumont.
2) Criação de centros nacionais de formação de professores de Ciência.
A implementação do Programa Educação para Toda Vida geraria uma demanda inédita para professores especializados no ensino de ciência e tecnologia. Para supri-la, o governo federal poderia estabelecer o Programa Nacional de Educação Científica Alberto Santos Dumont, que seria o responsável pela gestão dos centros nacionais de formação de professores de ciências, espalhados por todo território nacional. As universidades federais, os Institutos Federais de Tecnologia (antigos CEFETs) e uma futura cadeia de Institutos Brasileiros de Tecnologia poderiam estabelecer programas de formação de professores de ciências e tecnologia em todo o país.
3) Criação da carreira de pesquisador científico em tempo integral nas universidades federais.
Seria em paralelo à tradicional carreira de docente. Ela nos permitiria recrutar uma nova geração de cientistas que se dedicaria exclusivamente à pesquisa científica, com carga horária de aulas correspondente a 10% do seu esforço total. Sem essa mudança não há como esperar que pesquisadores das universidades federais possam dar o salto científico qualitativo necessário para o desenvolvimento da ciência de ponta do país.
4) Criação de 16 Institutos Brasileiros de Tecnologia espalhados pelo país.
Eles serviriam para suprir a demanda de engenheiros, tecnólogos e cientistas de alto nível e promover a inclusão social por meio do desenvolvimento da indústria brasileira do conhecimento. Atualmente o Brasil apresenta um déficit imenso desses profissionais.
5) Criação de 16 Cidades da Ciência.
Localizadas nas regiões com baixo índice de desenvolvimento humano, como o Vale do Ribeira, Jequitinhonha, interior do Nordeste, Amazônia, as Cidades da Ciência ficariam no entorno dos novos IBTs. As Cidades da Ciência seriam, na prática, o componente final da nova cadeia de produção do conhecimento de ponta no Brasil. Acopladas aos novos IBTs e à rede de universidades federais, criariam o ambiente necessário para a transformação do conhecimento de ponta, gerados por cientistas brasileiros, em tecnologias e produtos de alto valor agregado que dariam sustentação à indústria brasileira do conhecimento.
6) Criação de um arco contínuo de Unidades de Conservação e Pesquisa da Biosfera da Amazônia.
Esse verdadeiro cinturão de defesa, formado por um arco contínuo de Unidades de Conservação e Pesquisa da Biosfera da Amazônia, seriam dispostas em paralelo ao chamado “Arco de Fogo”, formado em decorrência do agronegócio predatório e da indústria madeireira ilegal, responsáveis pelo desmatamento da região. Essa iniciativa visa fincar uma linha de defesa permanente contra o avanço do desmatamento ilegal, modificando a estratégia das unidades de conservação a fim de colocá-las a serviço de um Programa Nacional de Mapeamento dos Biomas Brasileiros.
7) Criação de oito “Cidades Marítimas” ao longo da costa brasileira.
A descoberta do pré-sal demonstra claramente que uma das maiores fontes potenciais de riqueza futura da sociedade brasileira reside no vasto e diverso bioma marítimo da nossa costa. Apesar disso, os esforços nacionais para estudo científico desse vasto ambiente são muito incipientes. Aqui também o Brasil pode inovar de forma revolucionária. Em parceria com a Petrobras, o governo federal poderia estabelecer, no limite das 350 milhas marinhas, oito plataformas voltadas para a pesquisa oceanográfica e climática, visando o mapeamento das riquezas no mar tropical brasileiro.
8) Retomada e Expansão do Programa Espacial Brasileiro.
Embora subestimado pela sociedade e a mídia brasileiras, o fortalecimento do programa espacial brasileiro oferece outro exemplo emblemático de como o futuro do desenvolvimento científico no Brasil é questão de soberania nacional.
Dos países pertencentes ao BRIC, o Brasil é o que possui o mais tímido e subdesenvolvido programa espacial. Apesar da sua situação geográfica altamente favorável, a Base de Alcântara não tem correspondido às altas expectativas geradas com a sua construção.
9) Criação de um Programa Nacional de Iniciação Científica.
Com a criação do programa Educação para Toda Vida, seria necessário implementar novas ferramentas para que os adolescentes egressos desses programas pudessem dar vazão a seus anseios de criação, invenção e inovação através da continuidade do processo de educação científica, mesmo antes do ingresso na universidade e depois dele.
Na realidade, é extremamente factível que grande número desses jovens possa começar a contribuir efetivamente para o processo de geração de conhecimento de ponta antes do ingresso na universidade.
10) Investimento de 4-5% do PIB em ações de ciência e tecnologia na próxima década.
Tendo proposto novas ações, é fundamental que essas sejam devidamente financiadas. Para tanto e, ainda, para assegurar a ascensão da ciência brasileira aos patamares de excelência dos países líderes mundiais, o governo brasileiro teria de tomar a decisão estratégica de destinar, nas próximas décadas, algo em torno de 4-5% do PIB nacional para a ciência e tecnologia.
11) Reorganização das agências federais de fomento à pesquisa.
Reformulação de normas de procedimento e processo para agilizar a distribuição eficiente de recursos ao pesquisador e empreendedor científico, bem como criar um novo modelo de gestão e prestação de contas. A ciência e o cientista brasileiro não podem mais ser regidos pelas mesmas normas de 30-40 anos atrás, utilizadas na prestação de contas de recursos públicos para construção de rodovias e hidrelétricas.
12) Criação de “joint ventures” para produção de insumos e materiais de consumo para prática científica dentro do Brasil.
É fundamental investir numa redução verdadeira dos trâmites burocráticos “medievais” que ainda existem para aquisição de materiais de consumo e equipamentos de pesquisa importados. Para tanto, é importante definir políticas de incentivo ao estabelecimento de empresas nacionais dispostas a suprir o mercado nacional com insumos e equipamentos científicos.
13) Criação do Banco do Cérebro.
Instituição financeira destinada a implementar vários mecanismos financeiros para fomento do empreendedorismo científico nacional. Essas ferramentas financeiras incluiriam desde programa de microcrédito científico até formas de financiamento de novas empresas nacionais voltadas para produtos de alto valor agregado, fundamentais ao desenvolvimento da ciência brasileira e da economia do conhecimento.
14) Ampliação e incentivo a Bolsas de Doutorado e Pós-Doutorado dentro e fora do Brasil.
Novamente, a proposta da Ciência Tropical é, antes de tudo, uma nova proposta para o desenvolvimento de excelência na prática da pesquisa e educação científica. Dessa forma, ela tem de incentivar todas as formas que permitam aos melhores e mais promissores cientistas brasileiros complementarem sua formação fora do território nacional. Como bem disse a presidente-eleita Dilma Rousseff durante a campanha: “O Brasil precisa de seus cientistas porque eles iluminam o nosso país”.
15) Recrutamento de pesquisadores e professores estrangeiros dispostos a se radicar no Brasil.
Com a crise financeira, verdadeiros exércitos de cientistas americanos e europeus estarão procurando novas posições nos próximos anos. Cabe ao Brasil tirar vantagem dessa situação e passar a ser um importador de cérebros e não um exportador de talentos. Historicamente, a academia brasileira tem inúmeros exemplos excepcionais de pesquisadores estrangeiros de alto nível que alavancaram grandes avanços científicos no Brasil. O Programa Brasileiro de Ciência Tropical só teria a ganhar com uma política mais abrangente, audaciosa e sistêmica de importação de talentos.
Miguel Nicolelis é professor de neurobiologia da Universidade Duke e coordenador do Projeto do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN).
Espaço livre para a inovação
Reportagem de capa: Num movimento inédito, cada vez mais empresas incluem o Brasil nas estratégias de pesquisa e desenvolvimento
Por Talita Moreira
De São Paulo
10/12/2010 VALOR ECONÔMICO texto grande
Para analistas, inovação segue em passo lento
Autor(es): Chico Santos | Do Rio Valor Econômico - 05/01/2011O presidente da Finep, Luiz Fernandes, considera que o economista David Kupfer está "excessivamente pessimista, inclusive com os dados". Ele disse que a próprio crescimento da taxa de inovação na indústria para 38,1% "não é desprezível", considerando que essa taxa "estava estagnada na casa dos 33% até 2005". "São 9 mil empresas a mais que inovaram", ressalta.
Fernandes destacou também, no que toca ao esforço de pesquisa, o aumento de 0,57% para 0,62% do percentual do faturamento das indústrias destinado a pesquisa e desenvolvimento (P&D). Outro dado positivo destacado pelo dirigente da principal agência de fomento à pesquisa tecnológica do Brasil foi o fato de ter passado de 18,8% para 22,3% o percentual de empresas inovadoras que utilizaram pelo menos um mecanismo de apoio governamental.
Quanto ao compartilhamento do risco, ele entende que os mecanismos de apoio do Estado têm esse viés, principalmente a subvenção econômica (recursos a fundo perdido) que a Finep passou a conceder a empresas selecionadas a partir de 2007 e que está no seu quarto edital. "A subvenção encoraja a inovar. Se não houver resultado, a empresa não precisa perder dinheiro. Isso é compartilhar risco", disse. Fernandes resume assim o quadro que viu dos números da Pintec: "Precisamos melhorar muito, mas ficamos satisfeitos em ver uma evolução na direção correta".
Também o BNDES, que nos últimos anos aumentou muito sua participação nos mecanismos de apoio estatal à inovação, considera que a leitura da Pintec feita pelos analistas precisa ser ponderada, mesmo admitindo que há um longo caminho a percorrer. Para Claudio Leal, superintendente de planejamento do banco, o período de 2006 a 2008 compreendido pela última pesquisa do IBGE "não é capaz de captar" os resultados dos diversos mecanismos de apoio à pesquisa e desenvolvimento e à inovação no Brasil.
"Estamos com a Finep, há um processo positivo", disse, ressaltando que esse aspecto positivo existe mesmo quando o avanço é obtido só com a compra de máquinas e equipamentos mais modernos.
Ele destacou o crescimento do interesse de empresas estrangeiras de instalarem centros de pesquisas no país, especialmente na área de petróleo, e o aumento da disponibilidade de financiamento, liberando a empresa de usar recursos próprios para inovar.
Somente o BNDES possui hoje 15 mecanismos de fomento voltados para a inovação. No conjunto, eles desembolsaram R$ 563 milhões em 2009, no total de 156 projetos, saltando para R$ 999 milhões em 217 projetos, de janeiro a outubro de 2010.
O relatório anual de utilização dos incentivos fiscais da chamada Lei do Bem (nº 11.196/2005) referente a 2009, recentemente divulgado pelo MCT, também reflete o clima de otimismo, com ressalvas, existente no governo quanto aos avanços do país em P&D e inovação.
O trabalho mostra que o total de empresas habilitadas a utilizar os incentivos tem crescido ano a ano. Foi de 130 em 2006 para 300 em 2007, 460 em 2008, e 542 em 2009. Apesar do crescimento em número, o total investido em P&D pelas empresas habilitadas a usar a Lei do Bem, R$ 8,33 bilhões, foi 5% menor do que o do ano anterior, fato atribuído aos efeitos da crise econômica internacional. A renúncia fiscal do governo foi de R$ 1,32 bilhão.
Nas suas conclusões, o trabalho do MCT também destaca a necessidade de uma evolução maior. Considerando que o total de empresas beneficiárias dos incentivos fiscais da Lei do Bem corresponde a 14,5% do total de empresas que investiram em P&D no Brasil (dados da Pintec 2008), o ministério diz que "a participação do empresariado brasileiro nos investimentos em P&D ainda é bastante tímida".
"Essa situação não é compatível com o atual sistema de educação e de ciência e tecnologia do Brasil, o que tem provocado um descompasso entre a tênue geração de inovação das empresas brasileiras e a alta competência técnico-científica das nossas universidades", diz o trabalho, corroborando, de certa forma, o economista David Kupfer quando diz, aplaudindo a Lei do Bem: "Não estamos na direção errada, mas ainda temos muito que andar".
Números escondem uma realidade ainda pior, diz Protec
Autor(es): Chico Santos e Heloisa Magalhães | Do Rio Valor Econômico - 05/01/2011O presidente da Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), Roberto Nicolsky, é mais radical do que David Kupfer ao criticar o comportamento da indústria brasileira no quesito inovação. Para ele, o resultado da Pintec esconde uma realidade ainda pior.
"A Pintec confunde inovação com modernização." Para Nicolsky, o crescimento da taxa de inovação expresso na pesquisa do IBGE decorre da compra de máquinas mais modernas pelas empresas. "Elas não inovam. Compram um equipamento mais moderno com inovação incorporada", disse.
Nicolsky acha que no Brasil os estudantes querem ser inventores ao estilo professor Pardal, o famoso personagem de Walt Disney, sempre debruçado sobre uma revolucionária descoberta científica. "Os estudantes querem fazer ciência e só vão para as empresas como prêmio de consolação", afirmou.
Para ele, que durante muito tempo trabalhou em empresas, o próprio sistema de incentivos, começando pelas subvenções da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), é mais voltado para a academia. A maior prova, segundo Nicolsky, foi que quando o edital de subvenções de 2010 introduziu exigências que bloqueavam o acesso a empresas de origem acadêmica, houve forte redução no número de interessados.
O presidente da Protec considera que inovação é algo bem mais simples do que a busca por inventos mirabolantes. "É melhorar de alguma forma o seu produto ou o seu processo para tornar o produto melhor e mais barato", resume. Tanto Nicolsky como Kupfer consideram que está faltando no sistema de incentivos brasileiros mais estímulo para que as empresas assumam o risco, que é alto, de pesquisar. A concessão de financiamentos, mesmo baratos, por exemplo, seria um caminho pouco produtivo, a não ser que acompanhada de mecanismos de compartilhamento da possibilidade grande de fracasso inerente a toda pesquisa.
O economista Antonio Barros de Castro, também professor da UFRJ, ex-presidente do BNDES, reconhece que entre os estudiosos da temática da indústria no Brasil "ninguém se entusiasmou" com o resultado da Pintec. Segundo ele, o mais impressionante é que na 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada em maio deste ano, "ficou evidente que o Brasil vem acumulando forças para um possível desejado ingresso na economia do conhecimento".
Entre os sinais desses esforços, ele enumerou o aumento da verba do MCT "de US$ 600 milhões para US$ 2 bilhões em uma década" e a multiplicação de órgãos, tanto na esfera federal como na estadual e na municipal, voltados para o incentivo à busca da inovação. "Sessenta por cento dos gastos com inovação na América Latina vêm do Brasil", resume Castro, que acrescenta: "Os resultados, porém, são bastante modestos". Ele acha que o furacão China inibe o apetite inovador do empresário e sugere, como vem fazendo há muito tempo, que o Brasil busque adensar as cadeias produtivas em áreas nas quais pode ser líder, como o petróleo em águas profundas e o etanol.
XXXX
A desindustrialização e o aumento da inovação Luís Felipe Giesteira VALOR 27/01/2011 contraponto a Kupfer
A política de inovação tecnológica e sua articulação com uma política industrial, acelerariam eficiência econômica
Depois de longa estagnação, o número de empresas inovadoras aumentou.
A quarta Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec) foi alvissareira para os responsáveis pela política de inovação tecnológica brasileira. Ao mesmo tempo trouxe dilemas instigantes, cuja elucidação determinará avanços adicionais.
Depois de renitentes sinais de ineficácia dos esforços que o governo federal e os estaduais vinham realizando desde 1999 para incrementar o esforço tecnológico das firmas brasileiras - e assim aproximá-las dos padrões competitivos típicos dos países desenvolvidos -, sólidos indicadores de avanços foram logrados. Curiosamente, esses avanços se dão em um momento em que crescem as evidências de decadência relativa da indústria de transformação, tanto no que refere a sua importância na economia quanto a sua força frente à concorrência externa.
O patamar de firmas inovadoras atingiu 38,6% (38,4% apenas nas atividades manufatureiras), contra perto de um terço nas Pintecs anteriores e 39% na média da União Europeia. O aumento significativo na proporção de firmas que inovaram em relação a todo mercado nacional, de 5,38% (4,97% entre as manufatureiras) para 6,80% (6,47%) do total, faz esse resultado ainda mais notável.
Coerentemente, o gasto empresarial em pesquisa e desenvolvimento (P&D), expresso como proporção da receita líquida de vendas, passou de 0,85% para 0,93% (0,66% para 0,75% na indústria de transformação). Pode-se utilizar essas informações para traçar comparações mais ilustrativas, já que o mais frequente internacionalmente é utilizar a relação entre P&D e Produto Interno Bruto (PIB).
Cruzando-as com as contas nacionais, pode-se estimar o P&D empresarial não universitário em 0,58% do PIB brasileiro de 2008. Como o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) calcula que outros 0,03% sejam realizados por empresas não compreendidas pela Pintec, é bastante provável que o setor empresarial brasileiro tenha se aproximado da marca cabalística de mais de 50% do P&D realizado no país, já que o total do P&D público atingiu 0,58% do PIB em 2008.
Sucesso criativo está concentrado em poucos setores, química pesada, inclusive refino de petróleo, e transporte
Ademais, ao perfazer algo como 1,19% do PIB (o Ministério estima 1,24% em 2009), o Brasil afasta-se significativamente do patamar típico de países industrialmente frágeis, os quais muito raramente ultrapassam 1%, enquanto países avançados como a Itália, Espanha, Canadá e Noruega se situam pouco acima ou abaixo de 1,5%. Na verdade, apenas China e Brasil o fazem de fato (na medida em que a Rússia tem seu dado fortemente enviesado pelo seu relevante mas atípico esforço militar), já que Índia, Turquia e África do Sul gastam 0,84% do PIB em P&D e os países hispano-americanos mais desenvolvidos gastam pouco mais de 0,5%.
O que explicaria que, depois de um longo período de estagnação dos principais indicadores de arrojo tecnológico empresarial, finalmente tenhamos avançado? Em primeiro lugar, a significativa aceleração do crescimento econômico, a qual costuma estimular a inovação, sobretudo quando acompanhada de melhora das perspectivas a longo prazo e de aumento do investimento. Em segundo lugar, o veloz aumento da intensidade da política nacional de indução ao esforço tecnológico, recentemente avaliada como a segunda mais arrojada entre os países ocidentais. Por outro lado, é paradoxal o fato de que vem se assistindo a uma deterioração significativa e acelerada da competitividade da indústria nacional, ainda mais notável justamente nos setores de maior intensidade tecnológica.
A elucidação dessa conjunção de constatações díspares tem de ser buscada na peculiar situação de a indústria de transformação brasileira ser relativamente inovadora e arrojada tecnologicamente apesar de ao mesmo tempo ser (cada vez mais) frágil justamente nos setores que tradicionalmente mais investem em P&D e inovam.
Ocorre que o sucesso inovativo brasileiro está concentrado em poucos grupos de atividades: a química pesada (inclusive petroquímica e refino de petróleo) e material de transporte (inclusive aeronáutica). Esses dois conjuntos representaram mais de 60% de toda P&D industrial brasileira em 2008 (contra 58% em 2005), em contraste com os menos de 25% nos países desenvolvidos.
Tal desproporção é explicada apenas em parte pelo fato de as empresas brasilerias desses setores serem excepcionalmente arrojadas (puxadas, sobretudo, pela Petrobras na química e pela Embraer em material de transporte). Na verdade, as firmas brasileiras dos setores que tipicamente mais executam P&D e inovam internacionalmente - farmacêutica, eletrônica, aeronáutica e equipamentos de precisão - também costumam esforçar-se tecnologicamente muito acima da média geral. O que faz peculiarmente "fora do lugar" a distribuição setorial da P&D e da inovação no Brasil é o fato de que a química pesada "expandida" e material de transporte - setores de intensidade tecnológica intermediária - respondem por elevada parcela do PIB industrial brasileiro, ao passo que os setores tipicamente de elevada intensidade tecnológica não apenas são relativamente pequenos como estão perdendo participação no PIB.
Não há propriamente um paradoxo no fato de as empresas brasileiras estarem aumentando sua atividade tecnológica ao mesmo tempo em que cada vez mais nossa produção e nossas exportações são baseadas em bens de baixo conteúdo tecnológico. O que ocorre é uma disputa entre duas forças em direções se não opostas claramente concorrentes, na qual uma - a arrojada política de inovação tecnológica que ora praticamos, beneficiada por um ambiente favorável aos investimentos - vem prevalecendo sobre outra - a perda de peso econômico e de competitividade da indústria de transformação, sobretudo em ramos de alta intensidade tecnológica.
Embora os resultados alcançados pela política de inovação tecnológica sejam salutares e apontem para uma aproximação entre nossa crescente produção científica (que deve alcançar 3% dos artigos indexados de todo mundo em breve) e nossa atividade empresarial, sua articulação com uma política industrial norteada por critérios de intensidade tecnológica setorial acelerariam relevantemente sua efetividade econômica.
Luís Felipe Giesteira é especialista em políticas públicas e gestão governamental e doutor em teoria econômica pela Unicamp
O fosso entre universidade e indústria, por Jose Goldemberg http://bit.ly/enELWy Resultados da Pintec 2010
Inovação Demanda por recursos na Finep soma R$ 9 bi
Por Marli Olmos | De São Paulo
Agência voltada à inovação percebeu forte aumento de novos projetos, concent
Valor Econômico, 15-12-2011 .... ... .... ...
[O valor dos pedidos de crédito para inovação chegou a R$ 9,1 bilhões na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). É um volume cinco vezes maior que o do início do ano, segundo seu presidente, Glauco Arbix. Se antes sobravam recursos nas linhas de crédito nessa área, agora a Finep se preocupa com a necessidade de ganhar mais fôlego para poder atender a demanda. A soma de volumes para projetos contratados dobrou em quatro anos, passando de R$ 516 milhões em 2006 para R$ 1,2 bilhão em 2010. Há um ano, a média dos pedidos de crédito por projeto girava em torno de R$ 11 milhões e agora passou a R$ 40 milhões, com casos de mais de R$ 70 milhões nas linhas requisitadas por investidores no pré-sal.]
Finep teme que corte de gastos atrapalhe crédito para inovação
"A situação não é agradável, temos de remar contra a maré", diz novo presidente
DO RIO - folha, 29jan2011
O aperto fiscal anunciado pelo governo pode emperrar o aumento do crédito para o investimento em inovação, admitiu ontem o novo presidente da Finep, o sociólogo Glauco Arbix.
A instituição planejava ter atuação mais ativa na liberação de recursos para pesquisa e desenvolvimento, se tornando uma espécie de BNDES do setor de inovação.
Arbix pretende obter mais R$ 4 bilhões, até 2014, que seriam voltados para o investimento em empresas via concessão de crédito. Com isso, seu orçamento dobraria no período.
"Temos de conversar com o governo em meio a essa agenda de contenção fiscal. A situação não é agradável, temos de remar contra a maré. Em períodos de crise, o investimento em inovação dá base para que a recuperação seja rápida", declarou o novo presidente da instituição.
NOVO ESTATUTO
O fortalecimento da Finep voltou a ser defendido pelo ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), durante a cerimônia de posse de Arbix. O evento ocorreu ontem, no Rio de Janeiro.
O objetivo é que o investimento em pesquisa e desenvolvimento feito pelo setor privado signifique, em 2014, 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto). Atualmente ele representa 0,6% do valor gerado pela economia do país.
"Por isso a Finep vai precisar ser uma instituição financeira específica, de fomento. Pesquisa e inovação têm risco", afirmou Mercadante.
Arbix observou que a nova formatação da instituição ainda não está definida. Se a Finep for transformada numa espécie de BNDES, precisará de autorização do Banco Central, e passará a ter um novo estatuto.
"O incremento de recursos pode ser feito via Tesouro ou mesmo via mercado. Poderemos captar se nos transformarmos em instituição financeira", disse.
O novo presidente afirmou que o objetivo da Finep agora é aprofundar seu foco nas empresas, principalmente na concessão de crédito. "Os recursos não são suficientes. Precisamos duplicar a capacidade de crédito, para triplicar a capacidade de atender as empresas", disse.
Inovar é preciso
Para manter ou melhorar as condições de trabalho temos de construir novos fatores competitivos ligados à qualidade e à inovação
ENTREVISTA: Maria João Rodrigues, Portugal
Lançado o livro “A FINEP no século XXI” http://fwd4.me/uZH
Livro Azul http://bit.ly/hHRBQ3 A obra é resultado da Consulta Pública realizada sobre a 4* CNCTI; CGEE e pelo MCT
{[CIFRAS & LETRAS - CRÍTICA INOVAÇÃO}]
LIVRO APRESENTA ESTADO COMO VERDADEIRO MOTOR DA INOVAÇÃO
Governos assumem mais risco e criam principais invenções, afirma autora
LIVRO APRESENTA ESTADO COMO VERDADEIRO MOTOR DA INOVAÇÃO
Governos assumem mais risco e criam principais invenções, afirma autora
[No brilhante "The Entrepreneurial State: Debunking Public vs,. Private Sector Myths" (O Estado Empreendedor, Desmascarando Mitos do Setor Público vs Privado), Mariana Mazzucato, professora de economia na Universidade de Sussex (Reino Unido), diz que o empreendedorismo privado é insuficiente para garantir a inovação.]
.
No comments:
Post a Comment