por Vitor Paolozzi | Do Rio
VALOR ECONÔMICO, 22-11-2013
[Leo Pinheiro/Valor / Leo Pinheiro/ValorReformas vão avançar: Chen Changsheng, diretor do DRC, o principal instituto de pesquisa econômica da China]
Ao contrário do que pensam os ocidentais, a China não escapou praticamente ilesa da crise financeira global iniciada há cinco anos. Para o pesquisador Chen Changsheng, as reformas econômicas anunciadas por Pequim após a Terceira Plenária do 18º Comitê Central do Partido Comunista da China, encerrada há dez dias, são consequência direta dos abalos provocados pela crise.
Chen, de 38 anos, aposta que as reformas avançarão, vencendo a resistência de parte da burocracia estatal que se opõe às mudanças, que visam ampliar o papel das forças de mercado na economia.
Ele afirma isso com a autoridade de diretor da unidade de pesquisa do Departamento de Pesquisa Macroeconômica do Centro de Pesquisa para Desenvolvimento (DRC, na sigla em inglês) do Conselho de Estado. O DRC é uma agência estatal para a formulação de políticas públicas para o Comitê Central do Partido Comunista e para o Conselho de Estado, que é o principal órgão governamental chinês.
Chen veio ao Brasil para participar do seminário "Armadilha da Renda Média: Visões do Brasil e da China", promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) e pelo Instituto de Estudos da América Latina da Academia de Ciências Sociais da China (Ilas/Cass), que acontece hoje no Rio de Janeiro. O seminário faz parte da programação de lançamento de um livro que tem o mesmo nome, escrito por pesquisadores dos dois países.
A armadilha da renda média é uma teoria segundo a qual um país pode conseguir escapar da pobreza com relativa velocidade, elevando a renda per capita anual até uma faixa em torno de US$ 12 mil. Mas, a partir daí, atola e fica preso nesse nível, geralmente porque a indústria começa a perder competitividade, pelo aumento dos salários, e não consegue compensar isso com ganhos de produtividade e inovações tecnológicas. Leia a seguir trechos da entrevista concedida ao Valor.
Valor: O que a China pode fazer para tentar evitar cair na armadilha da renda média?
Chen Changsheng: A China está passando por um momento de três grandes transformações: econômica, social e nas suas relações internacionais. O maior desafio para a transformação econômica é como se tornar uma economia que tenha mais inovação tecnológica e que possa se sustentar por si mesma, diminuindo a dependência de outras economias. Na questão da inovação, as forças do governo são muito tradicionais, não existe motivação para fazer mudanças. Já as empresas privadas são muito mais propensas a buscar a inovação. E para isso é preciso também promover a abertura do mercado chinês, porque a China precisa participar do sistema global de inovação. A China precisa abandonar aos poucos esse modelo de controle das empresas pelo governo. O governo não vai administrar diretamente as estatais, mas ainda vai controlar o capital delas.
Valor: O DRC recomendou recentemente o fim do monopólio estatal em vários setores. Que prejuízos esses monopólios estão trazendo para a economia chinesa?
Chen: O maior deles é a baixa eficiência das empresas. Há também o problema de que, em vários setores, os preços são relativamente altos. Por isso, houve a necessidade dessa recente reforma. Ferrovias, petróleo e telecomunicações são setores que já estão passando por modificações com o objetivo de encerrar o monopólio estatal. Essas mudanças serão graduais, por etapas, até 2020. No início de 2014, o governo divulgará mais um documento, com detalhes das medidas a serem adotadas.
Valor: Quais são os obstáculos à implementação das reformas? Outros líderes já falaram da necessidade de mudanças e pouco foi feito.
Chen: Em qualquer país, a introdução de reformas traz prejuízos para certos grupos. Mas essas reformas são inevitáveis. Para o Ocidente, parece que a China atravessou bem a crise global de 2008. Mas houve muitos problemas internos. Foi essa crise que provocou as reformas. Muitos acham que as políticas velhas são boas o suficiente, já que funcionavam antes. Mas essa crise mostrou que há muitos problemas internos que precisam ser resolvidos.
Valor: Pode-se esperar um fortalecimento das instituições democráticas na China à medida que o país tenta escapar dessa armadilha da renda média?
Chen: Não acho que exista muita relação entre democracia e crescimento econômico. Há outros países asiáticos que têm democracia, mas não têm crescimento muito forte. O governo chinês nunca se negou a discutir esse tema [da falta de democracia]. Mas, para uma boa compreensão da questão, é preciso levar em conta que há um entendimento diferente para ocidentais e orientais. Os ocidentais tendem a pensar que tudo se resume à existência de eleições. Mas, na China, há uma forte participação da sociedade, há uma democracia interna.
Valor: A urbanização que vem ocorrendo ameaça aumentar a pobreza urbana? Isso não poderia elevar o risco de conflitos sociais?
Chen: Para o governo, essa questão é muito importante, porque a proporção da população que vive no campo ainda é muito alta. Olhando para trás, vemos que o processo de urbanização é relativamente bem-sucedido. A urbanização é acompanhada pela criação de empregos na cidade. Nesse aspecto, é um caso diferente do Brasil. Outro ponto que evita a possibilidade de conflitos sociais é que o camponês ainda tem a alternativa de voltar para o campo. Mas há grandes obstáculos a vencer, há 260 milhões de chineses que saíram do campo e ainda não têm a garantia de receber serviços públicos nas cidades.
Valor: Quais são as maiores dificuldades para a mudança do atual modelo de crescimento baseado nas exportações para um modelo baseado no consumo interno?
Chen: A influência das exportações já está sendo reduzida. A diferença entre exportações e importações na balança comercial chinesa já baixou para cerca de 2% do PIB. Já existe uma consciência de que a demanda interna é tão importante quanto a externa. O consumo está crescendo cada vez mais, em média 8% ao ano. Porém, é preciso criar condições para que se possa consumir. Ainda há uma grande diferença de renda das pessoas. É necessário também melhorar as políticas públicas para promover o desenvolvimento da indústria de serviços, especialmente os setores educacional e financeiro. Na China, uma pessoa que queira criar uma escola, um banco, ainda encontra muitos obstáculos.
Valor: Existe uma bolha imobiliária na China neste momento?
Chen: Realmente, existem problemas no setor imobiliário, mas não sei se se pode definir como uma bolha. Nas cidades grandes, os preços dos imóveis são muito altos quando comparados com a renda das pessoas. E nas cidades pequenas a oferta é muito grande. Também há uma grande oferta de crédito para financiamento. Isso pode vir a se tornar um problema sério.
PODEROSO, XI TERÁ UMA TAREFA GIGANTESCA
VALOR ECONÔMICO, 22-11-2013
por David Pilling | Financial Times
Pode não ser exagero dizer que Xi Jinping é hoje o líder mais poderoso do mundo. Na realidade, não há muitos competidores. Barack Obama, o presidente dos EUA, foi humilhado no exterior, no caso da Síria, e enfraquecido em casa pelo fracasso embaraçoso de seu plano de saúde. Prematuramente, talvez, ele já está sendo considerado um "lame duck" (pato manco), como se diz em inglês sobre políticos em fim de mandato, com pouco poder. Angela Merkel, a premiê alemã, terá um terceiro mandato limitado como chefe do que, pelos padrões chineses, é uma empresa nacional de médio porte. Shinzo Abe, premiê do Japão, está no comando da mais impressionante máquina impressora (de dinheiro) do mundo, embora nem de longe sua economia seja a mais robusta. Por exclusão, sobra Xi, que tem pela frente nove anos no comando de uma economia que poderá ser a maior do mundo quando ele deixar o cargo, em 2020.
Além disso, Xi não perdeu tempo em fortalecer sua base de poder no país. Em apenas 12 meses, ele tornou-se possivelmente o mais forte líder chinês desde Deng Xiaoping. A prova disso veio na sexta-feira, com o lançamento do aparentemente pouco promissor (mas potencialmente muito significativo) documento "Decisão Sobre Importantes Questões Referentes ao Aprofundamento Abrangente de Reformas".
O documento (que em inglês já está sendo chamado simplesmente de "The Decision", com uma conotação oracular) detalha o que parece ser o mais ambicioso esforço de reforma desde que o premiê Zhu Rongji coordenou uma reforma radical do setor estatal, mais de dez anos atrás. Um plano para a próxima década, "A Decisão" mostra que a equipe de Xi está encarando os graves problemas com que se defronta a desigual economia chinesa, movida a grandes investimentos. E, o que é mais relevante, mostra que eles não têm medo de fazer algo a respeito.
A consolidação do poder de Xi foi rápida. Diferentemente de Hu Jintao, a figura decorativa que o antecedeu, ele logo ocupou todas as três primeiras posições no país, tornando-se, em ordem de importância, secretário-geral do Partido Comunista, presidente da comissão militar e, presidente da China. Xi rapidamente criou uma unidade anticorrupção, o que provocou um arrepio na espinha da burocracia do partido. Ele também reprimiu críticas na internet e colocou a política externa mais diretamente sob seu controle, algo que se refletiu na formação do Conselho de Segurança Nacional.
Chris Buckley, no "The New York Times", descreve Xi como um "presidente imperial", impondo-se sobre seus seis colegas no Politburo. Buckley cita Xiao Gongqin, um defensor do "neoautoritarismo", que vê o novo líder chinês como um homem forte, capaz de sufocar qualquer oposição política à implementação da necessária modernização econômica.
Com efeito, Xi parece estar também no comando do programa econômico. A agência de notícias oficial Xinhua, ao detalhar como "A Decisão" foi formulada, refere-se por nome apenas a Xi, sem mencionar Li Keqiang, que, como primeiro-ministro e economista, supostamente deveria estar no comando da política econômica.
A amplitude e a ambição da reforma exposta na "Decisão", um documento de 20 páginas, tomou muitos de surpresa. O Credit Suisse diz que o pacote aborda 16 áreas de reformas, com não menos de 60 iniciativas significativas, detalhando o que, conforme sinalização do partido, será uma guinada rumo a um papel "decisivo" do mercado.
Entre as mudanças que ocuparam as manchetes estão o virtual abandono da política de filho único, um abrandamento há muito necessário e que provavelmente chega tarde demais para impedir uma iminente crise demográfica. O partido vai também abolir a infame reeducação por meio do sistema de trabalho forçado. Ambas as medidas são bem-vindas, em especial para os casais que desejam mais filhos ou quem hoje está quebrando pedras com a finalidade de aperfeiçoar suas ideias. As reformas mais profundas, no entanto, são econômicas e financeiras.
O tema comum é o de que, embora os setores produtivos que comandam a economia continuarão em mãos estatais, grande parte do setor público passará a ficar sujeito a um maior rigor de mercado. Assim, em vez de serem supridos por finanças subsidiadas e insumos subsidiados, como terra e eletricidade, espera-se que as empresas estatais cada vez mais tenham de pagar preços de mercado.
Elas serão mais espremidas por um Estado que necessita mais recursos para desenvolver uma rede de seguridade social, ela própria um componente essencial na tarefa, até agora malsucedida, de colocar a demanda dos consumidores, em vez do investimento, como motor da economia. Governos locais terão poderes para cobrar impostos sobre imóveis.
Por outro lado, a possibilidade de o Estado levantar fundos mediante expropriação de terras será restringida, já que os direitos de propriedade dos donos de terra serão fortalecidos. Isso poderá tornar mais fácil, para os agricultores, mudarem-se para cidades, o que será uma fonte potencialmente importante de urbanização, impulsionadora do crescimento, que também seria beneficiada pelo relaxamento do sistema de cadastro conhecido como "hukou".
Naturalmente, essa é a teoria. É muito mais fácil escrever do que implementar tudo isso. Ainda assim, mesmo se apenas uma fração da "Decisão" for colocada em prática, o modelo econômico chinês mudará significativamente. Isso deverá produzir benefícios em termos de racionalidade econômica, mas também dor, ao acabar com as ineficiências e o excesso de capacidade.
A economia chinesa está ficando sem combustível, necessitando cada vez mais insumos para gerar retornos sempre decrescentes. "A Decisão" é uma tentativa de colocar a economia em um novo caminho. Será uma tarefa gigantesca.
Xi não precisará apenas manter o colosso econômico nos trilhos. Também terá de trocar o óleo e mudar os pneus enquanto avança aos trancos e barrancos. Nesse sentido, no fim das contas, ele pode não ser o líder mais poderoso do mundo. Ele estará demasiado ocupado com os assuntos internos para preocupar-se muito em fazer sua presença sentida no exterior.
LLIÇÕES CHINESAS
por Carlos Lessa
A rapidez com que a China evolui para a autossuficiência tecnológica reforça seu poderio militar e passa a apostar suas cartas no seu próprio mercado interno urbano
VALOR ECONÔMICO, 04-12-2013
O olhar macroeconômico sobre a China se arregala com as taxas de crescimento de dois dígitos que prevaleceram nos últimos 20 anos. Neste ano, a expansão do PIB será de 7%; a produção industrial se acelerou nos últimos meses e a inflação permanece sob controle. A globalização bem-sucedida das exportações chinesas saltou de 1% do comércio mundial para mais de 14% neste ano.
A China, tendo superado a crise mundial, sabe que essa é estrutural, coisa que o governo brasileiro parece não suspeitar. O Brasil insiste em considerar que a globalização prosseguirá e favorecerá nosso país; continua endividando as famílias para manter a atividade econômica, convive com voos de galinha no crescimento e é complacente com a medíocre taxa de investimento.
A primeira lição chinesa mostra que é necessário um projeto nacional de desenvolvimento das forças produtivas e sociais que seja ajustado às características geopolíticas e geoeconômicas. Na plenária de dezembro de 1978, Deng Xiaoping consolidou seu poder como reformista da Revolução Cultural e abriu caminho para o que hoje os chineses chamam de "economia socialista de mercado". Os chineses assimilaram as lições soviéticas: é possível, com planejamento hipercentralizado, instalar a indústria básica e mudar radicalmente a estrutura das forças produtivas e da organização social. Porém, uma vez dado esse grande salto, torna-se crescentemente difícil avançar. Uma economia planificada deve ter claro o projeto nacional e a evolução social, porém necessita do mercado como um elemento complementar de organização da atividade econômica e social.
Ciência e tecnologia são a chave para o futuro e os chineses sabem que a revolução cultural estará ligada à inovação
Ao invés de assumir os feitos econômicos e sociais chineses das últimas décadas em busca de lições profundas, os neoliberais do mundo (e obviamente seus epígonos brasileiros) festejam os anúncios de reformas na China como uma demonstração da "superioridade do mercado". Em recente relatório (festejado pelos neoliberais, antes considerado básico, passou a ser qualificado como decisivo), o presidente Xi Jinping afirma que dependerá menos de exportações e necessita ampliar o mercado interno de bens de consumo. O Partido Comunista comunicou que "é preciso que os agricultores participem de forma igualitária e desfrutem dos frutos da modernização" (eu agregaria os que permanecem direta e indiretamente na zona rural e os neourbanizados).
Alguns neoliberais disseram que essas novas reformas representam, para a China, o equivalente à Revolução Industrial inglesa do século XVII e à arrancada do início do século XX que converteu os EUA em polo da economia mundial. Em vez do "socialismo de mercado", os neoliberais pensam que a China optou pelo "capitalismo de mercado".
Ignoram a tradição chinesa de considerar que uma liderança unificada é capaz de conduzir a burocracia em seus diversos escalões a seguir suas vontades. Em 221 AC, surgiu o Estado centralizado na China, que assumiu, desde então, a indispensável regulação do uso das águas. O PC chinês sabe que a quebra do Estado centralizado se derivou de revoluções camponesas, desde a sucessão da dinastia Tang que, no século X foi sucedida por um período de fraturas, passando pelos Song, pelos Yuan, derrotados pela revolta camponesa que inaugura a Dinastia Ming, sucedida pela Ching, que, por sua vez, assistiu as revoluções camponesas dos Tai Ping e Boxers.
O PC chinês sabe que conquistou o poder pelo apoio popular camponês. A pressão japonesa levou à organização do PC chinês: em 1931, o Japão ocupa a Manchúria e a vitória nacional camponesa contra o Japão sinaliza o PC como poder central e unificador; o mandarim é substituído pelo burocrata do PC (1949).
Do multissecular controle das águas até a atual busca de liderança nas forças produtivas mundiais, no governo de partido único não há nenhuma possibilidade de contestação que não seja ampla rebelião popular. Creio ser preventiva ante a inquietação camponesa a concessão de autorização para mais filhos e deslocamentos da família camponesa com seu patrimônio (resultado da venda do lote rural) para as cidades. A criação do mercado de terras rurais abre caminho para uma nova transformação agrícola. A produção chinesa agrícola utiliza 115 milhões de hectares (50% irrigados) e 300 milhões de hectares de pastagens. Enquanto a produção industrial cresce exponencialmente, a agricultura chinesa tem aumentado sua produção em torno de 1%. É óbvio que o chinês rural quer melhorar de vida, pois recebe em média apenas um terço da renda do trabalhador urbano. É estimável o deslocamento de mais 350 milhões de chineses para a rede urbana. A lógica da prevenção colocará como "um exército industrial de reserva" esta enorme massa de ex-camponeses. É fácil imaginar que a mão de obra urbana barata continuará e que não prosperará a luta independente sindical. O ritmo dessa transição será um teste administrativo para o planejamento chinês, que sofrerá ajustes.
Para a consagração do "socialismo de mercado", é preciso ter claro que os chineses não abriram nem abrirão mão das estatais nos setores de energia, transporte e comunicações. A indústria pesada, notadamente siderurgia e metalurgia, permanecerá estatal.
É chave para o futuro o sistema de ciência e tecnologia, e os chineses sabem que a revolução cultural, no futuro, estará ligada à cultura da inovação. Até agora, seletivamente, puderam absorver muitas das dimensões do sucesso americano. As filiais americanas, atraídas pelas vantagens da força de trabalho chinesa, barata e disciplinada, permitiram ou estão permitindo que futuros "clones" ganhem total maturidade mediante o acesso ao gigantesco sistema estatal de ciência e tecnologia (a nossa Embraer já em seu clone chinês).
Obviamente as filiais americanas na China inundaram o mercado mundial e, em especial, o americano. O déficit comercial da potência hegemônica caminhou associado à ampliação da dívida pública, enquanto a China se converteu na maior detentora (fora dos EUA) de títulos do Tesouro americano. Mantendo o yuan colado ao dólar, a China vai, progressivamente, desfrutando das vantagens da moeda-chave.
O Brasil, com sua pretensão de ser "celeiro do mundo", cada vez mais exportador de alimentos e matérias-primas, assistindo passivamente a desnacionalização e o enfraquecimento das cadeias produtivas internas, torna-se cada vez mais periférico em relação ao eixo EUA-China. É óbvio que nenhum eixo é eterno e qualquer acordo só é bom "enquanto dure". A rapidez com que a China evolui para a autossuficiência tecnológica reforça seu poderio militar e passa a apostar suas cartas no seu próprio mercado interno urbano.
Sabemos o que é ser periférico e a baixa fecundidade das lições americanas. Devemos estudar a China, não para copiá-la, mas sim para, conhecendo-a, não sermos reciclados com a ideologia neoliberal falida, que busca sua "revenda" com a "economia de mercado" chinesa. Todos os interesses brasileiros voltados para a primária exportação e afastados do desenvolvimento das forças produtivas nacionais estarão veiculando lições chinesas capengas.
Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES; escreve mensalmente às quartas-feiras. carlos-lessa@oi.com.br
CHINA NÃO DEVE COPIAR ERROS DO KAISER
por Martin Wolf [KEYNES AND CRISIS IV]
As vantagens recíprocas do comércio e da interdependência econômica crescentes são ordens de grandeza maiores que as decorrentes de ganhos territoriais secundários ao largo da costa
VALOR ECONÔMICO, 04-12-2013
Será que sustentaremos uma economia mundial aberta administrando, ao mesmo tempo, as tensões entre uma autocracia ascendente e democracias em relativo declínio econômico? Essa foi a pergunta despertada pela ascensão da Alemanha imperial como a principal potência econômica e militar da Europa no fim do século XIX. É a pergunta despertada hoje pela ascensão da China comunista. Agora, como naquela época, a desconfiança é alta e cresce. Agora, como naquela época, os atos da potência em ascensão elevam os riscos de conflito. Sabemos como essa história terminou em 1914. Como será que a nova história terminará, um século depois?
A decisão da China de criar uma "zona de identificação de defesa aérea do Mar do Leste da China" que abrange ilhas desabitadas controladas atualmente pelo Japão (chamadas Senkaku pelo Japão e Diaoyu pela China) visa inequivocamente provocar - as zonas de defesa aérea dos dois países agora se sobrepõem.
Nem o Japão nem a Coreia do Sul reconhecem a nova zona, que a China parece preparada para defender. Os Estados Unidos também não reconhecem a zona, e estão obrigados por tratado a apoiar o Japão num possível conflito. Mas o Departamento de Estado indicou, além disso, que "supõe" que os aviões comerciais americanos cumprirão as exigências chinesas, a fim de evitar ameaçar vidas inocentes.
Correr o risco de instaurar um conflito não faz sentido para a China. As vantagens recíprocas do comércio e da interdependência econômica crescentes são ordens de grandeza maiores que as decorrentes de ganhos territoriais secundários ao largo da costa
Os sinais, portanto, são desencontrados, como é habitual em situações como essa. Mas, como observou William Fallon, ex-diretor do Comando do Pacífico dos EUA, a zona chinesa aumenta o potencial de um conflito acidental. O que aconteceria se aviões militares chineses e japoneses disparassem um contra o outro? O que aconteceria se jatos militares chineses disparassem num avião civil ou o obrigassem a pousar? Os sinais desencontrados emitidos pelos Estados Unidos podem até elevar os riscos de conflito.
Atualmente, com a China sob a liderança de Xi Jinping, um vigoroso nacionalista, com o Japão sob a liderança de Shinzo Abe, um nacionalista não menos vigoroso, e os EUA comprometidos por tratado a defender o Japão contra um possível ataque, o risco de um conflito desastroso volta à cena.
Mais uma vez, há paralelos com a ascensão da Alemanha. No início do século XX, esse país lançou uma corrida armamentista naval com o Reino Unido. Em 1911, a Alemanha enviou uma canhoneira ao Marrocos em resposta à intervenção da França naquele país. O objetivo era, em parte, pôr à prova as relações entre a França e o Reino Unido. Ao que se revelou ela consolidou essa aliança, assim como a medida tomada pela China tende a consolidar as alianças entre Japão e Coreia do Sul, por um lado, e os Estados Unidos, por outro.
Por que o presidente da China tomaria uma medida provocativa como essa? Uma vez que ele parece estar numa posição cada vez mais poderosa em seu país, é de supor que Xi tenha tomado essa decisão conscientemente, talvez na intenção de fomentar iniciativas desse tipo. Mas, para o observador desinteressado, as vantagens de controlar um punhado de rochas desabitadas são amplamente superadas pelos riscos impostos pela iniciativa de Xi ao seu país, que acaba de adotar reformas econômicas complexas, que está profundamente incorporado à economia mundial.
Essa foi exatamente a pergunta levantada por Norman Angell, o liberal inglês, em seu livro de 1909 "A Grande Ilusão". Angell não argumentou, como alegam alguns, que a guerra entre as grandes potências europeias era inconcebível. Ele não era tolo a ponto de fazer isso. Argumentou, em vez disso, que uma guerra seria infrutífera, até para os vencedores.
Essa foi exatamente a pergunta levantada por Norman Angell, o liberal inglês, em seu livro de 1909 "A Grande Ilusão". Angell não argumentou, como alegam alguns, que a guerra entre as grandes potências europeias era inconcebível. Ele não era tolo a ponto de fazer isso. Argumentou, em vez disso, que uma guerra seria infrutífera, até para os vencedores.
Especialistas militares supõem que, num conflito direto, a China perderia. Embora sua economia tenha crescido drasticamente, ela ainda é menor que a dos EUA. Se se instaurar um conflito aberto, os EUA podem pôr fim ao comércio do mundo com a China. Também podem confiscar uma boa parte dos ativos líquidos da China no exterior. As consequências econômicas seriam devastadoras para o mundo, mas, quase certamente, piores para a China.
Por ser pobre em recursos naturais, a China depende das importações para obter uma série de matérias-primas de importância decisiva. Embora tenha avançado rapidamente em sua qualificação tecnológica, o país é muito mais dependente do "know-how" estrangeiro e do ingresso de investimentos estrangeiros diretos do que o restante do mundo depende das qualificações da China. Um conflito poderia obrigar muitas empresas ocidentais e japonesas a se retirar e ir para outro país considerado mais seguro. As reservas cambiais da China, equivalentes a 40% do PIB, são, por definição, mantidas no exterior..
Evidentemente, como nos diria Angell, correr o risco de instaurar um conflito não faz sentido para a China. As vantagens recíprocas do comércio e da interdependência econômica crescentes são ordens de grandeza maiores e, poder-se-ia pensar, mais convincentes que as decorrentes de ganhos territoriais secundários ao largo da costa. No mesmo sentido, nenhum ganho pôde justificar o desastre que foi a Primeira Guerra Mundial. Mas a história, infelizmente, também nos ensina que os atritos entre potências conservadoras e revisionistas podem levar ao conflito, por mais desastrosas que sejam as consequências. Na verdade, Tucídides, o grande historiador da Antiguidade, argumentava que a calamitosa Guerra do Peloponeso se deveu ao temor que o crescente poder de Atenas inspirou a Esparta.
As ambições nacionalistas e os ressentimentos com os erros do passado são muito humanos. Mas este jogo é simplesmente arriscado demais. Em prol dos interesses de mais longo prazo do povo chinês, Xi deveria pensar mais uma vez - e deter-se. (Tradução de Rachel Warszawski)
Martin Wolf é editor e principal analista econômico do FT.
POR QUE O 'ABENOMICS' VAI DECEPNIONAR
por Martin Wolf
Esperanças de uma tendência de crescimento econômico mais acelerada são otimistas demais, e a discussão sobre os obstáculos estruturais, limitada demais
VALOR ECONÔMICO, 18-12-2013
A preocupação dominante de Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão, é com a queda da economia de seu país comparativamente à da China. Isso explica o "abenomics", destinado à revitalização da economia. Será que ele poderá ter sucesso? A resposta é: sim - mas apenas em parte. Deve ser possível acabar com a deflação. Mas um grande surto de crescimento da economia é pouco provável.
O "abenomics" consiste de "três setas". A primeira é uma política monetária voltada para eliminar a deflação. A segunda é uma política fiscal flexível, destinada a sustentar a economia japonesa no curto prazo e a garantir estabilidade fiscal no longo prazo. A terceira é a reforma estrutural que pretende elevar os investimentos e a tendência de crescimento.
O "abenomics" traz dilemas para a atividade econômica.
O Japão goza de uma melhoria cíclica considerável. A deflação poderá desaparecer. Mas esperanças de uma tendência de crescimento econômico mais acelerada são otimistas demais, e a discussão sobre os obstáculos estruturais, limitada demais
Das três setas, a primeira é a que mais tende a atingir o alvo. Em janeiro o Bank of Japan (o BC do país) adotou uma meta explícita de 2% de inflação dos preços ao consumidor. Mas foi apenas após a nomeação de Haruhiko Kuroda, uma pessoa alheia à instituição, como presidente que um novo enfoque nasceu. Sob sua liderança o banco anunciou seu ambicioso programa de "afrouxamento quantitativo e qualitativo", ou QQE, nas iniciais em inglês. O objetivo é chegar à meta de inflação "o quanto antes, cerca de dois anos".
O banco central se comprometeu a duplicar suas carteiras de bônus do governo japonês em dois anos e em mais do que dobrar a média dos vencimentos dessas posições. Christina Romer, da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos do presidente dos Estados Unidos, festejou essa notícia como uma "guinada de regime", comparável à decisão dos EUA de abandonar o padrão-ouro, em abril de 1933.
Como argumentou Kuroda em entrevista ao " Financial Times ", a nova política visa afetar a economia por meio de reduções das taxas de juros, mudanças para carteiras de ativos de maior risco e aumento das expectativas de inflação. "Estamos no meio do caminho", afirma. "Os dados estatísticos mais recentes mostram que a taxa de inflação alcançou 0,9%. Mas ainda há muito a percorrer".
Há motivos para otimismo. Em primeiro lugar, indícios emitidos pelos mercados de bônus e por pesquisas junto ao consumidor sugerem que as expectativas de inflação estão aumentando. Em segundo lugar, tudo indica que a capacidade excedente é muito pequena: o Bank of Japan avalia que ela corresponde a apenas 1,5% da capacidade de produção. O percentual é sustentado pelo fato de o desemprego estar atualmente em cerca de 4%. Em terceiro lugar, prevê-se que a economia japonesa crescerá ao dobro da velocidade da capacidade de produção nos próximos dois anos. Isso eliminaria a capacidade excedente. Finalmente, o BC japonês deixou claro sua determinação de fazer o que for necessário para ter inflação. Um BC sempre pode reduzir o valor do dinheiro que cria, se quiser. O risco é que, em vez de se estabilizarem em 2%, as expectativas de inflação subam muito mais, obrigando o BC a enrijecer.
Kuroda também argumenta que uma inflação prevista positiva promoverá a atividade econômica. As taxas de juros reais seriam negativas, o que estimularia as famílias e empresas a gastar. Se os investimentos subissem, a taxa sustentável de crescimento econômico subiria também. Além disso, se o superávit financeiro do setor privado (em 11% do Produto Interno Bruto, PIB, no ano passado) caísse significativamente, o déficit fiscal poderia diminuir sem prejudicar o nível de atividade econômica.
Dessa maneira, então, a nova estratégia do BC poderá promover certo grau de revitalização da economia, embora também corra o risco de desestabilizar as expectativas de deflação, sem voltar a ancorá-las numa inflação de 2%.
O governo espera aumentar tendência da taxa de crescimento econômico real para 2% ao ano. Isso não é impossível. Mas é muito ambicioso. A população em idade ativa está caindo ao índice de cerca de 0,7% ao ano. O nível de emprego, de 80% para homens de 15 a 64 anos em 2012, é mais alto que o vigente em outras grandes economias de alta renda. Aos 61% para mulheres, ele não está longe do observado nos EUA (62%), Reino Unido (66%) e Alemanha (68%). Sim, seria possível elevar ainda mais a participação feminina, mas isso não transformaria as perspectivas de crescimento.
Para alcançar a meta de crescimento, a produção por trabalhador teria de subir em níveis próximos a 2,5% ao ano. Nenhuma economia de alta renda obteve uma tendência de crescimento da produtividade tão alta entre 1990 e 2012. É verdade, a produção por trabalhador do Japão correspondeu a apenas 71% dos níveis dos EUA em 2012 (em paridade de poder de compra). Mas não está muito atrás dos níveis vigentes em outras grandes economias de alta renda. Há espaço para emparelhar-se a elas na esfera da produtividade, principalmente no setor de serviços. Mas isso exigiria uma revolução social e econômica. As modestas reformas em discussão certamente não alcançarão essa meta.
O que está sendo discutido tampouco é relevante para enfrentar os desequilíbrios estruturais do Japão: o excedente de poupança privada absorvido pelos enormes déficits fiscais, que emergiram sob a forma de crescentes níveis de endividamento do setor público. Na verdade, a discussão japonesa simplesmente ignora os enormes superávits financeiros do setor corporativo e as baixas participações da renda disponível das famílias e do consumo no PIB. Assim, a política fiscal se destina a elevar os impostos sobre o consumo, que é atualmente baixo demais, e a baixar a taxação sobre os lucros corporativos, que são altos demais.
O "abenomics" inclui a costumeira lista de "soluções estruturais". Mas elas são irrelevantes para as verdadeiras preocupações estruturais. Andrew Smithers, da Smithers & Co., recomenda deduções por depreciação mais baixas. Sem uma migração da renda a partir dos lucros corporativos para as famílias, o déficit fiscal estrutural não poderá ser eliminado, a não ser que o superávit em conta corrente se transforme num gigantesco superávit. Já é lamentável que a zona do euro está seguindo essa estratégia. O Japão não deveria esperar fazer o mesmo.
Sustentado pela nova política monetária, o Japão goza de uma melhoria cíclica considerável. A deflação poderá desaparecer. Mas esperanças de uma tendência de crescimento econômico mais acelerada são otimistas demais, e a discussão sobre os obstáculos estruturais, limitada demais. Em vista de sua distribuição etária, o Japão fará bem em alcançar um crescimento de 1 a 1,5% ao ano. O país não conseguirá associar dinamismo econômico a consolidação fiscal sem um aumento da contribuição do consumo no PIB. Uma vez que as taxas de poupança das famílias são baixas, isso só poderá acontecer se se transferir renda a partir das empresas. Ninguém parece disposto a reconhecer esse desafio. Supõe-se, em vez disso, que o já excessivo investimento do Japão deveria aumentar ainda mais. Isso é equivocado.
Qual, então, seria a avaliação do primeiro ano do "abenomics"? Como um sucesso inicial, mas longe de ser completo. (Tradução de Rachel Warszawski)
Martin Wolf é editor e principal comentarista econômico do FT
THE PARTY'S NEW BLUEPRINT
by J.M. | BEIJING
IN CHINA’S state-controlled media it is being called a new blueprint for reform, a reform manifesto, even “reform 2.0”. Such descriptions may be a little overblown, but the Communist Party has indeed produced its most wide-ranging and reform-tinged proposals for economic and social change in many years. The “Decision on Major Issues Concerning Comprehensively Deepening Reforms”, as the document made public on November 15th is called (here, in Chinese - ENGLIS I, ENGLISH II), is likely to prompt a surge of experimentation in everything from trading rural land to the freeing of controls on interest rates. Barriers to migration will be further broken down and the one-child policy relaxed. A widely resented system of extra-judicial detention, known as laojiao (re-education through labour), will be scrapped.
The party is so enthused by the document that it broke with normal practice and published it just three days after it had been approved at a closed-door plenum in Beijing of its 370-strong Central Committee. It is normally a week or longer before the full contents of plenum resolutions are released (the public, in the meantime, having to make do with a much briefer and vaguer communiqué). The purpose of this hiatus is to ensure that the party’s more than 80m members have a chance to digest the document first. In this case leaders probably reckoned that speculation about the resolution’s contents was so high that it would seem odd to say nothing for so long. (The meeting was the third plenum in the party’s five-year cycle of such conclaves, and since the late 1970s third plenums have often been big agenda-setting occasions.) Some analysts had started wondering whether the paucity of reform proposals in the initial communiqué meant that President Xi Jinping (pictured left, alongside Mao Zedong, in a souvenir on sale in Tiananmen Square) had got cold feet.
To judge from a deluge of reformist talk in the media since the full resolution was published, the party’s propaganda apparatus appears eager to quash such speculation. In the past, speeches given by leaders at plenums have not been released. This time, however, Mr Xi’s remarks to the gathering (here, in Chinese) about the importance of the resolution were made public along with the document itself. As Beijing Youth Newsreports (here, in Chinese), equivalent speeches at previous third-plenums dealing with reform had been given by lower-ranking leaders. Mr Xi is clearly signalling that he is taking personal charge of the reform process. (In his speech, he said that he had led the team responsible for drafting the resolution, a task that began seven months ago.) This gives the document added import. It is likely he will take charge of a new “leading small group” responsible for coordinating reforms (there are rumours that the party chief of Shanghai, Han Zheng, might be redeployed to Beijing to help him).
Mr Xi’s speech is larded with reformist phraseology. He quoted Deng Xiaoping’s warning in 1992 of a “dead end” if the country failed to reform and improve living standards. (He made no mention of Mao Zedong, despite having shown a proclivity for Maoist rhetoric in many of his other recent speeches.) Mr Xi was blunt about the challenges China faces: a mode of development that is “unbalanced, uncoordinated and unsustainable” (though he is by no means the first Chinese leader to have said that); an increase in “social contradictions”; and a “severe” struggle to contain corruption. Public expectations of reform were “high”, he said. “We absolutely must not waver”. Mr Xi said it was impossible that all reforms proceed smoothly, without risk: “Things that we have to do, we have to do with courage.”
More details of what Mr Xi has in mind are likely to emerge in the weeks ahead. Party and government leaders will hold another meeting in December to decide an economic strategy for the coming year. A similar meeting devoted to rural issues will be held later in the month. The rhetoric is very positive. But Mr Xi will have to battle a deep resistance to change among state-owned enterprises, local governments, and even an urban middle class that likes his notion of “social fairness” but does not want to see its own privileges eroded by the granting of equal access to health care and education to migrants from the countryside. As the resolution rightly said, reforms have entered “deep water”.
CHINA II + BRICSs + The ECONOMIST 28JAN2012
CHINA CHINA CHINA
Chinese consumers
Doing it their way
China’s economy
In three parts
Multinationals
China loses its allure
por William H. Overholt
É pouco provável que Xi desponte como líder supremo. O poder da presidência chinesa cresceu; mas Xi é poderoso apenas quando tem os votos para isso
VALOR ECONÔMICO, 17-12-2013
Antes da transição de liderança na China, alguns meses atrás, os especialistas diziam que o Partido Comunista Chinês estava determinado a impedir que uma personalidade marcante assumisse o poder. O partido, segundo se argumentava, queria uma pessoa mais parecida com o burocrático líder em fim de mandato, Hu Jintao, em vez de um sucessor carismático como, digamos, o ex-governador provincial de Chonqing, Bo Xilai.
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William H. Overholt é professor-visitante-sênior do Fung Global Institute e do Asia Center da Universidade de Harvard. Copyright: Project Syndicate, 2013
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