Wednesday 10 December 2008

ECONOMISTAS x CASA BRANCA - THE ECONOMIST

11/12/2008Freakonomics.com: Economistas se infiltram na Casa Branca? E agora?
Stephen J. Dubner e Steven D. LevittNa semana passada, o presidente eleito Barack Obama dominou o noticiário -e talvez agradou os mercados, a julgar pelos ganhos do índice Dow Jones- ao passar três dias antes do Feriado de Ação de Graças apresentando um economista atrás do outro para o público americano.Lá estavam Lawrence Summers, Peter Orszag, Christina Romer e Austan Goolsbee -sem esquecer Timothy Geithner e Paul Volcker, que não possuem Ph.D. em economia, mas que também não ficam atrás.A revista "The Economist" apresenta um bom artigo sobre esta inundação de economistas. Ela se concentra no contraste entre o governo de saída e o que está chegando."As políticas de Obama podem não vir a ser mais bem-sucedidas no combate à crise financeira e a recessão do que as de George Bush. Mas parece seguro dizer que a teoria econômica terá um papel maior na formação das políticas. É um grande contraste em relação ao governo de saída, no qual os economistas não tinham muito peso. Considere o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento que, na condição de supervisor dos US$ 3 trilhões em gastos federais, exerce um papel-chave no estabelecimento das prioridades econômicas. Bush teve quatro: um foi executivo de laboratório farmacêutico, um cuidado das relações com o governo para um banco de investimento e dois eram congressistas. Todos os quatro eram formados em Direito. O indicado de Obama, Peter Orszag, o diretor de saída do não partidário Escritório de Orçamento do Congresso, é um economista profissional conhecido por livros como 'Saving Social Security', um tomo de 300 páginas contendo 37 páginas de notas de rodapé e oito apêndices."Eu obviamente sou fã da arte praticada por economistas acadêmicos como Romer, Goolsbee e Summers. Logo, eu naturalmente aprovo essas nomeações. Mas há muitas advertências aqui, assim como muitas incertezas. A Casa Branca está repentinamente tomada de economistas com Ph.D.; qual será o efeito? (Implícito na pergunta está: será que lhes darão ouvido, quem dará e que tipo de influência se espera que eles tenham?)Eu repassei a pergunta para um companheiro chamado Steven Levitt, para o qual já foi, como notei em um artigo para a "The New York Times Magazine" em 2003, "oferecido um emprego na equipe econômica de Clinton e que a campanha de Bush contatou para ser um consultor sobre criminalidade". Eis o que ele tinha a dizer:"Os políticos não dão ouvidos a economistas acadêmicos porque as soluções defendidas pelos economistas raramente são politicamente populares. Apesar de Obama ser um dos presidentes mais intelectuais que temos em muito tempo -o que pode predispô-lo a escutar os economistas- as políticas defendidas pelos economistas tendem a ser voltadas para o livre mercado, o que provavelmente não cairá bem junto ao seu círculo interno.""Dito isso, Larry Summers pode ser a exceção à minha regra de que políticos ignoram os economistas acadêmicos; porque apesar de Summers ser, em seu âmago, um economista acadêmico, ele já se disfarçou de tantas outras coisas (secretário do Tesouro, presidente de universidade) a ponto de talvez ser capaz de infiltrar algumas boas idéias econômicas disfarçadas como outras coisas."Me permita acrescentar alguma coisa a esta sábia resposta:1. Eu acredito que o argumento de Levitt sobre as soluções politicamente impopulares defendidas pelos economistas é um fator significativo aqui. Mas também acho que a atual recessão assusta tanto as pessoas que será dado a Obama bastante espaço para fazer escolhas que não seriam toleradas em tempos menos turbulentos.Também vale a pena lembrar o que aconteceu há vários meses, durante a campanha presidencial, quando os altos preços da gasolina levaram à idéia de uma "renúncia fiscal para a gasolina". Apesar dos economistas terem desprezado a idéia, os candidatos McCain e Clinton a abraçaram prontamente. Obama, por sua vez, a tratou como realmente era: um artifício populista que não ajudaria ninguém, exceto alguns poucos políticos a curto prazo. Assim, essa combinação de tempos desesperados e um presidente que não se deixa enganar por truques econômicos poderá funcionar bem. Dito isso:2. Não é garantido que economistas acadêmicos sejam as pessoas ideais, ou mesmo boas pessoas, para ajudar a navegar pela confusão econômica em que estamos. Já foi bastante argumentado que poucos economistas previram a atual confusão. Mesmo de forma mais ampla, eu acho que é seguro dizer que os economistas acadêmicos não são muito bons em fazer previsões macroeconômicas. Esse é um assunto para outro dia, mas basta dizer que o economista de torre de marfim têm um péssimo retrospecto de prever a economia e nem mesmo um bom retrospecto em descrever precisamente os eventos econômicos recentes. Se você pensar que as melhores mentes econômicas do mundo podem, no mínimo, fazer com que os mercados econômicos se curvem à sua vontade para lucrar com eles, apenas lembre-se do que aconteceu ao Long Term Capital Management. Dito isso: 3. Se você olhar para o tipo de pesquisa feita por Romer, Goolsbee e Summers ao longo dos anos, o que você encontrará é um corpo de obra incrivelmente robusto que cobre muitos dos problemas que os Estados Unidos estão enfrentando no momento: ciclos voláteis de negócios e o papel do Federal Reserve (o banco central americano); como a economia do século 21 -e especialmente a Internet- mudou a dinâmica de preços e competitividade; as conseqüências, indesejadas ou não, das mudanças na política tributária; e como o governo deve melhor lidar com uma população em envelhecimento que precisa de bom atendimento de saúde e pensões. E isso é apenas uma amostra. Em outras palavras: essas são pessoas que investigaram a fundo para chegar a conclusões empíricas sobre questões que, sim, geralmente são decididas com base nos méritos políticos.Assim, apesar de não duvidar de que Levitt está certo, eu mantenho uma esperança considerável de que os melhores instintos dos economistas acadêmicos podem ser explorados para fazer uma diferença positiva para a economia americana e mesmo sua estrutura política e social.Isso não quer dizer que não existam muitos instintos ruins -uma certa arrogância que acompanha os argumentos de muitos economistas, uma disposição de discutir para sempre pontos menores e esquecer as metas maiores em jogo, etc.- mas se o eleitorado americano pôde escolher seu primeiro presidente de uma minoria, realmente é esperança demais que um pouquinho da melhor pesquisa econômica possa se infiltrar na Casa Branca?Stephen J. Dubner Tradução: George El Khouri Andolfato
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December 1, 2008, 4:28 pm — Updated: 5:02 pm -->
Economists Infiltrate the White House; Now What?
By Stephen J. Dubner
Last week, President-elect Obama dominated the news — and perhaps moved the markets — by spending the three days before Thanksgiving introducing one economist after another to the American public.
There were Larry Summers, Peter Orszag, Christina Romer, and Austan Goolsbee; and don’t forget Tim Geithner and Paul Volcker, neither of whom are Ph.D. economists, but neither of whom are slouches either.
The Economist has a very good roll-up of this economist inundation. It focuses on the contrast between the incoming and outgoing administrations:
Mr. Obama’s policies may not be any more successful at combating the financial crisis and recession than those of George Bush. But it does seem safe to say that economics will play a bigger part in the formation of those policies. … It is a striking contrast with the outgoing administration, in which economists never had much clout. Consider the Office of Management and Budget director, who as overseer of $3 trillion in federal spending plays a pivotal role in setting economic priorities. Mr Bush has had four: one was a pharmaceuticals executive, one did government relations for an investment bank, and two were congressmen. All four trained as lawyers. Mr Obama’s nominee, Peter Orszag, the outgoing director of the non-partisan Congressional Budget Office, is a professional economist known for such page-turners as “Saving Social Security,” a 300-page tome boasting 37 pages of footnotes and eight appendices.
I am obviously a fan of the art practiced by academic economists like Romer, Goolsbee, and Summers. So naturally I think these appointments bode well. But there are a lot of caveats here, as well as a lot of uncertainty. Read more…
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Saturday 6 December 2008

MICROFINANCE

Is micro-credit really working?
Tyler Cowen
Tim Harford has a very good piece in today's FT and he says yes:
Karlan and Zinman wanted to know what value there might be in expanding access to credit. ZaFinCo was no dewy-eyed social business, but a hard-nosed, profit-minded company, charging 11.75 per cent per month on a four-month loan, or 200 per cent APR, much more than Compartamos was generally judged to have been charging.
Despite the high rates, the results were astonishing. "We expected to see some good effects and some bad," explained Karlan, who checked in with the experiment's participants six to 12 months after they had filed their initial loan applications. "But we basically only saw good effects."
Most strikingly, those "treated" by the experiment - that is, those for whom the computer requested a second chance at a loan - were much more likely to have kept their jobs than the control group. They were also much less likely to have dropped below the poverty line or to have gone hungry. All these outcomes were recorded well after the loan had been taken out and (usually) repaid, so this was not measuring a temporary debt-funded binge.
This seems mysterious. How can a loan at 200 per cent APR help people to stay out of poverty? One answer is that most people turned down for a 200 per cent APR loan would be able to get one at 300, 500 or over 1,000 per cent from an informal moneylender. More important is that these loans were not used to start businesses but to help people keep jobs that they already had. If a smart new blouse or a spare part for the family moped is what it takes to stay in work, then who is to say that an expensive loan isn't a wise investment?


Conflicts of interest
By Tim Harford
Published: December 6 2008 02:00 Last updated: December 6 2008 02:00
Bob Annibale's corner office, high up in one of London's few real skyscrapers, overlooks the Thames and the Millennium Dome from one window, Greenwich Park and the Royal Observatory from another. It is the kind of enviable perch you'd expect Citigroup's senior treasury risk manager to enjoy. But that is the job Annibale left three years ago; now he is Citi's "global director of microfinance".
Microfinance, the system of providing tiny loans and savings accounts to the poor, seems an unlikely and somewhat ironic candidate for Citigroup's attention. It was because banks weren't interested in serving the poor that the pioneers of microfinance saw a gap to be filled, back in the 1970s.



25/12/2008
Microcrédito chega a uma favela chamada "Sodoma e Gomorra"Philippe BernardEnviado especial a Acra (Gana)Naquela manhã, o bairro de "Sodoma e Gomorra" emergiu da umidade e do barro. Na véspera, chuvas de dilúvio, recebidas como uma bênção nesta estação de aço, caíram sobre o labirinto de ruas esburacadas. Cerca de 200 mil pessoas sobrevivem nesta favela cujo nome não deve nada ao acaso na Gana repleta de referências bíblicas.
Com os pés nus ou em sandálias, multidões de crianças espirravam água ao ziguezaguear pelos caminhos cheios de água avermelhada. A imensa área tem um mercado ao ar livre, um pátio dos Milagres e uma concentração de habitantes miseráveis. Aos aromas das especiarias e das bananas grelhadas se misturam aqueles, menos doces, da lagoa que cerca o bairro, arrastando para o oceano as águas usadas da cidade. O "milagre ganense", nesse país anglofônico orgulhoso de seus 6% de crescimento anual, símbolo raro de estabilidade na África, estende suas agências bancárias e decorações de Natal para além desse esgoto a céu aberto.
Enlameado, sem dinheiro, Sodoma e Gomorra, o bairro, não interessa aos grandes luminosos financeiros. O bairro tem, portanto, seu próprio "banco". Sem climatização nem plantas verdes na agência local da ONG Iniciativa-Desenvolvimento (ID). O guichê ocupa quase todo o pequeno espaço octogonal localizado na parte coberta do mercado. "Guarde seu 'susu' de todo dia conosco", convida um aviso simples colado na vitrine. "Susu", significa poupança em twi, a língua local mais falada."
Alguns de nossos 'clientes' nos procuram para financiar sua refeição da noite. Poucos financiadores estão mais próximos da realidade do que nós", constata Romain Tevels, 30, diretor do ID-Gana. Esta organização ligada à ONG francesa Entrepreneurs du Monde propõe empréstimos de no máximo mil cedis (€ 660) e planos de poupança em sete bairros pobres da capital.
Patience Tobizo, uma elegante vendedora, personifica com modéstia uma das histórias de sucesso da organização. Como milhões de africanos, esta mãe de seis filhos há tempos vem completando a renda de seu marido, carpinteiro, vendendo doce nas ruas ou produtos domésticos numa bacia sobre sua cabeça.
Graças aos 150 cedis (€ 99) emprestados pelo ID, ela conseguiu comprar o estoque de bebidas, sabonetes e fraldas à unidade que ela oferece aos passantes numa barraquinha revestida com as cores da Coca-Cola. Patience, fazendo jus a seu nome, ainda espera pelo refrigerador prometido pela marca em troca da publicidade. Ela diz conseguir um lucro de 12 cedis (€ 8) por semana depois de pagar as prestações do empréstimo consentido a uma taxa mensal de 3,25%.
Ainda que a taxa elevada surpreenda, Romain Tvels responde lembrando os 18% de inflação anual em Gana, os outros serviços (formação, ajuda ao acesso, assistência médica) que sua ONG fornece à população e o custo elevado da gestão dos empréstimos.
"Nenhum banco quer pagar alguém para recuperar 20 cedis (€ 13,2) no fundo de uma favela". Ele também apresenta como argumento as exigências ainda mais altas dos "caçadores de susu", banqueiros tradicionais, porém vorazes. Se o ID têm 7.500 cadernetas de poupança e 4.600 empréstimos em curso em Acra, somando o equivalente a € 370 mil, "é porque nós respondemos a uma necessidade", observa.
"Ninguém mais quer nos emprestar dinheiro", confirma Mary Ugenagar, que vigia os compradores na frente de uma pilha de inhames. A comerciante acaba de pagar os 200 cedis emprestados que permitiram a ela comprar sua mercadoria num momento de falta de dinheiro.
A ONG financia exclusivamente as atividades produtivas e assegura que não há nenhuma inadimplência. Os empréstimos para os comerciantes só são consentidos depois de uma etapa de poupança e um questionário sério. O dinheiro é dado apenas para grupos em que cada membro assume o compromisso de pressionar os eventuais maus pagadores.
Mais de nove entre dez empreendedores são mulheres, consideradas muito mais confiáveis e aptas a tirar partido de somas ínfimas. "Um homem não consegue fazer nada com um empréstimo de 100 cedis. Uma mulher compra imediatamente alguns tomates ou cebolas e revende, ganhando sua vida assim", afirma Benjamin Sackey, responsável ganense do ID em Sodoma e Gomorra. Para ele, o microcrédito não assegura apenas a sobrevivência, mas permite "uma mudança de status" social.
Bem longe de Wall Street, a dona de casa das favelas de Acra também pode padecer rapidamente com a crise financeira mundial. A rarefação do crédito bancário e a queda nas transferências de dinheiro dos ganenses que moram no exterior já comprometem a decolagem de Gana.
A escassez do microcrédito também a ameaça. Uma ONG como o ID sofre com a diminuição das doações de empresas e subvenções públicas. Ela própria teve de começar a emprestar dinheiro dos bancos. O furacão financeiro vindo dos Estados Unidos ameaça também as migalhas vitais do microcrédito.
Tradução: Eloise De Vylder
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http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2008/12/25/ult580u3469.jhtm
25/12/2008Microcrédito chega a uma favela chamada "Sodoma e Gomorra"
Philippe BernardEnviado especial a Acra (Gana)Naquela manhã, o bairro de "Sodoma e Gomorra" emergiu da umidade e do barro. Na véspera, chuvas de dilúvio, recebidas como uma bênção nesta estação de aço, caíram sobre o labirinto de ruas esburacadas. Cerca de 200 mil pessoas sobrevivem nesta favela cujo nome não deve nada ao acaso na Gana repleta de referências bíblicas.
Com os pés nus ou em sandálias, multidões de crianças espirravam água ao ziguezaguear pelos caminhos cheios de água avermelhada. A imensa área tem um mercado ao ar livre, um pátio dos Milagres e uma concentração de habitantes miseráveis. Aos aromas das especiarias e das bananas grelhadas se misturam aqueles, menos doces, da lagoa que cerca o bairro, arrastando para o oceano as águas usadas da cidade. O "milagre ganense", nesse país anglofônico orgulhoso de seus 6% de crescimento anual, símbolo raro de estabilidade na África, estende suas agências bancárias e decorações de Natal para além desse esgoto a céu aberto.
Enlameado, sem dinheiro, Sodoma e Gomorra, o bairro, não interessa aos grandes luminosos financeiros. O bairro tem, portanto, seu próprio "banco". Sem climatização nem plantas verdes na agência local da ONG Iniciativa-Desenvolvimento (ID). O guichê ocupa quase todo o pequeno espaço octogonal localizado na parte coberta do mercado. "Guarde seu 'susu' de todo dia conosco", convida um aviso simples colado na vitrine. "Susu", significa poupança em twi, a língua local mais falada.
"Alguns de nossos 'clientes' nos procuram para financiar sua refeição da noite. Poucos financiadores estão mais próximos da realidade do que nós", constata Romain Tevels, 30, diretor do ID-Gana. Esta organização ligada à ONG francesa Entrepreneurs du Monde propõe empréstimos de no máximo mil cedis (€ 660) e planos de poupança em sete bairros pobres da capital.
Patience Tobizo, uma elegante vendedora, personifica com modéstia uma das histórias de sucesso da organização. Como milhões de africanos, esta mãe de seis filhos há tempos vem completando a renda de seu marido, carpinteiro, vendendo doce nas ruas ou produtos domésticos numa bacia sobre sua cabeça.
Graças aos 150 cedis (€ 99) emprestados pelo ID, ela conseguiu comprar o estoque de bebidas, sabonetes e fraldas à unidade que ela oferece aos passantes numa barraquinha revestida com as cores da Coca-Cola. Patience, fazendo jus a seu nome, ainda espera pelo refrigerador prometido pela marca em troca da publicidade. Ela diz conseguir um lucro de 12 cedis (€ 8) por semana depois de pagar as prestações do empréstimo consentido a uma taxa mensal de 3,25%.
Ainda que a taxa elevada surpreenda, Romain Tvels responde lembrando os 18% de inflação anual em Gana, os outros serviços (formação, ajuda ao acesso, assistência médica) que sua ONG fornece à população e o custo elevado da gestão dos empréstimos.
"Nenhum banco quer pagar alguém para recuperar 20 cedis (€ 13,2) no fundo de uma favela". Ele também apresenta como argumento as exigências ainda mais altas dos "caçadores de susu", banqueiros tradicionais, porém vorazes. Se o ID têm 7.500 cadernetas de poupança e 4.600 empréstimos em curso em Acra, somando o equivalente a € 370 mil, "é porque nós respondemos a uma necessidade", observa.
"Ninguém mais quer nos emprestar dinheiro", confirma Mary Ugenagar, que vigia os compradores na frente de uma pilha de inhames. A comerciante acaba de pagar os 200 cedis emprestados que permitiram a ela comprar sua mercadoria num momento de falta de dinheiro.
A ONG financia exclusivamente as atividades produtivas e assegura que não há nenhuma inadimplência. Os empréstimos para os comerciantes só são consentidos depois de uma etapa de poupança e um questionário sério. O dinheiro é dado apenas para grupos em que cada membro assume o compromisso de pressionar os eventuais maus pagadores.
Mais de nove entre dez empreendedores são mulheres, consideradas muito mais confiáveis e aptas a tirar partido de somas ínfimas. "Um homem não consegue fazer nada com um empréstimo de 100 cedis. Uma mulher compra imediatamente alguns tomates ou cebolas e revende, ganhando sua vida assim", afirma Benjamin Sackey, responsável ganense do ID em Sodoma e Gomorra. Para ele, o microcrédito não assegura apenas a sobrevivência, mas permite "uma mudança de status" social.
Bem longe de Wall Street, a dona de casa das favelas de Acra também pode padecer rapidamente com a crise financeira mundial. A rarefação do crédito bancário e a queda nas transferências de dinheiro dos ganenses que moram no exterior já comprometem a decolagem de Gana.
A escassez do microcrédito também a ameaça. Uma ONG como o ID sofre com a diminuição das doações de empresas e subvenções públicas. Ela própria teve de começar a emprestar dinheiro dos bancos. O furacão financeiro vindo dos Estados Unidos ameaça também as migalhas vitais do microcrédito.
Tradução: Eloise De Vylder
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Does Microfinance Work?
A new book claims that microfinance, far from facilitating poverty reduction, is simply one more strand in the ongoing attempt by the most powerful western economies to impose neoliberal policies around the globe. Is this critique fair, or can microcredit be improved through better regulation?



MARCELO NERI - folha, 22nov2010
Asas ao microcrédito
O pobre não deve ser protegido dos mercados; o microcrédito permite alçar voo para outra realidade

"Dizer que os pobres não podem tomar empréstimos porque não têm garantia é o mesmo que dizer que o homem não pode voar porque não tem asas" Muhammad Yunus, fundador do Grameen Bank e Prêmio Nobel da Paz de 2006
O CRÉDITO produtivo popular libera os espíritos empreendedores da baixa renda. .......












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