Tuesday, 18 February 2014

FRANÇOIS CHESNAIS + THOMAS PIKETTY

UMA HOMANAGEM À PERMANÊNCIA DAS ANÁLIS DE François Chesnais
Por Jorge Felix | Para o Valor, de São Paulo

O economista faz 80 anos cercado de atenção à sua visão crítica

Valor Econômico, 18-02-2014

Até o estouro da crise financeira de 2007, o pensamento econômico heterodoxo esteve alijado do debate público e de boa parte do meio acadêmico. Poucas universidades, no Brasil e no mundo, sustentaram o ensino de uma visão crítica em meio à avalanche da liberalização econômica deflagrada a partir do fim dos anos 1970. Muitos autores foram arrastados para o fundo das gavetas ou amargaram a poeira nas prateleiras de bibliotecas. O economista marxista François Chesnais foi uma exceção.


Emiliano Capozoli/Valor / Emiliano Capozoli/ValorFrançois Chesnais: ideias precursoras sobre o "capital portador de juros"


Sua interpretação sobre o capital financeiro, sobretudo a dinâmica ao longo dos anos 1980 e 1990, resistiu à hegemonia do chamado Consenso de Washington. Mais ainda. Seus livros e artigos mantiveram alto grau de influência e, depois da crise atual, invadiram até a esfera ortodoxa internacional - alguns autores, hoje, o citam, sem cerimônia, em suas bibliografias. No Brasil, desde 1979, quando visitou o país pela primeira vez, Chesnais sustenta uma profícua interação acadêmica. Sua ascendência intelectual, inicialmente na Universidade de Campinas, depois em diversas instituições de linha heterodoxa, como Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, entre outras, é agora reconhecida no livro-homenagem "Desenvolvimento e Mundialização - O Brasil e o Pensamento de François Chesnais", editado em comemoração aos seus 80 anos.

Além desse livro, um seminário foi organizado no Rio de Janeiro por economistas que, há décadas, interagem com Chesnais e reconhecem a influência dele sobre suas carreiras acadêmicas, como Luciano Coutinho, presidente do BNDES, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcos Ferreira da Costa Lima (Universidade Federal de Pernambuco), Flávio Bezerra de Farias (Universidade Federal do Maranhão), Rosa Maria Marques (PUC-SP) e Paulo Nakatani (Sociedade Brasileira de Economia Política), entre outros. No prefácio, Coutinho destaca uma das características que explicam a perenidade do trabalho do homenageado: "Chesnais pertence ao seleto grupo de economistas políticos da estirpe que se recusa a emitir opiniões baseadas em aparências. Recorre antes à observação atenta dos fatos, estatísticas e tendências; além disso, sempre procura realizar minuciosa revisão do debate intelectual e da bibliografia, para depois expressar seu ponto de vista".

Em 11 capítulos escritos por doutores e pós-doutores, quase todos pesquisadores dedicados ao estudo e ensino da dinâmica da finança no capitalismo do século XXI, o livro torna-se fundamental para aqueles com interesse em compreender a lógica da financeirização da economia contemporânea, entender a importância de Chesnais nessa área de estudo e também é uma leitura essencial para quem deseja - ou precisa - se debruçar sobre a matriz teórica que rege a interpretação dos fatos econômicos de alguns protagonistas do atual governo brasileiro.

Esse arcabouço de ideias sobre o desenvolvimento econômico no Brasil começou a ser construído, em 1982, no histórico Seminário Internacional sobre Inovação e Desenvolvimento Tecnológico no Setor Industrial, promovido pela Unicamp (Coutinho e Belluzzo), e para o qual Chesnais foi convidado por José Eduardo Cassiolato (UFRJ), um dos organizados do livro, ao lado de Marcelo Pessoa de Matos e Helena M. M. Lastres.

Esse resgate histórico deve ser bastante enriquecedor para os leitores acostumados apenas com as interpretações de Chesnais sobre o aspecto financeiro do capitalismo. O texto de Coutinho, Mariano Francisco Laplane e Ana Lucia Gonçalves da Silva aborda a contribuição do homenageado para a economia industrial e da tecnologia no contexto da terceira revolução industrial, sob domínio das finanças. Antes de se dedicar ao estudo do capitalismo financeiro e amargar uma aposentadoria precoce por problemas políticos, Chesnais foi o economista principal da divisão de ciência, tecnologia e indústria da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Um dia, a despeito do alto nível de seus "papers", foi chamado no gabinete do secretário-geral para ser informado de que, com a entrada dos países do bloco socialista na OCDE, a instituição precisava garantir um discurso único sobre o comunismo e ele destoava, com sua visão crítica. Chesnais, então, encontrou abrigo na Sorbonne (Paris XIII).

"Além de colaborar, nos anos 1980, no desenvolvimento dos projetos do grupo de pesquisa sobre novas tecnologias, Chesnais contribuiu para a conceituação do Instituto de Economia da Unicamp das transformações do capitalismo mundial na década seguinte", escrevem os autores. Essa conceituação ocorreu a partir de 1994, com o lançamento na França da principal obra de Chesnais, "A Mundialização do Capital". Antes de ser editada no Brasil pela Xamã, em 1996, a revista "Economia e Sociedade", da Unicamp, publicara um resumo da obra.

A interpretação precursora de Chesnais sobre a globalização cristaliza a expressão do título e a caracteriza como uma fase específica de um processo muito mais longo de conscientização, em primeiro lugar, do mercado mundial e, depois, de internacionalização do capital, primeiro sob sua forma financeira e, em seguida, sob sua forma de produção. A ênfase de Chesnais, como destacam Rosa e Nakatani, se dá nos aspectos organizacionais e operacionais das empresas transnacionais e, naquela época, ainda centrado no capital industrial, embora já analisasse o papel exercido pelas altas taxas de juros na orientação de investimento.

Em 2004, após ampla pesquisa e leitura de Karl Marx e Rudolf Hilferding, Chesnais sofistica sua interpretação dessa mundialização, datando em meados dos anos 1970 a nova fase capitalista, caracterizada por desmedida expansão do "capital portador de juros", principalmente em sua forma mais perversa, a de capital fictício - que resultaria em estouro da bolha. Até a quebra do Lehman Brothers, era preciso coragem, no meio acadêmico, para sustentar esses termos, vistos como "coisa de economistas franceses", mas a releitura de Chesnais prova quanto sua obra é visionária.

"Desenvolvimento e Mundialização - O Brasil e o Pensamento de François Chesnais"
Helena M. M. Lastres, José Eduardo Cassiolato e Marcelo Pessoa de Matos. Editora: e-papers. 394 págs., R$ 35,00



ENTREVISTA FRANÇOIS CHESNAIS

CAOS - FINANCIAL CRISES


O milagre nórdico também tem contas de débito
Por Richard Milne | Financial Times
O fascínio pela região nórdica parece não conhecer limites. Especialmente desde a crise financeira, todo mundo - de David Cameron e François Hollande a Bill Gates - já fizeram elogios a alguns, ou todos esses países: Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia.

Mas admiradores estrangeiros muitas vezes não conseguem fazer justiça às idiossincrasias e vulnerabilidades desses países de baixa densidade populacional no norte da Europa. É disso que trata Michael Booth, um jornalista britânico que vive na Dinamarca. Em "The Almost Nearly Perfect People" (os povos quase perfeitos), ele tenta moderar os exageros, denunciando bem-humoradamente o pensamento positivo que frequentemente distorce as percepções.

A Dinamarca, por exemplo, pode ser habitualmente classificada como a nação mais feliz do mundo, mas suas famílias também são as mais endividadas. A Suécia, bem conhecida por sua aversão a envolver-se em campanhas militares, é também uma grande exportadora de armas, ao passo que é difícil reconciliar a imagem passada pela Noruega - país amigo do ambiente com muita energia hidrelétrica e carros elétricos - com sua dependência econômica em relação ao petróleo e ao gás.

O objetivo de Booth é pintar um retrato não edulcorado, confrontando a imagem idílica dos países nórdicos com uma realidade em que o racismo por vezes se insinua, o Estado de bem-estar nem sempre incorpora as maravilhas que a ele são atribuídas e onde muitos cidadãos sofrem de alcoolismo e depressão. Ao visitar um país a cada vez, o mito da homogeneidade é progressivamente dissipado. No livro, os nórdicos surgem como primos, em vez de irmãos, com algumas similaridades, mas muitas diferenças em suas atitudes em relação a estrangeiros, seu pendor pela conversa fiada e peculiaridades como a crença na existência de elfos (predominante na Islândia (você não sabia?), embora talvez não tão difundida como sugere Booth.

O divertido diário de viagem de Booth constitui um relato extremamente subjetivo - na medida em que ele, por vezes habilmente, outras vezes desajeitadamente - entremeia anedotas frívolas e discussão séria. O interesse do leitor dependerá em grande parte de como reagir ao senso de humor caracteristicamente britânico de Booth, composto em partes iguais de autodepreciação e crueza.

A abordagem do autor funciona bem ao discorrer sobre quanto os islandeses apreciam comer tubarão podre ou o horror de um britânico numa sauna finlandesa. Em outros momentos, ele pode soar um pouco forçado. Por exemplo, em meio a uma discussão séria sobre o desempenho econômico dinamarquês, especialmente em comparação com a Suécia, Booth insere o seguinte, entre parênteses: "Pelo que consegui apreender, um funcionário sueco precisaria ser apanhado defecando na mesa de um CEO e ateando fogo a planos de um novo produto inovador para merecer a primeira advertência por escrito das cinco necessárias para o caso ser submetido a uma junta de arbitragem e, além disso, a tia do cafezinho teria de dar sua anuência para a demissão do perpetrador".

Por trás do tom brincalhão há muito bom material. Booth é convincente no que diz respeito ao modelo nórdico, evitando exageros a que muitas vezes sucumbem tanto admiradores como críticos, ao explorar as raízes profundas da igualdade, confiança mútua e coesão social no luteranismo e mesmo na cultura viking.

O livro, não é de surpreender, é mais convincente ao tratar do "cenário doméstico" do autor: a Dinamarca - a mulher de Booth é dinamarquesa. Ao abordar os outros quatro países, ele por vezes cai em estereótipos ou exageros - o exemplo mais destacado é a caracterização dos noruegueses como sendo xenófobos enrustidos.

No fundo, essa é uma típica ode de um expatriado a uma região, ao mesclar seu amor a muitas coisas locais e uma perplexidade que beira a raiva em face de algumas diferenças, como preços exorbitantes de alimentos e a taciturnidade peculiar aos finlandeses. "The Almost Nearly Perfect People" é também uma bem-vinda resposta àqueles que acalentam a noção da região nórdica como sendo uma terra prometida. O estilo poderá não agradar a todos. Mas a substância, mais sim do que não, é tiro na mosca. (Tradução de Sergio Blum)

"The Almost Nearly Perfect People"
Michael Booth. Editora: Vintage Digital. 416 págs., US$ 23,53


"SEMENTES DE UMA NOVA CRISE" ESTÃO POSTAS, diz Chesnais
por Vanessa Jurgenfeld | De São Paulo FACEBOOK

O economista François Chesnais acredita que a qualquer momento uma nova crise mundial pode ocorrer por conta da falta de regulação sobre diversas instituições financeiras

Jornal VALOR ECONÔMICO

Emiliano Capozoli/Valor / Emiliano Capozoli/Valor Chesnais destaca "massa de capital fictício indestrutível" como fator para recuperações cíclicas apenas de curto prazo

O economista francês François Chesnais costuma fazer uma visita por ano ao Brasil, para rever amigos e participar de conferências. Na sua mais recente estada, há pouco dias, aproveitou para conhecer Alter do Chão (PA), onde ficou por uma semana, após uma passagem pelo Rio, onde participou de seminário e recebeu uma homenagem por seus 80 anos, com a publicação do livro "O Brasil e o Pensamento de François Chesnais", organizado por professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Crítico do neoliberalismo, em entrevista concedida ao Valor por e-mail, após retorno a Paris, Chesnais disse acreditar que a qualquer momento uma nova crise mundial pode ocorrer por conta, sobretudo, da falta de maior regulação sobre o sistema financeiro. Após o colapso mundial de 2007/2008, algumas instituições financeiras "têm feito suas operações ainda mais opacas e difíceis de identificar". Além disso, ressalta que a imensa massa de capital fictício (sem lastro na economia real) leva à perspectiva da existência de apenas recuperações cíclicas de curto prazo em certas economias, como ele acredita que acontece nos Estados Unidos hoje.

Sobre o Brasil, a avaliação do economista é a de que a falta de crescimento mais robusto decorre da reprimarização da economia e pelo fato de o país ter eleito a indústria automobilística como o grande motor do seu desenvolvimento e mantê-la neste papel, mesmo com a perda do seu poder.

Chesnais ganhou notoriedade com o livro "A Mundialização do Capital", publicado no Brasil em 1996 [editora Xamã ]. Ex-diretor da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e professor da Universidade Paris XIII (agora Paris-Nord), ele chamou a atenção para um movimento que se evidenciava de forma mais intensa a partir dos anos 1980: a internacionalização do capital produtivo facilitada pela desregulamentação dos fluxos de capitais e pelo avanço na comunicação e nos transportes.

Com uma interpretação teórica marxista, ele mostrou que este processo propiciou a expansão dos grandes grupos transnacionais que, por meio de fusões e aquisições, aumentaram a concentração da produção, formando oligopólios mundiais em diversos setores.

Atualmente, Chesnais finaliza uma edição em inglês de um livro que trará sua interpretação sobre a crise financeira mundial mais recente.

Confira a seguir a entrevista:

Valor: Uma das suas principais ideias é que a globalização financeira cria um mundo mais instável e estimula crises econômicas. Bancos, governos, fundos mútuos e as grandes corporações seriam a grande força por trás desse movimento? E na sua avaliação ele estaria se tornando cada vez mais forte?

François Chesnais: A massa de juros cobrada por bancos e fundos, em particular por meio do mecanismo de emissão de títulos de dívidas governamentais, somada à massa de lucros empresariais distribuídos como dividendos, é canalizada para os mercados financeiros. E ela acaba nas mãos de um pequeno número, altamente concentrado, de grandes bancos, fundos, empresas e indivíduos muito ricos. A maior parte dessa massa de juros e dividendos nunca deixa a arena dos mercados financeiros globais. Isso infla o volume do que é chamado de "capital fictício à enésima potência", com negociações por meio de derivativos, mercados de câmbio e papéis securitizados que germinaram nos anos 2000 - como os "asset-backet security" (ABS, na sigla em inglês) e os "collateralized debt obligations" (CDOs, na sigla em inglês) - e rendendo lucros fictícios, como meus colegas Mauricio Sabadini, Paulo Nakatani e Rosa Marques os chamam. Essas somas imensas movem-se cada vez mais de um mercado a outro. E elas o fazem cada vez mais rápido, por meio das negociações de alta velocidade.

Valor: Os mercados emergentes enfrentam neste momento um período difícil, especialmente países como Turquia e Argentina. Como o sr. interpreta esse momento?

Chesnais: Isso mostra que a desaceleração do crescimento desses países e as tensões políticas internas, combinadas com uma perspectiva de mudança da política monetária americana, estão levando os fundos especulativos de curto prazo a arbitrar em favor de investimentos em outros mercados.

"Maior parte dessa massa de juros e dividendos nunca deixa a arena dos mercados financeiros"

Valor: O sr. acredita que ainda há efeitos da crise mundial de 2007-08 sobre a economia global? Por que está sendo tão demorada a superação dessa crise?

Chesnais: A raiz da crise foram as quedas na taxa de lucro das economias centrais do G7 e a construção de um investimento excessivo e de superprodução em vários lugares do sistema mundial, incluindo a China, claro, por conta do seu programa de investimentos e regime de orientação exportadora. Em 1998 e de novo em 2001, a explosão da crise global foi postergada, notadamente pelo governo americano e pela emissão de moeda pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). A partir de 2002, uma grande quantidade de dívida do setor imobiliário, sustentada pela explosão da securitização, retornou para a aquisição de residências e edifícios comerciais. Isso criou uma dupla bolha de ativos, no mercado imobiliário e nos títulos lastreados por hipotecas [Mortgage Backed Securities (MBS)]. Casas e apartamentos não eram vistos apenas - ou se é que eram vistos - como valor de uso, mas como ativos financeiros cujos preços continuariam a subir e nunca haveria um colapso. Os empréstimos "subprime" para famílias muito pobres foram só a ponta do iceberg. Hoje, a persistência da acumulação excessiva global e da superprodução, conjuntamente com a existência de uma massa de capital fictício indestrutível como dito antes, significa que a única perspectiva é que só existem recuperações cíclicas de curto prazo em certas economias, como é temporariamente o caso dos Estados Unidos. É interessante notar que no Japão o "Abeconomics" já está tendo efeitos reduzidos. A taxa de crescimento do Japão nos últimos dois trimestres caiu significativamente e também houve redução de suas exportações, mesmo com taxa de câmbio favorável ao exportador.

Valor: Na sua opinião, as novas formas que assumiram as grandes corporações, principalmente pós-70, seriam uma das mais importantes causas da desigualdade mundial, pela preocupação maior do negócio empresarial em obter ganhos para os acionistas do que em melhorar os salários dos seus funcionários, por exemplo?

Chesnais: Nenhuma corporação jamais teve o aumento do salário dos seus trabalhadores como um objetivo! Aumentos salariais apenas têm sido obtidos pela classe trabalhadora por meio de sindicatos e ações políticas. O recente desenvolvimento na organização e no gerenciamento das grandes corporações é o degrau por meio do qual o poder oligopolístico e monopsônico [situação onde há um único comprador, que concentra poder de mercado, diante de inúmeros vendedores] permite a elas atacar as pequenas firmas, valendo-se de práticas predatórias. Esse poder força as pequenas firmas a reduzir os salários e a aumentar a produtividade dos seus próprios trabalhadores. Esta é uma das grandes causas do aumento da desigualdade que vem conjuntamente aos grandes ganhos obtidos por meio do mercado financeiro e, claro, com a baixa taxação sobre a riqueza.

Valor: O sr. acredita que a financeirização se tornou maior na estrutura de capital das empresas em diferentes países? Ou é possível ver algumas exceções como na China, por exemplo?

Chesnais: O que é chamado de "financeirização das corporações industriais" contempla duas grandes áreas: as suas operações no mercado financeiro e os seus métodos atuais de gerenciamento global não tão direcionados à produção de mais-valia quanto à sua apropriação, ou seja, [direcionados] à caça predatória das pequenas firmas. Desde os anos 1960, primeiramente as firmas americanas e então todas as transnacionais se tornaram organizações engajadas tanto em produzir valor e mais-valia quanto em operações no mercado financeiro e empréstimos. Isso simplesmente se tornou mais visível e estudado um pouco melhor [nos últimos anos]. O parasitismo difundido pelo capital financeiro contemporâneo são essas novas formas de organização da corporação, que agora focam menos na exploração do trabalho "intra-muros" e mais na apropriação predatória de mais-valia em cima das firmas mais frágeis, o que é permitido pela posição de monopólio e de monopsônio que ocupam nas "cadeias de valor globais" (global value chains, em inglês). As corporações chinesas estão em uma situação diferente. Mesmo quando o Estado não tem fatia no capital, elas estão protegidas contra a interferência de "hedge funds" na sua administração e ainda estão em uma fase de cuidadosamente focar em "joint ventures" para acesso à tecnologia estrangeira. Mas, como mostra o desenvolvimento do sistema bancário paralelo [que engloba instituições que na prática cumprem funções de bancos, mas não são bancos e não estão sujeitas à regulamentação dos bancos, chamado em inglês de "shadow banking system"), a China não está fora do movimento de globalização e financeirização.

"O capital financeiro resulta da centralização e concentração do capital bancário, industrial e mercantil"

Valor: Considerando o aumento da importância do capital financeiro dentro das empresas, o sr. acredita que há muitas diferenças entre o capitalista industrial e o capitalista financeiro (bancos)? No capitalismo dominado pelas finanças, eles não são praticamente o mesmo agente? Quais as consequências disso no longo prazo?

Chesnais: As diferenças são muito, muito pequenas. Nas condições contemporâneas da globalização, o capital financeiro é o resultado de um processo contínuo de centralização e concentração. O capital financeiro resulta de um processo incessante de centralização e concentração dos capitais industrial, bancário e mercantil como um todo e de suas inter-relações. O capital financeiro contemporâneo está de forma combinada no "capital produtivo", alojado em corporações industriais - todas corporações transnacionais -, no "capital dinheiro", centralizado em grandes e poderosos conglomerados financeiros (J.P. Morgan, BNP Paribas, Santander [por exemplo]), e no "capital mercantil e comercial" incorporado tanto pelos conglomerados que operam em commodities (Cargill, Dreyfus) como aqueles que operam na comercialização final dos produtos (Walmart, Carrefour). Acionistas e gestores das empresas cada vez mais dividem o mesmo objetivo de maximizar o valor para os acionistas do mercado financeiro. Como consequência de longo prazo, a mais central e dramática é que a relação do ser humano com a natureza está agora principalmente moldada pelo parasitismo criado por esse capital. Esse capital é essencialmente incapaz de aceitar limites para suas operações. E esse capital está direcionado a perseguir um curso no qual desconsidera mudanças climáticas, apesar do trabalho de cientistas no IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change) e do fato de que recursos naturais limitados continuam a alimentar investimentos destrutivos.

Valor: O sr. acredita que esse aumento da financeirização das corporações é parte do problema do baixo crescimento de diversos países nos últimos anos? O Brasil tem enfrentado baixas taxas...

Chesnais: Isso é apenas parte do problema. Em quase todos os países há outros fatores que derivam de decisões escondidas ou implícitas tomadas por industriais nacionais e pelas elites financeiras, e por políticas governamentais deliberadas. Grandes bancos nacionais e estrangeiros estão, claro, envolvidos em todas elas. A queda na taxa de crescimento do Brasil está relacionada com a "reprimarização" da economia, que cria uma alta dependência da demanda estrangeira, sobretudo, da China. A indústria automobilística foi escolhida como o motor do crescimento doméstico e mantida neste papel apesar da visível perda do seu poder e dos problemas sistêmicos urbanos de grande magnitude nas cidades. Essas escolhas e suas possíveis consequências foram de fato alguma vez realmente discutidas? A vulnerabilidade do Brasil à saída repentina do capital externo de curto prazo - que não é tão séria, mas também não é totalmente diferente da de países como Turquia e Argentina - resulta da baixa taxação [sobre o capital externo], alta dívida pública e alta taxa de juros. Isso não está relacionado com o baixo crescimento do PIB? É indiferente para a justiça social, assim como para o crescimento, que mais de 45% do orçamento federal sejam gastos com o serviço da dívida pública brasileira, como revelado por Maria Lucia Facttorelli e a Auditoria Cidadã da Dívida? A mídia permitiu que essa questão fosse discutida?

Valor: Os fundos se tornaram os "grandes vencedores" da economia desregulada, que se evidenciou com a crise de 2007-08? O sr. acha que mesmo após 2007-08, ainda se vive em uma economia mundial muito desregulada?

Chesnais: Sim, isso é, de fato, o caso. Mas é justamente nisso que estão as sementes de uma nova e grande crise financeira. O sistema bancário paralelo (shadow banking system), em particular, tem crescido e tem feito suas operações ainda mais opacas e difíceis de identificar. Mesmo Hank Paulson, que era secretário do Tesouro dos Estados Unidos em 2008, começou a alertar sobre os perigos do sistema bancário paralelo. Apenas uma nova crise financeira e muito mais severa e totalmente em escala global - e o Brasil não vai escapar da próxima vez - poderia criar as condições para qualquer controle real. Essa [nova] crise pode ocorrer em algum momento nos próximos anos.

Valor: Por que diversos governos não conseguiram impor controles mais rigorosos sobre o sistema financeiro?

Chesnais: A razão básica é que os governos defendem uma ordem social hierárquica de divisão de classes, atualmente uma verdadeira ordem oligárquica. Alguns governos consideram essa situação como natural, outros como muito poderosa para ser desafiada e transformada. Os chamados governos esquerdistas não confiam na capacidade criativa de uma grande massa de homens e mulheres. Eles [os chamados governos esquerdistas] nunca pediram seu apoio [o da grande massa], a não ser em alguns poucos e breves momentos, em um pequeno número de países. Na verdade, em sua maioria, eles a temem.



A teoria do regime de acumulação financeirizado: conteúdo, alcance e interrogações
 por François Chesnais, In: Economia e Sociedade, Campinas, v. 11, n. 1 (18), p. 1-44, jan./jun. 2002

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ENTREVISTA FRANÇOIS CHESNAIS:  Livro de economista francês é bem-vindo, mas tem limites
Raio-X François Chesnais


PIKETTY’S INEQUALITY STORY IN SIX CHARTS POSTED BY JOHN CASSIDY


Why We’re in a New Gilded Age
Paul Krugman MAY 8, 2014 ISSUE
Capital in the Twenty-First Century

by Thomas Piketty, translated from the French by Arthur Goldhammer
Belknap Press/Harvard University Press, 685 pp., $39.95



Notes and Finger Exercises on Thomas Piketty's "Capital in the Twenty-First Century"



Por que estamos vivendo uma segunda 'Belle Époque'
Nós não só voltamos aos níveis de desigualdade de renda do século XIX, como também estamos em um caminho de volta para o capitalismo patrimonial.



O risco de um retorno ao quadro capitalista do século XIX
Se o processo de redução da tributação do capital, iniciado por Reagan e Thatcher, continuar, o retorno ao quadro capitalista do século XIX é inevitável.



Capitalism simply isn't working and here are the reasons why
Economist Thomas Piketty's message is bleak: the gap between rich and poor threatens to destroy us



'AVANÇOS NA AMÉRICA LATINA INDEPENDEM DO MODELO'
Por Fabio Murakawa e Pedro Cafardo | De SP




The Economist Was a Rock Star
Thomas Piketty isn’t just a brilliant economist; he’s a fantastic storyteller


O ROCK STAR DA ECONOMIA - THOMAS PIKETTY



ESCOLAS DA MACROECONOMIA
Jornal dos Economistas - Nº 296 Março de 2014 - Corecon-RJ



PIKETTY E A ESPIRAL DA DESIGUALDADE [[+Delfim]]
por Francisco Lafaiete Lopes | Para o Valor, do Rio
Formulação do economista francês está errada, ou, pelo menos, muito incompleta
Jornal VALOR ECONÔMICO, 27/05/2014


HISTÓRIA DA RIQUEZA {Economia} by Samuel Pessôa
Erros e acertos do fenômeno "O Capital no Século 21"
RESUMO Lançado na França em 2013, livro de Thomas Piketty estourou ao sair em inglês neste ano. Pesquisa do francês e sua equipe gerou valiosa base de dados sobre desigualdade, mas livro, que recupera ideia marxista de compulsão à acumulação, falha ao desconsiderar efeitos do comércio internacional na evolução do capitalismo.


DIFERENÇAS DE RENDA AÇÃO PÚBLICA
por Carlos Eduardo Soares Gonçalves | Para o Valor

O colunista Carlos Eduardo Soares Gonçalves escreve sobre a desigualdade, que se conserta com políticas bem administradas, e isso exige reformas nada fáceis

Jornal VALOR ECONÔMICO, 06/06/2014

Não vou ser o milésimo economista a sumariar o livro do Piketty (que, aliás, recomendo fortemente). Assim, mesmo que você já esteja cansado da polêmica em torno do livro, pode continuar lendo tranquilamente meu artigo. Começo perguntando ao prezado leitor: desigualdade é ruim? Qual desigualdade?

Imagine um mundo novo, nada admirável, no qual toda produção fosse colocada numa cesta bem grande e distribuída igualmente entre todas as pessoas da sociedade. Um mundo de desigualdade zero. Nirvana econômico?

Antes de responder, permita-me relembrar um dos mais importantes lemas da teoria econômica: as pessoas reagem a incentivos. Um mundo no qual tudo que você produz vai para uma cesta comum é um mundo de taxação máxima, de impostos 100%. Quais são seus incentivos para produzir, se esforçar, se educar, tornar-se um funcionário melhor etc., se você entrega para a sociedade todos os frutos do seu trabalho? Baixíssimos. Se nada do que você planta lhe pertence, melhor ficar em casa dormindo, ou, se não der, fingir que se esforça e receber depois sua parcela equânime da tal cesta. Claro, todos pensando assim, adivinhe só o que acontece com a produção. Ela despenca; a divisão dos frutos é equânime, mas o problema é que vão ser poucos frutos.

Isso tudo, para dizer que políticas visando a eliminar a desigualdade de resultados finais levam a quedas continuadas da qualidade de vida do grupo como um todo. Note bem: não estou afirmando com isso que desigualdade seja algo bom, mas apenas que mirar diretamente na eliminação da desigualdade de resultados (uns ganhando mais que outros) pode ser desastroso para a economia.

Feito esse ponto antipopulista, deixe-me dizer, sem rodeios, que desigualdade de oportunidades em níveis elevados é algo que faz mal para a sociedade, além de ser amoral, principalmente porque, em geral, muita desigualdade vem associada a muita pobreza.

E não precisamos sequer apelar a discursos éticos para fazer o ponto. Já pensou o leitor quanto de PIB é desperdiçado, ou melhor, nem sequer se materializa, porque pessoas pobres que dariam bons empresários não têm como abrir um negócio próprio por falta de capital inicial mínimo? E aquelas crianças com elevado potencial para virarem engenheiros, jornalistas, economistas, médicos etc. e que nunca chegarão a sê-lo porque precisam vender chiclete no semáforo, não podendo se dar ao luxo de ficar em casa estudando? Ou por que, não se alimentando bem em casa, não têm condições mínimas de se concentrarem numa aula de matemática? (provavelmente, numa escola ruim, porque seus pais não têm como pagar uma escola privada boa e grande parte das públicas deixa a desejar).

As condições iniciais das pessoas podem diferir muito, essa sendo a realidade em diversos países, como o Brasil. Isso condena um grupo à pobreza quase perpétua, e adicionalmente impede que o PIB seja mais elevado. Nesses locais, é absurda a tese conservadora de que a situação do pobre deriva de insuficiente esforço individual para deixar tal condição. O maior determinante do seu futuro é onde ele nasce, sua condição inicial; e sobre isso, parece-me, ele não tem escolha.

No artigo anterior, falei de crises financeiras. Veja a ironia: se os mercados de crédito nos países com alta desigualdade funcionassem perfeitamente, ou quase, essas condições iniciais piores de que falo aqui não seriam obstáculo tão grave. É verdade que filhos de pais com baixo capital humano terão sempre mais dificuldade de se desenvolverem intelectualmente, mas, ao menos, com mercados de crédito de boa qualidade, os pobres teriam como tomar recursos emprestados, seja para montar seus negócios, seja para colocar seus filhos em escolas melhores. Como sabemos, porém, a coisa não funciona bem assim: o crédito tende a ir para quem menos dele precisa, ou seja, para os inicialmente mais bem posicionados (que são aqueles que têm mais capacidade de oferecer garantias). E o microcrédito? Ajuda, mas não faz milagre. Em resumo, a pobreza inicial tem uma capacidade de se perpetuar que é muito forte, trazendo na sua esteira grandes desperdícios de talento, tensão social e prejuízo ao desenvolvimento da economia.

Desigualdade alta também abre espaço para apoio popular a políticos de viés oportunista, paladinos de políticas tolas sob uma perspectiva de longo prazo, mas que podem beneficiar, inicialmente, os mais pobres (controle de preços, expropriação do capital, por exemplo). Num plano mais geral, ter gente muito pobre e gente muito rica num mesmo país enfraquece as ligações que formam o enroscado tecido social, gerando tensões que podem desaguar em conflitos internos, violência e criminalidade, e até ingovernabilidade.

Não é à toa que a evidência empírica indica uma associação negativa entre desigualdade e crescimento. A resposta à pergunta do início é, portanto, um sonoro "sim": muita desigualdade prejudica o crescimento e gera externalidades negativas (crime, votação em políticos populistas). Daí a necessidade de políticas contra a desigualdade. Com foco onde? Nas crianças, claro, que têm toda uma trajetória de vida pela frente, tornando o "payoff" de investimentos no capital humano delas muito mais elevado do que em outros grupos etários. Como financiar isso? Reduzindo outras modalidades de gastos, como pensões, por exemplo, e tornando a estrutura tributária mais progressiva: mais imposto de renda e menos impostos indiretos.

Vejamos se, com o experimento abaixo, eu consigo convencer os conservadores renitentes...

Imagine-se num estado pré-existencial, no qual ainda não foi decidido seu local de nascimento: uma cidade pobre do interior de Sergipe, ou numa família abastada em São Paulo. Conversando com outro ser nesse estado pré-existencial, sentados você e ele numa mesma nuvem, trocando ideias e discutindo possíveis cenários pós-nascimento, você e seu vizinho espiritual teriam fortes incentivos para assinar um contrato de seguro do seguinte tipo: "Se você nascer naquela família do professor da USP e eu na do catador de cana, você me transfere parte da sua renda? E, claro, no caso contrário de ser eu a começar a vida melhor posicionado, faço a você a transferência que vai pagar pela sua escola. Topa?"

Claro que topa. Esse é um contrato de seguro que, sob o véu da ignorância, todos quereriam assinar, pelo simples motivo de ser o cenário adverso, muito adverso, muito pior do que ter um carro roubado, por exemplo. Na ausência desse mercado, contudo (nunca ouvi falar dele), caberá ao governo tentar mitigar as grandes diferenças determinadas por condições iniciais tão díspares, via programas de distribuição de renda que aumentem as possibilidades dos desafortunados. O programa Bolsa Família, por exemplo, vai nessa direção; assim como investimentos em escola e saúde públicas.

O Bolsa Família tem a grande vantagem de ser condicional a, entre outras coisas, a criança da família agraciada estar frequentando uma escola regularmente. Assim, não apenas atenua diferenças de renda presentes, ainda que apenas modestamente, mas contribui para que a desigualdade de renda da próxima geração seja menor. Já no que se refere à educação e saúde públicas, aí o buraco é mais embaixo. Isso, porque há ampla evidência de que não basta despejar mais dinheiro nessas áreas para aumentar a qualidade desses serviços. É preciso, sobretudo, mudar a governança interna do setor público, tornar mais eficiente a "função de produção" desses serviços essenciais para os mais pobres, assemelhando-a à do setor privado competitivo.

Propor maior taxação do capital é, entre aspas, fácil (não podia deixar de alfinetar o Piketty); difícil é aprovar no Brasil e em outros países em situação semelhante uma verdadeira reforma da administração pública que aumente a eficiência da saúde e educação públicas.

Carlos Eduardo Soares Gonçalves, professor titular de economia da FEA-USP e autor de "Economia Sem Truques" e "Sob a Lupa do Economista" (Campus), escreve neste espaço quinzenalmente

E-mail: cesg73@usp.br

OS CAMPOS DE EXTERMÍNIO DA DESIGUALDADE
Göran Therborn
Tradução: Fernando Rugitsky
Resumo

A desigualdade pode ser produzida de quatro formas básicas. Primeiro, há o distanciamento — algumas pessoas estão correndo à frente e/ou outros estão ficando para trás. Segundo, há o mecanismo de exclusão, por meio do qual uma barreira é erguida tornando impossível, ou pelo menos mais difícil, para certas categorias de pessoas alcançarem uma vida boa. Terceiro, as instituições da hierarquia significam que as sociedades e as organizações são constituídas como escadas, com algumas pessoas empoleiradas em cima e outras embaixo. Por fim, há a exploração, por meio da qual as riquezas dos ricos derivam do trabalho árduo e da subjugação dos pobres e desfavorecidos. Neste artigo, examinaremos as maneiras pelas quais as desigualdades correntes estão sendo produzidas.


DESIGUALDADE SOCIAIS CONTEMPORÂNEAS (1 º Sem 2014/2015)
Bibliografia
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DESIGUALDADES E POLÍTICAS PÚBLICAS
Bibliografia [ 2009/2010 ] (*)
(*) Ver o documento "Bibliografia Anotada", um guia de leitura da bibliografia de referência para a disciplina de Desigualdades e Políticas Públicas
Bibliografia Básica:
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Bibliografia Complementar:
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Silva, M (1999), "Novas Desigualdades, Novas Solidariedades e a Reforma do Estado - Uma Reflexão Breve", Colóquio Comemorativo dos 20 anos da Revista Crítica de Ciências Sociais, Lisboa


READING THOMAS PIKETTY: A CRITICAL ESSAY
April 29, 2014



Piketty and Marx
Posted: 26 June 14
Tomáš Tengely-Evans

A review of Thomas Piketty, Capital in the Twenty-First Century (Harvard University Press, 2014), £29.95


Piketty: inequality, poverty and managerial capitalism

V. A. Beker [University of Belgrano and University of Buenos Aires, Argentina]


The Politics Of Piketty: What Political Science Can Learn From, and Contribute To, the Debate on Capital in the Twenty-First Century
Jonathan Hopkin (Department of Government, LSE)
Article for proposed symposium in British Journal of Sociology, forthcoming.


Observatório da Imprensa analisa críticas ao livro de Thomas Piketty

Conferência O Capital no Século XXI - Thomas Piketty - UFABC



Brasilianas.org discute PIKETTY;Capital no século XXI


Joseph Stiglitz: The Price of Inequality
A critical assessment of the author's argument in the debate on the relationship  between inequality and economic growth.



The Price of Inequality by Joseph Stiglitz
resenha de MOGES - 2012


DO NUMBERS REALLY SPEAK FOR THEMSELVES?
The Price of Inequality By Joseph E Stiglitz


PARA UM MUNDO SEM POBREZA
Por Jim Yong Kim
Estou convencido de que podemos acelerar o progresso na luta contra a pobreza e em prol da equidade social, aproveitando os conhecimentos que já existem no mundo inteiro
Jornal VALOR ECONÔMICO, 24-03-2014

MARX E O LUCRO MECÂNICO
por J. Bradford DeLong
Bem-vindo à virtual economia do trabalho explorador, em que a maioria de nós está acorrentada a escrivaninhas e monitores, para sempre apenas mais uma engrenagem
Jornal VALOR ECONÔMICO, 01-04-2014

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