Thursday, 1 November 2012

JOSÉ LUÍS FIORI + MARTIN WOLF

O PROTÓTIPO ARGENTINO
por José Luís Fiori
Na altura da Primeira Guerra Mundial, a Argentina era o país mais rico do continente latino-americano e tinha todas as condições para se transformar na sua potência hegemônica
Valor Econômico - 30/10/2012
Foi em 1949 que Raul Prebish (1901-1986) publicou sua famosa crítica da teoria das "vantagens comparativas" e formulou sua teoria do desenvolvimento econômico "periférico", baseado na experiência histórica da Argentina. As ideias de Prebish ocuparam um lugar central no "debate do desenvolvimento", da segunda metade do século XX, mas a Argentina acabou se transformando no protótipo do "modelo primário-exportador" incapaz de se industrializar e que teria ficado à deriva, depois da crise de 1930. Sua história econômica, entretanto, não parece confirmar esse pessimismo, porque apesar de suas grandes crises e depressões cíclicas, no longo prazo, o desenvolvimento argentino foi bem-sucedido, do ponto de vista dos indicadores clássicos utilizados pelos economistas, mesmo depois dos anos 1930.
Como nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, a Argentina também viveu uma extraordinária transformação econômica e social, entre 1870 e 1920.
Foi sua "idade de ouro", porque, em 40 anos, seu território mais que triplicou; sua população multiplicou por cinco; sua rede ferroviária passou de 500 para 31.100 quilômetros; e seu Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa média anual de cerca de 6% (talvez a maior do mundo, no período), enquanto sua renda per capita crescia a uma taxa média de 3,8%. Como resultado, no início do século XX, a Argentina estava entre os sete países mais ricos do mundo, e sua renda per capita era quatro vezes maior que a dos brasileiros, e o dobro da dos americanos. Nesse período, seu crescimento econômico foi liderado pela exportação de bens primários, mas se deu também na indústria, e contou com os investimento na construção da rede ferroviária que integrou o seu mercado nacional, antes do fim do século XIX.
Apesar de suas grandes crises, desenvolvimento argentino foi bem-sucedido, do ponto de vista dos indicadores
Ao redor de 64% da sua população trabalhava na indústria, comércio ou setor de serviços, e 1/3 dos argentinos viviam em Buenos Aires, uma cidade com alto nível educacional e cultural. Ou seja, na altura da Primeira Guerra Mundial, a Argentina era o país mais rico do continente latino-americano e tinha todas as condições para se transformar na sua potência hegemônica, e talvez, numa potência econômica mundial. Mas não foi isto que aconteceu, sobretudo depois de 1930, apesar de sua economia ter seguido crescendo e se industrializando, e sua sociedade ter seguido enriquecendo e melhorando sua qualidade de vida. Mesmo depois da Segunda Guerra Mundial, a economia argentina cresceu a uma taxa média de 3,78%, entre 1950 e 1973; e de 2,06%, entre 1973 e 1998.
Depois de 1930, entretanto, seu crescimento se deu de forma cada vez mais instável, por meio de ciclos cada vez mais curtos e intensos. Raul Prebish atribuiu essa inflexão às mudanças internacionais, e à forma em que operava o novo "centro cíclico" da economia mundial, os EUA, somado à fragilidade industrial endógena das economias "primário-exportadoras". Mais tarde, ortodoxos e neoliberais atribuíram a culpa dessa mudança de rumo às políticas econômicas populistas do governo Juan Domingos Perón, apesar de Perón só ter governado entre 1945 e 1955 e entre 1973 e 1974.
Existe, entretanto, outra maneira de olhar para a história da Argentina, entre a Revolução de 25 de Maio de 1810, e a destituição do presidente Hipólito Yrigoyen, no dia 6 de setembro de1930, início do que os argentinos chamam de sua "década infame". Depois da Guerra da Independência (1810 e 1816), a Argentina viveu meio século de guerra civil quase permanente, até a assinatura da Constituição de 1853, que criou o Estado Nacional da Argentina. Mesmo contra a resistência de Buenos Aires, que só se submeteu definitivamente em 1862. Depois disso, a Argentina participou da Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870, e logo em seguida o estado argentino iniciou suas guerras de "Conquista do Deserto", que duraram toda a década de 1870.
A conquista militar do "oeste argentino" permitiu a expansão ou ocupação econômica contínua de novos territórios, até o fim da década de 1920. Por isso se pode dizer que o Estado "liberal" argentino nasceu de uma guerra civil que durou meio século, e se consolidou com uma estratégia expansiva de ocupação de novos territórios que durou mais meio século. E foi exatamente no fim dessa expansão que estalou a crise política responsável pela desorganização periódica do estado e pela polarização definitiva da sociedade argentina. Durante a "década infame", seus vários governos praticaram políticas econômicas keynesianas e chegaram mesmo a iniciar um ambicioso programa de industrialização, idealizado pelo próprio Raul Prebish. O que lhes faltou, entretanto, foi uma nova estratégia expansiva e de longo prazo, e um grupo capaz de transformar a economia argentina num instrumento de sua própria acumulação de poder internacional.
Fica a pergunta: isto teria sido possível, num país situado fora do espaço eurasiano e do Atlântico Norte? Pelo menos, os "dependentistas" e os "neoliberais" consideram que não.
* Maddison, A., (2001) The World Economy. A Millennial Perspective,, OECD, p: 197
José Luís Fiori professor titular de economia política internacional da UFRJ, é autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo".

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GEOPOLÍTICA E ÉTICA INTERNACINAL ({[+ wOLF, merkel}])
por José Luís Fiori - 25th September 2013
"Eu via no universo cristão uma leviandade com relação à guerra que teria deixado envergonhadas as próprias nações bárbaras". Hugo Grotius, "O Direito da Guerra e da Paz", 1625


GEOPOLÍTICA E DESENVOLVIMENTOpor José Luís Fiori
Brasil precisa descobrir como projetar seu poder e sua liderança fora de suas fronteiras sem seguir o figurino tradicional das grandes potências
Valor Econômico - 31/07/2013
https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=270557309749716&id=164451773693604 #############

O Brasil e as "potências emergentes"

Por José Luís Fiori
Brasil tem potencial de expansão pacífica e de projeção internacional de sua influencia muito maior que o dos africanos, e mais desempedida ou desbloqueada, que a dos russos e asiáticos
VALOR ECONÔMICO, 23-10-2013
Considerar a China uma "potência emergente" é no mínimo um descuido etnocêntrico ou um grave erro histórico; mas no caso da Rússia, é uma tentativa explícita de diminuir a importância de uma nação que assombra os europeus, desde que os soldados de Alexander Nevsky derrotaram e expulsaram do território russo, os cavaleiros teutônicos germânicos e suecos, na famosa Batalha do lago Chudskoie, em 1242. E que no século XX alcançou em poucas décadas a condição de segunda maior potência econômica, militar e atômica do mundo. Apesar disto, se tornou um lugar comum colocar esses dois países na categoria das "potências emergentes", ao lado da Índia e do Brasil, e a própria África do Sul acabou sendo incluída na produção midiática do Brics 

[AGONIA DO SINDICALISMO NOS EUA ACENTUA A DESIGUALDADE
por Sergio Lamucci | De Washington
Salários ficam estagnados e parcela de associados é de apenas 6,7% do total de trabalhadores
Jornal VALOR ECONÔMICO, 30-04-2014
DEBATE FUTURO DOS BRICS no Fórum Econômico Mundial em Davos]
A somatória simples indica que o peso demográfico e econômico desses cinco países é considerável. Juntos, governam cerca de 3 bilhões de seres humanos, quase metade da população mundial, e desde 2003 o crescimento do grupo representou 65% da expansão do PIB mundial. O produto interno bruto desses países já é de cerca de U$ 29 trilhões, ou seja, 25% do PIB mundial, e já é superior ao dos EUA, e da União Europeia, tomados isoladamente, pela paridade do "poder de compra". A formação de um grupo de cooperação diplomática e econômica, e a existência de um fluxo comercial e financeiro significativo dentro deste grupo de países é um fato novo e pode vir a ser a base material de algumas parcerias setoriais e localizadas entre todos ou alguns deles. Mas não é suficiente para justificar uma "aliança estratégica" entre estes cinco países que ocupam posição de destaque nas suas regiões pelo seu tamanho, território, população e economia, mas são muito diferentes do ponto de vista de sua inserção internacional, geopolítica e econômica.
Logo depois da dissolução da União Soviética, e durante toda a década de 90, muitos analistas vaticinaram o fim da grande potência eurasiana. Mas a Rússia já foi destruída e reconstruída muitas vezes por meio da sua história milenar. Por sua vez, China e Índia controlam um terço da população mundial, possuem 3.200 quilômetros de fronteiras comuns, possuem arsenais atômicos e sistemas balísticos de longo alcance, e já se enfrentaram em várias guerras.
Brasil tem potencial de projeção internacional de sua influência maior que o dos africanos, dos russos e dos asiáticos
Dentro do xadrez geopolítico asiático, China e Índia disputam várias zonas de influencia sobrepostas, e possuem algumas alianças regionais antagônicas. Por sua vez, Brasil e África do Sul compartem com os gigantes asiáticos o fato de serem as economias mais importantes de suas respectivas regiões e de serem responsáveis por uma parte expressiva do produto e do comércio da América do Sul e da África. Mas os dois países não têm disputas territoriais com seus vizinhos, não enfrentam ameaças externas imediatas a sua segurança e não são potências militares relevantes. Mesmo assim, o Brasil é mais extenso, populoso, rico e industrializado do que a África do Sul, dispõe de recursos estratégicos, tem capacidade para ser auto-suficiente do ponto de vista alimentar e energético e possui uma importância e uma projeção regional, política e econômica dentro da América do Sul, muito maior do que a da África do Sul dentro do continente africano. E por isto também, o Brasil também tem, no médio prazo, um potencial de expansão pacífica e de projeção internacional de sua influência muito maior que a dos africanos, e talvez, mais desimpedida ou desbloqueada do que a dos russos e dos asiáticos.
Nas próximas décadas, o mais provável é que a Rússia tente reverter suas perdas depois do fim da Guerra Fria, e se proponha um imediato retorno ao núcleo central das grandes potências, deixando de ser "potência emergente". Enquanto a China tende a se afastar de qualquer aliança que restrinja sua ação no tabuleiro internacional, já na condição de quem participa diretamente da gestão econômica do poder mundial. Por sua vez, a Índia não tem nenhuma perspectiva nem projeto expansivo global e deve se dedicar cada vez mais ao seu "entorno estratégico", onde a expansão da China aparece como sua principal ameaça regional. Comparado com estes três "países continentais", o Brasil tem menor importância econômica do que a China e muito menor poder militar do que a Rússia e que a Índia. Mas ao mes mo tempo, o Brasil é o único destes países que está situado numa região onde näo enfrenta disputas territoriais com seus vizinhos e, por isto, é o país com maior potencial de expansão pacífica, dentro da sua própria região. Por último, o Brasil, mais do que a África do Sul, deve manter e ampliar sua posição de Estado relevante, dentro do sistema mundial, mas com pouca capacidade ainda de projetar seu poder fora do seu "entorno estratégico" durante as próximas décadas.
Somando e subtraindo, a categoria das "potências emergentes" pode gerar iniciativas diplomáticas importantes, mas o mais provável é que este grupo perca coesão e eficácia, na medida em que o século XXI for avançando, e que cada um destes cinco países seja obrigado a tomar o seu próprio caminho, mesmo na contramão dos demais, na luta pelo poder e pela riqueza mundial.
José Luís Fiori professor titular de economia política internacional da UFRJ, é autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo". Escreve mensalmente às quartas-feiras.

HISTÓRIA DE UM NAUFRÁGIO
por Jose Luis Fiori
É preciso olhar de frente e sem ilusões: a social-democracia e o socialismo europeus acabaram.


O BRASIL E A ÁFRICA NEGRA
por José Luís Fiori

A África é hoje o grande espaço de "acumulação primitiva" asiática, e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política da China e da Índia


VALOR ECONÔMICO, 27-11-2013

Ao incluir a África dentro do seu "entorno estratégico" e ao se propor aumentar sua influência no continente africano, o Brasil precisa ter plena consciência que está entrando num jogo de xadrez extremamente complicado. Porque já está em pleno curso - na 2ª década do século XXI - uma nova "corrida imperialista" entre as "grandes potências" e um dos focos desta disputa é, mais uma vez, a própria África.

E não é impossível que as velhas e novas potências envolvidas na disputa pelos recursos estratégicos da África voltem a cogitar a possibilidade de estabelecer novas formas maquiadas de controle colonial sobre alguns países africanos, que eles mesmos criaram depois da Segunda Guerra Mundial.

A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo: tem uma área de 30.221. 532 km2 e uma população de cerca de 1 bilhão de habitantes, 15% da população mundial. O continente inclui a ilha de Madagascar, vários arquipélagos, 9 territórios e 57 Estados independentes. Os europeus chegaram à costa africana e iniciaram seu comércio de escravos negros no século XV e XVI, mas foi só no século XIX que as grandes potências europeias ocuparam e impuseram sua dominação em todo continente, menos a Etiópia. A independência africana, depois da Segunda Guerra Mundial, despertou grandes expectativas com relação aos seus novos governos de "libertação nacional" e seus projetos de desenvolvimento.

Não é impossível que as potências cogitem novas formas maquiadas de controle colonial sobre alguns países africanos

Este otimismo inicial, entretanto, foi atropelado por sucessivos golpes e regimes militares, e pela crise econômica mundial que atingiu todas as economias periféricas na década de 70, provocando prolongado declínio da economia africana. Na década de 90, inclusive, se generalizou em alguns círculos a convicção de que a África seria um continente "inviável" e marginal dentro do processo vitorioso da globalização econômica. E de fato, naquela década, apenas 1% do fluxos dos Investimentos Diretos Estrangeiros de todo o mundo foram destinados aos 57 países africanos. Depois de 2001, entretanto, a economia africana ressurgiu, acompanhando o novo ciclo de expansão da economia mundial, semelhante àquele ocorrido na América do Sul.

Esta mudança radical da economia africana se deveu sobretudo ao impacto do crescimento econômico da China e da Índia, que consumiam 14 % das exportações africanas, em 2000, e hoje consomem 27%, o mesmo que Europa e Estados Unidos, os antigos "donos" comerciais do continente. Na direção inversa, as exportações asiáticas para a África vêm crescendo a uma taxa média de 18% ao ano, junto com os investimentos diretos chineses e indianos, sobretudo em energia, minérios e infraestrutura. Neste sentido, não cabe mais dúvida, devido ao volume e à velocidade dos acontecimentos: a África é hoje o grande espaço de "acumulação primitiva" asiática e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política da China e da Índia.

O problema é que neste mesmo período, os Estados Unidos também aumentaram seu envolvimento militar e econômico no continente, em nome do combate ao terrorismo e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do "Chifre da África" e do Golfo da Guiné, que deverá estar cobrindo aproximadamente 25% das importações americanas de petróleo até 2015.

E o mesmo aconteceu com a União Europeia, e em particular, com a França e a Grã Bretanha, que inclusive participaram nesse período de intervenções militares diretas no território africano. E a própria Rússia tem intensificado seus acordos envolvendo venda de armas e alguns projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália e do deserto do Saara.

A relação do Brasil com a África, durante quase todo o século XX, foi de estranhamento e submissão aos interesses das potências coloniais europeias e à estratégia americana da Guerra Fria. Foi só no início da década de 60 que esta posição mudou pela primeira vez, com a "política externa independente"- PEI, dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, entre 1961 e 1964, política que foi retomada durante o governo Geisel e depois foi relaxada durante os governos neoliberais da década de 90.

Só agora, no início do século XXI, o Brasil retomou e assumiu explicitamente seu interesse estratégico na África, propondo-se irradiar sua liderança e projetar sua influencia política e econômica, sobretudo na sua região subsaariana. O Brasil é o único país sul-americano que é também negro e que tem excelentes oportunidades econômicas no território subsaariano, em infraestrutura e serviços, mas também na indústria e na capacitação da sua mão de obra. Entretanto, para manter sua decisão estratégica e conquistar espaços, o Brasil tem que estar disposto e preparado para enfrentar a pesada concorrência das velhas e novas potências, como China e Índia, que têm muito maior capacidade imediata de mobilização econômica e militar.

E terá que começar pela conscientização e mobilização da sua própria sociedade, e em particular, de suas elites brancas que sempre tiveram enorme dificuldade de reconhecer, aceitar e valorizar as raízes africanas e negras do seu próprio país.

José Luís Fiori, professor titular de economia política internacional da UFRJ, é autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo". Escreve mensalmente às quartas-feiras.

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O BRASIL E SEU "MAR INTERIOR"
por José Luís Fiori


Brasil segue sendo um país vulnerável do ponto de vista da sua capacidade de defesa de sua costa, e de sua plataforma marítima

VALOR ECONOMICO, 26-12-2013

Situado entre a costa leste da América do Sul, e a costa oeste da África Negra, o Atlântico Sul ocupa um lugar decisivo do ponto de vista do interesse econômico e estratégico brasileiro: como fonte de recursos, como via de comunicação, e como meio de projeção da influência do país no continente africano. Além do "pré-sal" brasileiro, existem reservas de petróleo na plataforma continental argentina, e na região do Golfo da Guiné, sobretudo na Nigéria, Angola, e no Congo, Gabão, São Tomé e Príncipe.

Na costa ocidental africana, também existem grandes reservas de gás, na Namíbia, e de carvão, na África do Sul; e na bacia atlântica, se acumulam crostas cobaltíferas, nódulos polimetálicos (contendo níquel, cobalto, cobre e manganês), sulfetos (contendo ferro, zinco, prata, cobre e ouro), além de depósitos de diamante, ouro e fósforo entre outros minerais relevantes, e já foram identificadas grandes fontes energéticas e minerais, na região da Antártica. Além disto, o Atlântico Sul é uma via de transporte e comunicação fundamental, entre o Brasil e a África, e é um espaço crucial para a defesa dos países ribeirinhos, dos dois lados do oceano.

A Argentina tem 5 mil km de costa, sustenta uma disputa territorial com a Grã Bretanha e tem uma importante projeção no território da Antártida e nas passagens interoceânicas do canal de Beagle e do estreito de Drake. Do outro lado do Atlântico, a África do Sul ocupa o vértice meridional do continente africano, e é um país bioceânico, banhado simultaneamente pelo Atlântico e pelo Indico, com 3.000 km de costas marítimas, e cerca de 1 milhão de km2 de águas jurisdicionais, ocupando uma posição muito importante como ponto de passagem entre o "ocidente' e o "oriente", por onde circula cerca de 60% do petróleo embarcado no Oriente Médio, na direção dos EUA e da Europa.

País segue sendo vulnerável do ponto de vista da capacidade de defesa de sua costa e de sua plataforma marítima

Finalmente, a Nigéria e Angola têm 800 e 1.600 km de costa atlântica, respectivamente, e as reservas de petróleo do Golfo da Guiné estão estimadas em 100 milhões de barris. Mas não há dúvida que o Brasil é o país costeiro que tem a maior importância econômica e geopolítica dentro do Atlântico Sul, com seus 7.490 km de costa, e seus 3.600 milhões de km2 de território marítimo, que podem chegar a 4,4 milhões - mais do que a metade do território continental brasileiro - caso sejam aceitas as reivindicações apresentadas pelo Brasil perante a Comissão de Limites das Nações Unidas: quase o dobro do tamanho do Mar Mediterrâneo e do Caribe, e quase 2/3 do Mar da China. O interesse estratégico do Brasil nesta área vai além da defesa de seu mar territorial, e inclui toda sua Zona Exclusiva Econômica (ZEE), por onde passa cerca de 90% do seu comercio internacional; e onde se encontram cerca de 90% das reservas totais de petróleo do Brasil, e 82% de sua produção atual; e mais 67% de suas reservas de gás natural. Além disto, o Brasil possui três ilhas atlânticas que tem importante projeção sobre o território da Antártida, e que são altamente vulneráveis do ponto de vista de sua segurança.

Apesar disto, o controle militar do Atlântico Sul segue em mãos das duas grandes potências anglo-saxônica. A Grã- Bretanha mantém um cinturão de ilhas e bases navais no Atlântico Sul, que lhe conferem uma enorme vantagem estratégica no controle da região. E os EUA dispõem de três comandos que operam na mesma área: o USSOUTHCOM, criado em 1963, o Africom, criado em 2007, e a sua IV Frota Naval criada durante a Segunda Guerra Mundial, e reativada em 2008, com objetivo explícito de policiar o Atlântico Sul. Além disto, as duas potências anglo-saxônicas controlam em comum a Base Aérea da Ilha de Ascensão, onde operam simultaneamente, a Força Aérea dos EUA, a Força Aérea do Reino Unido e forças dos países da Otan.

Na mesma Ilha de Ascensão estão instaladas estações de interceptação de sinais e bases do sistema de monitoramento global, denominado Echelon, que permite o monitoramento e controle de todo o Oceano Atlântico. Caracterizando-se uma enorme assimetria de poder e de recursos entre as forças navais e aéreas, das potências anglo-saxônicas e da OTAN, e a dos demais países situados nos dois lados do Atlântico Sul.

Neste ponto o Brasil não tem como enganar-se: possui a capacitação econômica e tecnológica para explorar os recursos oferecidos pelo oceano, mas não possui atualmente a capacidade de defender a soberania do seu "mar interior". A capacitação naval do Brasil foi inteiramente dependente da Grã Bretanha e dos Estados Unidos, pelo menos até a década de 70, e o Brasil segue sendo um país vulnerável do ponto de vista da sua capacidade de defesa de sua costa, e de sua plataforma marítima. E este panorama só poderá ser modificado no longo prazo, depois da construção da nova frota de submarinos convencionais e nucleares que deverão ser entregues à marinha brasileira, entre 2018 e 2045, e depois que o Brasil adquirir capacidade autônoma de construção de sua própria defesa aérea.

De imediato, entretanto, o cálculo estratégico do Brasil tem que assumir esta assimetria de poder como um dado de realidade e como uma pedra no caminho de sua política de projeção de sua influência no continente africano, e sobre este seu imenso "mar interior".

José Luís Fiori professor titular de economia política internacional da UFRJ, é autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo, e coordenador do grupo de pesquisa do CNPQ/UFRJ "O Poder Global e a Geopolítica do Capitalismo".


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BRASIL, EUA E O HEMISFÉRIO OCIDENTAL"
por José Luís Fiori
O principal objetivo estratégico dos EUA em relação aos países ao sul da Colômbia e da Venezuela sempre foi impedir que surgisse um polo alternativo de poder
VALOR ECONÔMICO, 29-01-2014




BANCO CENTRAL

A BANDEIRA DA INDEPENDÊNCIA
por Alex Ribeiro | De Brasília
No debate sobre autonomia do Banco Central, há um consenso: é necessário que o país tenha maturidade política para conceder liberdade à instituição
VALOR ECONÔMICO, 08-11-2013 [link FIORI]


PARA CALCULAR O FUTURO
por José Luís Fiori
O Brasil deve buscar um novo caminho de afirmação da sua liderança e do seu poder internacional. Um caminho que não siga o mesmo roteiro das grandes potências do passado
Jornal VALOR ECONÔMICO, 28/05/2014



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OS DESENVOLVIMENTISTAS NO PODER
por Pedro Ferreira e Renato Fragelli

O atual experimento se configura um retumbante fracasso: baixo crescimento, alta inflação, estagnação da indústria, atraso tecnológico e exportações em queda

valor econômico, 20-11-2013

Em nenhum momento do passado recente houve tanta unanimidade ideológica entre os formuladores da política econômica como no atual governo. A própria presidente, os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento, o presidente do BNDES, o secretário do Tesouro, o ministro da Educação e seus principais assessores, são todos desenvolvimentistas assumidos, com passagem pelas principais escolas desta corrente. Somente no Banco Central se encontram economistas mais ortodoxos, mas estes têm tido pouca influência sobre o resto do governo.

Os desenvolvimentistas vêm diligentemente implantando as políticas econômicas que sua corrente sempre defendeu. Mas, para surpresa dos próprios desenvolvimentistas, embora não para economistas com outra formação, a experiência não deu certo. As políticas em vigor baseiam-se em quatro pilares. O primeiro é uma política cambial destinada a manter o câmbio desvalorizado, de forma a aumentar a competitividade das empresas nacionais, na esperança de que isso as estimule a adotar tecnologias de ponta. O segundo consiste numa política monetária que mantém os juros reais baixos de forma a estimular o investimento. O terceiro pilar é a atuação direta do governo via aumento dos gastos para estimular a demanda, ou indiretamente por meio das empresas estatais, ou ainda pela coordenação de investimentos privados por meio de bancos públicos. Finalmente, a política industrial trataria de estimular setores "estratégicos", incentivar a adoção de novas tecnologias e proteger da concorrência externa - talvez temporariamente - aquelas empresas e setores com potencial de crescimento.

Esses pilares dão continuidade às medidas adotadas (mais timidamente) durante os dois governos Lula. Desde a posse da atual presidente, a desvalorização nominal do câmbio foi de 40%, e a real de 20%. A taxa de juros Selic foi agressivamente reduzida, a partir de setembro de 2011, até atingir sua mínima histórica de 7,25%. Embora hoje esteja em patamar mais elevado, seu nível encontra-se bastante baixo em termos históricos.

Prática foi um fracasso: crescimento baixo, alta inflação, estagnação da indústria e exportações em queda.

Em relação à atuação do governo, não só os gastos públicos têm aumentado continuamente, como o ativismo e a maior intervenção na esfera produtiva tornaram-se marcos da atual administração. A despesa do governo federal aumentou R$ 79 bilhões - uma expansão de 13% - somente em 2013. O superávit primário deve cair à metade durante o atual governo, enquanto o déficit nominal atinge 3% do PIB. Os subsídios, benefícios financeiros e creditícios atingirão R$ 72 bilhões no ano, e o crédito dos bancos públicos, que se expandiu fortemente após a crise de 2008, continuará em patamar elevado. É verdade que os investimentos públicos estão estagnados, mas para quem até hoje considera que cavar e tapar buracos é uma eficiente política de demanda, isto não deveria ser um problema.

Finalmente, desde 2004, três ambiciosos programas de política industrial foram implantados: em 2004, a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior; em 2008, o Programa de Desenvolvimento da Produção; e no atual governo, o Plano Brasil Maior. Esses programas buscavam, por meio de diferentes instrumentos, estimular a inovação, a modernização industrial, a inserção externa e exportações, bem como o aumento da taxa de investimento. Ainda no campo de políticas setoriais, acrescentem-se o progressivo fechamento da economia, as ambiciosas metas para componentes nacionais, bem como a agressiva atuação do BNDES no subsídio ao investimento e consolidação de grandes grupos nacionais.

Não faltou nada do receituário heterodoxo. O resultado, entretanto, mostrou-se um fiasco. O crescimento médio do PIB, ao longo dos quatro anos do atual governo, caminha para míseros 2% ao ano e a taxa de investimento permanece estagnada em 18,5% do PIB. Além de baixo, o pouco crescimento alcançado foi puxado pela agricultura e serviços, justamente os setores considerados menos nobres pelos desenvolvimentistas.

O desempenho não é melhor na área externa. Um dos objetivos das políticas industriais oficiais era a expansão das exportações, mas estas vêm caindo desde 2011, passando de US$ 256 bilhões para prováveis US$ 240 bilhões em 2013. E isto em um período de recorde de produção e exportação de commodities agrícolas. O déficit em conta corrente deve ficar em 3,6% do PIB, mais um recorde. Com a inflação dos preços livres acima de 7%, a inflação oficial só não superou o teto da meta devido ao controle dos preços administrados. Controle este que vem prejudicando fortemente a Petrobras, mais um contrassenso em um governo desenvolvimentista.

Finalmente, apesar das políticas industriais, das inúmeras medidas de micro gerenciamento, dos créditos subsidiados e da proteção comercial, o crescimento da indústria mostrou-se desapontador, assim como a inovação e adoção de novas tecnologias. Como bem registrou neste espaço há duas semanas David Kupfer, um insuspeito defensor de políticas setoriais, "há uma desagradável sensação de que o hiato da indústria brasileira frente à fronteira tecnológica internacional está novamente aumentando". A indústria não cresce e não inova.

Em suma, do ponto de vista dos seus próprios objetivos e metas, bem como de suas métricas de avaliação, o atual experimento desenvolvimentista se configura um retumbante fracasso: baixo crescimento, alta inflação, estagnação da indústria, atraso tecnológico e exportações em queda.

Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores da Escola de Pós-graduação em Economia (EPGE-FGV) e escrevem mensalmente às quartas-feiras.



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A realidade do futuro fiscal dos EUA

Por Martin Wolf
Os EUA criaram grandes programas sociais. Mas parecem incapazes de chegar a um consenso em torno dos impostos necessários para custeá-los.
VALOR ECONÔMICO, 23-10-2013
A partir da frenética batalha política e dos choques de opinião das últimas semanas, um observador poderia concluir que os Estados Unidos se defrontam com uma catástrofe fiscal. Não é verdade. A posição fiscal do país melhorou drasticamente e não representa qualquer risco de médio prazo. A única crise fiscal com que os EUA se defrontam é a infligida pelo suposto desejo de evitar um episódio desse tipo. A verdadeira questão é que governo os americanos querem e a maneira pela qual eles optam por custeá-lo.
Entre 2007 e 2009 o déficit fiscal do governo geral dos EUA, que inclui Estados e municípios, saltou de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) para 12,9%, em decorrência da crise financeira. Mas a mais recente projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para um déficit de 5,8% do PIB neste ano e de 3,9% em 2015. Boa parte desse aperto é considerada estrutural, com um déficit de apenas 3,9% este ano, inferior aos 8% de 2010. O aperto fiscal de 2,6% deste ano ajuda a explicar a precariedade do crescimento. Com o abrandamento do entrave fiscal, o crescimento deverá se intensificar. As mais recentes previsões de longo prazo do apartidário Departamento de Orçamento do Congresso (CBO, nas iniciais em inglês) também justificam o otimismo com o médio prazo. Elas mostram uma queda, de 73% para 71%, da relação dívida federal em poder do público sobre PIB nos próximos dez anos.
No ano passado o CBO fez duas previsões: uma básica e uma alternativa. A básica tinha como pressuposto que as reduções de impostos da era George W. Bush expirariam, como previsto em lei. Em decorrência desse e de outros fatores, a receita alcançaria 24% do PIB em 2037. O BCO considerou essa projeção implausível - corretamente, como ficou claro depois: os cortes de impostos de Bush não expirariam na totalidade. O CBO forneceu uma alternativa. Partiu do pressuposto de que as reduções de impostos (e o alívio proporcionado pelo imposto mínimo alternativo) seriam prorrogadas até 2022. Depois, sua premissa foi de que as receitas permaneceriam em seu nível de 2022, de 18,5% do PIB. As novas previsões, que mostram a dívida alcançando 100% do PIB 25 anos a partir dessa data, são piores do que o cenário básico do ano passado, no qual as reduções de impostos de Bush expiravam, mas muito melhores que a alternativa anterior do CBO.
Os EUA criaram grandes programas sociais. Mas parecem incapazes de chegar a um consenso em torno dos impostos necessários para custeá-los, sustentando, ao mesmo tempo, as funções governamentais essenciais num nível razoável.
Será que essa projeção de longo prazo é um desastre? Não. Os Estados Unidos provavelmente conseguirão sustentar a dívida em poder do público em 100% do PIB. É um coeficiente alto, mas, no limite, administrável. Os custos de fazer isso dependerão da taxa real de juros. Se ela não for superior à taxa real de crescimento (em consonância com a experiência de longo prazo), o país sequer precisará ter um superávit primário para estabilizar o coeficiente de endividamento. Além disso, os aumentos de arrecadação e as reduções de gastos necessários para manter a dívida em 73% corresponderiam a 0,8% do PIB atualmente e a 1,3% em 2020. Isso é pouco em relação ao que foi obtido nos últimos anos.
O CBO sustenta que "reduzir a dívida de novo a 39% do PIB em 2038 - nível em que estava em 2008 -, exigirá uma combinação de aumentos de arrecadação e de reduções em gastos não referentes a juros num total de 2% do PIB nos próximos 25 anos". As previsões de 2012 sugerem que deixar as reduções de impostos de Bush expirar teria gerado parte desse declínio.
Uma vez que a economia americana teve um bom desempenho na década de 1990, antes dessas reduções financeiramente inacessíveis, é estranho que Barack Obama não as tenha deixado expirar quando teve a oportunidade, na luta em torno do "abismo fiscal" do fim de 2012. Essa iniciativa teria dado ao presidente a alavancagem que lhe falta agora para obter um ajuste fiscal equilibrado. Em vez disso, ele deixou o país na angustiante perspectiva do gatilho automático de cortes previsto em lei.
Mesmo assim é bem possível que não seja necessário qualquer ajuste fiscal mais profundo para reduzir o endividamento. No segundo trimestre de 2013, o PIB estava 14% inferior à sua tendência de 1980 a 2007. Ele poderá recuperar boa parte disso. Na verdade, como observou o ex-secretário do Tesouro, Lawrence Summers, as projeções da diferença entre os números muito maiores da arrecadação e dos gastos durante um quarto de século são violentamente incertas.
O crescimento não apenas é incerto, mas facilmente maleável à formulação de uma política pública inteligente tanto no curto quanto no mais longo prazo. O país pode esperar até a década de 2020 para decidir fazer mais alguma coisa. Mas isso não significa que não haja importantes desafios fiscais. É fácil vislumbrar pelo menos cinco deles.
Primeiro, o processo de ativação do gatilho automático de cortes é arbitrário. Precisa ser mudado. Segundo, como observa Ezra Klein, de "The Washington Post", o governo federal é "um conglomerado de seguro protegido por um exército grande, permanente". O CBO prevê que os gastos com previdência social vão crescer de 4,9% do PIB para 6,2%, e que os gastos com assistência médica se elevarão de 4,6% para 8% do PIB no próximo quarto de século. Outros gastos, como os voltados à ciência e educação, sofrerão violento aperto. Se os gastos militares corresponderem a 4% do PIB, os demais gastos, além dos com previdência social, assistência médica e juros, corresponderão a 3% do PIB em 2038 - nível excessivamente baixo para sustentar serviços essenciais.
Terceiro, uma parte da solução é reduzir os gastos com aposentadorias e despesas médicas. Quanto a estas, há uma oportunidade. O governo americano gasta em saúde o mesmo percentual do PIB que muitos Estados de bem-estar social europeus, ao mesmo tempo em que cobre uma parcela muito menor da população. Quarto, os EUA precisam de uma reforma fiscal. Nesse caso o espaço para uma maior eficiência e equidade é enorme.
Finalmente, a parcela do PIB arrecadada terá de subir. Os 19,7% do PIB previstos pelo CBO para 2038 são baixos demais, a não ser que o Tea Party diminua os gastos com previdência social e com o Medicare. Os dados do CBO sugerem que pode ser necessário um aumento da receita federal para 22% do PIB.
Esse percentual é certamente alcançável e define a natureza do debate, que não diz respeito à dívida. Diz respeito à possibilidade, ou não, de os americanos pagarem os impostos necessários para custear o governo que instalaram. Os EUA criaram grandes programas sociais. Mas parecem incapazes de chegar a um consenso em torno dos impostos necessários para custeá-los, sustentando, ao mesmo tempo, as funções governamentais essenciais num nível razoável. Essa luta está disfarçada por trás da retórica em torno da insustentabilidade da dívida e do desestímulo representado pelos aumentos modestos da taxação. Se os EUA criarem, efetivamente, um enorme problema fiscal para si, será porque o acordo em torno do equilíbrio entre o que o governo faz e a forma pela qual isso é financiado é impossível. Mas, em primeiro lugar, as crises artificiais das últimas semanas têm de cessar.(Tradução de Rachel Warszawski).
Martin Wolf é editor e principal analista econômico do FT

KEYNES AND CRISIS IV (MARTIN WOLF)








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